quarta-feira, 11 de março de 2009

DROGAS - MACONHA

MACONHA.

Aspectos históricos e culturais:

Maconha é o nome dado a uma planta chamada cientificamente de Cannabis sativa, conhecida há séculos e que cresce naturalmente em várias partes do globo, podendo ser facilmente cultivada e encontrada em todos os continentes.

Era usada há cerca de 3.000 anos na China. Por volta de 1850, começou a ser usada na Europa. Seu plantio foi incentivado durante muitos séculos, devido à utilização de seus talos para a fabricação de cordas, fibras têxteis, palitos e até papel. Todavia, é das folhas, bem como de seus topos floridos, que se extrai a substância ativa THC Delta-9-Tetrahidrocanabinol.

Os produtos da Cannabis sativa podem ser consumidos por via pulmonar (fumada) ou por via oral (comidos), como ocorre nas populações indígenas.

Originária da Ásia Central, seus primeiros registros históricos são de mais de 200 anos a.C. na China, no Egito e na Índia. Mno segundo milênio a.C. era empregada com fins terapêuticos na China e descrita pelo Imperador Shen Nung como analgésico. Seu emprego medicinal corresponde a uma longa tradição entre povos africanos e asiáticos, mas também já era utilizada como desinibidora: os gregos a usavam para liberar do corpo gases intestinais e para dor de ouvido; e os indianos, há 1000 anos a.C., a utilizavam para "libertar a mente de coisas mundanas". Seu consumo é tradição secular em alguns países, principalmente naqueles onde o consumo de álcool é proibido.

Parece ter sido introduzida nas Américas pelos espanhóis, que fizeram as primeiras plantações no Chile, no século XVI. O hábito de fumar ou ingerir folhas e sementes de Cannabis é antigo, vinculado a práticas religiosas de muitos povos.

Na segunda metade do século XIX, escritores e intelectuais franceses fornecem as primeiras descrições do uso recreativo desta preparação no Ocidente. Há séculos ele fazia parte do arsenal de medicina popular em vários países e, ao final do século XIX, fez parte de vários medicamentos produzidos por respeitáveis laboratórios farmacêuticos dos Estados Unidos. Era indicada como analgésico, antiespasmódico e dilatador dos brônquios.

O interesse médico pela Cannabis diminui no início do século XX em detrimento da morfina e dos barbitúricos, que ofereciam melhores resultados. Hoje em dia, seu emprego terapêutico é quase nenhum, mas, em função de pesquisas recentes, é reconhecida como medicamento em pelo menos duas condições clínicas: reduz ou abole as náuseas e vômitos produzidos por medicamentos anticâncer e tem efeito benéfico em alguns casos de epilepsia. Em algumas partes da Ásia, os médicos ainda a utilizam no tratamento de algumas afecções.

Considerada como "droga da moda" nos anos 60, no auge da contestação hippie (junto com o LSD-25), a maconha continua a ser muito fumada até hoje, em particular nas faixas jovens, mas perdeu o seu destaque em favor dos inalantes, nas classes desfavorecidas, e da cocaína, nas classes média e alta.

Na Jamaica seu uso é popular. Conhecida como "ganja", é facilmente cultivada e produzida, embora o seu consumo seja considerado ilegal. Certas seitas atribuem-lhe poderes místicos e divinos, especialmente o de afastar os maus espíritos. O operário jamaicano encontra na ganja energia para trabalhar e relaxamento após o trabalho; oferece a droga, mesmo aos filhos, para que fiquem "mais inteligentes".

Nessa população, fumar a ganja é um rito e não um fator de alienação ou desintegração social. Seu uso constitui um complexo de crenças, atitudes e costumes compartilhados por toda a comunidade. Porém, há diferença entre as classes sociais. Na população de baixa renda, a criança aprende a usar a erva muito cedo, sendo possível que se coloque chá de "ganja" até nas mamadeiras. Nas classes média e alta, no entanto, a droga é condenada, mas os adolescentes a fumam, expressando, assim, a sua oposição à geração adulta. Ela se tornou, portanto, um símbolo de curiosidade, prazer ou mesmo revolta.

No Brasil atribui-se a origem da maconha aos escravos africanos trazidos para cá, sendo utilizada inicialmente por índios e negros.

