segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Um homem em cada 5 corre o risco de ter transtornos alcoólicos

Folha Online


Segundo autor do artigo, entre as mulheres o risco é metade ou um pouco menos, entre 10% e 8%


Mais de 20% dos homens correm riscos de desenvolver transtornos causados pelo consumo de álcool, segundo um artigo que reúne estudos recentes sobre alcoolismo, que será publicado na segunda-feira no site da revista médica "The Lancet".
Entre as mulheres o risco é metade ou um pouco menos, entre 10% e 8%, segundo o autor do artigo, Marc Schuckit, da Universidade da Califórnia em San Diego, Estados Unidos.
Marc Schuckit assegura que os médicos deveriam investigar sistematicamente os transtornos provocados pelo álcool, mediante um interrogatório dos pacientes e exames de sangue.
Em geral, um homem começa a ingerir álcool aos 15 anos. Mas o período de alcoolização mais intenso acontece habitualmente entre os 18 e os 22 anos. Com 18 anos, mais de 60% dos jovens já teve a experiência de se embriagar.
O consumo problemático e a dependência começam com frequência na metade dos 30 anos, quando a maioria começa a moderar o consumo.
Os transtornos provocados pelo álcool são comuns a todos os países desenvolvidos, com uma proporção menor, mas ainda considerável, nos países em desenvolvimento.
São menos frequentes nos países mediterrâneos, como Grécia, Itália e Israel, e mais elevados no norte e no leste da Europa, como Rússia e Escandinávia. Em quase todas as populações há importantes gastos com a saúde.
Os transtornos derivados do álcool se associam a períodos de depressão, ansiedade, insônia, suicídio e abuso de drogas. Um consumo grande de bebidas alcoólicas aumenta o risco de infarto, ataques cerebrais, cânceres e cirrose.
Quase três de cada quatro indivíduos que têm câncer na cabeça ou no pescoço apresentam transtornos alcoólicos, o que dobra o risco de câncer no esôfago, reto e mama, segundo Marc Schuckit.

Videogame prejudica relacionamentos sociais de jovens, diz pesquisa

Folha Online


Estudo ainda vincula frequência no uso do videogames a um comportamento mais perigoso, incluindo o consumo de bebidas alcoólicas e de drogas


O crescente uso de videogames entre os jovens prejudica as relações com os membros de sua família e com os amigos, revelou hoje um estudo divulgado pela revista "Journal of Youth and Adolescence".
A pesquisa realizada pelos cientistas Alex Jensen e Laura Walker, uma fervorosa fã desses jogos e membro da Universidade Brigham Young (Utah), se baseia em informação coletada entre quase mil estudantes universitários de todo o país.
Walker, que afirma estar decepcionada com os resultados do estudo, ressaltou que, quanto mais tempo os jovens passam em frente aos videogames, piores são suas relações com amigos e parentes.
"É possível que isso se deva a que os adolescentes se excluem de relações sociais importantes só para jogar ou que aqueles que têm relações difíceis buscam essa forma de passar o tempo", explicou.
"O mais provável é que essas sejam duas das causas que se transformam em um círculo vicioso", acrescentou.
Para a pesquisa, os estudantes informaram sobre quanto tempo passam nos jogos e responderam a uma série de perguntas sobre a qualidade de sua relação familiar, incluindo a confiança e o afeto que recebem dos pais e dos amigos.
No entanto, os pesquisadores advertiram de que a influência dos videogames é só um fator em todo um conjunto que leva às más relações pessoais.
"O interessante do estudo é que tudo o que analisamos em torno do uso dos jogos eletrônicos é negativo", ressaltou Walker.
A pesquisa revelou ainda que, no caso de jovens mais velhos, a frequência no uso de videogames estava proporcionalmente vinculada a um comportamento mais perigoso, incluindo o consumo de bebidas alcoólicas e de drogas.
No caso das mulheres jovens, a atração pelos videogames era inversamente proporcional à autoestima.
Jensen, entretanto, ressaltou que os futuros estudos poderiam absolver os entretenimentos eletrônicos elaborados para que várias pessoas joguem simultaneamente, o que supostamente aumentaria seu contato social.

Alcoolismo causa 57 mortes por dia no Brasil

Maracaju News


Autores da pesquisa observam também que a pesquisa mostra apenas uma parcela do problema, a de doenças crônicas provocadas pelo uso da bebida


A taxa de mortalidade por doenças associadas ao alcoolismo subiu de 10,7 para 12,64 óbitos por 100 mil habitantes em seis anos.
Os dados, revelados em uma pesquisa feita pelo Ministério da Saúde, comparam os números registrados em 2000 e 2006 e, na avaliação de especialistas, pode ser ainda maior.
“Esta é uma mostra do grave problema de saúde pública provocado pelo excesso de bebida”, assegura a coordenadora do Departamento de Análise de Situação de Saúde do Ministério da Saúde, Deborah Malta.
No período analisado, foram contabilizados 146.349 óbitos associados ao consumo do álcool, o que dá uma média de 57 mortes por dia.
Deste total, 92.946 estão plenamente ligadas ao excesso de bebida. Todas elas são consideradas como mortes evitáveis. “O tratamento da dependência ao álcool é difícil, com taxas baixas de sucesso”, observa Deborah.
“Mas é possível prevenir, e é nesse ponto que temos de melhorar as estratégias”, completa.
A elevação da taxa de óbitos demonstrada no levantamento é atribuída principalmente a melhor captação dos dados, considerados ainda subestimados.
Autores do trabalho observam também que a pesquisa mostra apenas uma parcela do problema, a de doenças crônicas provocadas pelo uso da bebida. “Não podemos nos esquecer que, em casos de violência, boa parte das vítimas ou agressores está alcoolizada”, diz Deborah.
Além disso, uma parcela significativa dos acidentes de trânsito é provocada pela associação da bebida com direção. “Se somarmos todos esses fatores, veremos que o número de vítimas é muito maior”, completa.

Perfil - Mesmo subestimados, os números do trabalho mostram o quanto é importante a adoção imediata de ações para garantir a prevenção do problema, afirma o psiquiatra e conselheiro do Conselho Regional de Medicina, Mauro Aranha.
“É um erro achar que bebida alcoólica só faz mal para quem a consome. Acidentes de trânsito, os números da violência estão aí para desmentir isso”, completa.
A maior parte das mortes diretamente ligadas ou associadas ao uso da bebida ocorre na faixa etária entre 30 e 59 anos, sobretudo entre homens.
Mas a pesquisa mostra que as mortes relacionadas à bebida ocorrem em todas as faixas etárias. Incluindo crianças e jovens. No período analisado, por exemplo, foram confirmados seis mortes por envenenamento por álcool entre 0 e 4 anos.
Na faixa entre 5 e 9 anos também ocorreram outras seis mortes por essa causa. Entre 2000 e 2006, 271 crianças e jovens entre 0 e 19 anos morreram por causa da bebida - 231, entre 15 e 19 anos.

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Fumar na adolescência pode aumentar o risco de obesidade entre as mulheres

Blog Boa Saúde


Pesquisadores destacam que a razão dessa relação em mulheres pode ser biológica ou cultural



Mulheres que fumam na adolescência podem ter um maior risco de se serem obesas na idade adulta, segundo estudo publicado no American Journal of Public Health. Os pesquisadores avaliaram questionários respondidos por gêmeos nascidos entre os anos de 1975 e 1979 quando eles tinham 16 anos de idade; e coletaram mais dados dos mais de 4 mil participantes quando eles tinham mais de 20 anos. E notaram que as mulheres que fumavam dez ou mais cigarros por dia na adolescência tinham, em média, 3,4 cm a mais de cintura na idade adulta em relação às não-fumantes. Além disso, elas eram mais de duas vezes mais propensas ao sobrepeso. Os autores destacam que a razão dessa relação em mulheres pode ser biológica ou cultural, mas eles não sabem explicar porque os efeitos não são os mesmos para os homens.

Jovens fumantes consideram atores que fumam mais atraentes

Estadao.com.br


Pesquisadores acreditam que conseguiram ligar reações de adolescentes à questão da presença do cigarro

Os adolescentes que experimentaram tabaco consideram mais atraentes os personagens de cinema que fumam, em comparação com os não fumantes, segundo um estudo publicado no último número da revista norte-americana Archives of Pediatrics & Adolescent Medicine.
Uma equipe do Instituto de Terapia e Pesquisa de Saúde da Alemanha chegou a essa conclusão depois de estudar as reações dos adolescentes ao observar a protagonista fumante de um trailer.
Os pesquisadores descobriram que as percepções eram diferentes em função da experiência dos alunos com o tabaco.
O experimento consistiu em dividir 1.051 alunos entre 10 e 18 anos (dos quais 59% não tinham experimentado cigarros) em dois grupos.
Um dos grupos viu um trailer de 24 segundos em que a protagonista, uma famosa atriz alemã, não fumava e outro viu o mesmo trailer, com a diferença que a nesse a atriz fumava durante três segundos, sozinha e com uma atitude relaxada.
Depois de ver os vídeos, os adolescentes qualificaram em uma escala de adjetivos opostos, tais como não-sexy/sexy, bonita/feia, a personagem da atriz.
Os adolescentes que viram o primeiro trailer tiveram percepções similares da protagonista.
No entanto, no caso do vídeo em que ela fumava, aqueles que já fumaram a consideraram "significativamente" mais atraente que os não fumantes.
"Mesmo quando o fato da personagem fumar em um curto trailer é bastante irrelevante isso pode aumentar seu atrativo para os adolescentes que experimentaram os primeiros cigarros", disse Reiner Hanewinkel, responsável pela pesquisa.
O cientista assegura que o tabaco envia uma "forte e tentadora mensagem" ao espectador adolescente.

sábado, 27 de novembro de 2010

Combate ao crack precisa incluir grupos de autoajuda, diz especialista

Governo deve ouvir quem faz maioria do trabalho', diz dirigente de entidade.
Fórum nacional discute combate à droga nesta quinta-feira em Brasília.
Fábio Tito Do G1, em Brasília

O coordenador do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia para Políticas Públicas do Álcool e outras Drogas (Inpad), Ronaldo Laranjeira, criticou nesta quinta-feira (25) as ações do governo no combate ao crack. Segundo ele, o governo precisa incluir os grupos de autoajuda na política de combate ao crack e outras drogas.

"Parte do problema é que o governo não escuta a sociedade civil. Ele se baseou apenas em análises técnicas para traçar a política [de combate ao crack]", disse Laranjeira ao G1 após fala que foi aplaudida por participantes do 1º Seminário Nacional sobre Aspectos Médicos e Sociais Relacionados ao Uso de Crack, promovido pelo Conselho Federal de Medicina nesta quinta, em Brasília.

O coordenador afirmou que a política de redução de danos aplicada pelo governo nas medidas de combate ao vício vai contra o pensamento de grupos como os Narcóticos Anônimos ou os Alcoólicos Anônimos, que pregam a busca da abstinência.
A secretária-adjunta da Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas (Senad) – órgão ligado à Presidência da República –, Paulina Duarte, participou do seminário e rebateu as críticas de Ronaldo Laranjeira. Ela apresentou um resumo dos investimentos federais feitos nas ações de combate ao uso do crack, como a criação de 30 Centros de Referência de Formação Permanente e a disponibilização de 2.500 leitos em hospitais públicos para tratamento de viciados.

"O lema dos grupos de autoajuda é 'só por hoje, não usar drogas'. Já a política atual não tem ênfase na abstinência, e sim na redução do consumo", afirmou Laranjeira. Segundo ele, os grupos de autoajuda são responsáveis pela maioria dos atendimentos a viciados no país, e perto disso os atendimentos providenciados pelo governo chegam a ser "irrisórios".

"A fala do dr. Ronaldo não é verdade, se considerarmos que o governo vem fazendo um investimento gigantesco. Esses investimentos foram responsáveis, inclusive, pela criação do instituto que ele dirige [Inad], que é financiado integralmente com recursos da Senad", declarou a secretária. Paulina afirmou que a secretaria destinou em 2010 cerca de R$ 4 milhões para as instituições religiosas e grupos de autoajuda, com o intuito de "fortalecer a rede."

A secretária também falou sobre uma pesquisa feita pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), que pretende levantar dados nacionais sobre o consumo do crack. Segundo ela, o estudo tem custo de R$ 7 milhões ao governo federal e deve apresentar os primeiros resultados em dezembro deste ano.

Parcerias
A Senad informou que em 2006 fez uma parceria com a Universidade de Brasília (UnB) e com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IpeaA) para a realização do “Mapeamento das instituições governamentais e não-governamentais de atenção às questões relacionadas ao consumo de álcool e outras drogas no Brasil”, no qual foi identificada uma grande participação da sociedade civil na rede de atenção existente no Brasil, por meio de instituições de cunho religioso.

