segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Crack, um problema social

Jornal da Manhã
As drogas não são um problema que atinge apenas o vizinho. E nem um assunto que se resolve com o combate ao tráfico.

É preciso superar estes dois mitos para que o problema seja encarado em todas as suas dimensões: do indivíduo às políticas públicas.

O crack figura hoje como uma das mais destrutivas drogas que estão à disposição das pessoas. De acesso fácil, custo baixo e efeito avassalador, tem levado muitos cidadãos, principalmente jovens, ao caminho da dependência. Além disso, tem sido responsável pelo aumento da violência e da criminalidade, conforme avaliam as autoridades policiais.

Porém, muito mais do que um caso de polícia, é inquestionável que as drogas são hoje um assunto de saúde pública. Assim, tão necessário quanto discutir formas de combater o uso de drogas é proporcionar estrutura e assistência aos dependentes químicos em todo país. Afinal, já se sabe que o tratamento criminalizador aos usuários se mostrou ineficiente para avançar na transformação desta realidade.

O programa lançado na semana passado pela presidenta Dilma, com investimento de 4 bilhões de reais, promete criar condições para o enfrentamento do crack. Por meio de ações integradas, entende-se a importância de oferecer tratamento de saúde aos usuários de drogas, combater o tráfico e, ao mesmo tempo, desenvolver ações de prevenção.

Ainda é prematuro avaliar se o programa conseguirá se efetivar com resultados concretos, mas não há dúvida de que se trata de um avanço em relação ao tema, uma vez que articula iniciativas simultâneas para coibir e tratar a dependência de drogas. Ou seja, é o momento do poder público enfrentar o problema em toda a sua complexidade, não reduzindo as drogas a assunto de segurança pública.

Aliás, sabe-se que há muito a avançar para que o sistema público de saúde ofereça condições adequadas ao tratamento de usuários de drogas, dadas as suas limitações e deficiências. Contudo, o programa de combate ao crack do governo federal vislumbra impactos na desarticulação do tráfico e, principalmente, no reconhecimento do compromisso do Estado em promover uma política pública de assistência aos dependentes. Trata-se de um olhar que entende que a repressão só faz sentido quando acompanhada de proteção e educação.
Coluna Conselho da Comunidade
Autor: Karina Janz Woitowic
Fonte:ABEAD(Associação Brasileira de Estudos do Álcool e outras Drogas)

1 em cada 4 mulheres com câncer de ovário consome álcool e tabaco

Um levantamento realizado pelo Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (Icesp) mostra que, das mulheres atendidas na clínica de ginecologia, 34% apresentam câncer de ovário.

Em segundo lugar está o câncer de colo de útero, presente em 26% das pacientes. A pesquisa foi realizada com 2.435 pessoas.

Das 824 pacientes com diagnóstico de câncer de ovário, 27% assumem o consumo regular de álcool ou tabaco, fatores que podem estar diretamente relacionados ao aumento de risco para o problema. Além disso, 23% das mulheres são jovens e têm até 45 anos, 27% têm entre 46 e 55 anos, outras 7% entre 56 e 65 anos, e 23% mais de 66 anos.

O que chama a atenção no estudo é o fato de que a proporção na incidência destes dois tipos de cânceres no Instituto é diferente da apresentada pela população em geral, onde o número de casos de tumores de colo de útero é três vezes superior ao de ovário. A explicação para isso pode estar relacionada à complexidade do tratamento.

Segundo Jesus de Paula Carvalho, coordenador da equipe de ginecologia do Icesp, o câncer de ovário é a neoplasia maligna ginecológica de maior morbidade e a que demanda recursos mais avançados para a assistência das pacientes.

“A cirurgia é muito complexa, e o preparo pré-operatório requer maior quantidade de exames bioquímicos e de imagens. Além disso, o câncer de ovário exige suporte clínico e nutricional intensos, além de tratamento quimioterápico duradouro, com uso de múltiplas drogas”, explica.
Fonte:ABEAD(Associação Brasileira de Estudos do Álcool e outras Drogas)

Quando vamos fiscalizar o uso de substâncias entorpecentes por motoristas?

Milton Corrêa da Costa

O laudo do Instituto Médico Legal, divulgado nesta quinta-feira, 15/11, em São Paulo, mostrou que o motorista do caminhão que atropelou e matou cinco trabalhadores na rodovia Anhanguera, há três meses, havia usado cocaína. As vítimas fatais trabalhavam num trecho de recapeamento da citada rodovia. Na ocasião, Marco Aurélio Quintino Camilo, 42 anos, foi preso em flagrante e acusado de homicídio doloso, isto é, quando mesmo não tendo a intenção de matar assume o risco de produzir o resultado danoso pelo comportamento impróprio e perigoso. Marco Aurélio foi preso no dia, mas liberado pela Justiça ("grande novidade"). O exame de urina comprovou que o caminhoneiro usou o entorpecente.

Em depoimento, ele afirmou que havia ingerido oito comprimidos de "rebite" (comprimidos para minimizar o sono) e tomado cachaça. Ele também disse que não dormia há 20 horas. O caminhoneiro afirmou aos policiais que o veículo havia perdido o freio e por isto ocorreu o acidente, mas o laudo da perícia mostrou que não houve falha mecânica. O motorista também apresentava sinais de entorpecimento e fala confusa. Caso seja condenado por homicídio doloso, poderá pegar até 30 anos de prisão, tendo direito porém a todas as benesses, recursos e brechas próprias da misericordiosa lei penal brasileira.

Se desejássemos saber quantos motoristas, nos últimos 40 anos, envolvidos em graves acidentes no país, morreram ou mataram por estarem sob o efeito de substâncias entorpecentes, não saberíamos responder. Tal fato demonstra, apesar dos inegáveis resultados positivos até aqui obtidos com a implantação da Lei Seca , o quanto ainda somos atrasados, em relação a países de primeiro mundo, em termos de segurança de trânsito e na fiscalização de motoristas drogados. Um estudo apresentado num Congresso Médico na França, em 2005, mostrou que cerca de 40% das pessoas, com menos de 30 anos, que morreram em acidentes rodoviários naquele país, entre 2001 e 2004, dirigiam sob o efeito de maconha. Entre os mortos ao volante, que haviam fumado a droga -cerca de 800 pessoas por ano- quase 3/4 o fizeram uma hora antes do acidente.

Hoje na França os motoristas parados em operações de trânsito têm que mostrar a língua para os policiais. O objetivo é testar o consumo de álcool mas também de outras drogas. Menos de 10 minutos depois de passar um pequeno bastão descartável sobre a língua do motorista, os policiais têm a certeza se houve ou não consumo de entorpecentes. Até então, a única forma para detectar a presença de substâncias entorpecentes no organismo dos condutores era através de exame de sangue ou de urina.

No Brasil não é novidade que alguns caminhoneiros, na condução de suas cargas por rodovias afora, fazem uso do famoso ´rebite`, um composto a base de anfetaminas, para manterem-se por mais tempo acordados ao volante e assim lucrarem mais rapidamente com o trabalho. Luciano Drager, médico do laboratório do sono do Instituto do Coração (INCOR), em São Paulo, acrescenta que o motorista precisa ter no mínimo seis horas de sono para repousar e ter os reflexos e a atenção preservados durante a direção. O tempo ideal, segundo o especialista, é de oito horas de sono. Explica que um dos maiores riscos na estrada são os caminhoneiros submetidos a uma privação do sono. Tomam medicamentos para não dormir e dirigem horas ou dias seguidos. “Isto é um perigo porque eles ficam lentos e desatentos. Muitos são obesos e sofrem com apneia do sono, predisposição para a sonolência diurna”, conclui o médico.

No Rio de Janeiro, já foi prometido, há algum tempo, sem que se tenha notícia de quando começará a fiscalização, o uso de uma espécie de ‘bafômetro antidrogas, em operações da Lei Seca. Um aparelho que além do álcool, vai também detectar, através da saliva, o uso de outras drogas por ventura usadas pelos motoristas, tais como maconha, cocaína, ecstasy ou excesso de calmante. O resultado, após colhida por uma paleta a saliva do condutor e levada a amostra ao novo aparelho, sai em 5 minutos. O aparelho, que promete por em polvorosa os drogados do volante, foi desenvolvido pela Escola Nacional de Saúde Pública da Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ), no Rio de Janeiro. Um carro-laboratório acompanhará cada equipe de fiscalização que contará com a presença de um médico e de um perito (toxicologista) para realizar os exames.

Um ponto que gera controvérsia, porém, na eficácia desses novos aparelhos é sobre a maconha. Alguns peritos afirmam que o teste não seria capaz de identificar traços da erva se consumida mais de uma hora antes da coleta da saliva, o que deixaria os consumidores da droga mais impunes. Já os usuários de cocaína, crack, anfetaminas, ecstasy e derivados do ópio seriam facilmente pegos. "A maconha só é detectada pela saliva se for consumida no máximo uma hora antes do teste. Este exame vai pegar quem consumir a droga no volante, mas não os que a haviam utilizado antes", afirmam, com convicção, alguns especialistas da matéria. No entanto, no primeiro dia de testes nas estradas, em 2008, com a utilização de novos aparelhos, a polícia francesa identificou três casos positivos, todos para a maconha - nos primeiros 10 exames realizados, prova de que a eficácia do novo método pode ser total. Um dos condutores pegos afirmou ter consumido a erva três dias antes, e outro disse ter fumado na noite anterior. Na França, a infração de conduzir um veículo sob o efeito de drogas é ainda menos tolerada em comparação ao álcool. O motorista pode ser condenado a dois anos de prisão, multa de 4,5 mil euros (mais de R$ 10 mil) e a suspensão da carteira de motorista por até três anos.

Após o sucesso da Lei Seca, com apoio progressivo de motoristas- muitos mudaram de comportamento- falta agora ao trânsito brasileiro também inibir o uso de substâncias entorpecentes ao volante. "O trânsito seguro é um direito de todos e dever dos órgãos do Sistema Nacional de Trânsito que devem adotar todas as medidas indispensáveis para garantir tal direito". É dispositivo expresso no Código de Trânsito Brasileiro em seu Artigo Primeiro, parágrafo segundo.