O haxixe é uma substância mais ativa, extraída da própria maconha. Enquanto a maconha contém 1% de THC, o haxixe contém até 14%. Pouco comum entre nós, é habitualmente reduzido a pó e misturado ao tabaco normal para ser fumado em cachimbo. É, em sua maior parte, produzido no norte da África, Paquistão, Nepal, Líbano e Turquia, sendo contrabandeado para os Estados Unidos e Europa, onde seu preço é elevado.

A faixa da população que usa haxixe é a mesma que usa a maconha, mas observa-se que a maconha é mais comum entre aqueles que estão se iniciando no hábito ou que o fazem esporadicamente. O haxixe é mais encontrado entre aqueles já iniciados e fumantes contumazes, que necessitam doses mais potentes da droga. É moldado em pequenas barras ou bolos de cor marrom escura e seu óleo é bem mais potente.

Diz-se que a palavra assassino parece originar-se do árabe "hashishin", designação dada a uma tribo do norte da Pérsia, na Idade Média, por volta do século XI, povoada por homens guerreiros altamente perigosos e temidos por sua grande crueldade. Sabia-se que seus homens eram "motivados" pelo consumo de certa substância despersonalizante, que os impelia ao barbarismo e delitos sádicos dos mais horrendos crimes.



Efeitos físicos e psíquicos.

Podem ser físicos (ação sobre o próprio corpo ou parte dele) e psíquicos (ação sobre a mente). Esses efeitos sofrerão mudanças de acordo com o tempo de uso que se considera. Ou seja, os efeitos são agudos (quando ocorrem apenas algumas horas após fumar) e crônicos (conseqüências que aparecem após o uso continuado por semanas, meses ou menos anos).

Os efeitos físicos são poucos: olhos avermelhados, boca seca e o coração dispara, de 60-80 batimentos por minuto podem chegar a 120-140 ou até mais.

Os efeitos psíquicos agudos dependerão da qualidade da maconha fumada e da sensibilidade de quem fuma. Para uma parte das pessoas, os efeitos são uma sensação de bem-estar acompanhada de calma e relaxamento, de diminuição de fadiga e vontade de rir (boa viagem). Para outras pessoas, os efeitos são mais desagradáveis: sentem angústia, ficam aturdidas, temerosas de perder o controle da cabeça, trêmulas e suando (má viagem). Há ainda evidente perturbação na capacidade da pessoa calcular tempo e espaço e um prejuízo da memória e atenção.

Aumentando-se a dose e/ou dependendo da sensibilidade, os efeitos psíquicos agudos podem chegar até a alterações mais importantes, com predominância de delírios e alucinações. O delírio é uma manifestação mental pela qual a pessoa faz um juízo errado do que vê ou ouve. Neste caso, há mania de perseguição (delírio persecutório). A mania de perseguição pode levar ao pânico e, conseqüentemente, a atitudes perigosas, como "fugir pela janela", agredir as pessoas em "defesa" antecipada contra agressão que julga estar sendo tramada. Já a alucinação, que é uma percepção sem objeto, pode ter fundo agradável ou terrificante.

Os efeitos físicos crônicos da maconha são maiores. Com o continuar do uso, vários órgãos do co5rpo são afetados. Os pulmões são um exemplo disso, levado a problemas respiratórios (bronquites), iguais ao do cigarro comum. Porém, a maconha contém alto teor de alcatrão (maior que no cigarro comum) e nele existe uma substância chamada benzopireno, conhecido agente cancerígeno. Ainda não está provado cientificamente que a pessoa que fuma maconha cronicamente está sujeita a contrair câncer dos pulmões com maior facilidade. Mas, os indícios de que assim possa ser são cada vez mais fortes.

Outro efeito físico indesejável do uso crônico refere-se à testosterona, ou hormônio masculino. Já existem muitas provas que a maconha diminui em até 50-60% a quantidade de testosterona. Em conseqüência, o homem apresenta um número bem reduzido de espermatozóides no líquido espermático, o que leva a infertilidade. Este efeito desaparece quando a pessoa deixa de fumar a planta.

Há ainda os efeitos psíquicos crônicos da maconha. Sabe-se que o uso continuado interfere na capacidade de aprendizagem e memorização e pode induzir um estado de amotivação e de dependência.

Nomes mais conhecidos: maconha, haxixe, cânhamo, bangh, ganja, diamba, marijuana, marihuana.

Nomes populares:
baseado, erva, tora, beise, fumo, bagulho, fininho.

Nenhum comentário: