segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Crack, um problema social

Jornal da Manhã
As drogas não são um problema que atinge apenas o vizinho. E nem um assunto que se resolve com o combate ao tráfico.

É preciso superar estes dois mitos para que o problema seja encarado em todas as suas dimensões: do indivíduo às políticas públicas.

O crack figura hoje como uma das mais destrutivas drogas que estão à disposição das pessoas. De acesso fácil, custo baixo e efeito avassalador, tem levado muitos cidadãos, principalmente jovens, ao caminho da dependência. Além disso, tem sido responsável pelo aumento da violência e da criminalidade, conforme avaliam as autoridades policiais.

Porém, muito mais do que um caso de polícia, é inquestionável que as drogas são hoje um assunto de saúde pública. Assim, tão necessário quanto discutir formas de combater o uso de drogas é proporcionar estrutura e assistência aos dependentes químicos em todo país. Afinal, já se sabe que o tratamento criminalizador aos usuários se mostrou ineficiente para avançar na transformação desta realidade.

O programa lançado na semana passado pela presidenta Dilma, com investimento de 4 bilhões de reais, promete criar condições para o enfrentamento do crack. Por meio de ações integradas, entende-se a importância de oferecer tratamento de saúde aos usuários de drogas, combater o tráfico e, ao mesmo tempo, desenvolver ações de prevenção.

Ainda é prematuro avaliar se o programa conseguirá se efetivar com resultados concretos, mas não há dúvida de que se trata de um avanço em relação ao tema, uma vez que articula iniciativas simultâneas para coibir e tratar a dependência de drogas. Ou seja, é o momento do poder público enfrentar o problema em toda a sua complexidade, não reduzindo as drogas a assunto de segurança pública.

Aliás, sabe-se que há muito a avançar para que o sistema público de saúde ofereça condições adequadas ao tratamento de usuários de drogas, dadas as suas limitações e deficiências. Contudo, o programa de combate ao crack do governo federal vislumbra impactos na desarticulação do tráfico e, principalmente, no reconhecimento do compromisso do Estado em promover uma política pública de assistência aos dependentes. Trata-se de um olhar que entende que a repressão só faz sentido quando acompanhada de proteção e educação.
Coluna Conselho da Comunidade
Autor: Karina Janz Woitowic
Fonte:ABEAD(Associação Brasileira de Estudos do Álcool e outras Drogas)

1 em cada 4 mulheres com câncer de ovário consome álcool e tabaco

Um levantamento realizado pelo Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (Icesp) mostra que, das mulheres atendidas na clínica de ginecologia, 34% apresentam câncer de ovário.

Em segundo lugar está o câncer de colo de útero, presente em 26% das pacientes. A pesquisa foi realizada com 2.435 pessoas.

Das 824 pacientes com diagnóstico de câncer de ovário, 27% assumem o consumo regular de álcool ou tabaco, fatores que podem estar diretamente relacionados ao aumento de risco para o problema. Além disso, 23% das mulheres são jovens e têm até 45 anos, 27% têm entre 46 e 55 anos, outras 7% entre 56 e 65 anos, e 23% mais de 66 anos.

O que chama a atenção no estudo é o fato de que a proporção na incidência destes dois tipos de cânceres no Instituto é diferente da apresentada pela população em geral, onde o número de casos de tumores de colo de útero é três vezes superior ao de ovário. A explicação para isso pode estar relacionada à complexidade do tratamento.

Segundo Jesus de Paula Carvalho, coordenador da equipe de ginecologia do Icesp, o câncer de ovário é a neoplasia maligna ginecológica de maior morbidade e a que demanda recursos mais avançados para a assistência das pacientes.

“A cirurgia é muito complexa, e o preparo pré-operatório requer maior quantidade de exames bioquímicos e de imagens. Além disso, o câncer de ovário exige suporte clínico e nutricional intensos, além de tratamento quimioterápico duradouro, com uso de múltiplas drogas”, explica.
Fonte:ABEAD(Associação Brasileira de Estudos do Álcool e outras Drogas)

Quando vamos fiscalizar o uso de substâncias entorpecentes por motoristas?

Milton Corrêa da Costa

O laudo do Instituto Médico Legal, divulgado nesta quinta-feira, 15/11, em São Paulo, mostrou que o motorista do caminhão que atropelou e matou cinco trabalhadores na rodovia Anhanguera, há três meses, havia usado cocaína. As vítimas fatais trabalhavam num trecho de recapeamento da citada rodovia. Na ocasião, Marco Aurélio Quintino Camilo, 42 anos, foi preso em flagrante e acusado de homicídio doloso, isto é, quando mesmo não tendo a intenção de matar assume o risco de produzir o resultado danoso pelo comportamento impróprio e perigoso. Marco Aurélio foi preso no dia, mas liberado pela Justiça ("grande novidade"). O exame de urina comprovou que o caminhoneiro usou o entorpecente.