Trânsito é meio de vida e drogados ao volante são uma perigosa ameaça à vida humana.


P.S: No exato instante em que encerro este texto, tem-se notícia de que mais de 50 pessoas ficaram feridas num acidente com um ônibus de turismo, na manhã desta sexta-feira (16/11), na BR-040, em Itaipava, na Região Serrana do Rio. O coletivo tombou na altura do KM 69 da citada rodovia. Mais uma prova real de que as tragédias no trânsito brasileiro são rotineiras.

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Viciadas em viciados - Companheiras de dependentes químicos podem apresentar transtornos semelhantes às doenças de seus parceiros

Adriana, 35 anos, Fábia, 15, Romina, 33, Angélica, 29 estão em tratamento por causa da dependência química sem jamais terem tido algum problema pessoal com bebida alcoólica ou com qualquer outro tipo de droga.

Para que experimentem os dissabores de seus “vícios”, basta assistirem a seus maridos ou namorados exagerarem no álcool, sumirem dias para consumir crack e cocaína ou voltarem para casa maltrapilhos após horas e horas passadas no bar.

Na posição de espectadoras da dependência, estas mulheres, moças e senhoras, percebem que são prisioneiras de um transtorno tão exigente e avassalador como a doença de seus parceiros.

Na literatura especializada e nos consultórios clínicos, o comportamento delas é chamada de “codependência”, transtorno majoritariamente feminino que é despertado – em sua maioria – nas relações afetuosas com dependentes químicos.

Máscaras

“Ora a gente acha que é super-heroína, ora que é vítima da situação. Vamos desempenhando esta troca de papéis e, quando nos damos conta, se é que um dia nos damos conta, já não temos vida própria. Somos movidas a nos dedicar ao outro e, por um momento, gostamos disso”, afirma Romina Miranda Cerchiaro, em recuperação da sua codependência há sete anos.

Depois de pedir a separação do companheiro que tinha problemas com o álcool, Romina desconfiou de que apresentava sinais clássicos de dependência daquela situação que tanto dizia “não aguentar mais”.

“Percebi que se não procurasse ajuda iria continuar com o mesmo comportamento destrutivo, repetindo os mesmos erros, ainda que em outro relacionamento”, conta ela, que é jornalista, escritora e tornou-se pesquisadora da área de codependência.

A conscientização de sua situação fez com que Romina procurasse ajuda especializada e também tivesse vontade de ajudar outras mulheres que viviam dramas como o seu de forma anônima. Hoje, ela organiza grupos de autoajuda em todo o Brasil.

O Delas acompanhou uma destas reuniões, em uma noite chuvosa na capital paulista. No encontro, todas as outras participantes pediram sigilo sobre seu nome e sobrenome. Não era apenas a vergonha que motivava a insistência pelo anonimato. É que o processo para assumir a codependência é tão complexo como o enfrentado para admitir o vício. Existe, primeiro, a negação.

Romina Cerchiaro reconheceu que era codependente, estudou o assunto hoje ajuda outras mulheres

Não é amor?

Fábia, estudante do primeiro ano do ensino médio da capital paulista, garota de rosto infantil e de cabelos quase até a cintura, era exemplo de toda a complexidade que significa assumir o transtorno da codependência na reunião acompanhada pela reportagem. Aos 15 anos, ela poderia abandonar o primeiro namorado, em recuperação do vício de cocaína, e desfrutar de sua juventude em baladas e viagens para o Guarujá. “Mas eu simplesmente não consigo deixar para trás meu namorado, mesmo já tendo sido humilhada, traída e largada para escanteio tantas vezes”, diz.

Ao mesmo tempo em que admitia ser dependente daquela situação, a menina questionava se o seu comportamento não era “só resultado de seu amor”, dúvida que passa pela cabeça da maioria das companheiras e que serve de justificativa para não procurarem ajuda.

“O que tentamos reforçar em nossos encontros é que o sentimento serve de muleta para o comportamento destrutivo”, explica Romina. Segundo ela, não é raro as mulheres mais experientes, que já passaram por outros relacionamentos, se darem conta de que seus namorados antigos também eram dependentes químicos ou tinham algum outro tipo de compulsão, como vício em sexo ou no trabalho.

“Nosso objetivo não é fazer com que elas abandonem seus companheiros. Mas, sim, com que procurem ajuda para si”, acrescenta Romina.

Os especialistas acreditam que a codependência não traz apenas danos às mulheres mas também pode influenciar, negativamente, no processo de recuperação do dependente químico.

“Por isso, é tão importante que o acompanhamento psicológico seja estendido à família do dependente. É só desta forma que o apoio familiar traz efeitos positivos”, afirma Camilla Magalhães, diretora e pesquisadora do Centro de Informações sobre o Álcool (Cisa).

“Por vezes, quando esta mulher toma para si o controle da situação, ela pode cobrar resultados, tornar o processo mais angustiante ou ainda minimizar a dependência do seu companheiro, todas consequências perigosas no tratamento de ambos.”

“Tudo na minha vida”

Se para o dependente de álcool uma taça de vinho pode ser encarada como uma forte tentação – e além de um motivo para a recaída – para o comportamento destrutivo da copendência se manifestar, define a administradora de empresa Adriana, 35 anos, é só ouvir a frase “por favor, me ajuda”.

Adriana é mãe de um garoto de 16 anos e, apesar da rotina apertada de mais de 14 horas de trabalho diário, achou espaço para “uma coleção de relacionamentos destrutivos em série com homens compulsivos.” Os favores pedidos pelas pessoas com quem ela se relaciona são suficientes para a administradora largar tudo que está fazendo – emprego, diversão, sono, filho – e tentar ajudar quem solicitou sua ajuda.



Seria apenas uma postura nobre e altruísta se, entre estas solicitações, não estivessem pedidos que agravam não só a dependência do parceiro, como colocam a própria pele destas mulheres em risco, conforme conta a professora do ensino primário, Angélica, 29 anos.

Escutar que são a razão da vida de seus namorados torna mais difícil negar o pedido por dinheiro, mesmo eu sabendo, lá no fundo, que o destino das notas é a cocaína. “É isso que também me faz buscá-lo altas horas da madrugada na boca de fumo, sabendo que eu posso virar a presa do traficante e até morrer. Semana passada, meu coração ficou partido. Fui buscar meu namorado na biqueira (ponto de tráfico) e no caminho encontrei um aluno meu. Eu estava exposta e expus aquela criança. É a minha carreira, sabe? É difícil saber que não consigo pensar em mim".

Violência

Além das súplicas e juras de amor, existe outro “ingrediente” que agrava a situação da codependência: a violência. Uma pesquisa realizada no ano passado pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) entrevistou 7 mil famílias de 108 cidades brasileiras e atestou que em quase metade (49,7%) dos núcleos familiares que vivenciaram agressões domésticas, o agressor estava embriagado.

Mas no caso dos dependentes químicos, daqueles que bebem de forma sistemática, existe uma situação pouco abordada. “Na maioria das vezes, é a ausência do álcool (ou de outra droga) que faz a violência se manifestar”, afirma a pesquisadora do Cisa, Camilla Magalhães.

“Oferecer a bebida ao parceiro pode significar trazer de volta a paz para casa. Já acompanhei várias companheiras de dependentes que declararam que o marido ou namorado fica mais romântico e bonzinho quando bebe (ou usa outra droga). Tudo isso pode interferir, ainda que de forma inconsciente, na relação dela com a abstinência dele.”

Tentando ser heroínas, elas podem acabar vilãs.

Os especialistas já estudaram a codependênica. A maior parte das portadoras, no entando, só porcura ajuda para o parceiro.

Só por hoje

Esta dificuldade em estabelecer limites, em se colocar em primeiro plano, em enxergar as próprias fraquezas escondidas na doença de seus amores faz com que as codependentes fiquem à margem de ajuda especializada, pesquisas e foco de atenção da família e dos amigos.

Os grupos de autoajuda acabam como único abrigo e um deles, os Codependentes Anônimos do Brasil (Coda), tem como lema o “só por hoje", tão salvador e utilizado na recuperação de alcoolistas e narcóticos. Nas reuniões anônimas dos codependentes, eles repetem ao final de cada encontro a frase: Só por hoje, eu sou a pessoa mais importante da minha vida”.

Romina Cerchiaro assimilou essa filosofia de vida que em nada tem relação com egoísmo. O desafio agora é encarar o frio na barriga, tão comum em cada nova paixão, como uma sensação natural. A paixão não precisa ser doença.

Como identificar

As perguntas a seguir servem para identificar possíveis padrões de codependência, definidos pelo Coda. Se você apresenta pelo menos dois deles, procure ajuda para conversar sobre isso.

Você se sente responsável por outra pessoa? Pelos sentimentos, pensamentos, necessidades, ações, escolhas, vontades, bem-estar e destino dela?
Você sente ansiedade, pena e culpa quando outras pessoas têm problemas?
Você se flagra constantemente dizendo "sim" quando quer dizer "não"?
Você vive tentando agradar os outros em vez de agradar a si?
Você vive tentando provar aos outros que é bom o suficiente? Você tem medo de errar?
Você vive buscando desesperadamente amor e aprovação? Você se sente inadequado?
Você tolera abuso para não perder o amor de outras pessoas?
Você sente vergonha da sua própria vida?
Você tem a tendência de repetir relacionamentos destrutivos?
Você se sente aprisionado em um relacionamento? Você tem medo de ficar só?
Você tem medo de expressar suas emoções de maneira aberta, honesta e apropriada?
Você acredita que se assim o fizer ninguém vai amá-lo?
O que você sente sobre mudar o seu comportamento? O que impede-lhe de mudar?
Você ignora os seus problemas ou finge que as circunstâncias não são tão ruins?
Você vive ajudando as pessoas a viverem? Acredita que elas não sabem viver sem você?
Tenta controlar eventos, situações e pessoas por meio de culpa, coação, ameaça, manipulação e conselhos, assegurando assim que as coisas aconteçam da maneira que você acha correta?
Você procura manter-se ocupado para não entrar em contato com a realidade?
Você sente que precisa fazer alguma coisa para sentir-se aceito e amado pelos outros?
Você tem dificuldade de identificar o que sente? Tem medo de entrar em contato com seus sentimentos como raiva, solidão e vergonha

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

O primeiro copo, cada vez mais cedo

Ele tinha 13 anos quando tomou o primeiro porre. “Foi numa festa da família. Há uma permissividade social de que em festa pode beber, de que é só uma batidinha, docinha. Só hoje sei que não pode nem isso”, conta a mãe de J., a dona de casa M. (nomes fictícios).