Desde então, a Senad afirma ter desenvolvido, dentro do governo e com a participação da sociedade, o projeto de “Prevenção do Uso de Drogas em Instituições Religiosas e Movimentos Afins – Fé na Prevenção”. Esse projeto, segundo a Senad, reconhece o importante papel desempenhado pelas instituições religiosas no reforço dos valores éticos fundamentais, determinantes nas ações de prevenção do uso de álcool e outras drogas.

De acordo com a Senad, o “Fé na Prevenção” oferece aos líderes religiosos um vasto material teórico, com embasamento científico, além do curso de capacitação em prevenção do uso de drogas.

Outro programa que também envolve grupos da sociedade civil , segundo a Senad, é o “Curso de Formação em Terapia Comunitária – com ênfase nas questões relativas ao uso do álcool e outras drogas”, no qual lideranças comunitárias são preparadas para responder às questões apresentadas pelos participantes das terapias sobre a questão das drogas.

Somando os dois cursos, mais de 5 mil inscritos já foram capacitados para atuarem como agentes multiplicadores na prevenção e também no encaminhamento de situações decorrentes do uso abusivo e da dependência de drogas, segundo informação da Senad. Atualmente, estão sendo ofertadas mais 5 mil vagas no curso para lideranças religiosas. Outras mil serão ofertadas a terapeutas comunitários.

A Senad destaca ainda como ação postiva o Plano de Enfrentamento ao Crack e Outras Drogas, com ações de prevenção, tratamento e reinserção social do usuário de crack. No âmbito do plano, foram abertos editais para a ampliação da rede de atenção aos usuários de crack e outras drogas, com oferta de 6.120 leitos e capacitação para os profissionais que trabalham com essa população.

Médicos desconhecem como tratar dependentes de crack

Conselho Federal de Medicina vai definir orientações para profissionais no primeiro semestre de 2011
Priscilla Borges, iG Brasília

O consumo de crack no Brasil se tornou uma epidemia e, por enquanto, está absolutamente fora do controle das autoridades e das famílias brasileiras. Políticas de prevenção, tratamento e repressão ainda pouco eficientes preocupam a classe médica, que precisa atender os que sentem o efeito devastador da droga e responder às angústias de famílias que chegam aos hospitais sem saber o que fazer com os filhos. Até agora, eles dizem não saber como fazer isso.
Com este diagnóstico em mãos, o Conselho Federal de Medicina (CFM) reuniu as principais autoridades do País para traçar, até a metade do ano que vem, novas normas de atendimento aos usuários dependentes do crack.

O CFM está preocupado com a lentidão dos resultados de políticas públicas para o assunto e também com o novo plano de combate traçado pelo governo federal. Os conselheiros querem participar mais ativamente das discussões e do monitoramento das ações definidas pela Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas da Presidência da República (Senad), que ainda estão no papel, mas movimentarão R$ 400 milhões até o fim do ano.

Para isso, médicos interessados no tema em todo o Brasil se reuniram em Brasília nesta quinta-feira, dia 25. Iniciaram um Fórum Nacional sobre Aspectos Médicos e Sociais Relacionados ao Uso de Crack, que já tem mais duas reuniões marcadas para o ano que vem. Em março de 2011, a classe discutirá políticas de redução de danos aos usuários. Em abril, definições sobre o protocolo de atendimento ideal entrarão em pauta e, em maio, a capacitação dos profissionais que lidam com dependência química será o foco dos debates.

Desconhecimento

O primeiro encontro serviu para que gestores, pesquisadores e médicos que lidam com os pacientes na ponta dividissem preocupações e opiniões sobre as estratégias adotadas hoje no Brasil para combater o avanço do consumo da droga e auxiliar na recuperação dos dependentes.

“Sabemos pouco sobre o crack no mundo. Não há protocolo, antídoto ou dados suficientes para lidarmos com o problema. A certeza é de que todos precisamos trabalhar juntos: gestores, psiquiatras, sociedade”, afirma Ricardo Paiva, coordenador do fórum.

Uma pequena pesquisa de opinião preparada durante o evento mostrou que os médicos, de fato, desconhecem as especificidades do tema. Em perguntas como “você se sente qualificado para tratar o crack” ou “você conhece protocolos de assistência ao usuário”, a maioria dos participantes respondeu não (65% e 75,8%, respectivamente). Metade dos participantes admitiu não saber para onde encaminhar um usuário de crack se precisasse. Roberto Luiz d’Ávila, presidente do CFM, reconheceu que ele próprio desconhece as respostas.

“Cabe aqui uma reflexão de que precisamos agir e sensibilizar os médicos para o problema, tanto como profissionais quanto como cidadãos”, comentou. A falta de formação adequada para lidar com os pacientes usuários da droga é apenas um dos empecilhos para o enfrentamento adequado da epidemia. Os médicos criticam a definição lenta de ações eficientes nesse sentido.

“Infelizmente, nos últimos 10 ou 12 anos, o governo não teve sensibilidade para compreender a urgência que o crack exige e demorou a responder à epidemia”, critica Ronaldo Laranjeira, coordenador do Instituto Nacional de Políticas sobre Álcool e Drogas (Inpad).

Para Laranjeira, os modelos de atendimento dado aos usuários hoje e os definidos no novo plano de combate à droga não acompanham a complexidade da dependência causada pelo crack. “Essa é uma doença complexa. Vamos precisar de ambulatórios especializados, ações em escolas, maior relação com grupos de autoajuda, moradias assistivas”, afirma. O médico ressalta que grande parte dos usuários da droga morre nos primeiros cinco anos de vício. “Não vimos essa urgência refletida no combate ao uso da droga”, diz.

O psiquiatra defende a criação de unidades de tratamento especializadas, que combinem diferentes estratégias para evitar recaídas dos pacientes. Psiquiatras, psicólogos, grupos de autoajuda e orientação familiar têm de estar disponíveis, defende. Outro ponto fundamental, segundo ele, é preservar diferenças regionais nas ações. “Não é uma crítica partidária. Temos visto as mesmas políticas desde o governo de Fernando Henrique Cardoso. A área da dependência química continua neglicenciada”, diz.

Plano federal

Paulina Duarte, secretária-adjunta da Senad, defendeu o plano elaborado pelo governo em maio. “Concordo que muito ainda é precisa muito, mas discordo da ideia de que nada foi feito. O governo tem feito um investimento gigantesco, que pode ser insuficiente ainda, especialmente nas áreas de tratamento e ressocialização. Esse não é um plano milagroso, ele nasceu de trabalhos que temos feito em parceria com universidades, financiando pesquisas”, afirmou. Segundo Paulina, R$ 400 milhões serão investidos ainda este ano no programa.

O plano contempla diferentes frentes de atuação: ensino e pesquisa; prevenção, tratamento e reinserção social, e enfrentamento ao tráfico. Nas próximas semanas, Paulina garante que uma promessa feita no lançamento, que já deveria estar no ar, finalmente estará disponível à população, um site informativo e interativo sobre o crack. O objetivo é esclarecer a população sobre a droga, mostrando como a dependência é causada, o efeito da droga no organismo, como funciona o tratamento e onde buscar ajuda.

De acordo com Paulina, a rede de assistência social e a de saúde serão ampliadas. Além da criação de leitos para dependentes químicos em hospitais gerais, mais Centros de Atenção Psicossociais (CAPs) passarão a funcionar no País. O plano também vai financiar estudos sobre o perfil dos usuários de crack no Brasil. As estatísticas disponíveis sobre isso atualmente retratam recortes da sociedade e não toda ela. Há dados sobre estudantes consumidores da droga e habitantes de algumas regiões, por exemplo.

Com dinheiro e escolarizados

Um estudo com 22 mil pessoas em todo o País será concluído no início de dezembro, segundo Paulina. Ana Cecília Marques, pesquisadora da Universidade Federal de São Paulo ( Unifesp), ressalta que o perfil dos usuários mudou desde a década de 1990, quando a droga se tornou popular no País.

“Hoje, 0,3% da população mundial está consumindo o crack. Em 2004, identificamos que pelo menos 1% dos estudantes do ensino fundamental das escolas públicas já haviam experimentado a droga. Hoje, os usuários são mais escolarizados e mais velhos”, diz.

Durante os debates, uma senhora comoveu os participantes. Professora da rede pública de ensino de Brasília, Diana Costa, 56 anos, ouviu pelo rádio a notícia do fórum. Decidiu buscar mais informações – mesmo sendo um evento para especialistas – sobre a droga que acabou com sua família. E pedir ajuda.

O filho dela, de 36 anos, e a nora, de 20, estão viciados em crack. Ela contou que eles perderam tudo o que tinham em casa para acertar dívidas com os traficantes. O filho, de dois meses, também foi rejeitado pelos dois, que o entregaram a ela. "Esse crack é uma desgraça", afirmou.

Diana pediu que os especialistas lhe orientassem. Ela já havia acompanhado o filho e a nora a hospitais públicos de Brasília duas vezes para tentar uma consulta com um psiquiatra, mas não conseguiram. E ninguém a indicou o que fazer.

"Eu estou desesperada. Essa droga acabou com meu filho, acabou com a minha vida. Isso é avassalador. Meu filho largou emprego, emagreceu quase 20 quilos em quatro meses. Não sei o que fazer", desabafou.

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Três milhões de usuários de drogas injetáveis estão infectados com HIV

Cerca de 16 milhões no mundo consomem drogas por via intravenosa, diz Cruz Vermelha

Cerca de 16 milhões de pessoas no mundo consomem drogas por via intravenosa, das quais 3 milhões estão infectadas pelo vírus da aids, divulgou nesta quarta-feira, 24, a Federação Internacional da Cruz Vermelha (IFRC, na sigla em inglês), prestes a organizar o Dia Mundial Contra a Aids, em 1º de dezembro.

Em relatório, a IFRC considera que os obstáculos que impedem os usuários de drogas injetáveis de aderir a medidas de prevenção e tratamento não só contribuem para propagar a doença, mas também constituem uma violação dos direitos humanos.

Dentre as barreiras, o documento cita a detenção dos dependentes químicos e a falta de acesso a tratamentos de reabilitação e programas de troca de agulhas e seringas.

"O aumento das taxas de infecção pelo HIV entre os consumidores de drogas injetáveis não só identifica uma urgência em matéria de saúde pública, mas testemunha a negligência do usuário e da discriminação desses indivíduos, vítimas de uma dependência dramática", afirmou o presidente da IFRC, Tadateru Konoe.

De acordo com dados da Unaids (programa da ONU para o combate à doença), em 2009 cerca de 40% dos consumidores de drogas injetáveis viviam na China, na Federação Russa e nos Estados Unidos.

No entanto, os soropositivos dependentes de drogas são especialmente numerosos em cinco países: China, Malásia, Rússia, Ucrânia e Vietnã, aponta o relatório.

Na Europa Oriental e na Ásia Central, até 60% dos consumidores de drogas injetáveis estão contaminados pelo HIV, enquanto a IFRC denuncia que as leis e políticas persistem estigmatizadas à repressão e à exclusão. "Na Ucrânia, o número de soropositivos que usam drogas é tão elevado que o país está rodeado por uma epidemia generalizada", afirmam.

Os pesquisadores calculam que, nesse país, entre 38,5% e 50,3% dos consumidores de drogas injetáveis vivem com aids e 1,3% da população adulta geral é composta por soropositivos, o que torna a Ucrânia o país da Europa com mais infectados pela doença.

"Na Europa Central e na Rússia, taxas alarmantes de transmissão de aids são registradas entre os usuários de drogas injetáveis e entre a população em geral", revela o relatório, que destaca que a situação é completamente diferente nos países onde se dá prioridade à redução de riscos frente à criminalização.

Nesses locais, a incidência do HIV está estabilizada e praticamente não se observa transmissão à população em geral.

O documento também adverte que a injeção de drogas associada ao comércio do sexo aumenta o risco de difusão da aids entre a população. Como exemplo, o texto cita que, na província chinesa de Sichuan, cerca de 60% das prostitutas são também usuárias de drogas por via intravenosa e injetam agulhas infectadas. Em certas regiões do Reino Unido, a porcentagem chega a 78%.
Autor:
OBID Fonte: Efe

Fumar maconha pode deixar o corpo mais sujeito a infecções

Substância da droga estimula produção de célula que prejudica sistema imunológico

Uma pesquisa feita por uma equipe internacional de cientistas indica que fumar maconha deixa o corpo mais vulnerável a infecções e certos tipos de câncer, por prejudicar o sistema imunológico. De acordo com os pesquisadores, isso ocorre porque compostos da droga estimulam a produção de células chamadas MDSCs, que afetam o nosso mecanismo de combate a infecções.

