quinta-feira, 24 de outubro de 2013

Recaída ao uso de drogas é alvo de pesquisa

Exame Objetivo é identificar alterações estruturais nos neurônios que possam ser alvo para novos medicamentos mais eficazes contra a dependência Em busca de tratamentos mais eficazes contra a dependência, cientistas do National Institute on Drug Abuse (Nida/NIH), dos Estados Unidos, têm se dedicado a criar métodos para identificar e estudar pequenos grupos de neurônios relacionados com a sensação de fissura por drogas. O grupo coordenado por Bruce Hope conta com o brasileiro Fábio Cardoso Cruz, ex-bolsista de mestrado e de pós-doutorado da FAPESP que acaba de publicar um artigo sobre o tema na revista Nature Reviews Neuroscience. “Nossa linha de pesquisa se baseia no pressuposto de que a dependência é um comportamento de aprendizado associativo. Quando um indivíduo começa a usar uma determinada substância, seu encéfalo associa o efeito da droga com o local em que ela está sendo consumida, as pessoas em volta e a parafernália envolvida, como seringas, por exemplo. Com o uso repetido, essa associação fica cada vez mais forte, até que a simples exposição ao ambiente, às pessoas ou aos objetos já desperta no dependente a fissura pela droga”, afirmou Cruz. Evidências da literatura científica sugerem que essa memória associativa relacionada ao uso da droga com os elementos ambientais seria armazenada em pequenos grupos de neurônios localizados em diferentes regiões do encéfalo e interligados entre si – conhecidos em inglês como neuronal ensembles. “Quando o dependente depara com algo que o faz lembrar da droga, esses pequenos grupos neuronais são ativados simultaneamente e, dessa forma, a memória do efeito da droga no organismo vem à tona, fazendo com que o indivíduo sinta um desejo compulsivo pela droga que é capaz de controlar o comportamento e fazer com que o dependente em abstinência tenha uma recaída mesmo estando ciente de possíveis consequências negativas, como perda do emprego, da família ou problemas de saúde”, disse Cruz. Por meio de experimentos feitos com animais, os pesquisadores do Nida mostraram que apenas 4% dos neurônios do sistema mesocorticolímbico são ativados nesses casos de recaída induzida pelo ambiente. “São vários pequenos grupos localizados em regiões do cérebro relacionadas com as sensações de prazer, como córtex pré-frontal, núcleo accumbens, hipocampo, amígdala e tálamo”, contou. Segundo Cruz, a maioria dos trabalhos que buscam entender a neurobiologia da dependência e descobrir possíveis alterações moleculares relacionadas com comportamentos que levam à recaídaavalia todo o conjunto de neurônios presente em amostras de tecidos cerebrais em vez de focar apenas nesses pequenos grupos. “Acreditamos que uma alteração realmente significativa pode ser mascarada por mudanças nesses outros 96% dos neurônios não relacionados com a recaída. Por isso buscamos metodologias para estudar especificamente esses 4%”, explicou. Uma das estratégias descritas no artigo publicado na Nature Reviews Neuroscience faz uso de uma linhagem de ratos transgênicos conhecida como lacZ. Os animais são modificados para expressar a enzima β-galactosidase apenas nos neurônios ativos. “Nós colocamos o animal em uma caixa e o ensinamos a bater em uma barra para receber cocaína. Depois de um tempo, movemos o animal para uma caixa diferente, na qual ele não recebe a droga quando bate na barra. Chega uma hora em que o animal para de bater na barra. É como se estivesse em abstinência. Mas quando o colocamos de volta na primeira caixa, ou seja, no ambiente que ele foi treinado a receber a droga, ele imediatamente volta a bater na barra à procura da droga”, contou Cruz. Nesse momento, os pequenos grupos neuronais são ativados no rato pelos elementos do ambiente. Os pesquisadores administram então uma substância chamada Daun02, que interage com a enzima β-galactosidase e se transforma em um fármaco ativo chamado daunorubicina, que provoca a morte desses neurônios ativos. “Esperamos cerca de dois dias para o fármaco concluir seu efeito e, quando colocamos novamente o animal no ambiente associado à administração da droga, ele não apresenta mais o mesmo comportamento de busca da substância. É como se a fissura tivesse sido apagada após a morte desse pequeno grupo de neurônios relacionado com esse comportamento de recaída”, contou Cruz. Outra técnica descrita no artigo também faz uso de animais transgênicos capazes de expressar uma proteína fluorescente apenas nas células ativadas. “Com auxílio da citometria de fluxo, conseguimos isolar apenas essas células que ficam fluorescentes e então procuramos por possíveis alterações moleculares. Podem ser alterações estruturais, como aumento no número de espinhos dendríticos, o que aumenta a interação sináptica e deixa o neurônio mais sensível. Podem ser proteínas intracelulares que também aumentam a atividade desses neurônios”, explicou. Uma vez identificadas essas alterações, acrescentou Cruz, elas vão se tornar alvos para o desenvolvimento de fármacos capazes de tratar de forma mais eficiente a dependência. “Não existe hoje um medicamento realmente eficaz, tanto que cerca de 70% dos usuários de cocaína sofrem recaída após um período de abstinência. No caso do álcool, o número é maior que 80%”, afirmou. O grupo do Nida conta ainda com outros pesquisadores brasileiros, entre eles Rodrigo Molini Leão, que acabou de concluir o doutorado com Bolsa da FAPESP na Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade Estadual Paulista (FCFAr-Unesp) em Araraquara. Também participa o doutorando Paulo Eduardo Carneiro de Oliveira, da FCFAr-Unesp.

Maconha na escola

O Estado de S. Paulo Uma nova pesquisa sobre comportamento jovem, divulgada no final de setembro, sugere uma relação entre consumo de maconha e um pior desempenho dos alunos na escola. O projeto Este Jovem Brasileiro, realizado desde 2006 pelo Portal Educacional, do Grupo Positivo, em escolas particulares, tem metodologia simples. Cada aluno responde a uma pesquisa online, no laboratório de informática, em condição de anonimato. Em 2013, as perguntas abordaram sexualidade, drogas, violência, emoções e uso de internet. Foram entrevistados 5.675 estudantes, do 8.º ano do fundamental até o 3.º ano do ensino médio de 67 escolas, em 16 Estados do Brasil. A maconha já havia sido experimentada por quase 10%. O uso aumenta com a idade. Aos 13, 4% já tinham tido experiência com a droga e aos 17, 16%. Quase a metade dos que experimentaram teve o primeiro contato entre 14 e 15 anos, o que mostra a importância de discutir esse tema na escola ainda no ensino fundamental. Entre os que já tinham consumido maconha, 18% usaram todos os dias ou quase todos os dias no mês anterior à pesquisa. Outro estudo recente sobre o tema, o 2.º Levantamento Nacional de Álcool e Drogas, da Unifesp, feito em 149 municípios brasileiros em 2012, revelou que 4% dos jovens a partir dos 14 anos já tinham experimentado maconha. Mas os números mais surpreendentes da pesquisa atual são os obtidos quando se cruzam os dados sobre emoções e rendimento na escola com os de uso de maconha. No total, 13% dos alunos entrevistados já haviam sido reprovados na escola. Entre os que já haviam experimentado maconha, esse número chega a 31%, ou seja, quase um em cada três. Outro dado chama a atenção: 48% dos alunos dizem ter dificuldade em manter concentração em sala de aula (talvez mais um reflexo da geração internet, que consegue executar tarefas distintas ao mesmo tempo, mas tem uma tremenda dificuldade em focar em um só estímulo). Entre os que já usaram maconha, essa dificuldade de concentração parece ser ainda maior: 63%. Já 35% dos alunos referem dificuldade para entender as aulas. Entre os que já usaram maconha, 51%. Quando analisamos algumas emoções, os dados também chamam atenção. No total, 29% dizem se sentir tristes ou desanimados com frequência. Entre os que usaram maconha, o número sobe para 39%. Já 47% disseram se sentir ansiosos sem motivo aparente. No grupo com experiência com maconha, esse índice chega a 54%. Embora a amostragem não seja representativa de todo o País (apenas escolas particulares participaram) e não tenha havido controle de todas as variáveis, os dados merecem uma avaliação mais cuidadosa, principalmente no momento em que países vizinhos e políticos no mundo todo discutem uma maior flexibilização nos controles de venda e consumo de maconha. A pesquisa sugere uma possível relação entre consumo de maconha (principalmente no uso mais frequente) e um pior resultado nos estudos e, também, entre o uso da droga e dificuldades emocionais. Pela metodologia utilizada não se pode afirmar que é a maconha que causa queda no rendimento escolar e maior índice de reprovação. Talvez o uso dela seja maior justamente entre os alunos que já apresentavam mais dificuldades emocionais e pior desempenho escolar. Ela poderia estar sendo usada para aliviar, por exemplo, sintomas depressivos e ansiosos. De qualquer forma, os dados apontam para a importância de se fazer um trabalho cuidadoso e permanente na escola de prevenção e informação sobre uso de drogas. Também mostram a necessidade de maior atenção aos jovens com dificuldades emocionais e de aprendizagem, já que eles podem estar em maior risco de consumo frequente de diversas substâncias (álcool, cigarro e maconha, entre outras).