M. encarou o caso como fato isolado e passou alguns anos sem perceber alterações no comportamento do filho. “Mas aos 17 anos ele voltou a beber feio. Na verdade não sei se algum dia parou, porque a gente até ouve histórias de jovens levando bebida para a escola em garrafas de refrigerante.”

A mãe fez de tudo para ajudar o filho, colocou em escola pública, privada, pública de novo. “Ouvia dos professores que ele era um aluno brilhante, sempre teve boas notas, mas com tantas faltas e irresponsabilidade vieram as advertências, as chamadas à sala da diretoria e a reprovação.” J., que queria fazer gastronomia, depois turismo, administração e arquitetura, concluiu apenas o ensino médio - e no supletivo.

Aos 19 anos, trabalha, mas se envolveu com a maconha também. “É da turma da pichação, do skate. Acho que começou com a droga e o álcool para se enquadrar no grupo.” A mãe diz que o medo e a culpa a atormentam. “Meu segundo marido, não o pai de J., é alcoolista, está no Alcoólicos Anônimos e há cinco anos não bebe. Mas penso: será que ele influenciou meu filho, se não tivesse casado com ele, seria diferente? Se não tivesse mudado de escola teria sido melhor?” M. quer ver seu menino curado. “Minha esperança é que ele aceite ajuda, mas não tenho expectativa de que isso aconteça”, diz a dona de casa, que vive deixando folhetos do AA para o filho e sempre os encontra rasgados.

Os adolescentes ainda raramente são vistos numa reunião dos AA. Mas vem crescendo o número de jovens, com 20, 25 anos, à procura de ajuda nos grupos, segundo o coordenador de mídia da entidade na Grande São Paulo, Sílvio Magalhães. Antes, de acordo com ele, chegavam aos encontros na faixa dos 30 anos.

“E agora são pessoas muito jovens que começaram a beber cedo, aos 12, 13, 15 anos. O adolescente, nessa fase, ainda está bebendo sem a intenção de parar. Só vai procurar o AA mais tarde”, afirma o coordenador.

O Estado de São Paulo tem cerca de 400 grupos de AA, sendo 210 na Capital. “Os jovens entre 20 e 25 anos já representam entre 3% e 5% dos frequentadores. Um número que, há uns dez anos, não chegava a 1%.” Magalhães aponta a facilidade de acesso ao álcool como um dos principais fatores para essa mudança. No dia 19 de novembro entrou em vigor a Lei Antiálcool no Estado, justamente para apertar a fiscalização da venda de bebidas a menores de 18 anos e punir os comerciantes infratores.

“Mas não é só a compra fácil. Há a questão do comportamento: antes se bebia escondido, sozinho, agora os adolescentes se juntam para beber e consomem muito, muito mesmo de uma vez só.”

Binge

Fato comprovado por uma pesquisa divulgada no ano passado pelo Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas (Cebrid), da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). O estudo, feito com 2.691 estudantes de escolas privadas entre 14 e 19 anos da capital paulista, mostrou alta incidência de uma prática chamada pelos americanos de binge drinking (a ingestão de pelo menos cinco doses de bebida alcoólica ou mais num mesmo evento).

Dos entrevistados, 34,5% relataram ter feito binge nos 30 dias que antecederam a pesquisa, divulgada em 2010. “Não são alcoolistas que bebem todos os dias. Pode ser uma vez por semana, até menos, mas quando se encontram para beber, consomem grandes quantidades”, afirma a pesquisadora do Cebrid, Zila Van Der Meer Sanchez.

Tolerância

Segundo a autora da pesquisa, quanto maior a renda, maior é o consumo também. “É uma questão cultural, uma sensação de onipotência, de que pode encher a cara e nada vai acontecer.” De acordo com Zila, a maior parte relatou que o primeiro consumo de álcool ocorreu em casa. “Às vezes incentivado ou tolerado pela família. Vale lembrar que fiscalização é importante, mas o papel familiar também é fundamental na prevenção do consumo de álcool por adolescentes.”

A pesquisadora ressalta que, quanto mais cedo o adolescente começa a beber, maior é a chance de ele se tornar dependente e maior é o risco dos episódios de binge. “Sob o efeito do binge – cinco latas de cerveja, cinco ices ou mais, por exemplo –, o adolescente pratica atividades de risco, como o sexo desprotegido ou a direção de veículos sem carteira, comportamentos que não teria se não estivesse com a percepção de risco diminuída pelo álcool.”

Timidez

A psiquiatra da infância e adolescência Jackeline Giusti, do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas, lembra que, para muitos, beber bastante antes da balada, ou para se firmar num grupo, tem se tornado uma prática comum. “Principalmente para os mais tímidos a bebida dá coragem para dançar, chegar numa menina”, explica Jackeline.

Ela ressalta que a primeira experimentação de bebidas alcoólicas tem acontecido muito cedo, em torno de 11 ou 12 anos. “É um organismo em desenvolvimento, podem ocorrer problemas no sistema nervoso central pelo consumo do álcool, um déficit cognitivo. E, além do aspecto físico, prejudica o desenvolvimento social também”, afirma a psiquiatra.

Segundo a especialista, é na adolescência que rapazes e garotas experimentam os grupos, para ver onde se encaixam, experimentam para ter as próprias opiniões, escolher uma profissão, por exemplo. “Se o álcool é experimentado nessa fase, e eles costumam consumir grandes quantidades, a percepção do grupo é outra, o adolescente deixa de participar de coisas legais, como os esportes, começa a repetir de ano, a não saber o que fazer na faculdade, não desenvolver relações afetivas mais sérias.”

Fiscalização

Jackeline acredita que medidas contra a venda de bebidas alcoólicas para menores de 18 anos são válidas. “É importante até para a conscientização, não só do comerciante, mas dos adolescentes, dos pais, da população em geral.” Ela alerta para a necessidade de os pais “darem o exemplo”. “Os filhos podem pensar, por exemplo, se meu pai me deixou beber um pouquinho em casa, por que não posso beber com meus amigos?”
Fonte:ABEAD(Associação Brasileira de Estudos do Álcool e outras Drogas)

´O crack é diferente de tudo`, diz pesquisador

Para coordenador de instituto, venda pulverizada e alto índice de revendedores-consumidores tornam cadeia de venda da droga letal

"Os profissionais da área de saúde e os funcionários de clínicas estão atônitos. O crack é diferentes de todas as outras drogas que conhecemos”. A frase é do do coordenador do Instituto Minas pela Paz e coordenador do Centro de Estudos e Pesquisa em segurança pública da PUC Minas, Dr. Flávio Sapori.

Flávio Sapori é um dos palestrantes do “1º Simpósio Sulamericano de política sobre Drogas: crack e cenários urbanos”, que acontece em Belo Horizonte até sábado e discute os problemas do impacto do consumo de crack na segurança e na saúde pública, a descriminalização de drogas, e as experiências sobre o assunto na América do Sul.

Sapori coordena uma pesquisa que é feita desde dezembro de 2008 sobre o impacto do consumo e venda de droga na região metropolitana de Belo Horizonte.

A pesquisa, que deve ser lançada em agosto desse ano, está na fase de análise dos resultados e entrevistas coletadas, mas já apontam algumas tendências em relação à venda e consumo de crack: o crack, que predomina nas camadas mais pobres e jovens, já atinge as classes mais ricas e os adultos; a chegada do crack coincide com o aumento nos índices de homicídios em muitas regiões metropolitanas; o comércio e o usuário do crack são diferentes do que o de outras drogas; e os índices de violência gerados pelo crack se deve, principalmente, ao comércio da droga e não pelo efeito que ela gera no viciado.

“O crack tem um comércio mais conflituoso que o da cocaína e da maconha. A estrutura da venda tem formas diferentes. O varejo é muito mais pulverizado. Ele é realizado por quadrilhas de jovens. O comércio do crack tem revendedores terceirizados, algo que não vemos na cocaína. O gerente da boca passa a droga para os agentes de revenda, que terceirizam a venda para espécies de free-lancers. É uma cadeia muito fragmentada“, afirma Sapori.

Segundo o pesquisador, é essa venda pulverizada e o alto índice de ´revendedores-consumidores` que acaba tornado a cadeia de venda da droga tão letal. “O vendedor-usuário do crack acaba uma hora ou outra se tornando um devedor. E nessa cadeia, se alguém deve alguma coisa, essa dívida se reproduz nos outros setores de venda. Um vai devendo para o outro. E aí, se ele não paga, não se pode procurar o Procon. É quando entra a força física, a arma de fogo e as mortes. E essa cadeia de venda vira uma cadeia de mortes e de violência”.

O estudo é resultado de entrevistas com cerca de 10 policiais, 20 ´comerciantes` de crack, 20 profissionais de clínicas de reabilitação e 40 usuários de crack. Segundo o professor, a pesquisa, que conta com o apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico CNPq, revela o quanto a situação é grave e precisa de ações rápidas dos governantes. “As medidas precisam ser tomadas já. Os candidatos à Presidência e governadores precisam se posicionar sobre o tema. Estamos vendo que é preciso ser feito algo logo. Ainda há tempo”, afirma.
Fonte:ABEAD(Associação Brasileira de Estudos do Álcool e outras Drogas)

Crack está substituindo álcool nas pequenas cidades

Um recente estudo realizado pela Confederação Nacional dos Municípios (CNM) aponta um dado preocupante. De acordo com a pesquisa, o crack está substituindo o álcool nos municípios de pequeno porte e áreas rurais.

Dados informam que dentre os 4,4 mil municípios pesquisados, 63,7% enfrentam problemas na área da Saúde por causa da circulação da droga.