Em depoimento, ele afirmou que havia ingerido oito comprimidos de "rebite" (comprimidos para minimizar o sono) e tomado cachaça. Ele também disse que não dormia há 20 horas. O caminhoneiro afirmou aos policiais que o veículo havia perdido o freio e por isto ocorreu o acidente, mas o laudo da perícia mostrou que não houve falha mecânica. O motorista também apresentava sinais de entorpecimento e fala confusa. Caso seja condenado por homicídio doloso, poderá pegar até 30 anos de prisão, tendo direito porém a todas as benesses, recursos e brechas próprias da misericordiosa lei penal brasileira.

Se desejássemos saber quantos motoristas, nos últimos 40 anos, envolvidos em graves acidentes no país, morreram ou mataram por estarem sob o efeito de substâncias entorpecentes, não saberíamos responder. Tal fato demonstra, apesar dos inegáveis resultados positivos até aqui obtidos com a implantação da Lei Seca , o quanto ainda somos atrasados, em relação a países de primeiro mundo, em termos de segurança de trânsito e na fiscalização de motoristas drogados. Um estudo apresentado num Congresso Médico na França, em 2005, mostrou que cerca de 40% das pessoas, com menos de 30 anos, que morreram em acidentes rodoviários naquele país, entre 2001 e 2004, dirigiam sob o efeito de maconha. Entre os mortos ao volante, que haviam fumado a droga -cerca de 800 pessoas por ano- quase 3/4 o fizeram uma hora antes do acidente.

Hoje na França os motoristas parados em operações de trânsito têm que mostrar a língua para os policiais. O objetivo é testar o consumo de álcool mas também de outras drogas. Menos de 10 minutos depois de passar um pequeno bastão descartável sobre a língua do motorista, os policiais têm a certeza se houve ou não consumo de entorpecentes. Até então, a única forma para detectar a presença de substâncias entorpecentes no organismo dos condutores era através de exame de sangue ou de urina.

No Brasil não é novidade que alguns caminhoneiros, na condução de suas cargas por rodovias afora, fazem uso do famoso ´rebite`, um composto a base de anfetaminas, para manterem-se por mais tempo acordados ao volante e assim lucrarem mais rapidamente com o trabalho. Luciano Drager, médico do laboratório do sono do Instituto do Coração (INCOR), em São Paulo, acrescenta que o motorista precisa ter no mínimo seis horas de sono para repousar e ter os reflexos e a atenção preservados durante a direção. O tempo ideal, segundo o especialista, é de oito horas de sono. Explica que um dos maiores riscos na estrada são os caminhoneiros submetidos a uma privação do sono. Tomam medicamentos para não dormir e dirigem horas ou dias seguidos. “Isto é um perigo porque eles ficam lentos e desatentos. Muitos são obesos e sofrem com apneia do sono, predisposição para a sonolência diurna”, conclui o médico.

No Rio de Janeiro, já foi prometido, há algum tempo, sem que se tenha notícia de quando começará a fiscalização, o uso de uma espécie de ‘bafômetro antidrogas, em operações da Lei Seca. Um aparelho que além do álcool, vai também detectar, através da saliva, o uso de outras drogas por ventura usadas pelos motoristas, tais como maconha, cocaína, ecstasy ou excesso de calmante. O resultado, após colhida por uma paleta a saliva do condutor e levada a amostra ao novo aparelho, sai em 5 minutos. O aparelho, que promete por em polvorosa os drogados do volante, foi desenvolvido pela Escola Nacional de Saúde Pública da Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ), no Rio de Janeiro. Um carro-laboratório acompanhará cada equipe de fiscalização que contará com a presença de um médico e de um perito (toxicologista) para realizar os exames.