Novas drogas sintéticas colocam autoridades em alerta no Estado

Zero Hora Com variação de fórmulas, elas passam ilesas pela legislação e entram e saem do país com facilidade A cada três dias uma nova droga é descoberta no mundo. Elas são pequenas e se confundem com remédios inofensivos, como os analgésicos. Entram e saem do país com facilidade e circulam em festas de alto padrão. Com tantas variações em suas fórmulas, passam ilesas pela legislação brasileira. E é por embaralharem a percepção da polícia que as drogas sintéticas colocam agora o Estado em alerta: o número de apreensões de comprimidos não-identificados aumentou três vezes de janeiro a setembro de 2013, comparado com todo o ano passado. Das 75 amostras de apreensões supostamente de ecstasy enviadas para análise do Instituto-geral de Perícias (IGP), neste ano, 30% deram negativo para esta substância e positivo para outras, o que também ocorreu com metade das 25 doses de LSD. Conhecidas como "designer drugs", estes novos tóxicos são desenvolvidos em laboratório à base de anfetamina e metanfetamina e custam cinco vezes mais do que a maconha. — Aquilo que antes era uma forma de apresentação característica do LSD agora também aparece impregnado com DOB (brolamfetamina), substância de uso proscrito no Brasil. Os comprimidos, que antes eram característicos de ecstasy, também têm surgido com outras drogas, sozinhas ou uma combinação entre elas, tais como ketamina — detalha a farmacêutica Paulini Braun Wegner, chefe-substituta da Divisão de Química Forense do IGP. Apreensões no Salgado Filho ainda são incomuns, diz PF No Estado, uma unidade para tratar dependentes de drogas sintéticas deve ser lançada no Hospital de Clínicas de Porto Alegre ao longo de 2014. A necessidade surgiu após uma pesquisa feita entre 2010 e 2011 constatar que mais de 60% dos entrevistados no Clínicas, usuários de ecstasy ou LSD, sofriam de estresse pós-traumático ligado a casos de estupros. Apesar de o Brasil não aparecer entre países onde mais circulam as drogas modificadas em laboratório, como ocorre na Europa, o governo federal pretende criar, até o ano que vem, um sistema de alerta rápido para o ingresso de novas substâncias entorpecentes no país. A ideia é aumentar o rigor frente à comercialização, já que as fórmulas químicas destas substâncias são usadas em outras áreas, como medicina, veterinária e agropecuária, e o tráfico não se dá nas esquinas como ocorre com os entorpecentes tradicionais. Luis Fernando Martins Oliveira atuou no Departamento Estadual de Investigações do Narcotráfico (Denarc) por oito anos e diz que essas drogas podem estar em maior quantidade do que se pensa pela dificuldade na repressão: — Não são pessoas que fazem do tráfico a sua sobrevivência. Nos últimos três anos, o diretor do (Denarc), Heliomar Franco, viu um aumento de 47% das apreensões de entorpecentes como cocaína, maconha e crack, o que explica o foco das investigações: — As outras drogas, pelo alto custo, ficam reduzidas a um pequeno nicho socioeconômico. Elas também não causam a lesividade social do crack e da cocaína, que induzem ao crime — diz Franco, alertando que a principal rota dos produtos tem origem na Holanda e passa por Santa Catarina até chegar ao Estado. Apreensões de drogas trazidas do exterior, porém, são incomuns. Nenhuma droga sintética foi apreendida no Aeroporto Salgado Filho. — Temos treinamento, mas é claro que é mais difícil de identificar o comprimido — revela o delegado José Antonio Dornelles de Oliveira, chefe do Núcleo de Polícia Aeroportuária da Polícia Federal. Hospital de Clínicas terá ambulatório para viciados O Rio Grande do Sul pode ser o primeiro Estado brasileiro a ter um ambulatório para tratar dependentes de drogas sintéticas, como ecstasy, LSD e suas variações. Está em andamento um projeto do Centro de Pesquisa em Álcool e Drogas do Hospital de Clínicas de Porto Alegre para que, até 2014, o espaço possa receber pacientes. A psicóloga Lysa Remy, pesquisadora do Centro, passou um mês em Londres, em setembro de 2012, para conhecer o serviço de uma clínica — chamada Club Drug Clinic — e adaptá-la à realidade gaúcha. O projeto conta com a parceria do Laboratório de Toxicologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) para identificar o tipo exato de droga consumida, o que deve ampliar também o conhecimento a respeito destas modificações químicas que circulam no Estado. A ideia surgiu depois que um estudo foi realizado com 240 usuários de ecstasy e LSD entre 2010 e 2011 no Hospital de Clínicas. — Não se sabe a prevalência do uso na nossa população jovem, mas se sabe que o grupo de usuários tem prejuízos graves — conta Lysa. A pesquisa revelou tratar-se de um grupo muito vulnerável: 60% apresentaram estresse pós-traumático. — Foi uma surpresa. Percebemos que eles relatavam alguma experiência de abuso sexual, o que é explicado pelo conceito do ecstasy, conhecido como a "droga do amor" — disse Lysa. Para tratar dos efeitos físicos e emocionais, além da desintoxicação, será necessária uma equipe de 10 profissionais altamente treinados. Rede rápida de comunicação Preocupado com um possível aumento de circulação de novas drogas no Brasil, o secretário nacional de Políticas Antidrogas do Ministério da Justiça, Vitore André Zílio Maximiano, visitou o Observatório Europeu da Droga e da Toxicodependência para conhecer o sistema de alerta rápido e se inspirar. A ideia é criar uma rede rápida de comunicação: sempre que houver a apreensão de uma substância que não está relacionada na portaria da 344 da Anvisa, que estabelece as drogas proibidas no país pelo nome do princípio ativo, e que a polícia local não tenha conseguido identificar, uma amostra deve ser enviada à Polícia Federal, em Brasília, para averiguação. — A droga sintética, como é manufaturada, passa por processo químico muito sofisticado e, por isto, exige uma análise laboratorial ainda mais apurada para identificá-la. Investiremos em tecnologia para que esta investigação seja feita com rapidez — diz Maximiano. Caso a análise farmacológica identifique elementos que possam causar dependência física ou psíquica, a Anvisa poderá incluí-la na portaria. DESCONHECIDAS E PERIGOSAS — Cápsula do vento: conhecida por conter a brolanfetamina (DOB), é vendida geralmente em cápsulas gelatinosas transparentes. No Estado, foram analisadas apenas na forma de micropontos de papel rígido, semelhantes ao LSD. Seu efeito alucinógeno leva mais tempo para se iniciar, o que estimula doses maiores. — Sucesso: espécie de lança-perfume de segunda linha, é feito à base de gás freon (usado em refrigeradores). A sensação inicial é de ansiedade instantânea e de curta duração. — Special Key: cápsulas ou comprimidos feitos à base de analgésico líquido para cavalo. Para o delegado Heliomar Franco, ela tem um dos efeitos mais preocupantes, pois provoca paralisia corporal, seguida de sensação de viagem fora do corpo e amnésia. — Crystal ou ice: à base de metanfetamina, é muito usada nos Estados Unidos e, aos poucos, está chegando ao Brasil. Com alto potencial lesivo à saúde, deixa os usuários viciados em pouco tempo. — Falsa heroína: em 2010, o delegado Luís Fernando Martins Oliveira, que atuava no Denarc, pensou estar diante da primeira apreensão de heroína no Estado. Descobriu uma jovem de classe média que enviava sacos plásticos contendo uma substância parecida com grão de areia para São Paulo. Análise laboratorial mostrou se tratar de dimetiltriptamina (DMT) — produto extraído da raiz da planta ayahuasca, utilizada em ritos da seita do Santo Daime. Além de ataques de pânico, a droga pode causar danos irreversíveis ao cérebro. OS RISCOS DOS NOVOS ENTORPECENTES — Podem matar, seja pelo efeito farmacológico, seja pelo estado mental alterado que induzem. — São projetadas para que tenham o máximo de efeitos alucinógenos com o mínimo de efeitos colaterais. Pequenas modificações na sua estrutura já caracterizam uma droga diferente, o que dificulta a fiscalização. — Muitas pessoas chegam às emergências e não recebem tratamento adequado porque médicos não conseguem identificar que substância foi utilizada. — Conforme a pesquisadora do Centro de Pesquisa em Álcool e Drogas do Hospital de Clínicas Lysa Remy, mortes estão ocorrendo em função destas drogas e poucas são documentadas.

quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Padrões e Características da Codependência

Os Padrões e Características da Codependência são oferecidos como ferramentas para nos ajudar em nossa autoavaliação, buscando identificar em que grau essa doença nos afeta: 1. Padrões de negação • Codependêntes têm dificuldades para identificar sentimentos; • minimizam, mudam ou negam seus sentimentos; • avaliam-se como altruístas e dedicados ao bem-estar dos outros. 2. Padrões de baixa autoestima • Codependentes têm dificuldades para tomar decisões; • depreciam seus pensamentos, palavras e ações, como nunca sendo suficientemente bons; • envergonham-se de receber reconhecimento, elogios ou presentes; • são incapazes de pedir aos outros que os ajudem em suas necessidades e desejos; • valorizam a aprovação dos outros quanto às suas ideias, sentimentos e comportamento; • não reconhecem a si próprios como pessoas gostáveis e de valor. 3. Padrões de conformidade • Codependentes comprometem seus valores e integridade para evitar rejeição e a raiva dos outros; • são muito sensíveis aos sentimentos dos outros e assumem os mesmos sentimentos; • são extremamente leais, permanecendo em situações penosas por muito tempo; • supervalorizam as opiniões e os sentimentos dos outros e temem expressar pontos de vista e sentimentos contrários aos deles; • deixam de lado interesses pessoais e hobbies para fazer o que os outros querem; • aceitam o sexo como substituto do amor. 4. Padrões de controle • Codependentes crêem que os outros são incapazes de cuidar de si próprios; • tentam convencer os outros sobre como deveriam pensar e agir; • ficam ressentidos quando os outros recusam suas ofertas de ajuda; • oferecem conselho e orientação sem que lhe peçam; • são pródigos em presentear e favorecem aqueles de quem gostam; • usam o sexo para ganhar aprovação e aceitação; • têm de se sentir necessários a fim de se relacionar com os outros.

segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Vício em guloseimas é comparado ao de drogas - Pesquisa revelou que a sensação causada pelo consumo de comidas gordurosas e calóricas é similar à de narcóticos

Você não consegue viver sem uma guloseima açucarada ou gordurosa? E quando consome essas opções sente um prazer inexplicável? Pois, esse vício em comidas calóricas está sendo comparado àquele causado pelas drogas, segundo uma pesquisa realizada em parceria com a rede BBC. De acordo com o estudo, feito com mais de cinco mil pessoas em dieta, a sensação causada pelo consumo de alimentos gordurosos chega a ser similar à criada pelas drogas, sendo realmente taxada como um vício. Há evidências crescentes de alto teor de gordura e alimentos ricos em açúcar têm algumas qualidades que causam dependência e esta pesquisa sugere ainda que as pessoas que estão tentando emagrecer se sentem presas aos desejos de comida, marketing agressivo e de fácil disponibilidade de alimentos menos saudáveis. E isso sai do controle das pessoas, que se sentem culpadas com a situação de se confortar com algo calórico, pois a pesquisa mostrou que dois em cada três participantes que têm esses impulsos se sentem julgados pela sociedade de um modo semelhante aos viciados em substâncias narcóticas. Crédito: Shutterstock Além disso, três em cada quatro entrevistados (76%) comparam a sua fraqueza com o desejo de um viciado em cigarros, bebidas ou drogas. As avaliações foram realizadas com 5.139 pessoas que participam do programa de emagrecimento Slimming World e também revelaram que a maioria (94%) consumia comidas calóricas para se sentir melhor quando não estavam bem, tentando melhorar o humor. Entretanto, esse efeito era passageiro, pois 77% delas disseram que, enquanto houve uma melhora inicial, elas ficaram muito piores depois, relatando que se sentiram um fracasso ou criticando-se por não ser capaz de manter uma dieta. Dr. James Stubbs, um dos líderes do estudo, disse: "Nós vivemos em um mundo que incentiva as pessoas a comerem errado. Semelhantes aos viciados em drogas, a sociedade julga viciados em comida. As pessoas se acostumam a comer certos alimentos como forma de tentar se sentir melhor e isso se torna um hábito. Então quando elas estão se sentindo para baixo, estão sempre propensas a recorrer a esses alimentos e isso rapidamente torna-se um ciclo”. http://todaela.uol.com.br/nutricao-e-saude/vicio-em-guloseimas-e-comparado-ao-de-drogas

sexta-feira, 30 de agosto de 2013

Apreensão de drogas sintéticas aumenta 515% em um ano

Em 2012, foram 2.063 Unidades recuperadas pela Polícia Civil; Um ano depois, foram 12,7 mil Super Notícia - Bernardo Miranda “Dá uma sensação enorme de felicidade”. Esse é o argumento de Manoela*, 17, que experimentou ecstasy e LSD pela primeira vez aos 16 anos, em uma boate da região Centro-Sul de Belo Horizonte e não parou mais. A história da adolescente é cada vez mais comum entre os jovens belo-horizontinos, principalmente aqueles das classes média e alta. No período de um ano, a apreensão de drogas sintéticas na região metropolitana aumentou 515%. A longa duração do efeito, o custo e a facilidade de usar a droga sem levantar suspeita são os principais motivos para o aumento do consumo. Entre maio de 2011 e abril de 2012, foram 2.063 unidades apreendidas na região metropolitana pela Polícia Civil, enquanto no mesmo período entre 2012 e 2013, esse número passou para 12.700. Os policiais explicam que a venda disseminada entre “amigos”, sem concentração de grandes quantidades do produtos em “bocas de fumo” em favelas, como acontece com o crack, por exemplo, dificulta a fiscalização. É o caso de Manoela. Ela estuda em uma escola particular da região Centro-Sul da capital e conta que vários amigos usam a droga e são os próprios colegas os fornecedores. “Qualquer balada tem um conhecido que vende”, garante a garota. O delegado chefe da Delegacia Especializada de Repressão Antidrogas da Polícia Civil de Minas Gerais, Márcio Lobato, explica que o tráfico entre amigos é muito disseminado. “Eles começam como usuários e em pouco tempo estão traficando. Porém, eles não têm noção da gravidade do que estão fazendo. Só quando são pegos e presos por tráfico é que a ficha cai”, explica. João*, 34, começou como usuário e traficou ecstasy até ficar preso por um ano e meio. “Só quando fui detido, em uma operação da Polícia Federal que percebi a gravidade do que estava fazendo, tanto nos danos que eu causava quanto nas leis que eu quebrava. Antes de ser preso, eu me achava muito diferente daquele traficante que vendia crack na boca de fumo”, conta o ex-presidiário. Ele alega que sempre teve amigos ricos e começou a vender para acompanhar o estilo de vida deles. Custo. O preço de uma unidade de ecstasy ou LSD varia entre R$ 40 e R$100, mas o efeito pode durar até 15 horas, outros dois atrativos para os jovens. Um usuário da capital conta que vale a pena pagar pela droga, “Sai mais barato usar (droga) que passar a noite bebendo em uma boate de Belo Horizonte, onde as bebidas são mais caras”, diz. * Nomes fictícios Fonte:UNIAD - Unidade de Pesquisa em Álcool e Drogas