Em pacientes com câncer, é comum que o número de células desse tipo cresça no corpo. Elas prejudicam o combate do corpo ao tumor e podem fazer com que eles se alastrem. Prakash Nagarkatti, da Universidade do Sul da Califórnia, diz que a maconha estimula a produção das MDSCs.

“Essas células parecem ser únicas e importantes e que podem ter sua produção estimulada pelo câncer ou por outros agentes químicos como os canabinoides (substância presente na maconha), que prejudicam o sistema de resposta do corpo contra infecções”.
Autor:
OBID Fonte: Do R7

Alcoolismo nas mulheres é herança materna, diz estudo

Folha de São Paulo
Ao menos uma em cada cinco alcoólatras é filha de outra dependente de bebida, afirma pesquisadora.

Entre elas, transmissão de comportamento em família é determinante no desenvolvimento vício, aponta trabalho.

O alcoolismo pode ser passado de mãe para filha, de acordo com a psicóloga Ana Beatriz Pedriali, autora do livro recém-lançado "Um Passado que Vive -Transmissão Familiar do Alcoolismo Feminino" (Rosea Nigra, 152 págs., R$ 35).

A pesquisadora acompanhou 62 mulheres alcoólatras e não alcoólatras na sua tese de doutorado e concluiu que, além do fator genético, o comportamento e as relações familiares são determinantes para o vício.

Entre as alcoólatras, pelo menos uma em cada cinco era filha de uma mulher também viciada em álcool.

"Há uma transmissão do comportamento, da violência e dos conflitos. Não há registros desse fenômeno em homens", diz Pedriali.

A maioria das mulheres dependentes tinha uma relação conflituosa com mães e avós. "Elas reproduzem o mesmo comportamento com as filhas. São mulheres que aprendem a resolver problemas bebendo."

O trabalho foi desenvolvido no IPq (Instituto de Psiquiatria) do Hospital das Clínicas de São Paulo.

DIFERENÇAS

A genética é responsável por 50% a 60% da tendência ao alcoolismo tanto em mulheres quanto em homens, segundo Patricia Hochgraf, coordenadora do Programa Mulher Dependente Química do IPq.

Mas as semelhanças entre os sexos param por aí. "A mulher é mais vulnerável e pode ficar viciada mais rapidamente", afirma a psicóloga Ilana Pinsky, vice-presidente da Abead (associação para estudos do álcool e outras drogas).

Os hábitos que acompanham a dependência também diferem. Ao contrário dos homens, que bebem em grupo e em público, elas bebem mais sozinhas.

"É um vício escondido. Por isso, o alcoolismo feminino tem menor visibilidade", diz o psiquiatra Marcelo Santos Cruz, da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro).

De acordo com a enfermeira Márcia Fonsi Elbreder, doutoranda em psiquiatria da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), elas têm mais dificuldade em assumir o problema, procurar ajuda e, quando procuram, desistem do tratamento mais fácil.

Para chegar à conclusão, ela acompanhou, em sua tese, 1.051 homens e mulheres. "Há obstáculos morais e estruturais. Ainda há muito preconceito. Essas mulheres são mal vistas. Há poucos ambulatórios e muitos não estão preparados para receber mulheres dependentes."

O álcool no organismo feminino

A mesma dose é capaz de embriagar mais rápido uma mulher do que um homem

Idade - Mulheres mais velhas são ainda mais vulneráveis do que as mais novas. Com a idade, enzimas hepáticas que metabolizam o álcool tornam-se menos eficazes.

Água - Mulheres têm um menor volume de água no corpo em relação aos homens. O álcool fica mais concentrado no sangue.

Estômago - A concentração da enzima ALDH, responsável pela oxidação do álcool, é menor. A bebida é metabolizada mais lentamente e a absorção do álcool acaba sendo maior.

Gordura - Elas têm mais gordura corporal, o que também aumenta a concentração da substância no sangue.

Vulneráveis - Mulheres começam a beber mais tarde do que homens, mas as consequências aparecem mais cedo.

Cirrose - O risco de desenvolver cirrose é maior nelas. Mais de 14 doses por semana já trazem risco à saúde. Eles precisam de pelo menos 21 doses por semana. Uma dose é igual a um copo de chope ou 50 ml de destilados.

Câncer - O risco de ter câncer de mama é 30% maior em mulheres que bebem duas ou mais doses por dia.

Vício - Elas podem desenvolver o vício em cinco anos. Homens demoram, em média, 10 anos.
Fonte:ABEAD(Associação Brasileira de Estudos do Álcool e outras Drogas)

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

A ciência adverte: fumar maconha emburrece

MACONHA: A PESQUISA E A REJEIÇÃO NOS EUA

Por Milton Corrêa da Costa, especial para o blog Repórter de Crime

Um recente estudo da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) acaba de ratificar o que já havia sido objeto de pesquisa em outros países: o hábito de fumar maconha frequentemente, mesmo que em pouca quantidade, pode danificar seriamente a área do cérebro responsável pela memória. Por sua vez, na semana passada, a chamada "corrente progressista" -são cerca de 190 milhões de usuários no mundo segundo a ONU- que luta pela legalização do cultivo, venda e consumo da maconha, acaba de sofrer um duro golpe. Nos EUA, a Califórnia, primeiro estado a oficializar o uso medicinal da cannabis em 1996, rejeitou, em referendo popular, tal proposta. Mesmo para uso medicinal o uso da maconha foi ainda rejeitado, pela corrente de conservadores, nos estados de Oregon e Dakota do Sul. Medida de bom senso contra uma droga, com seu componente psicoativo ( tetrahidrocannabinol-THC), cada vez mais potente hoje- vide a maconha hidropônica- que nada tem de tão recreativo assim.



Uma opinião, das mais importantes, já citada inclusive em artigo do jornalista Jorge Antônio Barros de 'O GLOBO', que coloca em xeque o pressuposto de que a maconha é uma droga inofensiva, parte da diretora do Instituto Nacional sobre Abuso de Drogas( EUA), a mexicana Nora Volkow, ao afirmar: "Há quem veja a maconha como uma droga inofensiva.Trata-se de um erro. Comprovadamente, a maconha tem efeitos bastante danosos. Ela pode bloquear receptores neurais muito importantes. Estudos feitos em animais mostraram que, expostos ao componente ativo (THC) há intereferências sob controle do apetite, memória e humor. Isso, causa desde aumento da ansiedade, até a perda de memória e depressão. Claro que há pessoas- prossegue a estudiosa afirmando- que fumam maconha diariamente por toda vida sem que sofram consequências negativas, assim como há quem fume cigarros até os 100 anos de idade e não desenvolva câncer de pulmão. Mas até agora não temos como saber quem é tolerante á droga e quem não é. Então a maconha é sim perigosa", afirmou a psiquiatra que conduziu, na década de 80, estudos comprovando que a cocaína causa dependência química, além de graves danos ao cérebro.

Acrescente-se a constatação de alguns estudiosos sobre o uso da cannabis, em nosso país, como a professora de psiquiatria Maria Teresa Costa de Aquino, da FCM / UERJ, diretora do NEPAD ( Núcleo em Atençao ao Uso Indevido de Drogas), no Rio, que afirma que a maconha pode causar síndrome amotivacional, um estado letárgico de falta de motivação para o trabalho, estudo, atividades físicas e outras tarefas do dia a dia. "A maconha de que falamos hoje não é a mesma de 20 ou 30 anos atrás.A percentagem de substância alucinógena é bem maior", diz a estudiosa.
Outros estudiosos afirmam que a maconha, em uso cont[inuo, pode levar os dependentes a um estado agressivo exacerbado e dar causa a episódios psicóticos. Não custa lembrar que no ano passado em São Paulo, o jovem Carlos Eduardo Sandfeld Nunes, de 24 anos, assassino confesso do famoso cartunista Glauco Villas Boas e do seu filho Raoni, encontrava-se, segundo o exame toxicológico, realizado após o bárbaro crime, sob o efeito de maconha. Cadu, como era chamado o homicida,não estudava, não trabalhava, fumava cannabis desde os 15 anos e passou a traficar a droga há algum tempo para sustentar o vício, apresentando ainda surtos psicóticos (alucinações e delírios).

John McGrath, do Instituto Neurológico de Queensland, na Austrália, numa pesquisa que relaciona psicose ao uso contínuo da maconha, estudou mais de 3.800 homens e mulheres nascidos enttre entre 1981 e 1984 e comparou seus comportamentos, após completarem 21 anos de idade, para perguntar-lhes ( todos já eram pacientes) sobre o uso da maconha em suas vidas, avaliando os entrevistados para episódios psíquicos. Cerca de 18% relataram uso de maconha por três ou mais anos, outros 16% por de quatro a cinco anos e 14% durante seis ou mais anos. Ressalte-se que Cadu, o duplo homicida, fumava maconha há mais de nove anos. A pesquisa de McGrath concluiu que os que tinham seis ou mais anos de uso da droga tinham duas vezes mais chances de desenvolver psicose não afetiva, como esquizofrenia. O estudo foi publicado na revista de psiquiatria " Archives of General Psychiatry".

Assim sendo, ainda que conclusões científicas precisem ser relativizadas, mormente quanto a um tema tão polêmico- cada caso é um caso- não se pode desconsiderar tais estudos e depoimentos. Chega agora a notícia de que o uso prolongado do álcool -droga lícita- causa talvez mais danos do que o crack e a heroína. Outra notícia, muito lamentável, que mostra que a questão da droga não poupa gregos nem troianos, envolve o recente falecimento do surfista Andy Irons (32 anos), três vezes campeão do mundo em sua especilidade esportiva, assinala que o famoso atleta, que já tivera envolvimento com drogas, encontrava-se em processo de recuperação da dependência. Andy havia contráido dengue recentemente, O exame toxicológico, em razão do uso de diferentes medicamentos, revelará a causa-mortis.
A realidade é que o "não" da maioria dos californianos à proposta de legalização da maconha foi medida de bom senso. Já nos bastam os males causados em todo mundo pelo alcoolismo e o tabagismo. Drogas não agregam valores sociais positivos. Há outros prazeres prara os jovens, na vida, sem que necessitem da busca ( falsa) do "mundo colorido" através de estados alterados de consciência. O bom senso determina a proteção de nossas futuras gerações no posicionamento contrário à descriminalização de drogas. Aos pais e responsáveis fica o alerta de que, neste caso, o preço da felicidade é a eterna vigilância de seu filhos. A maconha é uma perigosa porta aberta para o caminho da destruição.
Milton Corrêa da Costa é Coronel da PM do Rio na reserva

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Os desafios para o tratamento do usuário de crack

É fácil tornar-se um dependente químico, mas é difícil fazer o caminho inverso, especialmente quando se depende do Sistema Único de Saúde.

Especialistas que conhecem a fundo os efeitos do crack no organismo dizem que não basta uma tragada para que o usuário fique viciado, mas tornar-se um dependente químico é um processo rápido. Fazer o caminho contrário, contudo, é difícil. Estima-se que a taxa de sucesso dos tratamentos de desintoxicação gira em torno de 25% a 30%.

Ana Cecília Marques, coordenadora do departamento de dependência química da Associação Brasileira de Psiquiatria, explica que o tratamento anticrack é dividido em três fases: desintoxicação, diagnóstico dos fatores que levaram o indivíduo à dependência e controle dessa mesma dependência, que pode incluir uso de medicação. "Na última fase, o usuário precisa fazer essa manutenção, porque a dependência é uma doença crônica", diz. "Ele não vai ter alta: precisa fazer retornos periódicos. Além disso, é necessário avaliar seu processo de reinserção na sociedade."

O caminho para livrar-se da droga pode ser mais tortuoso se depender do Sistema Único de Saúde (SUS). "Infelizmente, no Brasil, não temos um tratamento público para a maior parte dos dependentes químicos", diz Ana Cecilia. Atualmente, para atender esses doentes, o governo federal mantém 8.800 vagas em hospitais psiquiátricos, 243 centros de atenção psicossocial álcool e drogas (Caps-AD), Núcleo de Saúde da Família e 35 Consultórios de Rua. É pouco se considerada a estimativa do Ministério da Saúde de 600.000 usuários somente de crack no país. A rede de saúde mental faz parte do SUS, que tem ações do âmbito federal, estados e municípios - é sempre este que responde pelo atendimento.

Em maio, o governo prometeu, por meio do Plano Integrado para Enfrentamento do Crack e outras drogas, repassar 140 milhões de reais aos municípios brasileiros para o tratamento dos dependentes. No pacote, está o financiamento de 6.120 leitos, que englobam vagas em hospitais gerais, nas comunidades terapêuticas (iniciativas do terceiro setor e de entidades religiosas), nos Caps AD 24 horas e em casas de acolhimento transitório. Os editais para tornar concretas as promessas foram publicados somente no fim de outubro. Ou seja, nada disso está de pé até o momento. Outra promessa: elevar, até o fim deste ano, de 35 para 70 o número de Consultórios de Rua, que levam equipes multiprofissionais até os locais onde estão os usuários. Outro objetivo do projeto é capacitar profissionais de saúde e de assistência social na prevenção e tratamento de usuários de crack e demais drogas - um ponto nevrálgico da questão, segundo Ronaldo Laranjeira, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp): "Capacitar essas equipes é um desafio", diz.

Promessas ambiciosas à parte, os especialistas criticam a qualidade do atual serviço de tratamento nos Caps: faltam médicos especializados, leitos e acompanhamento da evolução dos pacientes. No total, são 1.671 Caps no país, sendo 243 especializados em álcool e drogas. Um estudo publicado neste ano pelo Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp) revelou falhas importantes no funcionamento de todos as unidades: de 85 Caps avaliados, 69,4% apresentaram carência de profissionais e em dez deles, dedicados a álcool e drogas, havia um único psiquiatra disponível.

Simultaneamente às ações anunciadas pelo governo, a Secretaria Nacional Antidrogas realiza treze estudos clínicos, com um total de 1.200 pacientes, em parceria com seis universidades brasileiras. O objetivo é acompanhar os pacientes durante a jornada de busca por tratamento, reinserção social e diagnóstico de doenças mentais. "Esses estudos vão nos dar as direções em relação às melhores formas de abordar os pacientes", explica Paulina Duarte, secretária adjunta da Senad e responsável técnica pelo estudo.

As autoridades de saúde terão de responder à urgência do tema e também à demanda crescente por tratamentos. Segundo dados preliminares de um levantamento realizado pelo grupo de pesquisa de Ana Cecília, cresce a procura de usuários de crack por terapias de desintoxicação. A pesquisa acompanha anualmente um grupo de dependentes químicos: há dois anos, o percentual dos viciados em crack que procuravam a ajuda era de 30%; este ano, essa parcela saltou para 70%.
Fonte:ABEAD(Associação Brasileira de Estudos do Álcool e outras Drogas)

Bebidas energéticas com cafeína podem favorecer o alcoolismo

Consumidores frequentes dessas bebidas correm mais riscos de sofrer desmaios e os efeitos negativos do álcool

O consumo regular de bebidas energéticas, com altos índices de cafeína, favorece o alcoolismo, revela um estudo publicado nesta terça-feira. A pesquisa, feita com cerca de mil estudantes de universidades americanas, concluiu que consumidores frequentes de energéticos cafeinados bebem álcool mais regularmente e em maior quantidade que os demais, aumentando seu risco de alcoolismo.

Os consumidores frequentes de bebidas energéticas correm ainda mais risco de sofrer problemas relacionados ao álcool, como desmaios e dores de cabeça, e são mais suscetíveis a se machucar, revela o estudo, liderado por Amelia Arria, pesquisadora da Universidade de Maryland.

O trabalho faz parte de uma pesquisa mais ampla sobre o alcoolismo, que será divulgada no próximo ano. O relatório é divulgado em meio a um intenso debate nos Estados Unidos sobre os riscos de bebidas que combinam álcool e cafeína e são especialmente direcionadas aos jovens.

Michigan, Nova York, Oklahoma, Utah e Washington preparam medidas que proíbem bebidas que combinam cafeína ao álcool, do mesmo modo que muitas universidades americanas.
Autor:
OBID Fonte: AFP

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

ORAÇÃO DA SERENIDADE

Concedei-me, Senhor, a serenidade necessária para aceitar as coisas que não posso modificar...
Coragem para modificar aquelas que eu posso... e
Sabedoria para distinguir umas das outras.

sábado, 6 de novembro de 2010

Álcool é mais prejudicial que heroína e crack, revela estudo

EFE
O álcool é mais prejudicial do que a heroína e o crack quanto aos impactos sociais, segundo um estudo publicado nesta segunda-feira na revista médica "The Lancet".O relatório, elaborado por dois ex-assessores do Governo britânico, David Nutt e Leslie King, tem o objetivo de ajudar na elaboração de políticas estatais mais eficazes para reduzir o impacto social de substâncias que causam dependência, entre as que também se inclui o tabaco. Segundo os autores, a tarefa não é fácil, já que essas drogas causam diversos prejuízos aos usuários e à sociedade. Um estudo prévio dirigido por Nutt em 2007 gerou polêmica ao estabelecer nove critérios principais de danos, desde o mal intrínseco das drogas aos custos sanitários que geram, cada um deles com o mesmo peso na avaliação final. Para melhorar o resultado, este estudo utilizou a denominado análise de decisões com múltiplos critérios (MCDA).
Nove dos critérios empregados neste estudo estavam relacionados ao mal que as drogas causam aos usuários e outros sete com os prejuízos que causam à sociedade.
Todos eles foram divididos em cinco subgrupos referentes aos danos físicos, psicológicos e sociais. As substâncias foram avaliadas de 0 a 100, sendo 100 o nível máximo de prejuízo causado em determinado critério. O álcool obteve uma pontuação de 72 pontos, seguido pela heroína, com 55, e o crack, com 54.
Essas drogas foram seguidas por metanfetamina, com 33 pontos, cocaína, com 27, tabaco, com 26, anfetaminas, com 23, maconha, com 20, ácido gama-hidroxibutírico, com 18, benzodiazepina, com 15, quetamina, com 15, metadona, com 14, mefedrona, com 13, gás butano, com 10, khat, êxtases e esteróides anabolizantes, com 9, LSD, com 7, buprenorfina, com 6 e cogumelos alucinógenos, com 5.

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

O caminho de volta após o estrago do crack

Usuários em tratamento contam a dificuldade em abandonar o vício e falam sobre os danos deixados pela droga na vida deles.

"Todo dinheiro é pouco para quem é dependente químico". A afirmação de Leandro (nome fictício), 32, usuário de crack em tratamento há dois meses, é um alerta sobre o poder devastador que a droga tem no indivíduo, o que se transforma numa problemática que envolve toda a sociedade, e principalmente as famílias que convivem com o usuário dentro de casa. Curiosidade, falta de perspectivas, sentimentos de rejeição e baixa auto-estima, além de problemas mal resolvidos são as principais justificativas para o vício. Para "dar um fogo", expressão dos consumidores do crack, basta despender R$ 5, segundo aponta o ex-usuário, que ainda afirma: "hoje a droga está em todos os lugares".

Mesmo tomando a decisão própria de procurar ajuda clínica, a batalha pela retomada da vida de Leandro está só no começo. "Não tinha noção da minha dependência. Nunca sonhei ou tive vontade de tomar álcool, mas o crack ainda me faz sonhar", afirma numa conversa realizada no Centro de Reabilitação de Dependentes Químicos do Projeto "Cidade Viva", situado na BR-101, na região afastada do Distrito Industrial. Leandro, que chegou a passar 15 dias consumindo a droga dia e noite, lembra a sensação de poder associada aos efeitos, algo que necessitava para exercer a função de gerenciamento de pessoas e tomada de decisões rápidas.

No entanto, além do excesso de autoconfiança, o crack, que ele usava sempre depois que bebia para "despertar", trouxe a degradação da própria vida. "Depois que passava o efeito, vinha a sensação de medo. Passei por uma fase de pensar muito no meu filho. Comecei a ter raiva, desgosto do que estava fazendo", avalia Leandro, que tenta se libertar da dependência num tratamento que deve se estender por nove meses. "Tenho medo de uma recaída de momento. Vi gente desistir do tratamento. A droga é mais forte que a vontade", explica.

A história dele ilustra uma situação cada vez mais comum e que, além das preocupações com o aumento dos índices de violência nas cidades, se transformou em problema de saúde pública. No caso de Leandro, o primeiro contato com as drogas veio aos 13 anos, através do álcool, e depois surgiu o contato com a maconha e a cocaína. O "convite" para experimentar o crack ocorreu ainda esse ano: "Da primeira vez que usei já fiquei fissurado", diz Leandro.
Fonte:O Norte/ABEAD(Associação Brasileira de Estudos do Álcool e outras Drogas)

A vida depois do crack: ex-usuários contam como lutam para se manter longe da droga

Família, trabalho, religião e disciplina ajudam a reaver a esperança perdida.

Quatro dependentes químicos que já estiveram nas páginas de Zero Hora relatando o drama do vício em crack foram procurados outra vez para contar como batalham, todos os dias, para se manter em abstinência. Família, trabalho, religião e disciplina fortalecem o período longe da droga e permitem reaver a esperança perdida

Atleta vitorioso em competições de hipismo, o cavaleiro gaúcho Rodrigo Garcia Bass estava habituado a superar obstáculos até encontrar diante de si uma pedra de crack.

Durante dois anos, período em que sua carreira e seu patrimônio definharam, lutou contra a dependência química. Agora, se apronta para dar uma demonstração pública de que a droga não é uma barreira intransponível. Afastado da pedra, no próximo domingo o cavaleiro campeão vai voltar a competir.

A exemplo dele, que figurou em uma reportagem de Zero Hora sobre os malefícios do crack quando ainda enfrentava o vício, outros personagens de matérias anteriores, atualmente em abstinência, foram procurados para relatar como superam diariamente a dependência. O caso de Bass, 31 anos, é emblemático porque ele se firmou como uma das principais estrelas do hipismo gaúcho ao se sagrar uma vez campeão nacional, outra vice-campeão e conquistar três títulos regionais.

Após se mudar para a Bélgica, durante uma década disputou provas internacionais de primeira linha e trabalhou junto a um dos mais respeitados cavaleiros do mundo, o belga Ludo Philippaerts. Há cerca de quatro anos, em visita a familiares no Brasil, decidiu se repatriar. Meses depois, porém, a carreira galopante empacaria diante de um obstáculo imprevisto.

Oferecida por uma mulher, a primeira pedra de crack domou o cavaleiro porto-alegrense e o obrigou a apear dos cavalos – paixão familiar cultivada desde a infância. A fissura provocada pelo tóxico o levou a perder horários e compromissos, afrouxar os treinos e, por fim, abandonar as competições. Em uma noite, chegava a consumir 60 pedras compradas por cerca de R$ 300. Como resultado, o patrimônio acumulado durante a temporada europeia virou fumaça. Vendeu por uma ninharia até o equipamento de cavaleiro, como uma sela de 3 mil euros.

Internou-se uma vez em São Paulo, onde morava, e outras duas em Porto Alegre, para onde se transferiu em uma tentativa desesperada de mudar de ares. Depois de duas recaídas, concluiu há quatro meses a última e bem-sucedida internação em uma fazenda terapêutica, onde permaneceu em abstinência por outros nove meses. O sofrimento de sua mãe e a vontade de retomar as rédeas serviram de estímulo ao cavaleiro, que cumpriu à risca o tratamento. Desde sua liberação da fazenda, também adotou uma nova rotina.

– Levo uma vida regrada. Acordo às 6h, faço academia, vou trabalhar, tenho duas reuniões de autoajuda e duas sessões de terapia por semana. Nos finais de semana, passo mais tempo com a família – afirma Bass.

Resgate da autoestima

O cavaleiro recuperou o material de equitação perdido, como sela e cabeçadas. Ainda não conseguiu comprar um novo carro, mas faz planos de adquirir um em breve. É responsável por cuidar de cerca de 20 cavalos e dá lições de equitação a 15 alunos. Mora com a mãe e o padrasto e pretende continuar assim até se sentir novamente seguro para viver sozinho.

– É um processo lento, e o apoio da família é fundamental. Sozinho, a gente não consegue nada – admite, lembrando que a dependência é uma doença crônica e sujeita a recaídas.

Mesmo aconselhado por amigos a esconder sua história no anonimato, Bass diz que faz questão de servir de exemplo positivo em um ambiente onde costumam prevalecer os relatos de tragédias irreversíveis. Tem um projeto, em parceria com uma psicóloga, de levar a equoterapia para dentro das comunidades de tratamento de dependentes químicos a fim de contribuir no processo de reabilitação. Mas é no próximo domingo que o atleta pretende dar um passo definitivo rumo à reabilitação.

A partir das 9h, quando montar na égua Lasina para retomar as competições após dois anos entregues ao vício, na hípica da Capital, pretende dar um salto simbólico sobre o crack – a barreira diante da qual milhares de vítimas desabam a cada ano, mas que o campeão gaúcho de hipismo está determinado a deixar para trás.

– Voltar a competir será uma emoção imensa, e um resgate da autoestima. Viver tudo isso de cara limpa é maravilhoso – garante.
Fonte:Zero Hora/ABEAD(Associação Brasileira de Estudos do Álcool e outras Drogas)

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Variação de gene pode levar a vício em cocaína

Pequena variação em um único gene pode aumentar em 47% o risco de uma pessoa se viciar na droga

Veículo: O Estado de S. Paulo


Uma pequena variação em um único gene pode aumentar em 47% o risco de uma pessoa ficar viciada em cocaína. A descoberta, publicada hoje na revista científica Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS), foi resultado do esforço conjunto de pesquisadores da Alemanha, da Inglaterra e do Brasil.
O primeiro alvo dos cientistas foi o gene CaMK4, presente em camundongos. Eles intuíram que o gene influencia os efeitos comportamentais da droga, pois participa das reações da célula a estímulos externos. Criaram então uma linhagem de roedores sem o gene.
Comparados a cobaias normais, os animais geneticamente modificados apresentavam maior predisposição à dependência e respostas locomotoras mais acentuadas à droga. Para aferir o nível de dependência, os pesquisadores cronometravam quanto tempo os camundongos permaneciam no compartimento onde recebiam injeções de cocaína. Os roedores sem o CaMK4 ficavam ali um tempo consideravelmente maior.

Homem
O próximo passo foi estudar o CAMK4, correspondente humano do gene do camundongo. Obviamente, não existem pessoas sem o CAMK4. Portanto, o método foi diferente do utilizado com as cobaias: os cientistas realizaram um pequeno inventário das principais variantes do gene encontradas na população. Chegaram a três formas muito semelhantes, mas que apresentavam pequenas diferenças em algumas bases.
Como o objetivo era descobrir se uma das variantes aumentava o risco de uma pessoa desenvolver o vício, os cientistas estudaram os genes de 670 usuários de cocaína e compararam com 726 indivíduos que não utilizam a droga. Essa fase da pesquisa ocorreu no Brasil, e foi coordenada por cientistas da Universidade de São Paulo (USP) e da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
Descobriram então que a incidência de uma das variantes - a rs919334 - era consideravelmente maior entre os usuários da droga. Segundo os resultados da pesquisa, o risco de se tornar dependente é 47% maior em indivíduos com a alteração genética.

Começo
Jan Rodriguez, principal autor do estudo e pesquisador do Centro Alemão de Pesquisa sobre o Câncer, em Heidelberg, afirma que a descoberta estabelece o CAMK4 como um indicador de vulnerabilidade ao vício da cocaína. "Mas a dependência não é causada por uma variante específica de um único gene: é resultado da interação de vários genes e fatores ambientes", ressalva Rodríguez. Camila Guindalini, co-autora do estudo e pesquisadora do Departamento de Psicobiologia da Unifesp, também aponta que a pesquisa é só o começo. "Precisamos estudar outras amostras populacionais e investigar outros genes", explica.
Rodríguez comemora a criação de um método eficaz para testar os efeitos da dependência de cocaína em cobaias e "traduzir" os resultados para seres humanos. "Será muito útil para estudar outras drogas também", afirma o pesquisador.

Gee, uma nova droga sintética

Droga vem em forma de comprimido e tem um efeito de euforia, como o ecstasy, misturado com um alucinógeno, como o LSD

Veículo: O Globo

Parece que algum químico resolveu inovar. Depois de Alexander Schulgin sintetizar o MDMA em seu laboratório e testar os efeitos em si mesmo, outro especialista apresentou uma nova composição ilícita: o Gee. Conforme noticiado no domingo na coluna "Gente Boa", a nova droga vem tomando conta das festas cariocas. E quem afirma é o delegado Marcos de Castro, coordenador do projeto "Noite Legal" da Secretaria de Segurança Pública do Rio de Janeiro (SSP).
São poucas drogas que se mantêm como a maconha, a cocaína e o LSD. O tempo passa e parece que a substância cai numa mesmice e os usuários têm a necessidade de experimentar coisas novas. O Gee, que é uma droga sintética, vem chegando às pistas brasileiras via "clubs" ingleses.
- Ela já está proibida na mesma categoria que a cocaína - explica Castro.
O delegado conta que, apesar de ainda não ter sido feita nenhuma apreensão no Rio, já se sabe que jovens estão tomando a droga.
- O Gee vem em forma de comprimido e tem um efeito de euforia, como o ecstasy, misturado com um alucinógeno, como o LSD. A droga dá um visual colorido. É a novidade nas festas - conta o coordenador do programa.
Nenhum comprido foi visto pelas autoridades ainda, mas fontes da SSP que freqüentam as raves do estado já estão por dentro.
- Assim como o ecstasy, as pessoas entram com as drogas dentro de camisinhas nos órgãos genitais. Conseguiremos pegar ou com um traficante vendendo ou com um usuário tomando. Vai ser difícil, mas é questão de tempo.
Confesso que não imaginava que outra droga pudesse ser criada. Já são tantas elaboradas e lançadas apenas com nomes diferentes: Ketamina, Special-K ou K, MDMA, ecstasy, ou Metanfetamina, entre outras. O que mais me assusta são os responsáveis pela criação dessas drogas, que se aproveitam de seus conhecimentos químicos para arruinar a vida de milhares de pessoas.
Até Castro se surpreende com a novidade:
- É interessante ver como as drogas acompanham o momento da sociedade. Você teve o ecstasy na década de 90, o LSD e a maconha nas décadas de 60, 70 e 80. E agora vem uma droga que precisa de certa dose de excitação com alucinação.

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Como afastar os jovens do mundo das drogas

Foram quatro anos sob os efeitos de maconha, cocaína, ácido lisérgico, ecstasy, crack e até chá de fita cassete – uma “droga” a que os dependentes recorrem para suportar crises de abstinência.

A triste viagem de Renan começou na casa da família, num bairro de classe média em São Paulo, e o levou ATÉ a favela Paraisópolis, a segunda maior da capital paulista.

“Lá eu estava onde eu queria, com a galera, e me drogava direto”, diz. Seus pais, Alda e Eli, haviam tentado impor limites para afastá-lo da dependência. Primeiro, conversaram. Depois, proibiram o filho de usar o carro, cortaram a mesada, estabeleceram horário para que ele chegasse em casa. Eles não eram novatos no assunto. Antes de Renan, o caçula da família Larizzatti, outros dois filhos do casal haviam passado por problemas semelhantes. “Com três filhos usando drogas, vi que era o fundo do poço”, diz Alda. O casal decidiu internar o mais novo, então com 22 anos. Antes de ser levado para uma clínica de desintoxicação, Renan fez uma ameaça aos pais: “Quando sair, eu mato vocês”. Três anos e dois meses depois do último contato com as drogas, Renan ajuda a família na casa lotérica que os sustenta. “Hoje, se eu matar meus pais, só se for de amor”, afirma.

Histórias como a dos Larizzattis ocorrem em muitas famílias. Às vezes, porém, o desfecho é trágico. Em 2009, a consultora aposentada Flávia Costa Hahn, de 60 anos, moradora de um bairro nobre de Porto Alegre, matou seu único filho, Tobias Hahn, de 24 anos. O rapaz consumia crack desde os 18 anos. Em abril do ano passado, depois de passar três noites em claro fumando crack, Tobias voltou para casa para pedir dinheiro. Flávia conta que discutiu com o filho, foi agredida e, para tentar se defender, pegou um revólver da coleção de armas do marido. A arma disparou e atingiu Tobias no pescoço. Ele morreu na hora. Em outro caso dramático, o músico Bruno Kligierman, de 26 anos, um jovem de classe média alta morador da Zona Sul do Rio de Janeiro, sufocou até a morte a amiga Bárbara Calazans, de 16. Ele havia consumido crack a noite toda. Seu pai, o poeta Luiz Fernando Prôa, o entregou à polícia.

Para dependentes de drogas, raramente há uma saída fácil. Internar o filho drogado, como fizeram os pais de Renan, é um recurso extremo, que até pouco tempo atrás era definido como exagerado. Para os Larizzattis, a decisão provou ser correta. Não só porque ele venceu a dependência. “Os pais de hoje têm medo de agir, estabelecer regras ou proibir”, afirma Luiz Fernando Cauduro, vice-presidente da ONG Amor Exigente, que ajuda famílias nessa situação. “Esse medo tem de ser rompido. Ele leva a família a não tomar uma atitude – e isso pode tornar o caso crônico.”

Mas o que fazer quando mesmo uma atitude mais dura da família não basta? Em 2005, a funcionária pública Sônia (nome fictício) descobriu que seu filho mais novo, então com 13 anos, era usuário de drogas. Sônia, o marido e outros dois filhos viviam num condomínio de classe média alta no interior paulista. O caçula havia começado a fumar maconha aos 11 anos, com amigos. Seu rendimento escolar despencou, ele trocou de amizades e se distanciou dos irmãos. “Achei que era um problema da idade, da adolescência”, diz Sônia. “Só percebi que eram as drogas quando antigos amigos dele me falaram que ele estava andando com uma turma barra-pesada.” Sônia procurou ajuda onde pôde. “Pesquisei na internet, em serviços públicos, paguei psicólogos, terapias, até a igreja eu procurei”, diz. A família decidiu tirar o filho da escola para distanciá-lo das amizades e vigiá-lo de perto. Ficava sob os cuidados do pai, vendedor de joias, que o levava até nas viagens de negócios. Em 2007, Sônia internou o filho em uma clínica para dependentes ligada a religiosos. O tratamento era baseado mais em ações espirituais do que terapêuticas, e não teve resultado. “Foi um tiro no pé, havia gente mais velha, e ali ele aprendeu tudo sobre as drogas.” Sônia decidiu então mudar de cidade. “Queria afastá-lo de tudo o que havia acontecido.” No começo, a estratégia deu certo: o filho passou um ano sem se drogar, começou a trabalhar em um pet shop e pensava em voltar a estudar. Mas houve uma recaída. Hoje, aos 17 anos, o caçula de Sônia está internado. Pela segunda vez, ele tenta largar o vício.

Os resultados distintos das experiências de Sônia e da família Larizzatti no combate às drogas mostram que não existe um método infalível. A internação numa clínica só deve ser considerada quando outras abordagens falham. “Os pais devem saber conversar com os filhos”, diz a psicóloga Lulli Milman, da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj), autora do livro Cresceram!!!: um guia para pais de adolescentes (Editora Nova Fronteira). “Quando descobrem que o filho fumou maconha na festa de sábado, alguns pais amplificam a questão e tratam o garoto como se fosse um traficante”, diz. Para ela, uma medida exagerada pode levar o filho a ficar por muito mais tempo no universo das drogas. Rejeitado em casa, ele pode buscar lugares onde seja mais aceito – ainda que esses locais coloquem sua vida em risco. “Pais que adotam esse discurso dogmático, sem muita relação com a realidade, tendem a se afastar dos filhos e ficar desacreditados por eles”, diz Lulli.

“A maior parte das pessoas faz uso consciente de drogas ilícitas da mesma forma que muitas pessoas usam álcool”, diz o antropólogo Edward MacRae, que também é pesquisador do Centro de Estudos e Terapia do Abuso de Drogas da Universidade Federal da Bahia (UFBA). “Eu frequento lugares em que vão jovens. Vejo que usam maconha, e isso não afeta seu desempenho de forma tão perceptível como ocorre com o álcool.” Nem todo usuário esporádico, porém, é capaz de abrir mão do consumo quando bem entender. “O uso recreacional é como uma roleta-russa”, diz Ruben Baler, pesquisador do Instituto Nacional sobre Abuso de Drogas (Nida, na sigla em inglês), dos Estados Unidos. Para ele, é impossível saber de antemão se alguém se tornará dependente ou não. O uso de drogas como válvula de escape aumenta na proporção da incapacidade dos jovens de aceitar a frustração. Mas muitos usuários não percebem quanto a droga se tornou parte de sua rotina até que tenham se tornado dependentes.

A melhor estratégia para afastar os jovens das drogas envolve uma abordagem múltipla. Primeiro, a intervenção da família, que não pode se acanhar ante o problema. Em seguida, vem o tratamento contra a dependência química, a busca de alternativas à droga – que pode ser pela fé ou por um novo propósito na vida – e o apoio comunitário (da igreja, dos amigos, dos grupos especializados como o Narcóticos Anônimos) para manter a pessoa longe do mundo das drogas.
Fonte:Rádio Caçula/ABEAD(Associação Brasileira de Estudos do Álcool e outras Drogas)

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Misturar álcool com refrigerante diet pode facilitar embriaguez

Experimentos mostraram efeito em voluntários que tomaram drinks de vodca.
Com mistura, álcool entrou no sangue mais rápido e em concentração maior.

Anahad O'Connor
Do 'New York Times'

Adoçantes artificiais podem acelerar a embriaguez (Foto: Leif Parsons/NYT)
Cuidado com ingredientes de bebidas alcoólicas baseados em refrigerantes diet.

OS FATOS
Geralmente apenas o componente alcoólico de um drink é responsável pelos efeitos de embriaguez. Mas algumas pessoas afirmam que adoçantes artificiais dos refrigerantes diet aceleram a absorção do álcool.

A ALEGAÇÃO
Apesar de a descoberta parecer improvável, os pesquisadores acreditam que seja verdade. Em um estudo conduzido em 2006, uma equipe de cientistas recrutou voluntários saudáveis e pediu que consumissem drinks feitos com vodca. Em algumas ocasiões, serviram um drink de 500 ml contendo um refrigerante normal, e em outras ocasiões serviram um drink idêntico, mas usando um refrigerante diet.

Quando o drink foi consumido com a bebida diet, o álcool entrou na corrente sanguínea dos voluntários 15 minutos mais rapidamente, e a concentração de álcool era maior, chegando a 0,05%, em comparação ao índice de 0,03% medido após a ingestão do refrigerante normal.

Uma teoria é que o álcool é absorvido mais rapidamente por que não há açúcar para desacelerar a ação do álcool, o que pode significar que uma club soda teria um efeito similar. Um segundo estudo feito em 2007 também mostrou que o álcool foi absorvido muito mais rapidamente quando misturado a bebidas carbonadas por causa da efervescência. Como resultado, os especialistas dizem que é melhor optar por um suco em vez de refrigerante diet ao preparar o seu drink.

A CONCLUSÃO
Em comparação às bebidas alcoólicas adoçadas com açúcar, os adoçantes artificiais podem acelerar a embriaguez.

Dependência química também está presente nas empresas

De acordo com a OMS, 70% dos dependentes de álcool e 63% dos usuários outras drogas estão empregados

Veículo: O Diário do Norte do Paraná

Segunda-feira. A mesa ao lado continua vazia. Mais uma vez o colega faltou ao trabalho. Aliás, ele tem faltado em muitas segundas-feiras e, quando isso não ocorre, chega sempre atrasado.
Vez ou outra demonstra perda de concentração e até de produtividade, sem falar na variação de humor, ora irritado, ora eufórico.
Esses sinais, que isolados passam despercebidos no ambiente de trabalho, podem ser indicativo de um problema muito sério, a dependência química de álcool ou de outros entorpecentes.
Segundo o psicólogo Ronei Cássius Sperandio, do Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas (CAPSad) de Maringá, o uso de drogas antes, durante ou depois do trabalho é um problema mundial de Saúde Pública.
Nesse sentido, é um grande erro a empresa não reconhecer e ignorar o fato de que o mundo dos negócios não está imune ao problema.
De acordo com a Associação Brasileira de Estudos do Álcool e Outras Drogas (Abead), com base em dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), 70% das pessoas que têm problema de abuso de álcool e 63% dos dependentes de outras drogas estão empregados.
"É importante a empresa saber que a dependência existe e reconhecer isso enquanto doença. Há uma concepção de que todo usuário de droga é marginal, quando na verdade ele é um doente que precisa de tratamento tanto quanto quem está com pneumonia", destaca a assistente social Rosângela Aparecida Zanin , do CAPSad.
Na opinião dela, demitir um funcionário ao descobrir que ele usa droga seria a atitude menos indicada a uma empresa.
"Primeiro, deve-se oferecer a chance de recuperação", pontua.
A empresa que reconhece o problema e é comprometida com a qualidade de vida dos funcionários deve implantar programas preventivos de consumo de drogas e estar pronta para fazer o encaminhamento do colaborador dependente à rede de serviços especializados.
"Se a empresa não tem profissionais como assistentes sociais ou psicólogos, poderia então, treinar o pessoal do Recursos Humanos para tentar identificar essas situações, conversar e verificar o que está acontecendo para que possa oportunizar a condição dele se tratar", acrescenta ela.
Cocaína
Um levantamento realizado pelo Escritório das Nações Unidas contra Drogas e Crimes revela que há cerca de 870 mil usuários no Brasil.
Programa de Prevenção
Diagnóstico situacional (levantamento sobre o uso de drogas na empresa) para nortear o planejamento das ações.
Formulação de uma política clara e consciente - podendo ser assistencial (tratamento) e/ou de controle (testagem).
Capacitação da equipe de Saúde e de Recursos Humanos - oferecer conhecimento sobre os problemas relacionados ao álcool e outras drogas.
Programas de treinamento dos supervisores/gestores em como abordar e encaminhar um funcionário para a equipe técnica ou serviço especializado da rede pública.
Conscientização e educação de todos os funcionários da empresa quanto à política.
Avaliação periódica da implantação do programa.
Fonte: Associação Brasileira de Estudos do Álcool e Outras Drogas (Abead).

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Cigarro – Conheça este inimigo

Segundo dados do Inca, mais de 27 mil novos casos de câncer de pulmão serão diagnosticados em 2008

Veículo: Boa Saúde
Seção: Notícias de Saúde

O uso do tabaco é uma das principais causas de morte evitável no mundo nos dias de hoje. Segundo a Organização Mundial de Saúde – OMS -, 7,9 milhões de pessoas no mundo morrem todo o ano vítimas de algum tipo de câncer, o que torna a doença a maior causa de mortes mundialmente. Ainda segundo a OMS, a maioria das mortes relatadas se refere aos casos de câncer de pulmão.
No Brasil, segundo dados do Instituto Nacional do Câncer, INCa, mais de 27 mil novos casos de câncer de pulmão serão diagnosticados em 2008. No país, a data de 29 de agosto de 2008 é marcada pelo Dia Nacional de Combate ao Fumo.
O uso do tabaco é amplamente difundido
Pelo menos um terço da população mundial adulta, ou 1,1 bilhão pessoas, fuma. Embora o hábito de fumar cigarros esteja diminuindo em muitos países desenvolvidos, ele tem aumentado na maioria dos países em desenvolvimento. Estima-se que 48% dos homens e 7% das mulheres fumem nos países em desenvolvimento; em países industrializados, 42% dos homens e 24% das mulheres fumam - isto representa um aumento acentuado do hábito do tabagismo no sexo feminino. O uso do tabaco é também uma epidemia pediátrica: a maioria dos fumantes começa a usar o tabaco durante a infância e adolescência.
O cigarro mata
Um fumante, a longo prazo, tem uma chance de 50% de morrer prematuramente de uma doença causada pelo cigarro. A cada ano o tabaco causa aproximadamente 4 milhões de mortes prematuras. A epidemia irá causar a morte de 250 milhões de crianças e adolescentes que estão vivos hoje, um terço dos quais mora em países em desenvolvimento. No ano 2030 o cigarro provavelmente será a principal causa de morte em todo o mundo, com mais de 10 milhões de óbitos anuais; estará causando mais mortes que a AIDS, tuberculose, mortalidade materna, acidentes automobilísticos, suicídios, e homicídios, combinados
Os produtos do tabaco têm alta capacidade de causar dependência.
Como são projetados cuidadosamente para minar esforços dos usuários que tentam deixar o hábito de fumar, abandonar o cigarro simplesmente não é uma questão de escolha para a maioria dos usuários do tabaco. Ao contrário, envolve uma luta para superar o hábito. Muitos fatores combinam com a capacidade viciadora do tabaco para tornar difícil deixar de fumar, inclusive apresentações na mídia e aceitação cultural e da sociedade.
O uso do tabaco está consolidado na vida cotidiana, e pode ser reforçando fisiologicamente, psicologicamente, e socialmente. A indústria do tabaco, sentido-se fortemente pressionada com campanhas contra o fumo nos países desenvolvidos, tem incrementado suas ações de marketing em países mais pobres do terceiro mundo. Está também bem comprovada a influência da mídia sobre o hábito do uso do cigarro.
Deixar de fumar em qualquer ponto da vida provê benefícios imediatos e benefícios a longo prazo significativos para a saúde. Nenhuma quantidade de uso de tabaco está segura. A abstinência de produtos do tabaco e ausência de exposição à fumaça de outros fumantes é necessária para maximizar a saúde e minimizar o risco.

sábado, 25 de setembro de 2010

Crack pode provocar parada cardíaca

“O crack tem um efeito avassalador no organismo e na vida do usuário”, avalia a coordenadora do Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas (Caps AD) de Bauru

Veículo: Jornal da Cidade - Bauru


Mistura de cloridrato de cocaína (cocaína em pó), bicarbonato de sódio ou amônia e água destilada, o crack é um dos estimulantes mais potentes de que se tem conhecimento. Em poucos meses de uso, o entorpecente provoca forte dependência física e pode levar à morte por sua ação fulminante sobre o sistema nervoso central e cardíaco.
“O crack tem um efeito avassalador no organismo e na vida do usuário”, avalia a coordenadora do Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas (Caps AD) de Bauru, Luciana de Oliveira Martins. Ela explica que a droga demora apenas 15 segundos para chegar ao cérebro e já começa a produzir seus efeitos, entre eles forte aceleração dos batimentos cardíacos e aumento da capacidade física e mental.
Mas se os prazeres físicos e psíquicos chegam rápido com uma pedra de crack, os sintomas da síndrome de abstinência também não demoram a aparecer. Em 15 minutos, surge de novo a necessidade de inalar a fumaça de outra pedra, caso contrário, chegarão inevitavelmente o desgaste físico e a prostração. “Por esse motivo, ocorre essa dependência quase que imediata. O usuário sempre vai querer mais e mais”, frisa Martins, destacando que o consumo elevado da droga pode levar até mesmo a uma parada cardiorrespiratória. Ela avalia que o vício em crack representa um risco ainda maior quando associado ao manuseio de instrumentos de corte, como é o caso dos lavradores nos canaviais, na medida em que altera a capacidade de percepção do usuário.
“Durante o período em que está sob o efeito do crack, o usuário fica tão eufórico que não consegue coordenar suas ações. Ele age apenas mecanicamente”, aponta. Em seis meses de uso contínuo, segundo Martins, o dependente químico já não consegue desempenhar suas atividades cotidianas e começa a apresentar quadros de tristeza e depressão profunda.

Maconha pode afetar cérebro de fetos, diz estudo

Veículo: Folha Online

O estudo da Universidade de Aberdeen, na Escócia, também afirma que alguns remédios vendidos em farmácias --como para tratamento de obesidade-- também poderiam ter efeito no cérebro do feto.
O trabalho analisa a importância de moléculas produzidas naturalmente no cérebro e como algumas células nervosas se reconhecem e se conectam umas às outras.
As moléculas do cérebro endocanabinóides teriam uma função semelhante ao tetraidrocanabinol (THC) da maconha, afetando os mesmos receptores e sinalizando os mesmos sistemas no cérebro.
Qualquer agente que afete essas moléculas pode prejudicar o desenvolvimento do cérebro, segundo o estudo.
"Nossas descobertas apontam que a integridade deste sistema de sinalização deveria ser mantido e não perturbado para que o cérebro se desenvolva normalmente", diz o professor Tibor Harkany, que participou da pesquisa. "Qualquer coisa que interrompa esse processo, como fumar maconha ou usar algumas drogas que afetam o sistema de sinalização, poderia alterar a funcionalidade do cérebro."
Pesquisas anteriores mostraram que filhos de mães que usaram maconha durante a gravidez tinham tendências maiores de desenvolver problemas com atividades físicas.
A pesquisa foi conduzida com ratos de laboratório e foi publicada na revista científica americana "Proceedings of the National Academy of Sciences".

Álcool está presente em metade dos acidentes de trânsito

Em Campo Grande, metade dos acidentes automobilísticos envolvem o consumo excessivo de álcool

Conforme o chefe do Centro de Resgate do Corpo de Bombeiros, Major Marcelo Fraiha, a corporação socorre 47 pessoas por dia na Capital, sendo 70% vítimas de acidentes de trânsito. “Isso sem contar as pessoas que são socorridas pelo Samu (Serviço de Atendimento Médico de Urgência).
Pior, o número de acidentes tem avançado, segundo Fraiha, de forma “assustadora”. Somente no mês passado os Bombeiros registraram 1.249 vítimas em Campo Grande, contra 930 em maio de 2007. “Nossa atividade tem se resumido a atender ocorrências de vítimas da imprudência e do consumo de bebidas alcoólicas”, afirma o chefe do Centro de Resgate.
As bebidas alcoólicas também são apontadas como porta de entrada para outras drogas. Cleonice Alves de Abreu, de 55 anos, viveu o drama de ter um filho dependente do uso de entorpecentes. Após seis anos de dependência química e 8 meses de tratamento, o rapaz que hoje tem 28 anos teve até que se mudar de Campo Grande. Ele consumia pasta base de cocaína.
A mãe, que é evangélica, começou a desconfiar da atitude do rapaz quando já parecia ser tarde demais. “Eu comecei a notar diferenças. Ele saia demais, sem horário para voltar, começou a me agredir e vendia todas as coisas de casa, até saco de arroz ele vendeu”, disse.
O rapaz furtava os objetos da própria casa para comprar drogas. Ele chegou a vender vários eletrodomésticos, entre eles um aparelho de som.
Pior, donos de bocas-de-fumo chegaram a ir até a casa de Cleonice exigindo o pagamento de dívidas e ameaçando o dependente de morte. “Eles batiam na porta da gente e diziam que se ele não fosse lá ia ser morto”, conta a mãe.
Ela diz que as mães precisam preparar os filhos quando crianças para que eles não entrem no mundo das drogas. “Elas tem que começar desde cedo a conversar e explicar o que é a droga. Eles têm que ter a consciência desde pequenos porque a mãe não consegue descobrir no começo”, diz.
Cleonice e o Major Marcelo Fraiha participaram nesta quarta-feira de audiência pública na Câmara Municipal sobre o consumo de venda de bebidas alcoólicas para adolescentes. A audiência, proposta pela presidente da comissão de assistência social, vereadora Maria Emília Sulzer (PMDB), partiu, segundo ela, de uma reivindicação da sociedade.
“Os índices de violência cresceram e precisamos de uma política pública e de programas envolvendo as famílias e jovens, para criar uma ação sustentável de vários órgãos. Hoje, cada um faz um pouquinho, mas não existe uma ação integrada”, afirma a parlamentar.

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Maconha, o dom de iludir

Folha de São Paulo

Que nem pesquisadores nem a população se iludam de que exista indicação terapêutica para utilizar maconha que já seja aprovada pela ciência

Semanas atrás, a Folha noticiou a proposta de criar-se uma agência especial para pesquisar os supostos efeitos medicinais da maconha, patrocinada pela Secretaria Nacional Antidrogas do governo federal.

Esse debate nos dias atuais, tal qual ocorreu com o tabaco na década de 60, ilude sobretudo os adolescentes e aqueles que não seguem as evidências científicas sobre danos causados pela maconha no indivíduo e na sociedade.

Na revisão científica feita por Robim Room e colaboradores ("Cannabis Policy", Oxford University, 2010), fica claro que a maconha produz dependência, bronquite crônica, insuficiência respiratória, aumento do risco de doenças cardiovasculares, câncer no sistema respiratório, diminuição da memória, ansiedade e depressão, episódios psicóticos e, por fim, um comprometimento do rendimento acadêmico ou profissional.

Apesar disso, o senso comum é o de que a maconha é "droga leve, natural, que não faz mal".

Pesquisas de opinião no Brasil mostram que a maioria não quer legalizar a droga, mas grupos defensores da legalização fazem do eventual e ainda sem comprovação uso terapêutico de alguns dos componentes da maconha prova de que ela é uma droga segura e abusam de um discurso popular, mas ambivalente e perigoso.

O interesse recente da ciência sobre o uso da maconha para fins terapêuticos deveu-se à descoberta de que no cérebro há um sistema biológico chamado endocanabinoide, onde parte das substâncias presentes na maconha atua.

Um dos medicamentos fruto dessa linha de pesquisa, o Rimonabant, já foi retirado do mercado, devido aos efeitos colaterais. Até hoje há poucos estudos controlados, com amostras pequenas, e resultados que não superam o efeito das substâncias tradicionais, que não causam dependência.

Estados americanos aprovaram leis descriminalizando o uso pessoal de maconha, que é distribuída sem controle de dose e qual idade.

Contradição enorme, pois os médicos são os "controladores do acesso" para uma substância ainda sem comprovação científica.

De outro lado, orientam os pacientes sobre os riscos do uso de tabaco. Deve-se relembrar que os estudos versam sobre possíveis efeitos terapêuticos de uma ou outra substância encontrada na maconha, não sobre a maconha fumada.

Os pesquisadores brasileiros interessados no tema devem realizar mais estudos por meio das agências já existentes, principalmente diante do último relatório sobre o consumo de drogas ilícitas feito pelo Escritório para Drogas e Crime das Nações Unidas, que aponta o Brasil como o único país das Américas em que houve aumento de apreensões e consumo da maconha.

E se, no futuro, surgir alguma indicação para o uso medicinal da maconha, o processo de aprovação, que ainda não atingiu os padrões de excelência, deve contextualizar esse cenário, assim como o potencial da maconha de causar dependência.

Espera-se que a política nacional sobre drogas seja redirecionada em caráter de urgência, pois enfrenta-se também aqui o aumento das apreensões e consumo de cocaína e crack, que exige muitos esforços e recursos para sua solução.

Que nem pesquisadores nem nossa população se iludam de que exista hoje uma indicação terapêutica para utilizar maconha aprovada pela ciência.


Fonte:UNIAD - Unidade de Pesquisa em Álcool e Drogas

quarta-feira, 28 de julho de 2010

Crack, questão de saúde pública

O crack é de origem americana e iniciou-se nos anos 70 atingindo grande parte da população dos EUA e nos dias atuais é encontrado facilmente em nosso país.

O entorpecente é extraído da pasta de cocaína e posteriormente misturado com outras composições. A droga é sólida e geralmente é fumada, sua fumaça chega ao sistema nervoso central em dez segundos por ser absorvida de modo rápido pelos pulmões, entrando quase instantaneamente na corrente sanguínea e seu efeito dura de três a dez minutos.

No Brasil o aparecimento do crack é relativamente recente, surgindo após a Constituinte de 1988. Já no início da década de 90, quase 400 mil pessoas já haviam provado o entorpecente. Nos dias atuais é estimado que o número já tenha chegado a quase dois milhões de usuários. Decorrência do rápido crescimento, conhecedores do assunto entendem que o país vive uma calamidade, sendo caso de saúde pública. Afinal, os efeitos da droga arruínam a vida dos usuários e de seus familiares. Apesar de vários meios de comunicação divulgarem que é utilizado por jovens e crianças de rua, o crack já atingiu os lares das famílias de classes média e alta.

Em relação à saúde do usuário, a medicina reconhece que a utilização do crack promove mais de 50 problemas, que envolvem assustadoramente os sistemas circulatório, nervoso os pulmões e os rins. O entorpecente causa danos irreversíveis ao funcionamento dos neurônios, trazendo sérios obstáculos para capacidade de concentração e para cognição. Aumenta expressivamente a aceleração do coração, causando aumento de pressão arterial e arritmias. Em pouco tempo, o usuário do crack pode sofrer um infarto miocárdio e em alguns casos, mais graves, pode ocorrer parada cardíaca.

Diversas pesquisas são divulgadas sobre o assunto, mas o crack é o caos da vez para a saúde pública desse Brasil. Para se ter ideia, a Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo realizou recentemente pesquisa com 270 viciados, constatando que quase 50% dos usuários possuem parente ou amigo que morreram assassinados. Dentre os pesquisados, 87% já se envolveram em atos violentos e 62% participaram de furtos e roubos e 48% já foram presos. Todos descreveram possuir algum problema de saúde, sendo 92% de doenças respiratórias, 84% doenças cardiovasculares; 75% depressão e paranoias; 20% tentativas de suicídio e 65 déficit de memória.

Uma alternativa para amenizar a situação seria talvez ampliar a responsabilidade da Secretaria Nacional de Combate às Drogas (SENAD). Ainda com uma medida que reduziria o avanço do crack, não chegaríamos ao resultado necessário. O resultado eficaz seria fazer como o presidente americano Barack Obama, recuperar toda política de combate aos entorpecentes, incluindo a partir do tratamento do viciado como questão de saúde pública, obviamente acirrando a prevenção a uma robusta repressão.
Fonte:O Girassol/ABEAD(Associação Brasileira de Estudos do Álcool e outras Drogas)

terça-feira, 6 de julho de 2010

Viciados que evitam situações de estresse têm mais recaídas

Saber lidar com dificuldades ajuda a criar forças para passar pela desintoxicação.

Viciados em recuperação que evitam lidar com estresse sucumbem facilmente à vontade de voltar a usar substâncias, tornando-se mais propensos às recaídas, segundo pesquisadores da Universidade da Pensilvânia, nos Estados Unidos.

Os pesquisadores descobriram que as situações estressantes são um fator importante para saber como os viciados vão reagir, ou seja, se irão confrontá-las ou querer “fugir” por meio das drogas. Essa é a tese do professor de desenvolvimento humano Harrington Cleveland, da mesma universidade.

- Quando confrontados com o estresse, os viciados que têm mais habilidades adaptativas parecem ter mais chances de se recuperar.

Os pesquisadores acompanharam 55 estudantes universitários que estiveram em recuperação pelo uso de álcool, cocaína e drogas sintéticas. Eles foram questionados sobre sua vontade diária de álcool e outras drogas e a intensidade de experiências ruins do dia a dia, ou seja, momentos de hostilidade, falta de sensibilidade de outras pessoas e situações de “ridículo”, e como eles lidavam com isso.

- Nós percebemos que os dias em que os participantes sentiam mais fissura eram aqueles em que eles passavam por situações estressantes. Nós percebemos que os viciados que lidam com o estresse, evitando-o, tem duas vezes mais fissura em um dia estressante do que comparado as pessoas que usam estratégias para resolver os problemas e enfrentá-los.

Segundo Cleveland, a descoberta sugere que o impulso de evitar o estresse nunca vai ajudar os viciados em recuperação, porque as situações estressantes não podem ser evitadas.

- Se sua estratégica básica de vida é evitar o estresse, então seus problemas irão provavelmente se multiplicar e causar ainda mais problemas.
Fonte:R7/ABEAD(Associação Brasileira de Estudos do Álcool e outras Drogas)

Cigarro mata mais de 2600 fumantes passivos por ano no Brasil

Se antigamente fumar era charme, luxo, símbolo de satisfação e status social, de alguns anos para cá o ato é visto como algo que não é saudável, démodé e motivo de exclusão social.

Tanto que com o objetivo de chamar a atenção da população do mundo inteiro sobre os danos e efeitos mortais da epidemia do tabagismo, a Organização Mundial da Saúde, que desde 1992 encara o tabagismo como vício ou doença e não mais como “hábito”, instituiu o dia 31 de maio como o Dia Mundial Sem Tabaco.

Tudo isso porque atualmente há bastante esclarecimento e informação a respeito dos malefícios causados pelo cigarro, o que não permite com que as campanhas, que antes agregavam estrategicamente a ele valores positivos, tenham força e mascarem as verdades.

Afinal, é impossível sustentar a venda de um produto que, além de ser a causa de mais de 50 tipos de doenças (coronarianas, vasculares, enfisema, bronquite, problemas no sistema digestivo, impotência sexual e muitas outras), é também responsável por 200 mil mortes anualmente só no Brasil (23 falecimentos por hora) e ainda é prejudicial à saúde daqueles que convivem com o fumante ou dos que apenas estão próximos deles por um determinado período, já que 90% dos casos de câncer no pulmão estão diretamente ligados ao vício e 3,3% são relacionados aos fumantes passivos.

O vício não afeta só quem opta por fumar, as pessoas que estão expostas a fumaça acabam absorvendo a nicotina, o monóxido de carbono e várias outras substâncias que compõem o cigarro. “Os fumantes passivos sofrem imediatamente com os efeitos desses componentes tóxicos e são atingidos por irritações nos olhos e no nariz, dores de cabeça, tosse, alergias e dor no peito (angina). Com o tempo, essa exposição ao tabaco pode reduzir a capacidade funcional respiratória e aumentar as chances de desenvolver aterosclerose e problemas cardíacos”, afirma o médico pneumologista Paulo Salles do Hospital Bandeirantes, do Grupo Saúde Bandeirantes, de São Paulo.