Um ponto que gera controvérsia, porém, na eficácia desses novos aparelhos é sobre a maconha. Alguns peritos afirmam que o teste não seria capaz de identificar traços da erva se consumida mais de uma hora antes da coleta da saliva, o que deixaria os consumidores da droga mais impunes. Já os usuários de cocaína, crack, anfetaminas, ecstasy e derivados do ópio seriam facilmente pegos. "A maconha só é detectada pela saliva se for consumida no máximo uma hora antes do teste. Este exame vai pegar quem consumir a droga no volante, mas não os que a haviam utilizado antes", afirmam, com convicção, alguns especialistas da matéria. No entanto, no primeiro dia de testes nas estradas, em 2008, com a utilização de novos aparelhos, a polícia francesa identificou três casos positivos, todos para a maconha - nos primeiros 10 exames realizados, prova de que a eficácia do novo método pode ser total. Um dos condutores pegos afirmou ter consumido a erva três dias antes, e outro disse ter fumado na noite anterior. Na França, a infração de conduzir um veículo sob o efeito de drogas é ainda menos tolerada em comparação ao álcool. O motorista pode ser condenado a dois anos de prisão, multa de 4,5 mil euros (mais de R$ 10 mil) e a suspensão da carteira de motorista por até três anos.

Após o sucesso da Lei Seca, com apoio progressivo de motoristas- muitos mudaram de comportamento- falta agora ao trânsito brasileiro também inibir o uso de substâncias entorpecentes ao volante. "O trânsito seguro é um direito de todos e dever dos órgãos do Sistema Nacional de Trânsito que devem adotar todas as medidas indispensáveis para garantir tal direito". É dispositivo expresso no Código de Trânsito Brasileiro em seu Artigo Primeiro, parágrafo segundo.

Trânsito é meio de vida e drogados ao volante são uma perigosa ameaça à vida humana.


P.S: No exato instante em que encerro este texto, tem-se notícia de que mais de 50 pessoas ficaram feridas num acidente com um ônibus de turismo, na manhã desta sexta-feira (16/11), na BR-040, em Itaipava, na Região Serrana do Rio. O coletivo tombou na altura do KM 69 da citada rodovia. Mais uma prova real de que as tragédias no trânsito brasileiro são rotineiras.

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Viciadas em viciados - Companheiras de dependentes químicos podem apresentar transtornos semelhantes às doenças de seus parceiros

Adriana, 35 anos, Fábia, 15, Romina, 33, Angélica, 29 estão em tratamento por causa da dependência química sem jamais terem tido algum problema pessoal com bebida alcoólica ou com qualquer outro tipo de droga.

Para que experimentem os dissabores de seus “vícios”, basta assistirem a seus maridos ou namorados exagerarem no álcool, sumirem dias para consumir crack e cocaína ou voltarem para casa maltrapilhos após horas e horas passadas no bar.

Na posição de espectadoras da dependência, estas mulheres, moças e senhoras, percebem que são prisioneiras de um transtorno tão exigente e avassalador como a doença de seus parceiros.

Na literatura especializada e nos consultórios clínicos, o comportamento delas é chamada de “codependência”, transtorno majoritariamente feminino que é despertado – em sua maioria – nas relações afetuosas com dependentes químicos.

Máscaras

“Ora a gente acha que é super-heroína, ora que é vítima da situação. Vamos desempenhando esta troca de papéis e, quando nos damos conta, se é que um dia nos damos conta, já não temos vida própria. Somos movidas a nos dedicar ao outro e, por um momento, gostamos disso”, afirma Romina Miranda Cerchiaro, em recuperação da sua codependência há sete anos.

Depois de pedir a separação do companheiro que tinha problemas com o álcool, Romina desconfiou de que apresentava sinais clássicos de dependência daquela situação que tanto dizia “não aguentar mais”.

“Percebi que se não procurasse ajuda iria continuar com o mesmo comportamento destrutivo, repetindo os mesmos erros, ainda que em outro relacionamento”, conta ela, que é jornalista, escritora e tornou-se pesquisadora da área de codependência.

A conscientização de sua situação fez com que Romina procurasse ajuda especializada e também tivesse vontade de ajudar outras mulheres que viviam dramas como o seu de forma anônima. Hoje, ela organiza grupos de autoajuda em todo o Brasil.

O Delas acompanhou uma destas reuniões, em uma noite chuvosa na capital paulista. No encontro, todas as outras participantes pediram sigilo sobre seu nome e sobrenome. Não era apenas a vergonha que motivava a insistência pelo anonimato. É que o processo para assumir a codependência é tão complexo como o enfrentado para admitir o vício. Existe, primeiro, a negação.

Romina Cerchiaro reconheceu que era codependente, estudou o assunto hoje ajuda outras mulheres

Não é amor?

Fábia, estudante do primeiro ano do ensino médio da capital paulista, garota de rosto infantil e de cabelos quase até a cintura, era exemplo de toda a complexidade que significa assumir o transtorno da codependência na reunião acompanhada pela reportagem. Aos 15 anos, ela poderia abandonar o primeiro namorado, em recuperação do vício de cocaína, e desfrutar de sua juventude em baladas e viagens para o Guarujá. “Mas eu simplesmente não consigo deixar para trás meu namorado, mesmo já tendo sido humilhada, traída e largada para escanteio tantas vezes”, diz.

Ao mesmo tempo em que admitia ser dependente daquela situação, a menina questionava se o seu comportamento não era “só resultado de seu amor”, dúvida que passa pela cabeça da maioria das companheiras e que serve de justificativa para não procurarem ajuda.

“O que tentamos reforçar em nossos encontros é que o sentimento serve de muleta para o comportamento destrutivo”, explica Romina. Segundo ela, não é raro as mulheres mais experientes, que já passaram por outros relacionamentos, se darem conta de que seus namorados antigos também eram dependentes químicos ou tinham algum outro tipo de compulsão, como vício em sexo ou no trabalho.

“Nosso objetivo não é fazer com que elas abandonem seus companheiros. Mas, sim, com que procurem ajuda para si”, acrescenta Romina.

Os especialistas acreditam que a codependência não traz apenas danos às mulheres mas também pode influenciar, negativamente, no processo de recuperação do dependente químico.

“Por isso, é tão importante que o acompanhamento psicológico seja estendido à família do dependente. É só desta forma que o apoio familiar traz efeitos positivos”, afirma Camilla Magalhães, diretora e pesquisadora do Centro de Informações sobre o Álcool (Cisa).

“Por vezes, quando esta mulher toma para si o controle da situação, ela pode cobrar resultados, tornar o processo mais angustiante ou ainda minimizar a dependência do seu companheiro, todas consequências perigosas no tratamento de ambos.”

“Tudo na minha vida”

Se para o dependente de álcool uma taça de vinho pode ser encarada como uma forte tentação – e além de um motivo para a recaída – para o comportamento destrutivo da copendência se manifestar, define a administradora de empresa Adriana, 35 anos, é só ouvir a frase “por favor, me ajuda”.

Adriana é mãe de um garoto de 16 anos e, apesar da rotina apertada de mais de 14 horas de trabalho diário, achou espaço para “uma coleção de relacionamentos destrutivos em série com homens compulsivos.” Os favores pedidos pelas pessoas com quem ela se relaciona são suficientes para a administradora largar tudo que está fazendo – emprego, diversão, sono, filho – e tentar ajudar quem solicitou sua ajuda.



Seria apenas uma postura nobre e altruísta se, entre estas solicitações, não estivessem pedidos que agravam não só a dependência do parceiro, como colocam a própria pele destas mulheres em risco, conforme conta a professora do ensino primário, Angélica, 29 anos.

Escutar que são a razão da vida de seus namorados torna mais difícil negar o pedido por dinheiro, mesmo eu sabendo, lá no fundo, que o destino das notas é a cocaína. “É isso que também me faz buscá-lo altas horas da madrugada na boca de fumo, sabendo que eu posso virar a presa do traficante e até morrer. Semana passada, meu coração ficou partido. Fui buscar meu namorado na biqueira (ponto de tráfico) e no caminho encontrei um aluno meu. Eu estava exposta e expus aquela criança. É a minha carreira, sabe? É difícil saber que não consigo pensar em mim".

Violência

Além das súplicas e juras de amor, existe outro “ingrediente” que agrava a situação da codependência: a violência. Uma pesquisa realizada no ano passado pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) entrevistou 7 mil famílias de 108 cidades brasileiras e atestou que em quase metade (49,7%) dos núcleos familiares que vivenciaram agressões domésticas, o agressor estava embriagado.

Mas no caso dos dependentes químicos, daqueles que bebem de forma sistemática, existe uma situação pouco abordada. “Na maioria das vezes, é a ausência do álcool (ou de outra droga) que faz a violência se manifestar”, afirma a pesquisadora do Cisa, Camilla Magalhães.

“Oferecer a bebida ao parceiro pode significar trazer de volta a paz para casa. Já acompanhei várias companheiras de dependentes que declararam que o marido ou namorado fica mais romântico e bonzinho quando bebe (ou usa outra droga). Tudo isso pode interferir, ainda que de forma inconsciente, na relação dela com a abstinência dele.”

Tentando ser heroínas, elas podem acabar vilãs.

Os especialistas já estudaram a codependênica. A maior parte das portadoras, no entando, só porcura ajuda para o parceiro.

Só por hoje

Esta dificuldade em estabelecer limites, em se colocar em primeiro plano, em enxergar as próprias fraquezas escondidas na doença de seus amores faz com que as codependentes fiquem à margem de ajuda especializada, pesquisas e foco de atenção da família e dos amigos.

Os grupos de autoajuda acabam como único abrigo e um deles, os Codependentes Anônimos do Brasil (Coda), tem como lema o “só por hoje", tão salvador e utilizado na recuperação de alcoolistas e narcóticos. Nas reuniões anônimas dos codependentes, eles repetem ao final de cada encontro a frase: Só por hoje, eu sou a pessoa mais importante da minha vida”.

Romina Cerchiaro assimilou essa filosofia de vida que em nada tem relação com egoísmo. O desafio agora é encarar o frio na barriga, tão comum em cada nova paixão, como uma sensação natural. A paixão não precisa ser doença.

Como identificar

As perguntas a seguir servem para identificar possíveis padrões de codependência, definidos pelo Coda. Se você apresenta pelo menos dois deles, procure ajuda para conversar sobre isso.

Você se sente responsável por outra pessoa? Pelos sentimentos, pensamentos, necessidades, ações, escolhas, vontades, bem-estar e destino dela?
Você sente ansiedade, pena e culpa quando outras pessoas têm problemas?
Você se flagra constantemente dizendo "sim" quando quer dizer "não"?
Você vive tentando agradar os outros em vez de agradar a si?
Você vive tentando provar aos outros que é bom o suficiente? Você tem medo de errar?
Você vive buscando desesperadamente amor e aprovação? Você se sente inadequado?
Você tolera abuso para não perder o amor de outras pessoas?
Você sente vergonha da sua própria vida?
Você tem a tendência de repetir relacionamentos destrutivos?
Você se sente aprisionado em um relacionamento? Você tem medo de ficar só?
Você tem medo de expressar suas emoções de maneira aberta, honesta e apropriada?
Você acredita que se assim o fizer ninguém vai amá-lo?
O que você sente sobre mudar o seu comportamento? O que impede-lhe de mudar?
Você ignora os seus problemas ou finge que as circunstâncias não são tão ruins?
Você vive ajudando as pessoas a viverem? Acredita que elas não sabem viver sem você?
Tenta controlar eventos, situações e pessoas por meio de culpa, coação, ameaça, manipulação e conselhos, assegurando assim que as coisas aconteçam da maneira que você acha correta?
Você procura manter-se ocupado para não entrar em contato com a realidade?
Você sente que precisa fazer alguma coisa para sentir-se aceito e amado pelos outros?
Você tem dificuldade de identificar o que sente? Tem medo de entrar em contato com seus sentimentos como raiva, solidão e vergonha

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

O primeiro copo, cada vez mais cedo

Ele tinha 13 anos quando tomou o primeiro porre. “Foi numa festa da família. Há uma permissividade social de que em festa pode beber, de que é só uma batidinha, docinha. Só hoje sei que não pode nem isso”, conta a mãe de J., a dona de casa M. (nomes fictícios).

M. encarou o caso como fato isolado e passou alguns anos sem perceber alterações no comportamento do filho. “Mas aos 17 anos ele voltou a beber feio. Na verdade não sei se algum dia parou, porque a gente até ouve histórias de jovens levando bebida para a escola em garrafas de refrigerante.”

A mãe fez de tudo para ajudar o filho, colocou em escola pública, privada, pública de novo. “Ouvia dos professores que ele era um aluno brilhante, sempre teve boas notas, mas com tantas faltas e irresponsabilidade vieram as advertências, as chamadas à sala da diretoria e a reprovação.” J., que queria fazer gastronomia, depois turismo, administração e arquitetura, concluiu apenas o ensino médio - e no supletivo.

Aos 19 anos, trabalha, mas se envolveu com a maconha também. “É da turma da pichação, do skate. Acho que começou com a droga e o álcool para se enquadrar no grupo.” A mãe diz que o medo e a culpa a atormentam. “Meu segundo marido, não o pai de J., é alcoolista, está no Alcoólicos Anônimos e há cinco anos não bebe. Mas penso: será que ele influenciou meu filho, se não tivesse casado com ele, seria diferente? Se não tivesse mudado de escola teria sido melhor?” M. quer ver seu menino curado. “Minha esperança é que ele aceite ajuda, mas não tenho expectativa de que isso aconteça”, diz a dona de casa, que vive deixando folhetos do AA para o filho e sempre os encontra rasgados.