O álcool na adolescência

Gazeta de Alagoas O mundo vai caminhando e por influência da mídia, das revistas, os jovens vão querendo se auto afirmar. E também por serem características próprias da idade. O cigarro e o álcool, apesar de todos os seus efeitos negativos, sempre foram usados como símbolo do machismo, de conquistas. As bebidas alcoólicas produzem no jovem dois efeitos, variáveis de acordo com a quantidade ingerida e as características pessoais: estimulante e depressor. Logo após a ingestão, causa euforias, desinibição, facilidade para falar, sensação de poder. Depois com a ingestão de mais álcool, manifesta-se o segundo efeito: falta de coordenação motora, descontrole, violência, sono, podendo até chegar ao estado de coma. Daí o volumoso número de acidentes de motos e carros nos fins de semana, causando mortes em muitas famílias. Os hospitais estão cheios de fraturados e sofredores que saíram dos seus limites, transformando suas vidas em um verdadeiro inferno e a de muita gente. O alcoolismo atinge, atualmente, de 5% a 10% da população brasileira adulta. Mas os índices de consumo mais preocupantes estão ligados ao público jovem. Os jovens brasileiros estão começando a beber cada vez mais cedo: abaixo dos 14 anos. Uma pesquisa recente da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) apostou que 5 de jovens entre 14 e 17 anos bebem uma vez por semana, consumindo cinco ou mais doses por vez; 24% bebem pelo menos uma vez por mês e 13% dos adolescentes brasileiros possuem um padrão intenso de consumo antes dos 18 anos. Os bares nos fins de semana de todas as cidades brasileiras estão sempre cheios de jovens adolescentes. O jovem que começa muitas vezes com um ‘cervejinha’ com os amigos, sem se aperceber, daqui a pouco está sendo objeto de uma dependência que irá preocupar. A adolescência é a antessala do amadurecimento, é o verdadeiro prefácio do livro da vida. É a fase de irreverência e do protesto. Cabe aos pais vigiá-los, orientá-los através do diálogo para que não se percam. Assim, está na hora da família olhar esse problema. de frente. O dia a dia está banalizado e tudo gera violência. A naturalidade com que muitos pais olham seu filho bebendo sem controle e acham graça, permite que ele assim o faça tendo o aval dos pais. O Brasil de hoje está difícil de ser corrigido. Temos que ter uma geração com um sentido de vida, de ética, de sensibilidade para que possamos viver no futuro com paz e progresso. Fonte:ABEAD(Associação Brasileira de Estudos do Álcool e outras Drogas)

Álcool e crack correspondem a 80% das internações de adolescentes

Diário do Vale Responsáveis por programas de acompanhamento de adolescentes dependentes químicos de Volta Redonda afirmam que o consumo de álcool e crack correspondem hoje a 80% dos casos de internação no município. Responsável pela coordenação do Gaia (Grupo de Atendimento Integral do Adolescente), Roberto Carlos da Silva, afirmou ainda que o desejo dos adolescentes e até das crianças em experimentar substâncias químicas está sendo despertado cada vez mais cedo. - Nos últimos dois anos, muitos adolescentes passaram a consumir todos os tipos de drogas e aumentaram a incidência de internações na unidade que, de 56 casos aumentou para 72 - disse Roberto, acrescentando que o álcool, que normalmente começa a ser consumido no âmbito familiar vem em primeiro lugar, com 40 internações, seguido do crack, com 32 internações. Ainda de acordo com Roberto, o vício em álcool pode ser classificado como um reflexo do espelho familiar, visto que muitos adolescentes no momento da internação sempre confessam que começaram a beber seguindo o exemplo de pais e responsáveis. - A maioria dos casos de internações em decorrência do álcool vem de históricos onde o consumo teve início dentro de casa, com a autorização dos responsáveis. Involuntariamente nas festas de família ou nos fins de semana, eles oferecem e incentivam o primeiro ´gole` da bebida. Hoje temos registros em que adolescentes experimentaram bebidas alcoólicas pela primeira vez aos dez anos - revelou. O coordenador reforçou que para combater os crescentes números de casos de drogas licitas e, principalmente, ilícitas, os métodos de atendimento de adolescentes foram divididos em dois sistemas. - A dependência química é uma doença, que deve ser tratada com extremo cuidado e para que o tratamento aconteça da maneira correta estamos trabalhando com o antigo sistema do atendimento de convivência dia, de 8 às 17 horas, onde os jovens podem voltar diariamente para suas casas. Também trabalhamos com o sistema de internação por um período de três meses. Este método só é aplicado em casos extremos - informou, explicando que o local possui espaço para 20 internações, sendo que atualmente dez adolescentes estão internados. Programa ´Consultório de Rua` Em funcionamento há cerca de quatro meses, a Coordenadoria Municipal de Prevenção às Drogas vem realizando um estudo para definir a situação do consumo de drogas na cidade. De acordo com a coordenadora do órgão, Neuza Jordão, desde que o setor foi criado estão sendo realizadas constantes reuniões com todos os segmentos da sociedade - entre eles, todos os órgãos de segurança. - Através de nossas reuniões e da discussão de ideias, estamos criando ferramentas para que o combate ao consumo de drogas lícitas, em especial o crack, que apresentou um aumento de 30% no último trimestre, diminua e tenha um tratamento de impacto em nossa cidade- ressaltou. Sobre as ações preventivas de combate, a coordenadora destacou o programa "Consultório de Rua", ação que consiste em criar uma abordagem direta para todos os usuários de drogas. Em especial os que estão em situação de rua. - Em todas as internações compulsórias, o indivíduo é tratado como se ele fosse um todo, quando na realidade a verdadeira intenção do tratamento, deveria ser ao contrario e ele ser tratado como uma pessoa única. Esta é a visão de tratamento, que será utilizada em nosso programa no momento em que ele for implantado - destacou. Neuza enfatizou ainda que os trabalhos vão depender do resultado de parcerias estratégicas, que já estão sendo desenvolvidas com conselhos, ONGs e toda a comunidade. - Para que nosso trabalho renda frutos e tenha a visibilidade necessária, estamos desenvolvendo cursos, congressos e seminários. O combate à dependência química é uma área de atualização constante - informou. Fonte:ABEAD(Associação Brasileira de Estudos do Álcool e outras Drogas)

Jovens mais inteligentes têm mais chances de usar drogas. Por quê?

Pesquisa revela que jovens com Q.I. mais alto têm maior probabilidade de fazer uso de substâncias ilícitas - entenda Galileu - por Ana Freitas Cientistas de três universidades no Reino Unido publicaram uma pesquisa que mostra a relação entre crianças inteligentes e o uso de drogas no futuro. O mais curioso: de acordo com eles, quanto maior o Q.I., maior a chance de que a pessoa acabe experimentando alguma droga. Outra pesquisa, indicando a mesma relação, já foi publicada em 2011. Para chegar a essa conclusão, eles usaram dados de 1958 de um estudo nacional sobre o desenvolvimento de crianças nos EUA e aí entrevistaram mais de 17 mil pessoas, então adultos, comparando o uso de drogas e o Q.I. registrado na ocasião. O resultado: crianças com o Q.I. mais alto tiveram maior incidência de uso de drogas anos mais tarde. Levando em conta os dois estudos, cientistas têm hipóteses diferentes para os motivos que levam crianças e jovens mais inteligentes ao uso de drogas. Veja algumas delas: 1. James White, um dos cientistas do estudo publicado em 2011, acredita que jovens mais inteligentes tomem suas decisões mais baseadas em evidências e fatos. Como são escassos os estudos que provem a existência de efeitos nocivos devido ao uso ocasional de drogas, eles se sentem confortáveis para usá-las. Numa entrevista para a revista TIME, James White usa a maconha como exemplo para essa tese. 2. O psicólogo evolucionista Satoshi Kanazawa diz que crianças e jovens mais inteligentes têm mais chances de usar drogas porque, para ele, o cérebro tem dificuldade de lidar com situações que não existiam na vivência ancestral do ser humano e ele acredita que pessoas inteligentes estariam mais propensas a superar ambientes diferentes justamente pela capacidade de interagir com coisas novas. Ele baseia essa crença no Princípio da Savana, que acreditar que nosso cérebro só se sente confortável em situações análogas às vividas pelos nossos ancestrais na Savana. 3. A outra hipótese é que crianças e jovens mais inteligentes acabam sofrendo mais com o isolamento social e ficam entediados mais facilmente. Isso os leva às drogas. Fonte:UNIAD - Unidade de Pesquisa em Álcool e Drogas

Estudo mostra que cocaína muda estrutura do cérebro em duas horas

Uma pesquisa feita por cientistas nos Estados Unidos revelou que consumir cocaína pode mudar a estrutura do cérebro em poucas horas. Os estudiosos da Universidade da Califórnia fizeram experimentos com camundongos, que receberam injeções com a droga. Eles constataram que, apenas duas horas após receber a primeira dose, as cobaias já haviam desenvolvido no cérebro novas estruturas que são ligadas à memória, ao uso de drogas e a mudanças de comportamento. Os camundongos que tiveram as maiores alterações no cérebro revelaram ter uma dependência mais elevada de cocaína, mostrando que, segundo especialistas, o cérebro deles estava "aprendendo a ser dependente químico". Caçador de cocaína Os cientistas investigaram nas cobaias o surgimento de pequenas estruturas nas células do cérebro chamadas espinhas dendríticas, que têm relação profunda com a formação das memórias. Um microscópio a laser foi usado para olhar dentro do cérebro dos camundongos, ainda vivos, para procurar por espinhas dendríticas após eles receberem doses de cocaína. A mesma análise foi feita em camundongos que, em vez de injeções com cocaína, receberam injeções com água. O grupo que recebeu cocaína apresentou uma maior formação de espinhas dendríticas, o que indica que mais memórias, relacionadas ao uso da droga, foram formadas. A pesquisadora Linda Wilbrecht, professora assistente de psicologia e neurociência da Universidade da Califórnia na cidade de Berkeley, disse: "Nossas imagens fornecem sinais claros de que a cocaína induz ganhos rápidos de novas espinhas, e quanto mais espinhas os camundongos ganham, mais eles mostram que "aprenderam" sobre a droga". "Isso nos mostra um possível mecanismo ligando o consumo de drogas à busca por mais drogas. Essas mudanças provocadas pela droga no cérebro podem explicar como sinais relacionados à droga dominam o processo de tomada de decisões em um usuário humano", explicou a pesquisadora. O pesquisador Gerome Breen, do Instituto de Psiquiatria do Kings College de Londres, ressaltou que "o desenvolvimento da espinhas dendríticas é particularmente importante no aprendizado e na memória". "Este estudo nos dá um entendimento sólido de como a dependência ocorre - ele mostra como a dependência é aprendida pelo cérebro", finalizou. Autor: OBID Fonte: BBC BRASIL

Drogas x esporte: a maconha causa picos de pressão e riscos cardíacos

Globo Esporte Análises estatísticas mostram que o risco de infarto agudo do miocárdio aumenta 4,8 vezes nos primeiros 60 minutos após o uso de maconha Em meio ao alvoroço provocado pelo tema cerveja e coração, alguns comentários recebidos questionavam o consumo das drogas ilícitas, em especial a maconha e a cocaína. Neste artigo falarei da maconha e no próximo da cocaína. Primeiramente me surpreende a postura de alguns políticos em não considerar a maconha como perigosa para a saúde. Só posso pensar que são movidos por ignorância cientifica! Quanto ao aspecto policial-econômico não iremos abordá-lo neste artigo. Segundo a medicina, essas drogas são alucinógenas, causam dependência e graves sequelas aos seus usuários. Os aspectos ditos "medicinais" atualmente são bem delimitados, apenas para certas doenças graves, incapacitantes e incuráveis, onde seus efeitos psiquiátricos, entre outros, servem para “anestesiar o sofrimento”. Não é um produto medicinal de uso generalizado, até onde chegaram as inúmeras pesquisas sérias. Os efeitos cardiovasculares são bem descritos na literatura médica e um artigo de forte impacto científico nos chama a atenção: “Infarto do Miocárdio desencadeado pela maconha” (Triggering Myocardial Infarction by Marijuana) do respeitado autor Mittleman MA, e colaboradores, na revista de maior importância na cardiologia mundial (Circulation - Vol: 103 - Págs: 2805-2809; 2001). O princípio ativo da maconha é o THC, que fica depositado nas células gordurosas do corpo. Seus efeitos duradouros aumentam com o incremento das doses, e os principais sintomas são: 1) Taquicardia paroxística em repouso, ou seja, importante elevação da frequência cardíaca (pulsação) que pode atingir o dobro da habitual em repouso. E não estou falando em “overdose”. 2) Extrassístoles ventriculares e supraventriculares são muito frequentes e surgem em geral, após aproximadamente 20 minutos do inicio de seu consumo. 3) Súbita e importante elevação da pressão arterial (alcança rapidamente 200 x 110 mm Hg) na posição deitada, queda da pressão se ficar de pé, provocando o que chamamos de síncope cardiogênica. 4) Aumento da absorção de monóxido de carbono, que provoca dificuldades respiratórias graves e redução do transporte de oxigênio para o coração. 5) Prejudica a atividade física de modo irreparável por alguns dias, tanto na resistência como na técnica da modalidade esportiva, até no simples caminhar. Com base nas análises estatísticas observou-se um risco de infarto agudo do miocárdio 4,8 vezes maior nos primeiros 60 minutos após o uso da maconha comparando com os períodos de não uso. Ainda outros estudos, encontraram lesões de fibrose no miocárdio pela ressonância magnética do coração, os temidos focos de arritmias cardíacas complexas e graves, complicações diferentes do infarto do miocárdio. Todos os efeitos se repetem, em grau ainda m ais avançado, em usuários do Skank, espécie de maconha com altíssimo teor de THC. Fonte:ABEAD(Associação Brasileira de Estudos do Álcool e outras Drogas)