Na Segurança e na Assistência Social, 58,5% e 44,6% dos Municípios relataram problemas preocupantes por causa do crack e outras drogas.”Verificamos que o uso de crack se alastrou por todas as camadas da sociedade, a droga que, em princípio, era consumida por pessoas de baixa renda, disseminou-se por todas as classes sociais”, aponta a pesquisa.

O relatório mostra que 63,7% dos municípios enfrentam problemas na área da saúde devido à circulação da droga. A fragilidade da rede de atenção básica aos usuários, a falta de leitos para a internação, o espaço físico inadequado, a carência na disponibilidade de remédios e a ausência de profissionais especializados na área da dependência química são os principais entraves apontados pelos gestores municipais. De acordo com a pesquisa, um dos grandes problemas é a falta de controle das fronteiras do país.

Insumos

Outro fator relevante, segundo o CNM, é o papel que as indústrias produtoras de insumos utilizados para o preparo do crack desempenham. “A grande questão é a fiscalização da venda desses produtos, que atualmente é feita de maneira insuficiente.”
Fonte:ABEAD(Associação Brasileira de Estudos do Álcool e outras Drogas)

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Tabaco e álcool têm relação direta com o surgimento de novos casos de câncer

No início do século, a expectativa média de vida no Brasil girava em torno dos 33 anos. Hoje, segundo alerta o oncologista Marcos Davi, esse índice chega aos 73 anos.

“Hoje, o brasileiro vive mais. O problema é que vive mau”, analisa o coordenador do Serviço de Radioterapia da Santa Casa de Maceió, lembrando o caso do ex-presidente Lula, que recentemente foi diagnosticado com câncer de laringe após décadas de consumo de bebidas alcoólicas e de tabaco.

A vida moderna, o sedentarismo, o consumo intenso de gordura animal e de açúcar, além da fatal conjugação bebida alcoólica e fumo são os principais riscos enfrentados pela sociedade. Esses fatores de risco, aliados ao envelhecimento da população, disseminam as doenças crônico-degenerativas, entre elas o câncer.

Segundo a Organização Mundial de Saúde, o câncer é o problema que mais preocupa os médicos, já que em 2015 ele será a principal causa de morte por doença no mundo, superando as doenças cardiovasculares.

Em 2011 devem ser diagnosticados 12 milhões de casos novos de câncer em todo o mundo, dos quais 500 mil casos somente no Brasil e entre 3,,5 mil e 4 mil em Alagoas.

“Se nada for feito, se as pessoas não mudarem seus hábitos de vida, em 2020 o mundo deverá estar pronto para tratar 20 milhões de pacientes com câncer, ou seja, quase o dobro”, alerta Marcos Davi no Dia Nacional de Combate ao Câncer celebrado neste domingo.
Fonte:ABEAD(Associação Brasileira de Estudos do Álcool e outras Drogas)

Uso da Maconha e o risco da Esquizofrenia

(mais uma pesquisa científica sobre os males da maconha)

Fumar maconha pode levar a uma perda de volume cerebral em indivíduos em risco de desenvolver esquizofrenia, mostra pesquisa publicada este mês pela revista científica British Journal of Psychiatry.

O estudo, coordenado pelo médico Killian A. Welch, da Universidade de Edimburgo, comparou “as mudanças estruturais no tálamo e na amígdala-hipocampo ao longo do tempo em 57 pessoas com idade entre 16 e 25 anos que estavam bem, mas que tinham um forte histórico familiar de esquizofrenia.Cada uma das pessoas passou por uma avaliação completa, incluindo um exame de ressonância magnética. Dois anos mais tarde, cada um deles retornou para outra ressonância magnética e responderam a perguntas sobre o uso de drogas ilícitas, inclusive a maconha, bem como seu uso de álcool e tabaco no período entre os exames.Dos 57 participantes, 25 tinham usado maconha entre as duas avaliações.”

Concluiu a pesquisa: “Os pesquisadores descobriram que os participantes que tinham usado maconha mostraram redução do seu volume talâmico que foi significativo no lado esquerdo do tálamo (F = 4,47, P = 0,04), e altamente significativos à direita (F = 7,66; P = 0,008). No entanto não se observou nenhuma perda de volume do tálamo naqueles que não fizeram uso de maconha durante o período de 2 anos.”

Em entrevista ao site Medscape Medical News, afirmou o autor da pesquisa , dr. Kilian Welch:
“Já é aceito pela maioria dos psiquiatras que fumar maconha aumenta o risco de psicose no indivíduo, e mais especificamente a esquizofrenia .Este é o primeiro estudo longitudinal a mostrar que o consumo de cannabis por indivíduos com risco aumentado de esquizofrenia resulta em desenvolvimento cerebral de maneira diferente daquela como se desenvolve se não usar a droga,” observou o Dr. Welch.

“Estas são pessoas que estão bem, não são psicóticos, em quem o uso da droga está associado à perda de volume em uma estrutura cerebral crítica. A explicação mais provável para isso, claramente, é que a exposição ao cannabis está causando essas anormalidades de desenvolvimento do cérebro “, enfatiza o pesquisador.

“O tálamo é uma estrutura cerebral muito importante, que age como um processador de informações e como estação de retransmissão para o cérebro”, ele explica. “Dado esse papel de interligação entre as diversas regiões do cérebro, qualquer coisa que afete sua estrutura e, supõe-se conseqüentemente, a sua função, seria de se esperar por consequências generalizadas e potencialmente devastadoras".

terça-feira, 22 de novembro de 2011

Brasileiros consomem até 1 tonelada de crack por dia

Produzido até na Amazônia e com métodos rudimentares de refino e distribuição, o crack já consolidou no Brasil uma indústria que movimenta diariamente R$ 20 milhões.

Estimativas da Comissão de Segurança da Câmara dos Deputados e da Polícia Federal indicam que os brasileiros consomem, todos os dias, entre 800 quilos e 1,2 tonelada da "pedra", a droga ilícita campeã em mortes rápidas e no flagelo da degradação familiar.

Os números são conservadores e consideram o universo de 1,2 milhão de usuários de crack no país. Para consolidar pela primeira vez os dados do giro financeiro da pasta-base de cocaína misturada ao bicarbonato de sódio, os especialistas levaram em conta um consumo diário, por usuário, de quatro pedras, sendo que cada uma delas vale R$ 5 em bocas de fumo e "cracolândias" espalhadas nas capitais do Brasil. Porém, as ruas e a experiência das clínicas de recuperação mostram que o dependente só para de fumar quando termina o dinheiro ou quando ele atingiu o esgotamento, o que pode ocorrer depois da 20 dose.

Bruno, nome fictício, de 14 anos, trafica crack e maconha em Brasília para sustentar o vício. Na noite da última quarta-feira, ele contou ao GLOBO que não sabe quantas pedras fuma por dia. Depende do dinheiro no bolso e de quanto arrecada dos outros usuários, estes representantes da classe média da capital federal.

— Com dinheiro, não paro de fumar, moço. Isso aqui fica impregnado! Só paro quando acaba o dinheiro. Se dá, fumo mais de dez pedra (sic), com certeza — disse, sozinho, agachado em um canto de beco na Asa Sul, área de classe média de Brasília.

O relatório preliminar do levantamento produzido pela Comissão de Segurança da Câmara, com o apoio da Federação Nacional dos Policiais Federais e do SindiReceita, indica que um quilo de pasta-base de cocaína produz quatro quilos de crack. E um quilo de crack fabrica quatro mil pedras, cada uma com 240 miligramas, em média.

O levantamento também acaba com a falsa ideia de que o crack é uma droga barata. Não existe consumo de uma pedra. Há, sim, a dependência de cinco, dez pedras diárias, o que significa que nenhum usuário gasta, por dia, menos de R$ 25.

De acordo com o psiquiatra Pablo Roig, diretor da Clínica Greewood, especializada em dependência química, o resultado é que seis entre cada dez usuários de crack cometem algum tipo de crime para obter a droga. Desde o tráfico até o latrocínio, sem contar o recurso mais recorrente: a prostituição.

— Aí, você pensa no custo social. Falando de mais de um milhão de usuários, podemos pensar que temos potencialmente 600 mil criminosos em função da dependência da droga. Imagina o custo que isso tem para a sociedade. O custo social é altíssimo — diz Roig.
Fonte:ABEAD(Associação Brasileira de Estudos do Álcool e outras Drogas)

Vilão do câncer de pulmão, fumo pode matar 10 milhões em 2020

Considerado pela comunidade médica uma doença gravíssima, o tabagismo atinge cerca de 1,3 bilhão de pessoas em todo o mundo, que consomem em média mais de 15 bilhões de cigarros diariamente.

Neste 16 de novembro comemorou-se o Dia contra o Tabaco e, mais uma vez, autoridades e entidades concentraram seus esforços em campanhas de combate ao fumo e conscientização.

A lei antifumo, que proíbe o fumo em locais fechados, é apoiada pela Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) e representa a última novidade no combate em massa ao cigarro. A lei provocou, dois anos após a ser sancionada, uma diminuição de 73% dos níveis de monóxido de carbono, segundo estudo do Instituto do Coração (Incor). Acredita-se que esta medida deva reduzir drasticamente o número de fumantes e, consequentemente, o número de doenças causadas por este vício, além de contribuir para uma maior conscientização da população sobre os males do tabaco.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), atualmente cinco milhões de pessoas morrem vítimas de doenças relacionadas ao tabagismo e a estimativa é que esse número dobre em 2020, causando 10 milhões de mortes. Para Selmo Minucelli, oncologista do Frischmann Aisengar, o cigarro chega a matar hoje, nos países em desenvolvimento, mais que a soma de outras causas evitáveis de morte, tais como a cocaína, heroína, álcool, incêndios, suicídios e AIDS.

A causa mais comum de morte por câncer nos Estados Unidos e no mundo é o câncer de pulmão. No Brasil, o câncer de pulmão também é a primeira causa de morte por câncer em homens e a segunda em mulheres e o mais importante fator de risco para o desenvolvimento do câncer de pulmão, segundo especialistas, é o consumo de tabaco.