Os adolescentes ainda raramente são vistos numa reunião dos AA. Mas vem crescendo o número de jovens, com 20, 25 anos, à procura de ajuda nos grupos, segundo o coordenador de mídia da entidade na Grande São Paulo, Sílvio Magalhães. Antes, de acordo com ele, chegavam aos encontros na faixa dos 30 anos.

“E agora são pessoas muito jovens que começaram a beber cedo, aos 12, 13, 15 anos. O adolescente, nessa fase, ainda está bebendo sem a intenção de parar. Só vai procurar o AA mais tarde”, afirma o coordenador.

O Estado de São Paulo tem cerca de 400 grupos de AA, sendo 210 na Capital. “Os jovens entre 20 e 25 anos já representam entre 3% e 5% dos frequentadores. Um número que, há uns dez anos, não chegava a 1%.” Magalhães aponta a facilidade de acesso ao álcool como um dos principais fatores para essa mudança. No dia 19 de novembro entrou em vigor a Lei Antiálcool no Estado, justamente para apertar a fiscalização da venda de bebidas a menores de 18 anos e punir os comerciantes infratores.

“Mas não é só a compra fácil. Há a questão do comportamento: antes se bebia escondido, sozinho, agora os adolescentes se juntam para beber e consomem muito, muito mesmo de uma vez só.”

Binge

Fato comprovado por uma pesquisa divulgada no ano passado pelo Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas (Cebrid), da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). O estudo, feito com 2.691 estudantes de escolas privadas entre 14 e 19 anos da capital paulista, mostrou alta incidência de uma prática chamada pelos americanos de binge drinking (a ingestão de pelo menos cinco doses de bebida alcoólica ou mais num mesmo evento).

Dos entrevistados, 34,5% relataram ter feito binge nos 30 dias que antecederam a pesquisa, divulgada em 2010. “Não são alcoolistas que bebem todos os dias. Pode ser uma vez por semana, até menos, mas quando se encontram para beber, consomem grandes quantidades”, afirma a pesquisadora do Cebrid, Zila Van Der Meer Sanchez.

Tolerância

Segundo a autora da pesquisa, quanto maior a renda, maior é o consumo também. “É uma questão cultural, uma sensação de onipotência, de que pode encher a cara e nada vai acontecer.” De acordo com Zila, a maior parte relatou que o primeiro consumo de álcool ocorreu em casa. “Às vezes incentivado ou tolerado pela família. Vale lembrar que fiscalização é importante, mas o papel familiar também é fundamental na prevenção do consumo de álcool por adolescentes.”

A pesquisadora ressalta que, quanto mais cedo o adolescente começa a beber, maior é a chance de ele se tornar dependente e maior é o risco dos episódios de binge. “Sob o efeito do binge – cinco latas de cerveja, cinco ices ou mais, por exemplo –, o adolescente pratica atividades de risco, como o sexo desprotegido ou a direção de veículos sem carteira, comportamentos que não teria se não estivesse com a percepção de risco diminuída pelo álcool.”

Timidez

A psiquiatra da infância e adolescência Jackeline Giusti, do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas, lembra que, para muitos, beber bastante antes da balada, ou para se firmar num grupo, tem se tornado uma prática comum. “Principalmente para os mais tímidos a bebida dá coragem para dançar, chegar numa menina”, explica Jackeline.

Ela ressalta que a primeira experimentação de bebidas alcoólicas tem acontecido muito cedo, em torno de 11 ou 12 anos. “É um organismo em desenvolvimento, podem ocorrer problemas no sistema nervoso central pelo consumo do álcool, um déficit cognitivo. E, além do aspecto físico, prejudica o desenvolvimento social também”, afirma a psiquiatra.

Segundo a especialista, é na adolescência que rapazes e garotas experimentam os grupos, para ver onde se encaixam, experimentam para ter as próprias opiniões, escolher uma profissão, por exemplo. “Se o álcool é experimentado nessa fase, e eles costumam consumir grandes quantidades, a percepção do grupo é outra, o adolescente deixa de participar de coisas legais, como os esportes, começa a repetir de ano, a não saber o que fazer na faculdade, não desenvolver relações afetivas mais sérias.”

Fiscalização

Jackeline acredita que medidas contra a venda de bebidas alcoólicas para menores de 18 anos são válidas. “É importante até para a conscientização, não só do comerciante, mas dos adolescentes, dos pais, da população em geral.” Ela alerta para a necessidade de os pais “darem o exemplo”. “Os filhos podem pensar, por exemplo, se meu pai me deixou beber um pouquinho em casa, por que não posso beber com meus amigos?”
Fonte:ABEAD(Associação Brasileira de Estudos do Álcool e outras Drogas)

´O crack é diferente de tudo`, diz pesquisador

Para coordenador de instituto, venda pulverizada e alto índice de revendedores-consumidores tornam cadeia de venda da droga letal

"Os profissionais da área de saúde e os funcionários de clínicas estão atônitos. O crack é diferentes de todas as outras drogas que conhecemos”. A frase é do do coordenador do Instituto Minas pela Paz e coordenador do Centro de Estudos e Pesquisa em segurança pública da PUC Minas, Dr. Flávio Sapori.

Flávio Sapori é um dos palestrantes do “1º Simpósio Sulamericano de política sobre Drogas: crack e cenários urbanos”, que acontece em Belo Horizonte até sábado e discute os problemas do impacto do consumo de crack na segurança e na saúde pública, a descriminalização de drogas, e as experiências sobre o assunto na América do Sul.

Sapori coordena uma pesquisa que é feita desde dezembro de 2008 sobre o impacto do consumo e venda de droga na região metropolitana de Belo Horizonte.

A pesquisa, que deve ser lançada em agosto desse ano, está na fase de análise dos resultados e entrevistas coletadas, mas já apontam algumas tendências em relação à venda e consumo de crack: o crack, que predomina nas camadas mais pobres e jovens, já atinge as classes mais ricas e os adultos; a chegada do crack coincide com o aumento nos índices de homicídios em muitas regiões metropolitanas; o comércio e o usuário do crack são diferentes do que o de outras drogas; e os índices de violência gerados pelo crack se deve, principalmente, ao comércio da droga e não pelo efeito que ela gera no viciado.

“O crack tem um comércio mais conflituoso que o da cocaína e da maconha. A estrutura da venda tem formas diferentes. O varejo é muito mais pulverizado. Ele é realizado por quadrilhas de jovens. O comércio do crack tem revendedores terceirizados, algo que não vemos na cocaína. O gerente da boca passa a droga para os agentes de revenda, que terceirizam a venda para espécies de free-lancers. É uma cadeia muito fragmentada“, afirma Sapori.

Segundo o pesquisador, é essa venda pulverizada e o alto índice de ´revendedores-consumidores` que acaba tornado a cadeia de venda da droga tão letal. “O vendedor-usuário do crack acaba uma hora ou outra se tornando um devedor. E nessa cadeia, se alguém deve alguma coisa, essa dívida se reproduz nos outros setores de venda. Um vai devendo para o outro. E aí, se ele não paga, não se pode procurar o Procon. É quando entra a força física, a arma de fogo e as mortes. E essa cadeia de venda vira uma cadeia de mortes e de violência”.

O estudo é resultado de entrevistas com cerca de 10 policiais, 20 ´comerciantes` de crack, 20 profissionais de clínicas de reabilitação e 40 usuários de crack. Segundo o professor, a pesquisa, que conta com o apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico CNPq, revela o quanto a situação é grave e precisa de ações rápidas dos governantes. “As medidas precisam ser tomadas já. Os candidatos à Presidência e governadores precisam se posicionar sobre o tema. Estamos vendo que é preciso ser feito algo logo. Ainda há tempo”, afirma.
Fonte:ABEAD(Associação Brasileira de Estudos do Álcool e outras Drogas)

Crack está substituindo álcool nas pequenas cidades

Um recente estudo realizado pela Confederação Nacional dos Municípios (CNM) aponta um dado preocupante. De acordo com a pesquisa, o crack está substituindo o álcool nos municípios de pequeno porte e áreas rurais.

Dados informam que dentre os 4,4 mil municípios pesquisados, 63,7% enfrentam problemas na área da Saúde por causa da circulação da droga.

Na Segurança e na Assistência Social, 58,5% e 44,6% dos Municípios relataram problemas preocupantes por causa do crack e outras drogas.”Verificamos que o uso de crack se alastrou por todas as camadas da sociedade, a droga que, em princípio, era consumida por pessoas de baixa renda, disseminou-se por todas as classes sociais”, aponta a pesquisa.

O relatório mostra que 63,7% dos municípios enfrentam problemas na área da saúde devido à circulação da droga. A fragilidade da rede de atenção básica aos usuários, a falta de leitos para a internação, o espaço físico inadequado, a carência na disponibilidade de remédios e a ausência de profissionais especializados na área da dependência química são os principais entraves apontados pelos gestores municipais. De acordo com a pesquisa, um dos grandes problemas é a falta de controle das fronteiras do país.