Estudo revela que maconha é a droga mais usada e heroína, a mais perigosa

A maconha é a droga mais usada no mundo; a heroína, a que causa mais mortes; e as anfetaminas, as que provocam maior dependência, revelou um estudo científico. Esta "primeira análise da preponderância mundial" sobre as quatro grandes categorias de drogas ilegais, anfetaminas, maconha e opiáceos (heroína), confirma que a dependência em heroína é a que traz consequências mais sérias para a saúde em escala mundial. Das 78.000 mortes atribuíveis diretamente às drogas no ano de 2010, mais da metade (55%, ou seja, 43.000) está relacionada aos opiáceos, segundo estudo publicado na edição desta quinta-feira (29) da revista médica britânica The Lancet. A dependência de drogas injetáveis como a heroína constitui, ainda, um fator muito importante de exposição e de infecção aos vírus da Aids e da hepatite, destacou o documento. Globalmente, os opiáceos são os que mais causam danos à saúde humana, uma situação que "poderia ser evitada multiplicando os programas de distribuição de agulhas e seringas, os tratamentos de substituição de opiáceos e os tratamentos antirretrovirais", explicou o estudo, realizado por uma equipe australiana e americana. Embora seja o entorpecente de maior consumo no mundo, a maconha tem um impacto muito menor sobre a saúde, particularmente porque a dependência é menor, com 13 milhões de pessoas dependentes contra os 17,2 milhões de dependentes em anfetaminas e 15,5 milhões em opiáceos. As consequências sanitárias da cocaína também são limitadas em escala mundial em comparação com a heroína, embora o estudo dê conta de níveis de dependência mais elevados para esta droga na América Latina e do Norte. Globalmente, as consequências de saúde causadas pelas quatro grandes drogas estudadas aumentaram 50% no mundo entre 1990 e 2010, particularmente a partir da alta do número de consumidores. Mas as consequências sanitárias dessas drogas são muito inferiores às do tabagismo e do álcool, destacou o estudo. Cigarro e álcool são "responsáveis em conjunto por quase 10% da mortalidade total" contra 1% das drogas. É preciso levar em conta que o número de pessoas dependentes de drogas é muito inferior do que as dependentes de álcool e tabaco. "É evidente que a utilização de drogas ilegais provoca relativamente mais danos em nível individual", diz o estudo realizado pela equipe chefiada pela australiana Louisa Degenhardt (Universidade de Nova Gales do Sul).

Crack e cocaína avançam entre as mulheres em São Paulo, diz estudo da USP

Nos últimos quatro anos, mudou o perfil das mulheres dependentes químicas, que procuram tratamento no ambulatório do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Se antes as mulheres que procuravam tratamento no Programa da Mulher Dependente Química (Promud) eram em maior número de dependentes de álcool, hoje a maioria é de mulheres dependentes em drogas ilícitas. Entre 1996, quando o Promud começou a funcionar, até 2008, 60% dos casos atendidos no programa correspondiam a mulheres alcoólatras e 40% eram dependentes de drogas. No entanto, a partir de 2009, o número foi invertido: 60% dos casos passaram a representar mulheres dependentes de cocaína e crack e o alcoolismo passou a somar 40% dos atendimentos. O estudo, que está em andamento e deverá ser divulgado em outubro, durante o Congresso Brasileiro de Psiquiatria, em Curitiba, mostra que houve mudança na faixa etária das mulheres que buscam tratamento, com aumento de dependência das mulheres acima de 30 anos, o que era raro. "O que temos percebido nos últimos quatro anos é uma mudança no perfil das mulheres. Quando começamos no Promud, as pacientes eram 60% dependentes de álcool e mais velhas, entre 40 anos e 50 anos, e as demais 40% eram muito mais jovens, em torno de 20 anos, dependentes de cocaína. Nos últimos anos, mais de 50% das mulheres que chegaram [no Promud] têm acima dos 30 anos", disse Patricia Hochgraf, médica-assistente e coordenadora do Promud. Segundo Patricia, o Promud não tem respostas sobre o que provocou a mudança. "Temos algumas hipóteses. Observamos que aumentou muito a oferta de droga. É mais fácil achar crack. Quase todas as mulheres começam a usar crack e cocaína com o companheiro, seja marido ou namorado. São mulheres que nem usavam drogas antes, o que chama muito a atenção", disse ela. Patricia ressaltou que muitas mulheres usam crack ou cocaína pensando, por exemplo, que vão emagrecer. De acordo com Silvia Brasiliano, psicóloga, e também coordenadora do Promud, 70% das pacientes que procuram o tratamento no Promud o fazem por pressão dos filhos. O tratamento contra a dependência, segundo Silvia, deve ser procurado o mais rapidamente possível, principalmente no caso de dependência por crack. "O crack é uma droga que tem grande poder de causar dependência. É o tipo de droga em que se deveria procurar tratamento até uma semana depois", disse.

quinta-feira, 22 de agosto de 2013

DEPENDÊNCIA QUÍMICA

http://drauziovarella.com.br/dependencia-quimica/dependencia-quimica/ Ronaldo Laranjeira é médico psiquiatra, coordena a Unidade de Pesquisa em Álcool e Drogas na Faculdade de Medicina da UNIFESP (Universidade Federal do Estado de São Paulo) e é PhD em Dependência Química na Inglaterra. As drogas acionam o sistema de recompensa do cérebro, uma área encarregada de receber estímulos de prazer e transmitir essa sensação para o corpo todo. Isso vale para todos os tipos de prazer – temperatura agradável, emoção gratificante, alimentação, sexo – e desempenha função importante para a preservação da espécie. Evolutivamente o homem criou essa área de recompensa e é nela que as drogas interferem. Por uma espécie de curto circuito, elas provocam uma ilusão química de prazer que induz a pessoa a repetir seu uso compulsivamente. Com a repetição do consumo, perdem o significado todas as fontes naturais de prazer e só interessa aquele imediato propiciado pela droga, mesmo que isso comprometa e ameace a vida do usuário. MECANISMO GERAL DA DEPENDÊNCIA Drauzio – Que mecanismo do corpo humano explica o processo de dependência da droga? Ronaldo Laranjeira – Acho importante destacar que existe, no cérebro, uma área responsável pelo prazer. O prazer, que sentimos ao comer, fazer sexo ou ao expor o corpo ao calor do sol, é integrado numa área cerebral chamada sistema de recompensa. Esse sistema foi relevante para a sobrevivência da espécie. Quando os animais sentiam prazer na atividade sexual, a tendência era repeti-la. Estar abrigado do frio não só dava prazer, mas também protegia a espécie. Desse modo, evolutivamente, criamos essa área de recompensa e é nela que a ação química de diversas drogas interfere. Apesar de cada uma possuir mecanismo de ação e efeitos diferentes, a proposta final é a mesma, não importa se tenha vindo do cigarro, álcool, maconha, cocaína ou heroína. Por isso, só produzem dependência as drogas que de algum modo atuam nessa área. O LSD, por exemplo, embora tenha uma ação perturbadora no sistema nervoso central e altere a forma como a pessoa vê, ouve e sente, não dá prazer e, portanto, não cria dependência. Vários são os motivos que levam à dependência química, mas o final é sempre o mesmo. De alguma maneira, as drogas pervertem o sistema de recompensa. A pessoa passa a dar-lhes preferência quase absoluta, mesmo que isso atrapalhe todo o resto em sua vida. Para quem está de fora fica difícil entender por que o usuário de cocaína ou de crack, com a saúde deteriorada, não abandona a droga. Tal comportamento reflete uma disfunção do cérebro. A atenção do dependente se volta para o prazer imediato propiciado pelo uso da droga, fazendo com que percam significado todas as outras fontes de prazer. Drauzio – Você diz que a evolução criou, no cérebro, um centro de recompensa ligado diretamente à sobrevivência da espécie. As abelhas, quando pousam numa flor e encontram néctar, liberam um mediador chamado octopamina, neurotransmissor presente nas sensações de prazer. Esses mecanismos são bastante arcaicos? Ronaldo Laranjeira – O sistema de prazer é muito primitivo. É importante para as abelhas e para os seres humanos também. A droga produz efeito tão intenso porque age nesses mecanismos biológicos bastante primitivos. Drauzio – Mecanismos tão arcaicos assim representam uma armadilha poderosa. Na verdade, provoca-se um estímulo forte que está mexendo com milhares de anos de evolução. Ronaldo Laranjeira – Acho que estamos cada vez mais valorizando esse tipo de mecanismo. A droga é um fenômeno psicossocial amplo, mas que acaba interferindo nesse mecanismo biológico primitivo. DEPENDÊNCIA É UM PROCESSO DE APRENDIZADO Drauzio – A maioria das pessoas bebe com moderação, mas algumas fazem uso abusivo do álcool. Há quem fume maconha ou use cocaína esporadicamente, mas existem os que fumam crack o dia inteiro. O que explica essa diferença? A resposta está na droga ou no usuário? Ronaldo Laranjeira – Parte da resposta está na tendência ao uso crônico e na história de cada pessoa. Quando começou a usar? Como interpreta os sintomas da síndrome de abstinência? Além disso, o que vai fazer com que repita a experiência não é só a busca do prazer, mas a tentativa de evitar o desprazer que a ausência da droga produz. A dependência é um processo de aprendizado. O fumante, por exemplo, pela manhã já manifesta sintomas da abstinência. Fica irritado e sua capacidade de concentração baixa. Ele fuma, o desconforto diminui. Vinte minutos depois, o nível de nicotina no cérebro cai, voltam os sintomas da abstinência e ele vai aprendendo a usar a droga pelo efeito agradável que proporciona e para evitar o desprazer que sua falta produz. A dependência é fruto, então, do mecanismo psicológico que a um só tempo induz o indivíduo a buscar o prazer e evitar o desprazer, e fruto das alterações cerebrais que a droga provoca. Essa interação entre aspectos psicológicos e efeito farmacológico vai determinar o perfil dos sintomas de abstinência de cada pessoa. A compulsão é menor naquelas que toleram a abstinência um pouco mais, e maior nas que a inquietação é intensa diante do menor sinal da síndrome de abstinência. Resumindo: a dependência química pressupõe o mecanismo psicológico de buscar a droga e a necessidade biológica que se criou no organismo. Disso resulta a diversidade de comportamentos dos usuários. A maconha é um bom exemplo. Seu uso compulsivo hoje é maior do que era há 20, 30 anos e, de acordo com as evidências, quanto mais cedo o indivíduo começa a usá-la, maior é a possibilidade de tornar-se dependente. Como garotos de 12, 13 anos e, às vezes, até mais novos, estão usando maconha, atualmente o problema se agrava. Além disso, as concentrações de THC (princípio ativo da maconha) aumentaram muito nos últimos tempos. Na década de 1960, andavam por volta de 0,5% e agora alcançam 5%. Portanto, a maconha de hoje é 10 vezes mais potente do que era naquela época. Diante disso, a Escola Paulista de Medicina sentiu a necessidade de montar um ambulatório só para atender os usuários de maconha e há uma lista de espera composta por adolescentes e jovens adultos desmotivados, que fumam seis, sete baseados por dia e não conseguem fazer outra coisa na vida. Isso não acontecia quando a concentração de THC era mais fraca e o acesso à droga mais restrito. Drauzio - Quando se conversa com usuários de maconha de muitos anos, eles lastimam que a droga tenha perdido a qualidade. Sua explicação prova exatamente o contrário. Terão essas pessoas desenvolvido um grau de tolerância maior à droga? Ronaldo Laranjeira - Acho que a queixa é fruto de um certo saudosismo, uma vez que há tipos de maconha, entre eles o skank, que chegam a ter 20% de THC. Na Holanda, foram desenvolvidas cepas que contêm maior concentração desse princípio ativo, o que faz com que a maconha perca a classificação de droga leve e se transforme numa substância poderosa para causar dependência. Deve-se considerar, ainda, como justificativa da queixa que o uso crônico causa sempre certa tolerância. Drauzio - No Carandiru, minha experiência mostra que há quem fume um baseado a cada 30 minutos. Uma droga que exija tal frequência de consumo não pode ser considerada leve, não é verdade? Ronaldo Laranjeira – Infelizmente não existem drogas leves, se produzirem estímulo no sistema de recompensa cerebral. Em geral, as pessoas perguntam: mas se a droga dá prazer, qual é o problema? O problema é que ela não mexe apenas na área do prazer. Mexe também em outras áreas e o cérebro fica alterado. Diante de uma fonte artificial de prazer, ele reage de modo impróprio. Se existe a possibilidade de prazer imediato, por que investir em outro que demande maior esforço e empenho? A droga perverte o repertório de busca de prazer e empobrece a pessoa. Comer, conversar, estabelecer relacionamentos afetivos, trabalhar são fontes de prazer que valorizamos, mas não são imediatas. CARACTERÍSTICAS COMPORTAMENTAIS DOS USUÁRIOS Drauzio – O uso crônico do álcool provoca uma série de alterações que todo mundo conhece e reconhece. Em relação às outras drogas, de acordo com sua experiência pessoal e não com as definições dos livros, quais as principais características do usuário? Ronaldo Laranjeira – No ambulatório da Escola Paulista de Medicina que atende usuários de maconha, pude notar que há dois grupos distintos. Um é constituído por jovens que perderam o interesse por tudo o que faziam. Não estudam nem trabalham. Estão completamente desmotivados. É o que chamamos de síndrome amotivacional. O nome é feio, mas pertinente. O outro grupo é formado por pessoas nas quais se estabelece uma relação complexa entre maconha e doenças mentais como psicose e depressão. Não se sabe se a maconha produz a doença mental. O que se sabe é que ela piora os sintomas de qualquer uma delas, seja ansiedade ou esquizofrenia. AÇÃO E EFEITO DAS DIFERENTES DROGAS Drauzio -Teoricamente, quando a pessoa ansiosa fuma maconha, fica mais relaxada. Você acha que isso é um mito? Ronaldo Laranjeira – É importante distinguir, na droga, o efeito imediato do efeito cumulativo. No geral, sob a ação da maconha, a pessoa ansiosa relaxa um pouco, mas esse é um efeito de curto prazo. O álcool também relaxa num primeiro momento. No entanto, as evidências demonstram que nas pessoas ansiosas seu uso crônico aumenta os níveis de ansiedade, porque o cérebro reage tentando manter o sistema em equilíbrio. É o efeito de homeóstase. Se alguém usa um estimulante, passado o efeito, o cérebro não volta ao funcionamento normal imediatamente. Surge o efeito rebote. Isso ocorre com qualquer droga. Tanto com a maconha quanto com o álcool, findo o efeito depressor, o efeito rebote elevará os níveis de ansiedade. Drauzio – Como age a maconha na memória? Ronaldo Laranjeira - A maconha diminui a concentração, a memória e a atenção. É um efeito bastante rápido. Estudos mostram que, se alguém usar maconha num dia e medir os níveis de memória e concentração no outro, eles estarão ligeiramente alterados. Isso tem um impacto bastante negativo na vida dos adolescentes. Na verdade, não há droga que melhore o desempenho intelectual. Nós sabemos que pessoas criativas usam drogas e produzem coisas criativas. Se elas não fossem criativas por natureza, não haveria droga no mundo capaz de produzir esse resultado. Drauzio - Quais são os efeitos crônicos da cocaína? Ronaldo Laranjeira – Em relação à saúde, o efeito mais grave da cocaína são os problemas cardíacos e cardiovasculares. Quando associada ao álcool, então, ela é uma das principais causas de infarto do miocárdio em adultos jovens. ASSOCIAÇÃO PERIGOSA DA COCAÍNA COM O ÁLCOOL Drauzio – Por que o usuário de cocaína bebe tanto? Ronaldo Laranjeira – De alguma forma, o álcool faz com que a pessoa se sinta mais liberada e use cocaína, um estimulante potente. Para diminuir a excitação, ela torna a beber e, como num círculo vicioso, a usar cocaína. A confusão cerebral aumenta consideravelmente e a tendência é beber ou cheirar mais. Trata-se de uma reação perturbadora em que o álcool incentiva o consumo de cocaína e vice-versa. Drauzio – Fico assustado com a quantidade de bebida destilada que o usuário de cocaína consome. Ronaldo Laranjeira – A cocaína aumenta a resistência ao álcool, porque um pouco de seu efeito depressor é atenuado pela cocaína. Por outro lado, a pessoa tolera quantidades maiores de álcool, porque precisa abrandar os efeitos altamente excitantes da cocaína. Sempre é válido repetir que álcool e cocaína representam uma das associações de drogas mais perigosas que existem. Ao que parece, tal associação dá origem a uma terceira molécula extremamente tóxica para cérebro e para o músculo cardíaco. Drauzio – No Carandiru, vi meninos de 20 e poucos anos com infarto do miocárdio ou derrame cerebral puxando o braço ou a perna depois de uma seção de crack ou de uma overdose de cocaína. Isso acontece frequentemente? Ronaldo Laranjeira – Infelizmente, no Brasil, não há dados precisos sobre o que aconteceu com os usuários de cocaína, porque o sistema médico não é muito coordenado. Se eles existissem, ficaríamos horrorizados. Tivemos uma pequena experiência acompanhando, por cinco anos, o primeiro grupo de usuários de crack que foi internado em Cidade de Taipas, interior de São Paulo. Era uma população de classe média baixa. No final desse período, 30% tinham morrido em acidentes ou por morte violenta. Nesse caso, as famílias não sabiam dizer quem eram os responsáveis pelas mortes: os traficantes ou a polícia. Não sabemos se isso ocorre com todos os usuários de crack. Temos certeza, porém, de que poucas doenças apresentam esse índice de mortalidade. SÍNDROME DE ABSTINÊNCIA / EFEITO Rebote Drauzio – Como se manifesta o efeito rebote? Ronaldo Laranjeira – O mecanismo de recompensa cerebral é importante para a preservação da espécie e ninguém é contra o prazer. Ao contrário, deveríamos estimular o surgimento de inúmeras fontes de prazer. A dependência química, entretanto, cria uma ilusão de prazer que acaba perturbando outros mecanismos cerebrais. Se, fumando um baseado, a pessoa relaxa, findo o efeito, a ansiedade ganha força, pois a síndrome de abstinência é imediata. É o chamado efeito rebote. A cocaína age de forma diferente. O efeito rebote está na impossibilidade de sentir prazer sem a droga. Passada a excitação que ela provoca, a pessoa não volta ao normal. Fica deprimida, desanimada. Tudo perde a graça. Como só sente prazer sob a ação da droga, torna-se um usuário crônico. Às vezes, tenta suspender o uso e reassumir as atividades normais, mas nada lhe dá prazer. Parece que, por vingança divina, o cérebro perdeu a capacidade de experimentar outras fontes que não a desse prazer artificial que a droga proporciona. Essa é uma das tragédias a que se expõem os dependentes químicos. No processo de reabilitação, quando a pessoa para de usar droga, é fundamental ajudá-la a reencontrar fontes de prazer independentes da substância química. Drauzio – Quem está de fora dificilmente entende o comportamento do dependente. “Esse cara, em vez de estar namorando, indo ao cinema, estudando, fica cheirando cocaína ou fumando crack”, é o que normalmente todos pensam. Isso dá a sensação de que o outro é fraco, com comportamento abjeto, digno de desprezo. Quem está passando por isso, vê a realidade de forma diferente? Ronaldo Laranjeira – Na verdade, essa pessoa está doente. Seu cérebro está doente, com a sensação de que não existe outro prazer além da droga. Isso acontece também com o cigarro, uma fonte preciosa de prazer para os fumantes que adiam a decisão de parar de fumar por medo de perdê-la. De fato, 30% dos fumantes, logo depois que se afastam da nicotina, apresentam sintomas expressivos de depressão e precisam ser medicados com antidepressivos. BUSCA DO PRAZER TOTAL Drauzio - Você acha que um dia aparecerá uma droga cujo mecanismo de ação se encarregue de nos deixar felizes sem provocar malefícios no cérebro? Ronaldo Laranjeira – Não acredito. Fica difícil imaginar uma droga que aja só no centro de prazer sem perturbar os demais mecanismos bioquímicos do cérebro, que é um órgão complexo e evolutivamente preparado para vivenciar muitas formas de prazeres sutis. Para tais estímulos, está aparelhado. Para os advindos das drogas, não. Drauzio – Você não acha que o homem está sempre à procura do prazer total? Ronaldo Laranjeira – A busca do prazer é uma característica positiva do ser humano. No caso das drogas, porém, ao querer superar a própria biologia por um artifício grosseiro, ele acaba se empobrecendo. O desejo de intensificar o prazer ao máximo empurra o homem para uma guerra que jamais será vencida. CAMPANHAS CONTRA AS DROGAS Drauzio – Quando analisamos as campanhas contra as drogas, verificamos que se baseiam muito nos aspectos negativos dessas substâncias. A ideia é sempre assustar o usuário: “droga mata”. Aí, o garoto fuma um baseado e não morre. Ao contrário, sente-se bem e fica achando que tudo não passa de uma grande mentira. Você acha que o enfoque das campanhas é ingênuo? Ronaldo Laranjeira – Estamos ainda muito no começo. Na criação de um modelo do que acontece com os usuários de droga, as campanhas estão numa fase bastante embrionária, mas acho que estão certas ao afirmar que drogas fazem mal. Ficar só nisso, porém, é passar uma informação de saúde ingênua e pobre. É preciso dizer como e por que as drogas são altamente prejudiciais ao organismo para que a pessoa tome uma decisão firme, bem alicerçada, e disponha-se a abandoná-las. As evidências nos mostram que, quando se trabalha com a prevenção, a prioridade deve ser dada aos fatores de risco. Todavia, a partir do momento em que já está instalado o consumo (maconha, nos casos mais comuns), as estratégias teriam de ser bem diferentes. ORIENTAÇÃO AOS PAIS Drauzio – Muitas vezes os pais ficam apavorados quando encontram maconha nas coisas dos filhos. Como você orienta quem vive esse problema? Ronaldo Laranjeira – Na verdade, maconha é a primeira droga ilícita que a pessoa consome, mas antes disso, em geral, já experimentou o álcool e o cigarro. Já não se discute mais que, quanto mais cedo o adolescente entrar em contato com a droga, maior será a probabilidade de “escalar”, isto é, de partir para outras drogas ou intensificar o uso da maconha. É muito difícil prever quem vai ou não embarcar nesse processo. Sabe-se, porém, que quantos mais amigos envolvidos com drogas ele tiver, maior risco correrá do uso tornar-se crônico. O primeiro passo para enfrentar a situação é os pais se informarem sobre o que está acontecendo na vida dos filhos e voltarem a exercer controle mais efetivo sobre suas atividades. Em geral, esse problema reflete uma certa crise familiar. Por razões diversas, pais e filhos se distanciaram. Por isso, a estratégia básica é levar ao conhecimento dos pais o que está acontecendo com seus filhos e os riscos que eles correm. Quanto ao adolescente, é complicado conversar sobre esses riscos. A tendência do jovem que já se envolveu com maconha é minimizá-los ao máximo. “Que mal existe em fumar um baseado por semana?” é a pergunta que muitos fazem. Acontece que, na maioria das vezes, quem começou precocemente, no período de seis meses, estará fumando um baseado por dia. Na entrevista clínica, não dá para antever o caminho que cada um percorrerá no mundo das drogas. Quem já teve o desprazer de acompanhar um adolescente numa entrevista, tranquilizar os pais, dizendo – “Olhem, ele só está usando uma vez por semana. Essa é uma experiência pela qual ele deve passar.” – e, depois de dois anos, ver esse jovem totalmente deteriorado, traficando drogas, fica muito preocupado com o momento certo em que deve interferir. Esse é o desespero dos pais e o dilema dos profissionais: agir na medida exata da necessidade de cada caso. Nem todos precisam de tratamento, mas não se pode deixar escapar aqueles para os quais o acompanhamento clínico é indispensável. Drauzio – Em que você se baseia para julgar se um garoto, que afirma fumar maconha a cada dois meses , representa risco de tornar-se um usuário crônico? Ronaldo Laranjeira – É preciso estar atento a três fatores que combinados são sinais de alerta e requerem algum tipo de acompanhamento. O primeiro é atitude por demais tranquila do adolescente que considera a maconha inofensiva e destituída de inconveniências. Depois, é importante considerar a rede social em que está inserido. Os amigos com quem convive são usuários da droga? Por último, deve-se avaliar seu desempenho nas atividades cotidianas. É o caso do bom aluno até os 13 anos, que foi perdendo o interesse pela escola e não reage mesmo diante da ameaça de perder o ano. PARANOIA ASSOCIADA AO CONSUMO DE DROGAS Drauzio – A paranoia é um efeito terrível da cocaína. O indivíduo cheira e entra numa crise persecutória alucinante. O que leva alguém a usar uma droga sabendo que irá provocar uma sensação medonha e que nenhum prazer oferece? Ronaldo Laranjeira – Essa é a essência da dependência química de uma droga. Primeiro aparece o efeito prazeroso e, depois, o desprazer. Com a cocaína, isso é mais intenso. Seu efeito de excitação e de prazer é imediato, ocorre em poucos segundos. Alguns minutos depois, desaparece e surgem os efeitos desagradáveis. Confrontando os dois, prevalece a lembrança dos bons momentos e a pessoa volta a usar a droga. Tive um paciente que injetava cocaína. Suas veias tinham sumido, mas mesmo assim ele não desistia. Expunha-se ao tormento de dezenas de picadas para obter um único resultado positivo que, em sua balança emocional, compensava o sofrimento anterior. Os fumantes têm comportamento parecido. Muitos, mesmo com traqueostomia, não deixam de fumar. Drauzio - Conheci alguns que, apesar da insuficiência vascular cerebral, ficavam tontos e caíam no chão quando fumavam, mas não desistiam e logo depois acendiam um cigarro outra vez. Ronaldo Laranjeira - É a força da dependência, um fenômeno diversificado cuja essência é a disfunção cerebral provocada por várias drogas e que se manifesta em pessoas de personalidades diferentes. Drauzio - A maconha também pode provocar paranoia? Ronaldo Laranjeira – É menos comum, mas casos de paranoia também ocorrem especialmente em pessoas que já apresentaram algum problema mental. Quem tem um surto psicótico e fuma maconha, por exemplo, faz um péssimo negócio, porque se intensificarão os sintomas dessa doença já estabelecidos anteriormente. No que se refere à cocaína, nem todos que manifestam esses sintomas desenvolverão a síndrome paranoica. No entanto, quando isso acontece, as consequências são desastrosas. Soube de um usuário de cocaína que, em crise, saiu em disparada por uma estrada, foi atropelado e morreu. Há outros que pegam uma arma e disparam a esmo. FORÇA PODEROSA DA DEPENDÊNCIA Drauzio – Muitos usuários garantem que a maconha é uma droga fácil de largar, que não causa dependência. Isso é verdade? Ronaldo Laranjeira – Cada droga tem um perfil de dependência, e a maconha não é muito diferente das demais. Como já foi dito, atualmente ela está dez vezes mais forte do que era há 30 anos. Por isso, não é tão fácil afastar-se dela, principalmente se a pessoa começou a fumar na adolescência, quando ainda era um ser em formação. O acompanhamento de usuários de maconha, no ambulatório da Escola Paulista de Medicina, sugere exatamente o contrário. As pessoas conseguem suspender o uso da droga durante alguns dias, mas a vontade fica incontrolável e elas voltam a fumar os baseados. Drauzio – No Carandiru, examino rapazes com tuberculose que fumam cigarros de nicotina, de maconha e crack. Explico-lhes que eles não podem fumar de jeito nenhum porque seus pulmões estão doentes, muito inflamados. Na semana seguinte, eles me informam que conseguiram suspender o crack e a maconha, mas o cigarro está difícil. Isso se repete nas semanas subsequentes. Tive centenas de casos como esse, que me convenceram de que o cigarro é mais difícil de largar do que as outras drogas. Estou exagerando? Ronaldo Laranjeira – Embora o efeito da nicotina não seja tão poderoso quanto o da maconha, é muito mais constante. Imaginemos que o fumante dê dez tragadas em cada cigarro e fume vinte cigarros por dia. Feitas as contas, num único dia seu cérebro recebeu um reforço positivo pelo menos duzentas vezes. Cada tragada é igual a uma injeção de nicotina na veia. Esse estímulo, repetido através dos anos, faz com que a dependência de nicotina seja mais poderosa do que as outras. A maconha, no momento, passa por processo semelhante. Mais disponível e mais barata, seu consumo aumentou e, consequentemente, o número de cigarros fumados por dia e os estímulos cerebrais que provocam aumentaram também. Portanto, em termos de dependência, as duas drogas não diferem muito. Pelo atual padrão de consumo, mais fácil, acessível e intenso, maconha e nicotina têm muito em comum. Por isso, não compartilho a ideia de que maconha seja uma droga leve. Drauzio – O usuário de cocaína diz que deixará de usar a droga quando quiser. No entanto, admite que não poderá vê-la, porque entrará em desespero e a vontade de consumi-la ficará incontrolável. Como se pode explicar esse fenômeno? Ronaldo Laranjeira – Ficar longe da droga, quando se está disposto a abandoná-la, faz parte do processo de aprendizado. No exato instante em que a pessoa vê a cocaína, seu cérebro começa a preparar-se para recebê-la e dispara um mecanismo que chamamos de craving ou fissura. Isso vale para qualquer droga. Depois que ficou dependente, é quase impossível alguém ver a droga e resistir ao desejo de usá-la. Por isso, na fase inicial do tratamento, aconselha-se que o usuário se afaste completamente de todos esses estímulos, pois ficará menos difícil lidar com o fenômeno da dependência química.

quarta-feira, 3 de julho de 2013

sábado, 29 de junho de 2013

Por que as mulheres estão bebendo cada vez mais?

94 FM Dourados A tendência é de aumento crescente não só no volume de álcool ingerido, mas também na frequência A porcentagem de mulheres que ingerem grandes quantidades de álcool tem aumentado pelo menos duas vezes mais rápido que entre os homens. Essa é a conclusão do último levantamento do Ministério da Saúde que abordou o consumo abusivo de bebidas alcoólicas, o Vigitel (Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico), de 2011. Para o Ministério da Saúde, consumo abusivo de bebida alcoólica é aquele que ultrapassa, para homens, cinco ou mais doses numa mesma ocasião em um único mês ou, para as mulheres, quatro ou mais doses. A tendência é de aumento crescente não só no volume de álcool ingerido, mas também na frequência com que elas bebem doses comprometedoras. "O aumento é mais expressivo nas regiões Sul e Sudeste, e nas classes de maior poder aquisitivo", diz Stella Pereira de Almeida, psicóloga pós-doutorada pela USP e especialista em tratamento e prevenção do uso de álcool. Para a psicóloga, é urgente que o poder público invista em campanhas de prevenção e divulgação de informações sobre os riscos do alcoolismo para a mulher. Riscos para elas Os efeitos do alcoolismo para as mulheres podem variar de acordo com o histórico médico e as condições biopsicossociais de cada uma, indo da dependência química e da cirrose hepática a condições crônicas (câncer de boca, de mama, de orofaringe, ou abortos espontâneos) e agudas derivadas de acidentes, quedas, violência ou mesmo sexo desprotegido. "Quando jovens, a presença do álcool faz desenvolver deficiências em vários sistemas do organismo, como neuropatias periféricas (dificuldades de reposição da bainha de mielina, nos neurônios), miocardiopatia alcoólica (inchaço no coração e insuficiência cardiovascular), além de síndrome fetal alcoólica (quando o bebê nasce abaixo do peso, apresenta retardo de crescimento ou mental, ou alterações faciais", diz Arthur Guerra, psiquiatra da USP e presidente executivo do CISA (Centro de Informações sobre Saúde e Álcool). Neste último caso, a criança de mãe que bebeu durante a gravidez já nasce com abstinência da bebida, apresentando irritação excessiva, ansiedade e insônia. Por que elas estão bebendo mais? "Não há dúvida de que a disponibilidade e o aumento da renda própria, com melhora da situação financeira da mulher faz com que ela saia mais para beber com amigos", afirma o gastroenterologista Joaquim Melo, consultor em dependência química e presidente da Abead (Associação Brasileira de Estudos do Álcool e outras Drogas). Segundo o antropólogo Mauricio Fiore, do NEIP (Núcleo de Estudos Interdisciplinares sobre Psicoativos), com a quebra das barreiras de gênero, antigos hábitos masculinos também passam a fazer parte do cotidiano das mulheres. "A partir do momento em que as mulheres passaram a gozar de autonomia, velhos hábitos associados aos homens ficam à disposição, até mesmo aqueles que trazem danos ou perigoso à saúde", afirma. Não basta ser uma boa profissional. No trabalho, a mulher acaba tendo que superar os homens --e, apesar disso, ainda aceitar salários menores que os deles. Quando volta para casa, muitas ainda têm que se preocupar com limpeza, arrumação, alimentação e educação dos filhos. Para o psiquiatra da USP Arthur Guerra, tamanha carga de responsabilidades e cobranças pode levar à busca por uma válvula de escape: o álcool. Muitas passam a ter no álcool e em seus efeitos um antídoto para se apartarem de sofrimentos, angústias e frustrações. "O álcool tem efeitos ansiolíticos, portanto, pode ser consumido como substância que alivia a tensão, o estresse e a ansiedade", diz Stella Pereira. Porém, a bebida ou qualquer outra droga como muleta não ajuda a resolver o cerne da questão geradora dos conflitos internos. Pior: ainda pode criar um problema ainda maior, o alcoolismo.

sexta-feira, 28 de junho de 2013

Álcool e drogas afastam mais de 40 trabalhadores por mês no ES

G1 Segundo INSS, empresas alegam alterações de comportamento. Instituições apostam em ações preventivas e de auxílio aos que precisam. Uma média de 43 trabalhadores são afastados todos os meses, no Espírito Santo, por conta de problemas com álcool e outras drogas, segundo dados do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) do estado. As alterações de comportamento provocadas pelo vício são as causas de demissão e afastamento alegadas pelas empresas. Devido à recorrência do problema, instituições apostam em ações preventivas, com participação familiar e acompanhamento médico. Dominado pelo vício, um trabalhador que preferiu não se identificar relata ter sido tomado pela agressividade e reagido de forma feroz em serviço. "Uma vez, o serviço estava atrasado, mas eu fui ao bar comer um salgado e ingeri mais bebida alcoólica do que deveria, porque eu ainda estava em horário de serviço. Quando eu voltei, o gerente de serviço me admoestou e eu o mandei para o inferno. Fui demitido. Se eu não tivesse bebido, seria outra coisa, porque a bebida torna a pessoa muito agressiva", falou. Apesar de curado do vício, o homem afirma que as marcas vão ficar para a vida toda. "Hoje, eu estaria aposentado, recebendo uma faixa de cinco salários mínimos, enquanto hoje eu recebo apenas um salário mínimo", disse. Por conta dos problemas causados pelo alcoolismo, como o afastamento do emprego ou até a demissão, empresas começaram a investir em ações preventivas e auxiliadoras para aqueles que necessitam. "Elas tem tomado dois tipos de posicionamento. O primeiro é fazer algum tipo de ação preventiva, de conscientizar os colaboradores, com palestras e ações que trazem a família. Por um outro lado, quando já foi identificada uma situação mais crítica, aí fazem uma ação um pouco mais próxima, de acompanhar e indicar para algum tipo de tratamento", explicou presidente da Associação Brasileira de Recursos Humanos no Espírito Santo, Danielle Quintanilha. Vítima de alcoolismo, um funcionário conta que o apoio recebido pela instituição em que trabalhava foi fundamental para a recuperação. "Um certo dia, eu já cheguei um pouco alterado no trabalho e lá fiz mais uso de álcool. Então, encostei para descansar um pouco e adormeci. Fui punido com três dias de suspensão, mas não fui demitido. Fui chamado na assistência social e ela me orientou que eu fosse para uma clínica de recuperação no Rio de Janeiro. Já recuperado, procurei um grupo de alcoólicos anônimos e continuei na mesma empresa, onde eu fui reconhecido e consegui até me aposentar", relatou. Como voluntários do grupo Alcoólicos Anônimos, os trabalhadores buscam, hoje, direcionar os que sofrem com o vício e mostrar a possibilidade de retomar o controle da própria vida. "Um dia de cada vez, evitamos o primeiro gole", declarou.

Mais da metade dos estudantes de 13 e 15 anos já ingeriu bebida alcoólica

Bom Dia Brasil A pesquisa, realizada pelo IBGE, revelou também que 7% desses jovens já experimentaram drogas, e que as meninas consomem mais álcool. Uma pesquisa nacional feita com estudantes de 13 a 15 anos revela dados preocupantes. Mesmo nessa idade, mais da metade dessas quase crianças já experimentou bebidas alcóolicas. E muitos já ficaram bêbados. “Hoje em dia é muito fácil, a maioria das festas são open bar, aí você consegue bebida fácil, e quando não é, muitas vezes as pessoas já chegam na festa bêbadas, ou levam bebida”, declara a estudante Juliana Fogel. Toda vez que sai à noite com os amigos, Juliana, de 15 anos, deixa a mãe preocupada. “As adolescentes estão bebendo muito, estão ido para as festas, e está tudo liberado. Eu tenho três filhos, então eu tenho realmente uma atenção dobrada, porque eles vão estar nestas festas, vão estar nesses ambientes, então é um desafio”, diz Cristiana Fogel, autônoma. Bruno também tem 15 anos e já viu muitos colegas testarem os próprios limites com a bebida. “É comum, tem gente que já chega assim na festa, maluco. Já chega quase caindo na festa”, diz o estudante Bruno, Segundo o IBGE, mais da metade dos estudantes brasileiros com idade entre 13 e 15 anos já ingeriu pelo menos uma dose de bebida alcoólica. De acordo com o instituto, isso equivale a uma lata de cerveja ou uma taça de vinho, por exemplo. Vinte por cento desses jovens já ficaram bêbados alguma vez. A pesquisa revela que há mais meninas consumido álcool do que meninos. Mais de 30% dos estudantes tiveram o primeiro contato com a bebida com 13 anos de idade ou menos. Mais de 7% já experimentaram drogas ilícitas. Para uma psicóloga, os pais precisam acompanhar com mais atenção a vida dos filhos. “Se eu percebo uma conduta abusiva, eu tenho que oferecer alguma conseqüência. Ele não tem que ir à próxima festa para aprender que ele tem que ter um autocontrole e um freio interno”, orienta a psicóloga Elizabeth Carneiro.

Pesquisa mostra que 15 mil estudantes entre 13 e 15 anos já fumaram crack

SIS Saúde De acordo com a pesquisa, 50% dos entrevistados já experimentaram álcool Aproximadamente 75 mil alunos do último ano do Ensino Fundamental nas escolas brasileiras fumavam maconha e 15 mil fumavam crack no ano passado, de acordo com dados da PeNSE (Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar) 2012, divulgada nesta quarta-feira (19) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Apesar dos números representarem 2,5% e 0,5%, respectivamente, dos cerca de 3,15 milhões de escolares do 9º ano, a situação serve de alerta para as autoridades e a sociedade, de acordo com o gerente de Estatísticas de Saúde do IBGE, Marco Antonio Andreazzi. —Estamos falando de adolescentes, em sua maioria, entre 13 e 15 anos de idade, que frequentam a escola, que relataram ter usado essas drogas nos últimos 30 dias. Ele demonstrou maior preocupação em relação ao crack. —Esse percentual de 0,5%, embora pareça bastante pequeno, merece cuidado e análise mais aprofundada: o crack é uma droga debilitante, que provoca o afastamento da escola, da família e do convívio social. O estudo aponta que quase metade (45,5%) dos alunos nesse ano escolar tinha 14 anos de idade. Entre os entrevistados, 7,3% disseram ter experimentado algum tipo de droga ilícita como maconha, cocaína, crack, cola, loló, lança-perfume e ecstasy. Desse total, 2,6% tinham menos de 13 anos. Dentre os entrevistados, 34,5% haviam provado maconha e 6,4%, crack. O Centro-Oeste é a região com o maior percentual de alunos do 9º ano que haviam experimentado alguma droga, com 9,3%. A Região Nordeste aparece com o menor percentual. Analisando os resultados por capitais, o maior percentual foi encontrado em Florianópolis (17,5%), Curitiba (14,4%) e os menores em Palmas e Macapá (5,7% em ambas). Álcool Em relação ao álcool, 50,3% dos entrevistados disseram ter experimentado uma dose de bebida alcoólica na vida e 26,1% disseram ter consumido álcool nos últimos trinta dias, com destaque para Porto Alegre (34,6%) e Florianópolis (34,1%). Os menores percentuais foram encontrados em Belém (17,3%) e Fortaleza (17,4%). Cerca de 22% dos estudantes disseram ter sofrido pelo menos um episódio de embriaguez. No sul, esse percentual foi 56,8% e de 47,3% no Nordeste. A proporção das meninas (51,7%) foi maior que a dos meninos (48,7%). A forma mais comum de obter bebida alcoólica foi em festas (39,7%), com amigos (21,8%), ou comprando no mercado, loja, bar ou supermercado (15,6%). E 10,2% dos escolares adquiriram bebida alcoólica para o consumo durante o período considerado, na própria casa. A psiquiatra e especialista em dependência química da ABEAD (Associação Brasileira do Estudo do Álcool e outras Drogas), Ana Cecília Marques, afirma que os números são alarmantes. —A mistura álcool e cocaína produz uma substancia ainda mais toxica que cada uma separadamente, um coquetel que pode lesar o tecido nervoso. A maconha, parte do coquetel, dificulta ainda mais o processo de desintoxicação e recuperação. As três subiram no ranking, sinal de que estamos perdendo a guerra. Ressalto que o impacto no cérebro do adolescente, é imprevisível e pode gerar inúmeros problemas, bem mais graves que em um adulto. Cigarro Outro dado revelado pela pesquisa no que se refere à saúde dos adolescentes é a queda no número de escolares que haviam provado tabaco nas capitais entre 2009 e 2012 (de 24,2% para 22,3%). Os dados mostram que 19,6% dos estudantes brasileiros do último ano do ensino fundamental haviam experimentado cigarro e 29,8% informaram que pelo menos um dos responsáveis era fumante. Ainda de acordo com a pesquisa, 89,3% dos escolares estudam em escolas que informaram possuir política sobre proibição do uso do tabaco. Ao comparar os dados das pesquisas de 2009 e 2012, verificou-se que o percentual de escolares que fizeram uso de cigarros nos últimos 30 dias manteve-se estável, em torno de 6%. As cidades com maiores proporções de escolares fumantes no período foram Campo Grande com 12,4% e Florianópolis com 9,7%

quinta-feira, 11 de abril de 2013

Filho, você está usando droga?

Em geral, um pai ou uma mãe só consegue perceber que o filho está fazendo uso de substâncias entorpecentes depois de aproximadamente dois a três anos de uso, ou seja, quando ele já está mergulhado na dependência. Essa realidade surpreende os pais, pois acreditam que se o filho fizer uso das drogas, logo tomam providências, impedindo que o problema cresça demais. Quando surge alguma desconfiança, é comum questionarem os filhos, entretanto, o medo da resposta é tão grande que eles fazem a pergunta quase que respondendo para o jovem: - Você não está usando drogas não, né? É obvio que a resposta será “não”. Isso satisfaz os pais, pois é exatamente aquilo que eles desejam ouvir, porém essa negativa dos filhos não é garantia nenhuma, pois será a mesmo, estando eles fazendo uso ou não. Uma característica do dependente é sua capacidade de mentir e num processo de uso, o seu objetivo é esconder a verdade, fazer com que os pais não saibam, pois sabem que ao tomarem conhecimento da realidade, obviamente começam a pegar no pé, a colocar obstáculos e a não aceitar a situação. A negação do problema é o primeiro sintoma que afeta a família de um dependente. O medo da realidade, associado à desinformação faz com que os pais acreditem nos filhos, desenvolvendo um mecanismo de defesa contra as dores e sofrimentos que a descoberta pode causar-lhes. Essa negação é tão intensa que os pais negam o óbvio. Estão sendo alertados por colegas, parentes ou vizinhos, porém preferem se chatear com os alertas, virar a cara com quem está tentando abrir-lhes os olhos e continuam acreditando no filho. Quando ele chega diferente em casa, preferem acreditar que só exagerou um pouquinho na bebida, como se isso fosse pouco. Mesmo quando encontram droga escondida no quarto do filho, aceitam com facilidade o argumento de que ela não é dele e sim de um amigo que pediu para que ele a guardasse. Muitos desconhecem que o desenvolvimento da dependência acontece de forma progressiva. Inicia-se numa experimentação, passando para uso esporádico, evoluindo para uso freqüente e conseqüentemente o desencadeamento da dependência. No primeiro momento os filhos conseguem disfarçar com facilidade. Ele não retorna para casa aos pedaços, muito menos doidões. Isso só começa a acontecer quando atingirem níveis de uso severo. Iniciado o uso, buscam o prazer proporcionado pelo consumo e precisam obter sempre mais para conseguir o mesmo efeito, de tal forma que o problema se agrava. Com o passar dos tempos, não conseguem mais esconder o problema e começa transparecer os sinais do uso, objetos desaparecem da casa, somem por horas ou até dias, dormem o dia todo, pois está acabado pela noitada, nunca é encontrado nos locais onde diz que frequenta É nesse momento que vem à tona a triste realidade que a família não queria e nem desejava conhecer, porém torna-se tão evidente e visível que não dá mais para negar. Esperar sinais visíveis para descobrir o uso de substâncias entorpecentes pelos filhos pode demorar tempo demais, portanto as ações precisam acontecer muito antes deles apresentarem sinais do consumo. Ninguém está a salvo do problema e acreditar que em nossa casa não vai acontecer, em nada ajuda, pois quando acreditamos que estamos isentos do problema, isso não o evita, pelo contrário, somente faz com que não adotamos nenhuma medida de prevenção, não adotamos nenhuma ação, deixando os filhos a mercê da própria sorte. Precisamos nos conscientizar que vivemos uma geração onde todas as crianças de nosso tempo, em algum momento de sua vida terão acesso ao álcool e às drogas, independente de condição financeira, nível intelectual, classe social ou crença e isso não é diferente em nossa casa com nossos filhos. As ações de prevenção precisam acontecer desde o mais cedo possível. Necessitamos desenvolver a capacidade de observar com atenção nossos filhos, procurando conhecê-los o máximo possível, pois é prestando atenção que notaremos as primeiras mudanças em suas condutas, o que possibilita corrigir todo e qualquer comportamento inadequado que eles apresentem. Corrigindo os pequenos desvios de comportamento, estamos prevenindo para que não cheguem aos grandes desvios que levam às drogas. Além de prestar atenção aos pequenos desvios de comportamento, é importante também observar a situação em que o jovem retorna para casa, não ser tolerante em relação ao consumo do álcool que também é droga, causa dependência e pode servir de porta de entrada para outras. Observar seu rendimento escolar, conhecer os seus amigos, seus gostos, seus estilos. Procurar sempre o contato olho no olho, pois o dependente possui a característica de não encarar as pessoas de frente. Eles desviam o olhar, não gostam de falar sobre o assunto e se isolam com freqüência. Aceitar a realidade pode ser muito duro e difícil para os pais, pois a descoberta desencadeia sofrimentos profundos, porém é o primeiro passo na busca da solução para o problema. Mais do que acreditar em palavras, precisamos observar comportamentos e atitudes e na dúvida, devemos procurar por ajuda, auxílio e orientação e os grupos de Amor-Exigente espalhados pelo país estão de portas abertas para acolher quem procura. Por Celso Garrefa

quinta-feira, 7 de março de 2013

Álcool na adolescência é influenciado pela família, diz estudo da USP

Do UOL, em São Paulo 06/03/2013. Bebida é usada como válvula de escape para dificuldades e problemas familiares. Positiva ou negativamente, adolescentes são influenciados por seus familiares, dentro de suas próprias casas, em relação ao abuso do álcool. Essa é a conclusão de recente pesquisa desenvolvida pela enfermeira Betânia da Mata Ribeiro Gomes, em seu trabalho de pós-graduação apresentado à Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto (EERP) da USP. A pesquisadora observou e entrevistou em seus domicílios, 22 membros de dez famílias, entre eles, 11 adolescentes de ambos os sexos, entre 14 e 19 anos, que consumiam álcool. O estudo aconteceu na Unidade de Saúde da Família, localizada em Recife (Pernambuco), entre julho de 2010 e agosto de 2011. Foram alvo do estudo apenas os familiares que moravam com o adolescente e tinham um laço mais próximo, como, pais, irmãos, tios. Em cada família, o convite se estendeu aos familiares que estavam presentes no primeiro encontro, realizado pelo estudo. "E no decorrer da pesquisa, a interação e os discursos indicaram a necessidade ou não de incluir outros familiares", comenta Betânia, que se ateve a temas como: estrutura, desenvolvimento e funcionamento das famílias; crenças que podem influenciar o consumo de álcool; as interações familiares que protegem ou que expõem os adolescentes ao consumo ou abuso de álcool; e o sentido da religião. A maioria dos entrevistados possuía renda menor que um salário mínimo. Alguns recebiam ajuda do governo e não tinham completado seus estudos, além de presenciar, em suas próprias casas, a prática do uso do álcool. Muitos adolescentes ainda presenciaram separações de seus pais ou morte de algum deles devido ao consumo de bebida alcoólica. Quanto ao relacionamento em família, Betânia verificou que a maioria sofria com desentendimentos, desafetos, problemas de comunicação, agressão, conflitos, violência e falta de interação. Prazer e prejuízos Para a pesquisadora, a decisão pelo consumo de bebida alcoólica foi associada ao prazer e diversão, principalmente relacionada às músicas, as quais, segundo ela, estão no contexto de vida desses adolescentes, incentivando o consumo. "É uma válvula de escape para as dificuldades e problemas familiares do cotidiano". Betânia percebeu que, mesmo com sentimentos de alívio, relaxamento, distração e dos momentos de lazer, os adolescentes não ignoravam os prejuízos do uso abusivo da bebida alcoólica, principalmente porque presenciaram os problemas que a bebida causou em seus próprios domicílios. As famílias, apesar de não se relacionarem adequadamente com os adolescentes, apoiaram seus membros e mantiveram esperança por meio de motivação ou da religião, pensando em um futuro melhor. "A religião pode favorecer o sentimento de esperança e, com ela, o gosto pela vida", afirma. Ela notou ainda que os adolescentes se preocupavam em manter viva a motivação para uma vida melhor, para a conquista de trabalho qualificado e da casa própria, além de tentar realizar os sonhos que não foram possíveis para seus pais. Betânia concluiu que os familiares influenciam os adolescentes de forma positiva e negativa quanto ao uso e abuso do álcool. "A estrutura e composição da família, o padrão de interação familiar, a comunicação entre seus membros, a religião e a esperança são componentes que se articulam diretamente com a prática do consumo de álcool pelos adolescentes". A tese A influência da família no consumo de álcool na adolescência foi orientada pela professora Lucila Castanheira Nascimento e defendida em setembro de 2012, na EERP.

segunda-feira, 4 de março de 2013

Drogas afastam do trabalho mais que álcool

Rede Bom Dia. Dados do governo federal revelam que o total de benefícios a usuários triplicou em sete anos. Uma assombrosa estatística do governo federal revela que o consumo de drogas no país cresce a cada ano e, hoje, cocaína e crack já afastam, em relação ao álcool, mais que o dobro de trabalhadores do mercado profissional. Em 2012, a quantidade de auxílios-doença concedidos a dependentes de drogas psicoativas, como cocaína e crack, cresceu 10,9% em relação a 2011, superando uma realidade que já ficou para trás, a de que a bebida alcoólica era o que mais prejudicava trabalhadores. Os dados foram passados pelo Ministério da Previdência Social e pelo INSS (Instituto Nacional do Seguro Social). Nos últimos sete anos, o total de benefícios a usuários de drogas psicoativas mais que triplicou no Brasil. Se em 2006 eles somavam 9.730, em 2012 chegaram a 30.737. No mesmo período, a quantidade de dependentes de álcool afastados do emprego não sofreu grandes alterações e manteve-se em um patamar médio de 13.158. A primeira vez que a soma dos auxílios-doença a usuários de drogas psicoativas superou a de viciados em álcool foi em 2007, quando chegou a 16.351. Desde então, a diferença entre os dois só aumentou. Nos últimos sete anos, a quantidade de auxílios-doença concedidos a usuários de drogas em geral, como maconha, álcool, crack, cocaína e anfetaminas, passou dos 900 mil. Só em janeiro, o total de pedidos de auxílios-doença aceitos pelo governo federal para usuários de drogas como cocaína e crack chegou a 2.457, mais que o dobro dos autorizados aos viciados em álcool: 1.044. São pessoas como o advogado de São Paulo Maurício Bitencourte, de 40 anos. Em 2007, o profissional, pós-graduado em direito do trabalho, foi internado em uma clínica de reabilitação. Na época, misturava cocaína e maconha com bebidas alcoólicas. Em 2010, após mais duas internações, foi demitido e começou a consumir diariamente o crack, que era trocado por ternos, sapatos e um televisor. Mês passado ele e o irmão, ambos desempregados e viciados, conseguiram acesso ao auxílio-doença. Fonte:ABEAD(Associação Brasileira de Estudos do Álcool e outras Drogas)

Álcool na gravidez afeta a criança

O Dia Até o consumo leve de bebida pela gestante ataca o cérebro do filho e causa futura dificuldade de aprendizagem na escola O hábito de consumir bebida alcoólica na gravidez eleva o risco de problemas de concentração e dificuldade de aprendizado na criança em idade escolar. É o que indica pesquisa sobre o tema realizada na Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP. De acordo com o estudo, feito pela psicóloga Luciana Inácia de Alcântara, crianças em idade escolar cujas mães relataram beber uma quantidade de três ou mais doses de álcool eventualmente (por cerca de 10 dias) durante toda a gestação tiveram uma pontuação média menor em testes de avaliação cognitiva. Os meninos também apresentaram alterações de comportamento, segundo Luciana. Para a pesquisa, Luciana entrevistou pais e cuidadores de 86 crianças entre 8 e 9 anos. O desenvolvimento cognitivo está relacionado à abstração, atenção, linguagem, função executiva, concentração, memorização e ao julgamento crítico. “Mesmo em uma amostra relativamente restrita de mães e crianças, e com dados por vezes conflitantes em relação ao consumo de álcool durante a gravidez referido pelas entrevistadas, foram observadas alterações cognitivas, inclusive quando o consumo de álcool era leve e moderado”, disse a pesquisadora à Agência USP. Dados do Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas (de 2005) apontam que 5,7% das mulheres consomem bebida alcoólica. Mas este índice pode ser maior. Um outro levantamento (de 2007) feito pelo grupo de pesquisa em Ribeirão Preto indica que 22% das mulheres bebem álcool na gravidez. O dano mais grave conhecido do consumo de bebida alcoólica na gestação é a Síndrome Fetal do Álcool, que se caracteriza por retardo no crescimento e problemas comportamental e cognitivo.

Álcool é responsável por 62% das internações por drogas

Além do dano social, a droga que mais gera custo, por internações, para a saúde pública não é a maconha, a cocaína ou o crack, mas um velho conhecido: o álcool. Nos 11 primeiros meses de 2012, mais de R$ 1,13 milhão saiu dos cofres públicos baianos para custear as internações por abuso do álcool, de acordo com o Datasus. O valor é R$ 375 mil a mais do que total gasto nas internações por todas as outras substâncias psicoativas que é de R$ 755 mil. Segundo a secretaria estadual de saúde, os casos de internações por álcool e drogas na Bahia se manteve estável nos últimos quatro anos - à exceção de uma queda apresentada em 2012. O dado disponível até novembro registra 1.897 internações, contra 2.500 em 2011. O abuso do álcool responde por 62% das hospitalizações por drogas nos últimos três anos. Somado às hospitalizações pelo uso de drogas múltiplas, respondem por quase 90% das internações por intoxicações no SUS. A proporção elevada, segundo especialistas, reflete o consumo habitual de substâncias etílicas. Mais da metade da população brasileira adulta(52%) consome bebidas alcoólicas, contra 3% dos usuários de maconha e 2% de cocaína, conforme indica levantamentos da Secretaria Nacional Antidrogas e o Nacional de Álcool e Drogas. Para o diretor do Centro de Informações Antiveneno(Ciave, centro de referência em toxicologia estadual), Daniel Rebouças, os números podem ser ainda maiores. "Os usuários só procuram atendimento médico quando algo "sai do normal". Normalmente, passa despercebido até nas unidades médicas", explica. Ele conta que, apesar do centro possuir um atendimento especializado em intoxicação, os casos de abuso de drogas que chegam são ínfimos: apenas 2,6% do total. "É somente a pontinha do iceberg", diz. Condutas - O fato do álcool ser uma droga lícita e socialmente estimulada agrava o quadro, segundo explica a psicóloga e socióloga Andrea Domanico. Segundo ela, há medidas simples que poderiam ser adotadas para evitar intoxicações, como alternar o uso com um copo de água, para evitar os danos causados pela desidratação da bebida. Outro problema são as associações. A mistura do álcool com a cocaína, por exemplo, produz o cocaetileno, substância com sintomas graves e pouco conhecidos. O professor Luís Rodrigues(nome fictício), 27 anos, começou a beber mais tarde do que o usual, aos 17 anos. Mas, mesmo virando dependente da maconha e da cocaína logo depois, considera o álcool o mais difícil de largar. "A bebida foi a substância que mais me fez fazer bobagem. É mais difícil de parar também, devido aos amigos", conta. Com ajuda dos Narcóticos Anônimos, ele consegue controlar a cocaína, "o mais prejudicial pelo domínio que exerce", segundo ele, mas a maconha não tem planos de deixar. "Gosto da sensação". Já o empreendedor Fábio Araújo, 30 anos, conseguiu superar todas as drogas e se mantém "limpo" há dois anos. A bebida entrou na sua vida aos poucos, ainda criança, mas foi apenas uma das drogas que rodearam sua juventude. A lista é grande: maconha, pílulas, cola, benzina, LSD, cocaína, pitiro (maconha com crack) e o próprio crack. "A cocaína era o que eu mais usava, pois combinava mais com o álcool. Dependendo da festa não tinha "discriminação", mas nunca faltava o principal: cigarro e cachaça", diz. Há quatro anos, ele resolveu parar. "Me sentia dominado por algo inferior a mim. Gostava de usar e não de ser usado", diz. Autor: Raíza Tourinho OBID Fonte: A Tarde

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

CODEPENDÊNCIA

Moro com um dependente de maconha. Ele usa todos os dias e às vezes usa crack e cocaína. Vivemos bem, mas fico muito incomodada com algumas situações: minha casa cheira maconha, não posso receber visitas sem marcar dia e hora. Estou bastante estressada com a situação, mas tenho medo de deixá-lo e ele piorar. "O “codependente” deve procurar ajuda especializada com a finalidade de tratar-se, identificando os pensamentos disfuncionais que produzem comportamentos inadequados que prejudicam ambos os lados" Resposta: Muitas pessoas que convivem com dependentes químicos acabam por apresentar sintomas conhecidos como “codependência” Sintomas de codependência: - tentar controlar ou prever as ações do dependente; - abandonar ou mesmo minimizar os próprios desejos, minimizar os comportamentos muitas vezes lesivos do dependente; - deixar de respeitar seus próprios limites; - tentar aparentar tranquilidade em momentos em que se sente mal e desrespeitada; - evitar conflitos para manter as aparências; - permitir ser desrespeitada em todo momento; - acreditar que não tem outra opção além de conviver com a situação e com o dependente; - assumir responsabilidades do dependente e pelo dependente. Não é incomum que o indivíduo “codependente” tenha comportamentos e pensamentos contraditórios. Ou seja, ao mesmo tempo que não suporta o cheiro de maconha em casa, permite que o dependente fume na sala de visitas com as janelas abertas (porque é melhor fumar em casa do que fumar na rua; ou se ele fumar maconha em casa, não haverá brigas mais tarde). Muitos outros comportamentos podem ser sumarizados abaixo. Comportamentos do codependente: Dar dinheiro para o dependente comprar a droga, porque ele não tem dinheiro e pode passar mal sem a droga; Comprar a droga para o dependente, porque, se não o fizer, ela vai até a favela (ou algum outro lugar: “boca”) para comprar; Assumir responsabilidades pelo dependente, porque o mesmo está intoxicado ou mesmo de ressaca; Mentir ou desculpar-se para amigos, familiares ou chefe, objetivando esconder o problema; Usar a droga junto com o dependente, somente para ver como é o efeito e checar se é “tão bom mesmo”; Permitir que o dependente use drogas em alguns dias da semana, horas do dia, ou mesmo certas ocasiões; Emprestar dinheiro para pagar contas do dependente, incluindo aquelas obtidas por causa de drogas; Cancelar atividades sociais, de trabalho ou qualquer outra, porque o dependente estava intoxicado ou de ressaca; Ter sexo com o dependente quando realmente não queria, porque o mesmo estava intoxicado e assim o desejava; Tentar livrar o dependente de problemas que ele mesmo causou; Impor limites ao dependente, mas não cumprir com o proposto; Mentir para a polícia (ou outras autoridades) com o fim de salvaguardar o dependente; Limpar a casa (após o dependente vomitar ou quebrar móveis e utensílios) para evitar que outras pessoas vejam o problema; Pedir que outros familiares e amigos mantenham segredo sobre o problema com drogas. Pensamentos do codependente Pensamentos que nutrem esses comportamentos citados logo acima são fontes perigosas que precisam ser rigorosamente revistos pelos “codependentes”. Alguns desses pensamentos são: É meu dever assumir as responsabilidades da casa nestes momentos de estresse; Eu sinto que eu devo cuidar do dependente, independentemente do que ele faz; Eu posso mudar o dependente quando eu quiser ou achar que devo; Eu sou uma das razões pela qual o dependente faz uso de drogas; Está tudo bem se o dependente usar drogas, desde que ele controle este uso; Às vezes, eu acho bom que o dependente faça uso de drogas em casa, porque ele fica mais afetuoso, além de expressar emoções positivas; Eu sinto falta de certos aspectos da vida, quando o dependente para de usar drogas; Eu preciso fazer o que for preciso para manter meu relacionamento com o dependente; Frequentemente, eu não digo tudo o que eu penso sobre o uso de drogas e álcool, porque tenho medo de que a minha sinceridade piore a situação; Frequentemente, eu nego, minimizo e ignoro a seriedade do problema com o uso de drogas e álcool; Eu tolero o consumo de drogas do dependente, desde que ele cumpra com as suas obrigações financeiras; Eu devo fazer tudo o que for possível para proteger o dependente das consequências sociais e legais do consumo de substâncias; O dependente não consegue recuperar-se sem a minha constante ajuda. Frequentemente, o “codependente” manifesta consequências psicológicas, físicas e sociais advindas desses comportamentos e pensamentos que não são rapidamente percebidos pelo mesmo, tais como: redução da rede de amigos, sonhos não usuais, mudança no padrão de sono e apetite, sintomas ansiosos e depressivos, redução da habilidade e desempenho no trabalho, conflitos com normas e crenças pessoais, problemas financeiros, deterioração da autoestima, dentre outros. O “codependente” deve procurar ajuda especializada com a finalidade de tratar-se, identificando os pensamentos disfuncionais que produzem comportamentos inadequados que prejudicam ambos os lados. por Danilo Baltieri