Estudos apontam como outros fatores de risco para o câncer de pulmão exposição ao asbesto, fumo passivo (conviver com fumantes), gás radioativo radônio, poluição do ar, assim como infecções pulmonares de repetição, predisposição genética, dentre outros.

O câncer de pulmão já instalado apresenta uma série de sintomas, mas o principal problema é que muitos deles só aparecem quando a doença já está numa fase avançada. Sintomas como tosse persistente ou de intensidade crescente, dor no peito constante, escarro com sangue, perda de fôlego, chiado ou rouquidão, pneumonia ou bronquite recorrente, inchaço em face e pescoço, perda do apetite ou perda de peso e cansaço costumam indicar a doença.

Autoridades de saúde em todo mundo frisam que o combate ao tabagismo seria a estratégia primordial para a prevenção do câncer de pulmão. As principais ações seriam impedir que pessoas iniciem o vício e ajudar os fumantes a abandonar o tabagismo.

A lista de doenças provocadas pelo cigarro é grande: além do câncer que afeta o pulmão, vários outros tipos como o que compromete rim, laringe, cabeça, pescoço, bexiga, esôfago, pâncreas e estômago são os mais observados pelos médicos. Além de leucemia, problemas congênitos, impotência e uma série de outras doenças.

Avanços recentes no Brasil:

Uma breve pesquisa no site do Ministério da Saúde e do portal Lei Antifumo do estado de São Paulo mostra que:

* Entre 2005 e 2010, foram investidos R$86,2 milhões no tratamento de fumantes;
* De 2006 a 2010, a proporção de fumantes acima dos 18 anos caiu de 16,2% para 15,1%;
* Em 2010, 30% dos atendidos pelo SUS tinham entre 20 e 29 anos, e 42% tinham o ensino médio completo. Ainda, 78% das pessoas que buscaram atendimento conheceram a Ouvidoria do SUS por meio dos maços de cigarro;
* Nos últimos cinco anos, a queda mais consistente foi no sexo masculino, de 20,2% para 11,7%, enquanto entre as mulheres o índice se manteve estável em 12,7%.

Fonte:ABEAD(Associação Brasileira de Estudos do Álcool e outras Drogas)

Filhos do crack nascem com má formação e crise de abstinência

Em Araraquara, estudo do médico Valter Curi Rodrigues revela as consequências do uso da droga durante a gestação
Por Marco Antonio dos Santos

Na Maternidade da Santa Casa de Araraquara, repousa em uma incubadora um menino com três meses de vida, filho de dois usuários de crack.

A criança nasceu prematura, ainda no sexto mês de gestação, pesando 900 gramas. O peso ideal para um recém-nascido, em gestação normal, é três quilos. Não bastasse estar fora do peso, a criança é cega de um olho, possível consequência da gravidez embalada pela fumaça da droga inalada pela mãe.

Quando os médicos revelaram a frágil saúde de menino, os pais preferiram trocar acusações sobre quem dos dois tinha fumado mais crack durante a gravidez.

Quem revela o caso é o coordenador do curso de Medicina do Centro Universitário de Araraquara (Uniara), Valter Curi Rodrigues, que revela que o drama vivido pelo recém-nascido não é inédito na cidade. "Este ano, fizemos os partos de três crianças filhas de mães usuárias de crack e todas apresentam comprometimento de saúde", diz.

Especialista em pesquisa genética, Rodrigues estuda os efeitos de drogas pesadas como cocaína e crack sobre a gestação. Segundo o médico, como tudo o que a gestante consome é transmitido para o bebê, os efeitos da droga também passam para a criança. "Cocaína e crack são aceleradores do metabolismo e aumentam a pressão sanguínea, mas imagine o estrago disto em bebês que nem estão com o sistema circulatório pronto."

Observação comprovada em crianças nascidas em Araraquara mostram que os filhos de usuários sofrem de microcefalia, alterações no sistema nervoso, degeneração ocular e cardiopatia congênita, também apresentada em filhos de alcoólatras. "As crianças desenvolvem síndrome de abstinência fetal. Elas se tornam viciadas nos entorpecentes consumidos pelas mães", garante. Isso significa que têm tremores contínuos e convulsão por falta da droga.

Na fase adulta, estas crianças são propensas a ter distúrbio de atenção, como hiperatividade. E, quando os entorpecentes não provocam má formação do feto, podem acelerar as contrações e causar aborto, explica o médico.

Em uma discussão polêmica, o médico defende a esterilização de dependentes da droga. "Uma jovem de 25 anos teve três filhos, todos com problemas, mas, por lei, não podemos ligar as trompas. Quantas crianças assim ela ainda vai gerar?", questiona.

Crianças têm distúrbio de atenção

A psicopedagoga Maria Carla Rodrigues Pereira trabalha diariamente com filhos de usários de drogas no Jardim das Hortênsias, Região Sudeste de Araraquara, e relata situações preocupantes. "As crianças são agitadas e não conseguem se concentrar em nenhuma atividade", revela a educadora.

O que mais impressiona Maria Carla são os relatos das crianças que assistem aos pais entorpecerem-se na frente delas com bebidas alcoólicas ou com crack. "Chegam a oferecer para os filhos e convidá-los para consumir junto."

Segundo a psicopedagoga, a maioria destas crianças abandona as escolas devido aos problemas que enfrentam em casa, tornando seu futuro ainda mais incerto.

Nove em cada dez pessoas internadas em clínicas de reabilitação em Araraquara são usuárias de crack. Os outros 10% dividem-se entre álcool, cocaína e óxi

Análise

Droga é o maior desafio dos conselheiros tutelares

"O maior problema que enfrentamos são os casos de crianças e adolescentes que vivem com pais que são usuários de drogas, em especial o crack. A gente recebe a denúncia, averígua e, se for o caso, leva os filhos para um abrigo. O mais importante é não revelar onde fica este lugar para evitar que os pais tentem recuperá-los. Eles podem exigir a devolução dos filhos, mas nem sempre têm condição psicológica. Tivemos um caso de uma mãe que fumou crack na gravidez. Quando a criança nasceu, o Conselho interveio, tirou a guarda da criança dela e entregou para uma avó. Hoje, ela faz tratamento e, se provar que está recuperada e não vai ter recaída, terá a guarda de volta. Mas tudo isto é feito com acompanhamento de assistente social, psicóloga e médico. Nossa maior preocupação é voltada para os filhos, para que eles não sejam afetados psicologicamente pelos lares sem estrutura familiar adequada. E este problema aumenta a cada dia para todos os Conselhos."

Manoel Novaes
Conselheiro tutelar

Casos são impressionantes

Há duas semanas, quando foi visitar seu filho recém-nascido na maternidade, o presidente do Conselho Municipal Antidrogas (Comad), Márcio William Servino, presenciou uma usuária de crack entregar para doação a criança que tinha acabado de ter. "Realmente, a situação está ficando cada vez mais triste."

Em Américo Brasiliense, a assistente social, Walkiria do Amaral trabalha em um abrigo para crianças onde quatro dos 11 meninos acolhidos vêm de famílias de usuários de drogas. "Dois têm chance de serem reintegrados às famílias, mas os outros dois, infelizmente, terão de ir para a adoção."

O delegado da Delegacia de Investigações sobre Entorpecentes (Dise), Gerson Matiolli enxerga piora no quadro. "Estes dias flagrei uma menina com crack ao lado da filha de 2 anos, é muito triste."

Efeitos do crack nos bebês

- Tremores
- Má formação
- Metabolismo acelerado
- Aumento da pressão sanguínea
- Microcefalia
- Degeneração ocular
- Cardiopatia congênita
- Convulsão
- Hiperatividade
- Déficit de atenção

* As contrações durante a gestação também podem causar aborto
Fonte:UNIAD - Unidade de Pesquisa em Álcool e Drogas
Voltar

Afastamento por dependência cresce 23%

O uso de álcool e drogas afasta cada vez mais brasileiros do trabalho. Entre janeiro e setembro deste ano, 31,8 mil pessoas tiraram licença por “dependência química”, 23% a mais do que no ano passado, segundo o Ministério da Previdência.

Isso significa que, a cada mês, 3,5 mil pessoas são afastadas de seus empregos.

No ranking das substâncias que mais causam afastamento de profissionais no país, o álcool aparece disparado em primeiro lugar: 80% das licenças concedidas pela Previdência são causadas por alcoolismo. A conta inclui também pessoas que utilizam álcool e outras drogas.

Em segundo lugar vem a cocaína, que responde por 17% dos afastamentos. No Brasil, de acordo com estimativa da Abead (Associação Brasileira de Estudo do Álcool e Outras Drogas), 10% da população (cerca de 19 milhões) são dependentes de álcool. Em média, 32 mil mortes por ano estão relacionadas à doenças causadas pelo alcoolismo.

Para a psiquiatra Camila Magalhães, coordenadora do Cisa (Centro de Informações sobre Saúde e Álcool), o aumento de licenças não significa um crescimento no consumo de drogas, mas uma quebra de paradigmas nas empresas. “Hoje, em vez das empresas mandarem os funcionários embora por esse problema, preferem tratá-los.”

Camila Magalhães diz que o vínculo trabalhista depois do tratamento também facilita na recuperação. “A possibilidade de recaída é 40% maior quando a pessoa abandona o trabalho para se tratar”, afirma.
Fonte:ABEAD(Associação Brasileira de Estudos do Álcool e outras Drogas)

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Veja como pode ficar seu rosto por álcool, cigarro ou açúcar






Os cuidados com a pele vão além dos tratamentos estéticos e cremes de beleza. Bebidas alcoólicas, fumo e excesso de açúcar podem causar estragos também.


Fumar diminui a quantidade de colágeno e elastina da pele e evidencia as rugas. O fumo causa manchas nos dentes, doenças nas gengivas e perda dos dentes. De acordo especialistas, 42% dos fumantes acima dos 60 anos perdem todos os dentes, por causa do fumo. Veja a foto.


Uma dieta rica em açúcar e alto índice glicêmico pode levar a glicação - modificação da estrutura de sustentação da pele - na pele, o que diminui a flexibilidade e elasticidade da pele, segundo especialistas. O rosto enruga mais e fica mais flácido. Os contornos das maçãs do rosto e do queixo se confundem porque o açúcar cria uma resposta inflamatória na pele. Veja a foto.


De acordo com especialistas, beber provoca o alargamento dos vasos sanguíneos, perda do tom da pele e desidratação - que pode levar à palidez, o aprofundamento das rugas e ao ressecamento. Quem bebe muito fica deficiente em vitamina A, essencial para a formação de colágeno e elastina. Veja a foto.

Fonte:ABEAD(Associação Brasileira de Estudos do Álcool e outras Drogas)

Narguilê é tão prejudicial quanto o cigarro, diz pesquisa

Ao menos no Canadá, muitos jovens parecem acreditar que narguilês e outros cachimbos de água são mais seguros que cigarros, dizem alguns pesquisadores.

Para um estudo que aparece na edição atual do jornal Pediatrics, cientistas em Montreal enviaram questionários, em 2007 e 2008, a 1.208 pessoas com idades entre 18 e 24 anos que haviam participado de um estudo anterior sobre uso de nicotina por adolescentes. Três quartos responderam os questionários.

Daqueles, 23% afirmaram ter fumado tabaco num cachimbo de água durante o ano anterior, embora a maioria tenha dito que o fez menos de uma vez por mês. Nos Estados Unidos, estudos com alunos universitários estimaram que de 9 a 20% haviam usado narguilê no mês anterior.

A autora sênior do artigo, Jennifer O´Loughlin, professora de epidemiologia da Universidade de Montreal, disse haver diversos mitos, bastante disseminados, de que os cachimbos de água seriam mais seguros que cigarros.

"Um mito diz que, como a textura é mais suave, ele seria menos tóxico, e que a água filtra as toxinas", disse O´Loughlin. "Isso não é totalmente válido". Na verdade, segundo ela, os cachimbos podem expor os fumantes a quantidades ainda maiores de nicotina e metais pesados do que os cigarros.
Fonte:Olhar Direto/ABEAD(Associação Brasileira de Estudos do Álcool e outras Drogas)

Mulheres fumantes chegam à menopausa mais cedo

Mulheres fumantes chegam à menopausa alguns anos antes das não-fumantes, de acordo com estudo. Segundo a Reuters, a pesquisa, publicada na revista Menopause próxima ao Dia Mundial da Menopausa (18), também relaciona o consumo de cigarro com maiores riscos de doenças nos ossos e coração.

O estudo observou dados de diversas pesquisas anteriores com mais de seis mil mulheres dos Estados Unidos, Polônia, Turquia e Irã.

Mulheres que não fumavam atingiam a menopausa entre 46 e 51 anos, enquanto as fumantes chegavam ao período entre os 43 e os 50 anos.

Durante a menopausa o ovário feminino para de produzir óvulos e não é mais possível engravidar. Os pesquisadores analisaram outros estudos realizados com um grupo de mulheres com idade entre 50 e 51 anos para identificar as que entraram na menopausa mais cedo e mais tarde. 43% das mulheres que fumavam estavam mais propensas a entrar na menopausa mais cedo.

De acordo com Volodymyr Dvornyk, pesquisador da Universidade de Hong Kong, há um consenso de que mulheres que entram cedo na menopausa têm mais riscos de desenvolver problemas de saúde como osteoporose, doenças cardiovasculares, diabetes, obesidade, Mal de Alzheimer e outras.

Mas entrar na menopausa tarde também pode estar ligado a outros problemas de saúde, visto que o risco de câncer de mama aumenta já que a mulher está há mais tempo exposta ao estrogênio.
Autor:
OBID Fonte: Uol Ciência e Saúde

Pesquisador compara o avanço do crack com o da Aids há 25 anos

Globo News
Francisco Inácio destaca complexidade da droga, mas diz que esse não é um problema para o qual não existem alternativas. Em Pernambuco, o governo trabalha para coibir tráfico no sertão.

O governo não tem estatísticas, mas os sinais o avanço do crack no interior do país estão por toda parte: nos números de internação, no aumento da violência e da repressão policial. Petrolina, no sertão de Pernambuco, faz parte de uma região conhecida como polígono da maconha. Mas a droga vem perdendo espaço para o crack e forçando ações coordenadas entre autoridades dos estados do Nordeste. Em Sobral, no Ceará, o número de crimes envolvendo usuários de crack aumentou mais de 100%.

O pesquisador da Fiocruz Francisco Inácio trabalha há 25 anos com Aids entre usuários de droga e reconhece que a situação do avanço do crack é grave. Ele lembra que, há 25 anos atrás, se dizia que o Brasil não conseguiria controlar o avanço da Aids, mas conseguimos. “Esse é um problema inegavelmente complexo pelas próprias características da substância. Mas não é um problema para o qual não existem alternativas”. O pesquisador destaca que é importante as comunidades se unirem e não pensarem em alternativas isoladas.
Fonte:ABEAD(Associação Brasileira de Estudos do Álcool e outras Drogas)

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Bebida é porta de entrada para outras drogas

Diário do Grande ABC
A facilidade na compra, a publicidade em excesso e o preço baixo são alguns dos motivos apontados por especialistas para o álcool ser a porta de entrada ao mundo da dependência.

Segundo levantamento da Associação Brasileira de Psiquiatria, cerca de 12% dos brasileiros são dependentes de álcool. Segundo a psiquiatra Ana Cecília Marques, da Universidade Federal de São Paulo, para esse numero cair é necessário criar política pública para combater os males provocados na sociedade devido à ingestão sem qualquer tipo de alerta sobre os seus malefícios.

"Não dá para aceitar o jogador de futebol famoso fazendo propaganda de bebida alcoólica. É necessário criar instrumentos para proibir esse tipo de atitude, como foi criado contra o tabaco. O álcool é a porta de entrada para as outras drogas", comenta. Outro fator importante lembrado pela psiquiatra é a falta de campanha que alerte sobre a gravidade dos problemas de saúde que a bebida pode trazer, além do controle na venda. "Apenas no Carnaval vimos alguma coisa."

O dependente alcoólico André, 27 anos, é um dos que concorda com a restrição na comercialização. "O meu caso foi esse mesmo, pois comprava pinga e outras bebidas sem o menor problema", comenta. Os deputados estaduais paulistas aprovaram lei, em setembro, que restringe e penaliza quem vender bebidas para menores de idade. A multa poderá chegar a R$ 87,2 mil e o estabelecimento ser fechado.

A nova regra aguarda a sanção do governador Geraldo Alckmin (PSDB). Essa é uma das medidas que fazem parte do plano de combate ao álcool na infância e adolescência criado pelo governo estadual. "O álcool precisa parar de ser visto como droga inofensiva. No crack, os efeitos são rápidos, mas as bebidas alcoólicas também trazem resultado devastador ao longo do tempo", finaliza a psiquiatra.
Fonte:ABEAD(Associação Brasileira de Estudos do Álcool e outras Drogas)

Saiba como o álcool afeta seu corpo

BBC Brasil
Os efeitos do consumo do álcool a curto prazo são conhecidos: ressacas, cansaço, má aparência.

A longo prazo, a ingestão da substância está associada a várias condições, entre elas o câncer da mama, câncer oral, doenças cardíacas, derrames e cirrose hepática, entre outras.

Pesquisas também associaram o consumo de álcool em doses elevadas à problemas de saúde mental, perda de memória e diminuição da fertilidade.

Entretanto, estudos também concluíram que, ingerida com moderação, a substância pode ter um efeito benéfico, ajudando a proteger o coração ao elevar os índices de bom colesterol no organismo e impedir a formação de coágulos sanguíneos.

As mensagens são contraditórias, levando especialistas ouvidos pela BBC a recomendar que as autoridades sejam mais claras em suas campanhas de conscientização.

Não existe nível absolutamente seguro de consumo de álcool, dizem. Mas se você quer beber, não exceda 21 unidades por semana para homens e 14 unidades por semana para mulheres.

Problemas Cardíacos e Câncer

O consumo excessivo, especialmente a longo prazo, pode resultar em pressão alta, cardiomiopatia alcoólica, falência cardíaca e derrames, além de aumentar a circulação de gorduras no organismo.

As associações entre o consumo de álcool e o câncer também são bastante conhecidas.

Um estudo publicado no British Medical Journal no ano passado concluiu que o consumo de álcool provoca pelo menos 13 mil casos de câncer por ano na Grã-Bretanha, nove mil em homens e quatro mil em mulheres.

O efeito negativo do álcool para a saúde em geral pode estar associado a uma substância conhecida como acetaldeído - produto em que o álcool é transformado após ser digerido pelo organismo.

Essa substância é tóxica e experimentos demonstraram que ela danifica o DNA.

O cientista KJ Patel, que trabalha no laboratório de biologia molecular do Medical Research Council, na Grã-Bretanha, vem pesquisando os efeitos tóxicos do álcool.

"Não há a ocorrência de uma célula cancerosa a não ser que o DNA seja alterado. Quando você bebe, o acetaldeído está corrompendo o DNA da vida e colocando você no caminho para o câncer".

Imunidade e Fertilidade

Um relatório publicado recentemente na revista científica Bio Med Central (BMC) Innunology revelou que o álcool afeta a capacidade do organismo de combater infecções virais.

E estudos sobre fertilidade indicam que mesmo o consumo moderado da substância diminui a probabilidade de uma mulher conceber. Nos homens, o consumo excessivo diminui a qualidade e quantidade de esperma.

KJ Patel acaba de completar uma investigação sobre os efeitos tóxicos do álcool sobre ratos.

Seu estudo indica que uma única dose excessiva de álcool durante a gravidez pode ser suficiente para provocar danos permanentes sobre o genoma do feto.

A Síndrome Alcoólica Fetal, segundo Patel, "pode resultar em crianças com danos sérios, nascidas com anomalias na cabeça e face e com deficiências mentais".

Fígado

O médico Nick Sheron, que comanda a unidade de fígado do Southampton General Hospital, na Inglaterra, disse que os mecanismos por meio dos quais o álcool prejudica o organismo não são claros.

"A toxicidade do álcool é complexa, mas sabemos que há um relacionamento próximo e claro".

Quanto maior a ingestão semanal, maior o dano ao fígado e esse efeito aumenta exponencialmente em alguém que bebe de seis a oito garrafas de vinho - ou acima disso - nesse período.

Segundo Sharon, nas últimas duas ou três décadas, houve um aumento de 500% no número de mortes por doenças do fígado na Grã-Bretanha. Dessas, 85% foram provocadas pelo álcool. O ritmo desse crescimento começou a diminuir, mas muito recentemente.

"O álcool tem um impacto maior sobre a saúde do que o fumo porque ele mata em uma idade menor". Segundo o especialista, doenças do fígado provocadas pelo consumo de álcool matam por volta dos 40 anos de idade.

Álcool x Heroína, Crack e Cocaína

O consumo de álcool é, cada vez mais, um problema de saúde pública.

No início do ano, o serviço nacional de saúde britânico, NHS, anunciou que internações associadas ao consumo de álcool na Grã-Bretanha atingiram nível recorde em 2010.

Houve mais de um milhão de internações, em comparação com 945.500 em 2008-2009 e 510.800 em 2002-2003.

Quase dois terços dos pacientes eram homens.

Segundo a entidade beneficente britânica Álcool Concern, há estimativas de que o número de internações possa alcançar 1,5 milhão por volta de 2015.

Quando são considerados os perigos para o indivíduo e a sociedade como um todo, o álcool é mais prejudicial do que a heroína e o crack - concluiu um estudo publicado no ano passado na revista científica The Lancet.

O estudo, feito pelo Comitê Científico Independente sobre Drogas, órgão científico independente que estuda as drogas e seus efeitos, concluiu também que o álcool é três vezes mais prejudicial do que a cocaína e o tabaco porque é usado de forma muito mais ampla.

Consumo Recomendado

A diretora de pesquisas do Institute of Alcohol Studies, Katherine Brown, disse que as orientações atuais sobre o consumo de álcool e a forma como essas diretrizes são comunicadas à população podem estar contribuindo para a desinformação do público.

"Precisamos ser cuidadosos quando sugerimos que existe um nível ´seguro` de ingestão. Na verdade, precisamos explicar que existem riscos associados ao consumo do álcool e que quanto menos você bebe, menor seu risco de desenvolver problemas de saúde".

Para a especialista, é preciso mudar a percepção de que "beber regularmente é uma prática normal e livre de riscos".

O médico Nick Sheron concorda.

"Não existe um nível seguro. As pessoas apreciam um drink, mas precisam aceitar que existem riscos e benefícios".
Fonte:ABEAD(Associação Brasileira de Estudos do Álcool e outras Drogas)

Fumantes perdem um terço da memória diária, diz estudo

O Globo
Um estudo da Universidade Northumbria com mais de 70 pessoas entre 18 e 25 anos mostra que fumantes perdem mais memória, mas quem para de fumar recupera as informações quase no mesmo nível de não fumantes.

Durante o estudo, os voluntários fizeram um tour pela universidade e foram perguntados sobre pequenos detalhes do passeio, como num teste de memória com tarefas complementares. Os fumantes lembraram apenas de 59% das tarefas, os que tinham deixado de fumar lembraram de 74% e, os que nunca tinham fumado, de 81%.

O médico Tom Heffernan, que coordena a colaboração da universidade com o Grupo de Pesquisa para Álcool e Drogas acredita que a descoberta pode ser usada em campanhas antitabagistas.

- Já sabemos que parar de fumar tem grande impacto na saúde, mas este estudo mostra que parar de fumar também pode ter benefícios para as funções cognitivas - disse.

A pesquisa agora vai investigar os efeitos do fumo passivo na memória e nas toxinas deixadas em cortinas e móveis.
Fonte:ABEAD(Associação Brasileira de Estudos do Álcool e outras Drogas)

Pais subestimam o uso do álcool e drogas pelos filhos.

Quando o assunto é drogas e álcool na adolescência, a maior parte dos pais prefere acreditar que o problema existe, mas com o vizinho, e não com os próprios filhos. Isso é o que sugere um novo estudo norte-americano, que descobriu que a maior parte dos pais crê que mais da metade dos adolescentes ingerem álcool – mas eles não incluem os próprios filhos nessa estatística.

Apenas 10% dos pais acreditam que os seus filhos ingeriram álcool no último ano, e 5% acham que seus filhos adolescentes fumaram maconha nesse período.

Esses números reduzidos contrastam com a realidade, já que um levantamento recente mostrou que 52% dos adolescentes pesquisados relataram ter ingerido bebidas alcoólicas e 28% afirmaram uso de maconha no último ano. Essa pesquisa foi realizada com cerca de 420 escolas públicas e privadas de ensino médio e ensino fundamental dos Estados Unidos, o que forneceu uma representação bastante precisa dos estudantes de diferentes níveis no país.

Mas enquanto os pais parecem acreditar que seus filhos estão longe das drogas e do álcool, eles certamente não acreditam que os colegas de seus filhos são tão inocentes assim. De acordo com o estudo, 60% dos pais afirmaram que acreditam que colegas de seus filhos beberam álcool e 40% crê que eles usaram maconha no último ano.

O quadro que indica que os pais esperam que os problemas com drogas e álcool não acontecerão dentro de casa mostra a necessidade de conscientização sobre o uso dessas substâncias na adolescência. A sugestão dos pesquisadores é a de que os pais abordem o assunto com os filhos adolescentes de uma forma não ameaçadora, e que falem com eles sobre a importância de resistir à pressão negativa dos colegas.

Os pesquisadores também sugerem que os pais acompanhem a vida dos filhos e procurem sinais do uso dessas substâncias. Mas sem exageros: se os pais descobrirem que o filho já passou por uma experiência do tipo, a oportunidade deve ser aproveitada para conversar com os adolescentes, e não para puni-los. O mais importante é sempre o diálogo e o jogo limpo – tanto da parte dos pais quanto dos filhos.

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Solidão aumenta riscos de morte por álcool

Na nossa sociedade atual, os laços interpessoais foram enfraquecidos. Pesquisas feitas nos Estados Unidos apontam que nas duas últimas décadas foi triplicado o número de americanos que não tem um confidente próximo. Essa tendência é observada em diversos outros países e a solidão é um fator de risco associado ao aumento das probabilidades de morte.

Outros estudos também apontam essa relação. Uma pesquisa avaliou 80% dos casos de morte que aconteceram entre os anos de 2000 e 2007 na Finlândia. Esses casos incluíram doenças ligadas ao álcool, envenenamento por álcool e violência como causas do falecimento. Entre os anos de 2000 e 2003, homens vivendo sozinhos tinham chances 3,7 vezes maiores de morrerem de doença hepática do que homens casados. Entre 2004 e 2007, homens vivendo sozinhos tinham chances cinco vezes maiores de morrerem dessas mesmas causas do que homens que viviam com outras pessoas. Os riscos também foram elevados para as mulheres.

Uma das explicações plausíveis para a conexão entre a solidão e o abuso do álcool é que pessoas que se sentem solitárias podem se automedicarem com quantidades altas da substância. Outra possibilidade aponta que casais têm um ao outro para controlarem o consumo do álcool, mantendo-o a níveis seguros. Pessoas que vivem sozinhas não têm essa alternativa.

O estudo finlandês também sugere que pessoas vivendo sozinhas são mais vulneráveis a problemas de saúde causados por uma maior disponibilidade de álcool. Mais estudos são necessários para determinar se o abuso do álcool seria uma causa ou efeito de se viver só.

A pesquisa foi desenvolvida no Instituto Finlandês de Saúde Ocupacional, em Helsinki.
Autor:
OBID Fonte: Bibliomed

Oxi é marketing do narcotráfico




Pedras de oxi viciam mais rápido que cocaína em pó e crack, mas não passam de pasta-base de cocaína, dizem autoridades.
Por Cristine Pires para Infosurhoy.com – 15/09/2011

Pedras de pasta-base de cocaína apreendidas como oxi e estudadas por especialistas não apresentam adição significativa de querosene, cal virgem ou gasolina. Traficantes costumam alegar que esses seriam os ingredientes que deixariam o oxi mais potente do que as demais drogas, diz a Polícia Federal. (Cortesia do 6° Batalhão da Polícia Militar do Paraná)


PORTO ALEGRE, Brasil – Mais barato e devastador que o crack, o tão falado oxi não passa de estratégia de marketing dos traficantes para despertar a curiosidade dos usuários e fazer novos dependentes.

A Polícia Federal concluiu a segunda etapa de estudo científico em pedras de oxi apreendidas no Brasil. As autoridades constataram que não se trata de uma nova droga, e sim de cocaína na sua forma livre ou pasta-base.

Com o resultado da pesquisa, a Polícia Federal alerta que, ao denominar o oxi de nova droga, os traficantes querem apenas estimular a experimentação, popularizando o consumo, assim como aconteceu com o crack.

Ao ser anunciada como uma novidade pelos criminosos, o oxi faz novos dependentes a cada dia. Isso porque seu poder de viciar é muito maior do que o crack. Além disso, o preço da pedra também é bem inferior.

O problema é que esta pasta-base chamada de oxi tem até 85% de cocaína. O percentual é muito maior do que o encontrado no crack, que tem de 29% a 47% de cocaína em sua composição. Assim, o efeito do oxi é mais forte, e a dependência química se dá de forma muito mais rápida, explica a Polícia Federal.

A conclusão foi apresentada por peritos criminais após análise de pedras recolhidas no Acre, estado considerado a porta de entrada da droga no país, na fronteira com o Peru e a Bolívia.

Foram verificadas 20 amostras obtidas pela Polícia Civil e outras 23 pela Polícia Federal entre os anos de 2010 e 2011.

Das 23 amostras da Polícia Federal, 57% eram pasta-base de cocaína e 43% pasta-base refinada (que passa por processo de oxidação para ficar mais branca e, com isso, aumentar seu preço no mercado).

Já das 20 amostras da Polícia Civil, 30% eram cocaína em pó (cloridrato), que só pode ser consumida se cheirada ou injetada. Outros 20% eram crack e os 50% restantes dividiam-se entre pasta-base refinada (15%) e não refinada (35%).