Insumos

Outro fator relevante, segundo o CNM, é o papel que as indústrias produtoras de insumos utilizados para o preparo do crack desempenham. “A grande questão é a fiscalização da venda desses produtos, que atualmente é feita de maneira insuficiente.”
Fonte:ABEAD(Associação Brasileira de Estudos do Álcool e outras Drogas)

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Tabaco e álcool têm relação direta com o surgimento de novos casos de câncer

No início do século, a expectativa média de vida no Brasil girava em torno dos 33 anos. Hoje, segundo alerta o oncologista Marcos Davi, esse índice chega aos 73 anos.

“Hoje, o brasileiro vive mais. O problema é que vive mau”, analisa o coordenador do Serviço de Radioterapia da Santa Casa de Maceió, lembrando o caso do ex-presidente Lula, que recentemente foi diagnosticado com câncer de laringe após décadas de consumo de bebidas alcoólicas e de tabaco.

A vida moderna, o sedentarismo, o consumo intenso de gordura animal e de açúcar, além da fatal conjugação bebida alcoólica e fumo são os principais riscos enfrentados pela sociedade. Esses fatores de risco, aliados ao envelhecimento da população, disseminam as doenças crônico-degenerativas, entre elas o câncer.

Segundo a Organização Mundial de Saúde, o câncer é o problema que mais preocupa os médicos, já que em 2015 ele será a principal causa de morte por doença no mundo, superando as doenças cardiovasculares.

Em 2011 devem ser diagnosticados 12 milhões de casos novos de câncer em todo o mundo, dos quais 500 mil casos somente no Brasil e entre 3,,5 mil e 4 mil em Alagoas.

“Se nada for feito, se as pessoas não mudarem seus hábitos de vida, em 2020 o mundo deverá estar pronto para tratar 20 milhões de pacientes com câncer, ou seja, quase o dobro”, alerta Marcos Davi no Dia Nacional de Combate ao Câncer celebrado neste domingo.
Fonte:ABEAD(Associação Brasileira de Estudos do Álcool e outras Drogas)

Uso da Maconha e o risco da Esquizofrenia

(mais uma pesquisa científica sobre os males da maconha)

Fumar maconha pode levar a uma perda de volume cerebral em indivíduos em risco de desenvolver esquizofrenia, mostra pesquisa publicada este mês pela revista científica British Journal of Psychiatry.

O estudo, coordenado pelo médico Killian A. Welch, da Universidade de Edimburgo, comparou “as mudanças estruturais no tálamo e na amígdala-hipocampo ao longo do tempo em 57 pessoas com idade entre 16 e 25 anos que estavam bem, mas que tinham um forte histórico familiar de esquizofrenia.Cada uma das pessoas passou por uma avaliação completa, incluindo um exame de ressonância magnética. Dois anos mais tarde, cada um deles retornou para outra ressonância magnética e responderam a perguntas sobre o uso de drogas ilícitas, inclusive a maconha, bem como seu uso de álcool e tabaco no período entre os exames.Dos 57 participantes, 25 tinham usado maconha entre as duas avaliações.”

Concluiu a pesquisa: “Os pesquisadores descobriram que os participantes que tinham usado maconha mostraram redução do seu volume talâmico que foi significativo no lado esquerdo do tálamo (F = 4,47, P = 0,04), e altamente significativos à direita (F = 7,66; P = 0,008). No entanto não se observou nenhuma perda de volume do tálamo naqueles que não fizeram uso de maconha durante o período de 2 anos.”

Em entrevista ao site Medscape Medical News, afirmou o autor da pesquisa , dr. Kilian Welch:
“Já é aceito pela maioria dos psiquiatras que fumar maconha aumenta o risco de psicose no indivíduo, e mais especificamente a esquizofrenia .Este é o primeiro estudo longitudinal a mostrar que o consumo de cannabis por indivíduos com risco aumentado de esquizofrenia resulta em desenvolvimento cerebral de maneira diferente daquela como se desenvolve se não usar a droga,” observou o Dr. Welch.

“Estas são pessoas que estão bem, não são psicóticos, em quem o uso da droga está associado à perda de volume em uma estrutura cerebral crítica. A explicação mais provável para isso, claramente, é que a exposição ao cannabis está causando essas anormalidades de desenvolvimento do cérebro “, enfatiza o pesquisador.

“O tálamo é uma estrutura cerebral muito importante, que age como um processador de informações e como estação de retransmissão para o cérebro”, ele explica. “Dado esse papel de interligação entre as diversas regiões do cérebro, qualquer coisa que afete sua estrutura e, supõe-se conseqüentemente, a sua função, seria de se esperar por consequências generalizadas e potencialmente devastadoras".