Não é à toa que 2.655 fumantes passivos morrem anualmente das três principais doenças relacionadas ao fumo: enfarte, derrame e câncer de pulmão, gerando aos cofres públicos um gasto de pelo menos R$ 37 milhões. Desse valor, R$ 19,15 milhões são com tratamentos pagos pelo Sistema de Saúde; e R$ 18 milhões referem-se aos gastos da previdência social com o pagamento de pensões ou benefícios aos parentes das vítimas. Esses valores foram calculados pela pesquisa "Impacto do Custo de Doenças relacionadas com o tabagismo passivo no Brasil", estudo econômico encomendado pelo Instituto Nacional do Câncer (Inca) à Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Quem pensa que o problema acaba por aí, engana-se. Segundo pesquisa finlandesa publicada no periódico "Circulation", crianças e adolescentes que convivem com fumantes já sofrem desde cedo com as conseqüências da fumaça. A situação faz com que os jovens filhos de fumantes tenham 7% a mais de predisposição para bronquite e aumenta em 48% o risco de desenvolverem otite (infecção no ouvido), além de terem suas artérias afetadas e apresentarem espessamento nas paredes dos vasos, de maneira que os que possuem mais cotinina (substância encontrada na saliva, através da qual se pode medir a quantidade de nicotina absorvida pelo fumante) no sangue têm as paredes das carótidas 7% e da aorta 8% mais espessas, em média, do que aquelas com níveis mais baixos da substância.

Além disso, os adolescentes com o nível mais alto de cotinina têm colesterol mais elevado e risco cardiovascular 15% maior do que o dos outros. “A fisiologia do jovem que está exposto à fumaça já está alterada, o que faz com que ela tenha grandes chances de desenvolver uma doença cardiovascular quando adulta”, diz Salles, que é membro das Sociedades Paulista e Brasileira de Pneumologia e Tisiologia.

Para de fumar hoje!
Cerca de 70% dos fumantes declaram ter vontade de parar de fumar. “Como outras coisas na vida, deixar de fumar é uma questão também de tentativa. Se não deu certo na primeira vez, basta tentar de novo, sem desanimar. Certamente na seguinte vai dar certo. Se o fumante não conseguiu cessar o tabagismo sozinho, aí estão os médicos, as clínicas, os serviços de doenças respiratórias, os hospitais e as equipes multidisciplinares para ajudar e orientar modos seguros de se obter sucesso. Basta procurar ajuda!”, finaliza o especialista.

SOBRE O GRUPO SAÚDE BANDEIRANTES:

Presente no setor de saúde desde 1975, o Grupo Saúde Bandeirantes é constituído pelos hospitais Bandeirantes e Glória, na Liberdade; Leforte, no Morumbi; e Lacan, para atendimento psiquiátrico, em São Bernardo do Campo. O Hospital Bandeirantes, primeiro da rede, é referência em atendimentos de alta complexidade, com know-how nas áreas de atenção cardiovascular, oncologia, transplantes e cirurgias especializadas.

Já o Leforte, em funcionamento desde o segundo semestre de 2009, se destaca no atendimento integral a pacientes adultos e pediátricos. Além disso, merecem destaque os programas e ações na área socioambiental, através do Instituto Saúde Bandeirantes de Responsabilidade Socioambiental, e o apoio ao ensino, pesquisa e extensão, por meio do Instituto de Ensino e Pesquisa (IEP-GSB).

Fonte:Saúde & Lazer/ABEAD(Associação Brasileira de Estudos do Álcool e outras Drogas)

quinta-feira, 1 de julho de 2010

Porres da elite

Folha de São Paulo - GILBERTO DIMENSTEIN

É claro que as drogas merecem atenção, mas as pesquisas mostram que o grande problema é o álcool
Um bar em São Paulo, próximo à PUC, decidiu cobrar bebida por hora: a pessoa paga uma quantia fixa e bebe o que quiser durante o tempo estipulado. Esse tipo de promoção ilustra uma informação revelada, na semana passada, por uma pesquisa da USP: 1 em cada 5 universitários brasileiros corre o risco de desenvolver dependência do álcool.
Esse dado surpreende a opinião pública, para quem, segundo recentes pesquisas, as drogas são objeto de crescente preocupação, mas o álcool não. Essas pesquisas refletem-se nas posições assumidas por Dilma Rousseff e José Serra, os principais candidatos à Presidência.
Dilma apresentou seu projeto contra o crack. José Serra arrumou uma briga com a Bolívia, acusando (e com certa razão, diga-se) suas autoridades policiais de conivência com o tráfico. Por tabela, o ataque bate em Lula, aliado de Evo Morales. É eleitoralmente compreensível, portanto, que o ex-governador, embora metido nas universidades nos anos 60 e 70, tenha dito que nunca sequer experimentou maconha.

É claro que as drogas merecem atenção, mas as pesquisas mostram que o grande problema é a bebida.
Neste ano, depois de descobrir que 30% dos estudantes das escolas particulares da cidade de São Paulo se tinham embebedado no mês anterior à pesquisa, a Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) decidiu estender o levantamento para todo o Brasil, incluindo também a rede pública. "Não tínhamos a menor ideia de que faríamos essa descoberta", conta a coordenadora da pesquisa, Ana Regina Noto, do Cebrid (Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas).

Os dados da Unesp e da USP ajudam a explicar a polêmica provocada na semana passada pela notícia de que a festa de formatura organizada por estudantes de uma tradicional escola paulistana ofereceria "open bar".
Segundo o trabalho da Unifesp, são os estudantes das escolas mais caras que revelam maior propensão a exagerar na bebida.
Temos, no Brasil, cerca de 50 milhões de jovens. Se 30% deles (15 milhões de pessoas) ficam "altos" pelo menos uma vez por mês, é fácil imaginar a dimensão dos riscos de acidentes, de prática de sexo inseguro ou da própria dependência.

Em São Paulo, a cada 39 minutos, o trânsito despeja uma pessoa no pronto-socorro do Hospital das Clínicas. Todos sabemos que boa parte dos acidentes está associada ao álcool. Mais graves ainda são os registros de atos de violência ligados à bebida.
Por falta de informação, a sociedade aceita muito mais um adolescente tomando um porre por mês do que fumando um "baseado". Toleram-se até mesmo as mensagens que glamorizam o álcool, a exemplo do que se fazia no passado, quando fumar era charmoso e sexy.
Cientificamente está provado que a maconha provoca muito menos danos do que o álcool, a principal causa de internação nos hospitais psiquiátricos. Nem a cocaína e o crack causam tantos danos. O crack, por exemplo, quase não aparece na pesquisa da Unifesp.
Pergunto: quantos bares são punidos por vender bebida a menores de 18 anos?
Não há solução simples. Além de fazer cumprir a lei que proíbe a venda de álcool a menores de 18 anos, é preciso alertar sobre os perigos do vício nas famílias, nas escolas e nos meios de comunicação.

O levantamento da Unifesp dá uma boa notícia: entre jovens, cai o consumo de tabaco. Isso é resultado de décadas de campanhas que associam o fumo não ao charme e à sensualidade, mas ao câncer e até à impotência sexual.
Cigarro não é igual a álcool. Beber moderadamente e com responsabilidade dá prazer e não prejudica a saúde. O desafio para os governos e para a sociedade, além da indústria da bebida e dos publicitários, é encontrar um meio de gerar essa atitude responsável.

Debater o tema nas eleições sem preconceitos e moralismos já seria um bom começo.
PS- A Unifesp vai ampliar a pesquisa para descobrir os fatores que previnem o abuso do álcool e das drogas. Já se sabe, porém, que é preciso ajudar os jovens a ter autoestima e projetos de vida. Respeitar-se, apostar no futuro e ter diálogo familiar são a chave para minimizar o problema. Esse estudo, especialmente as recomendações, é leitura obrigatória.

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Recaída atinge até metade dos usuários de crack

Aos 13 anos, N.Z.R. teve sua primeira experiência com drogas. Com o tempo, ao primeiro cigarro de maconha foram se somando outras substâncias ilícitas, como a cocaína, sempre em um coquetel temperado por doses fartas de bebida alcoólica.

Aos 28, aceitou a oferta de um traficante que, na falta de erva, lhe apresentou o crack. “Depois disso, abandonei todas as outras drogas, inclusive o álcool. Só queria usar as pedras. Começava uma fase da minha vida em que fui eliminando todos os valores, começando por Deus, depois a família, até me desfazer dos bens materiais. Para comprar crack, vendia coisas que valiam R$ 300 por R$ 10”, conta N., relembrando o período mais tenebroso de sua vida.

Foi aos 36 anos, oito após fumar a primeira pedra de crack, que ele decidiu pedir ajuda. Pesava apenas 57 quilos, muito pouco para um homem de 1,80 metro de altura, e não tinha mais vontade de trabalhar. “A última coisa que fiz foi abandonar o emprego, porque precisava do dinheiro para comprar droga. Só que um dia depois do pagamento ou do adiantamento do salário, eu não aparecia no serviço, nem de dois a três dias após as grandes festas, como o carnaval. Chegou uma hora que não dei mais conta”, recorda. Quatro anos e meio depois de iniciar o tratamento para dependentes químicos, N., hoje com 40, recuperou a saúde – pesa atualmente 94 quilos – e a disposição para cuidar da mulher, dos quatro filhos e de dois netos.

Mas a história de queda e superação de N. não é regra. Especialistas apontam a altíssima reincidência no uso do crack como o maior desafio no tratamento dos dependentes, que já somam uma multidão estimada em 1,2 milhão de pessoas no Brasil. De acordo com o subsecretário de Estado de Políticas Antidrogas, Cloves Benevides, não há uma estimativa de viciados nesse tipo de droga em Minas, que conta com uma rede de assistência aos pacientes formada por mais de 200 instituições. “A recaída é fato e em lugar nenhum do país há números promissores no tratamento. Os serviços que apresentam os melhores resultados chegam a ter 50% de reincidência. A solução dos casos não pode ser esperada na sua totalidade, pois a característica da doença não é essa”, afirma Benevides.

Indicadores que apontam o avanço das pedras entre os viciados dão tons ainda mais sombrios ao fenômeno da recaída. Dos 1.117 pacientes atendidos no Centro Mineiro de Toxicomania (CMT) no ano passado, 39,21% eram viciados em crack, a droga que individualmente arrastou mais dependentes entre os atendidos na instituição. A diferença em relação a outras drogas ilícitas é gritante: os usuários de cocaína representam 11,73%, enquanto os de maconha somam 9,76%.

Entre os dependentes de crack que se tratam no CMT, 391 são homens e 58, mulheres. A maioria (294) tem de 25 a 40 anos, primeiro grau incompleto (178) e é solteira (295). “O perfil do atendimento neste ano não muda muito. Do total, 40% são casos de recaída e 60% buscam ajuda pela primeira vez. O esforço do dependente é essencial, pois não há tratamento no mundo que tire a vontade de usar droga. A substância age na parte do cérebro que comanda o prazer. Se for usado um remédio para tirar o prazer da droga, ele vai anular todos os outros prazeres, como o de trabalhar e até mesmo o sexual”, explica a terapeuta ocupacional Raquel Martins Pinheiro, especialista em toxicologia e diretora do CMT.

Fundada há 27 anos, a instituição foi o primeiro centro de atenção psicossocial (CAP) criado no país pelo Ministério da Saúde. Parte da rede da Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig), é a maior referência no estado no tratamento de dependência química.

Fissura

O psiquiatra Valdir Ribeiro Campos, especialista em dependência química e membro da Comissão de Controle do Tabagismo, Alcoolismo e Outras Drogas da Associação Médica de Minas Gerais, explica que o crack, feito da pasta-base de cocaína, leva de cinco a 10 segundos para atingir o sistema nervoso central e provocar o seu efeito alucinógeno, que dura no máximo cinco minutos. A cocaína inalada na forma de pó demora alguns minutos até chegar ao cérebro e tem efeito de até duas horas. “O efeito do crack no corpo é curto e a vontade de usar a droga de novo, o que chamamos de fissura, é rápida. Com isso, a dependência aparece em poucas semanas”, diz o psiquiatra. Ele ressalta que a possibilidade de recaída dos viciados em crack que se submetem a tratamento é maior nos três primeiros meses de abstinência (veja quadro na página 18).

Para não correr esse risco, N., que mora no Bairro Concórdia, na Região Nordeste de Belo Horizonte, procurou ajuda na comunidade terapêutica Terra da Sobriedade, em Venda Nova, uma das parceiras da Subsecretaria de Políticas Antidrogas. A terapeuta ocupacional Carolina Couto da Mata, coordenadora da instituição, diz que o índice de abandono no tratamento com dependentes de crack chega a 50%. “A alta toxidade do crack é um agravante para o vício. Dependentes constumam dizer que, se outras drogas os deixam a 60 por hora, ficam a 300 por hora quando fumam o crack”, compara.

N., que continua frequentando os grupos de ajuda mútua da Terra da Sobriedade, trocou a marica – como os usuários chamam o cachimbo usado para fumar crack – pelas palavras, dando palestras de prevenção ao uso de drogas. O trabalho que ele desenvolve de forma voluntária pode ser conferido no site (http://adicto.podomatic.com). “A recaída faz parte da doença e não do tratamento. Já sofri o bastante.”
Fonte:UAI/ABEAD(Associação Brasileira de Estudos do Álcool e outras Drogas)