O segundo estudo, realizado com apreensões feitas em Brasília, concluiu que, das 34 pedras analisadas, apenas duas eram de pasta-base – o chamado oxi –, e quase a totalidade era de crack.

A suposta nova droga causou um fenômeno perigoso: começou a se chamar de oxi qualquer apreensão de cocaína que pudesse ser fumada, diz a Polícia Federal.

“Isso mostra que a droga entra pelas fronteiras e vai sendo adulterada conforme passa por outros estados, geralmente diluída para o consumo local”, explica o perito criminal federal Ronaldo Carneiro da Silva Junior, que participou dos estudos e assina os laudos técnicos. “Como é de se esperar nesse mercado do tráfico, o oxi é mais uma enganação para barganhar mais usuários e aumentar os lucros dos traficantes.”

O golpe dos traficantes

As pedras de pasta-base apreendidas como oxi e estudadas pelos especialistas não apresentaram adição significativa de querosene, cal virgem ou gasolina. Os traficantes costumam alegar que esses seriam os ingredientes que deixariam o oxi mais potente do que as demais drogas, diz a Polícia Federal.

“A participação desses itens é inferior a 1%, ou seja, resíduo do que é utilizado no refino para extrair a coca da folha e obter a pasta-base”, explica Silva Junior. “Quem consome a pedra do oxi morre mais rápido, e não porque tem querosene ou água de bateria, mas pela concentração da droga, que pode provocar uma overdose.”

Mas as autoridades lembram que os efeitos da cocaína são mesmo muito mais devastadores em quem fuma – caso do oxi e do crack – do que em quem cheira.

No caso do pó branco, a adulteração é comum por parte dos traficantes, que colocam outros ingredientes para fazer render mais a mistura – como fermento, pós de mármore ou amido de milho –, o que acaba diluindo o poder da droga.

Além disso, o entorpecente é absorvido pela mucosa do nariz e demora mais a entrar na corrente sanguínea.

Já a cocaína fumada, além de ter uma concentração muito maior da droga, passa por menos adulterações em processos químicos.



A Polícia Federal, que acaba de concluir uma segunda análise de pedras de oxi apreendidas no Brasil, assegura que não há nenhuma substância nova no entorpecente. A droga não passa de cocaína na sua forma livre ou pasta-base. (Cortesia da Polícia Federal)

Ao ser inalada, a droga passa direto para o pulmão, que é muito mais irrigado de vasos sanguíneos do que o nariz. Assim, a absorção é muito rápida, o que acelera o efeito do tóxico.

Dando um novo nome à pasta-base de cocaína – oxi –, os traficantes passaram a vender uma droga que já era alvo de combate da polícia como se fosse algo novo.

O termo oxi – abreviação para oxidado, do verbo oxidar, que consiste no processo químico de transformação da coca – também não é novo, garante Silva Junior.

“No final da década de 90 já se ouvia esse termo na região da fronteira, pois ele vem do processo de oxidação que a cocaína passa durante o refino”, explica.

A denominação, no entanto, foi ganhando força no Brasil nos dois últimos anos.

A pasta-base, que normalmente entra no país vinda da Bolívia e Peru, é velha conhecida da Polícia Federal.

A primeira vez que foi apresentada como oxi foi em 2005, em Rio Branco, capital do Acre.

“A pasta-base consumida em Rio Branco vem pronta da Bolívia e Peru. Elas são vendidas em pequenas pedras porque não tem laboratório de refino na região”, explica o perito.

A droga também entra por outros estados de fronteira, onde há histórico de consumo de pasta-base, segundo a polícia.

De janeiro a agosto deste ano, a Polícia Federal apreendeu 15.083,88 kg de cocaína, sendo que 76,1% desse total – o equivalente a 11.485,30 kg – foram recolhidos em sete estados que fazem fronteira com países produtores: Amazonas, Acre, Roraima, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Paraná.

Clique aqui para conferir as apreensões por estado.


Desde que a Polícia Federal divulgou os relatórios sobre o oxi, as autoridades de segurança pública de todo o Brasil estão mais cautelosas ao divulgar apreensões.

“Aos poucos estão conseguindo reverter esse quadro de euforia”, diz Silva Junior.

Usuários de oxi se viciam mais rápido

Por conter uma grande quantidade de cocaína, as pedras de oxi provocam o vício mais rapidamente.

“Os efeitos no organismo são devastadores”, adverte o psiquiatra Pablo Roig, diretor de uma clínica de reabilitação. “O oxi provoca doenças no fígado e no coração, devido à maior toxidade da substância.”

Além disso, os usuários costumam consumir muitas bebidas alcoólicas, uma forma de fazer com que a droga seja metabolizada mais rapidamente, explica o médico.

“O oxi também causa diarreia, vômito e náuseas. O uso do álcool suaviza esses efeitos colaterais”, diz.

O oxi traz efeitos secundários que o crack não tem, completa Roig. Por ser o resíduo do refino, o oxi carrega o que há de pior da cocaína, com todas as suas impurezas.

Das mais de 500 pessoas que passam por semana no Centro de Atenção Psicossocial (CAP) em que o médico Flávio Falcone trabalha, a maioria é usuária de crack, oxi e álcool.

“Normalmente o que se vê é a associação das duas dependências”, diz o especialista, que viu o número de atendimentos aumentar muito nos CAPs das cidades de São Paulo e São Bernardo do Campo nos últimos dois anos. “O oxi é uma droga muito barata, o que tem incentivado o uso da substância.”
Fonte: Infosurhoy.com

Crack já se iguala ao álcool em nº de atendimentos em cidades médias

O Estado de São Paulo
Droga supera todas as ilícitas em registros médicos de todo o Estado; estudo revela ainda que 3% dos usuários têm entre 9 e 15 anos.

Em cidades paulistas entre 50 mil e 100 mil habitantes, o atendimento a usuários de crack já se iguala ao de viciados em álcool na rede pública de saúde (38% cada). As pedras lideram também o ranking das drogas ilícitas que levam os usuários a procurar ajuda na rede pública em todo o Estado. Os números foram divulgados nesta terça-feira, 20, pela Frente Parlamentar de Enfrentamento ao Crack e Outras Drogas, da Assembleia Legislativa.

Todos os municípios receberam questionários. Das 645 cidades paulistas, 325 responderam às dez perguntas enviadas pelos deputados estaduais, representando 76% da população do Estado (cerca de 32 milhões de habitantes). "Temos argumentos de sobra para desenvolver estratégias contra o crack", afirma coordenador da comissão, Donisete Braga (PT).

O álcool ainda lidera o número de atendimentos no Estado como um todo, representando 49% das pessoas que buscam ajuda. Mas o crack vem logo em seguida, com 31%, seguido da cocaína (10%), maconha (9%) e das drogas sintéticas (0,59%).

A preocupação é grande porque, além da interiorização da droga, a pesquisa revela que crianças e adolescentes já fazem uso do crack. A faixa etária que vai dos 9 aos 15 anos representa 3% da população atendida nos serviços de saúde por causa do uso da pedra.

Recursos. A falta de dinheiro para combater o consumo de crack também foi apontada pelos municípios como um dos problemas a serem resolvidos. Somente 5% das prefeituras responderam que recebem recursos diretos do governo estadual para tratar seus dependentes. Apenas 12% afirmaram que o governo federal colabora nos tratamentos.

A Frente Parlamentar apresentou uma emenda de R$ 400 milhões para os próximos quatro anos ao plano plurianual do governo estadual para um programa que prevê fortalecimento do combate e da prevenção ao álcool e outras drogas. O resultado da pesquisa foi entregue ontem à Secretaria de Segurança.

Repasse. A Secretaria de Estado da Saúde afirma que os valores gastos pela pasta para a assistência a dependentes químicos no Estado não são utilizados na forma de repasse direto aos municípios, mas por meio de capacitação de profissionais dos Caps Ad (Centros de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas) municipais, internação de pacientes por doenças decorrentes do abuso de álcool e drogas, atendimento para casos agudos em hospitais estaduais e conveniados com a Secretaria e internação de dependentes em serviços de saúde financiados exclusivamente com recursos estaduais.

O Ministério da Saúde afirmou que as reivindicações devem ser discutidas, num primeiro momento, em âmbito regional, entre municípios e o Estado, para depois serem levadas até Brasília.
Fonte:ABEAD(Associação Brasileira de Estudos do Álcool e outras Drogas)

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Álcool, cigarro e sedentarismo matam mais que doenças transmissíveis, diz OMS

R7
As doenças não transmissíveis (ENT) respondem por quase dois terços dos óbitos ocorridos no mundo, segundo relatório publicado nesta quarta-feira pela OMS (Organização Mundial de Saúde).

e acordo com Douglas Bettcher, um dos responsáveis pela luta contra o fumo da OMS, "as enfermidades não transmissíveis são a principal causa de morte no mundo".

Segundo o documento, as ENT causam 36 milhões de mortes a cada ano, o que equivale a 63% do total de óbitos em todo o mundo.

Dos 36 milhões de óbitos causados anualmente pelas ENT, 9 milhões correspondem a pessoas com menos de 60 anos.

Entre as ENT, as doenças cardiovasculares são as mais perigosas, já que respondem por 48% dos óbitos, contra 21% para os vários tipos de câncer, 12% para enfermidades respiratórias e 3% para diabetes.

Os principais fatores que favorecem as ENT são bebidas alcoólicas, vida sedentária, má alimentação e cigarro. O relatório destaca ainda que as ENT estão aumentando nos países pobres, onde o número de óbitos por estas doenças cresceu com força.

A OMS informou também que as crianças com menos recursos seguem como os principais consumidores de alimentos e bebidas açucaradas, que fazem mal à saúde.

O documento afirma ainda que um crescimento de 10% das ENT em um país representa uma redução de 0,5% no seu PIB (Produto Interno Bruto).

Segundo a OMS, as mulheres japonesas são o grupo menos propenso às ENT, com taxa de mortalidade anual de 178 por 100 mil indivíduos.

Entre os homens, a mais baixa taxa de mortalidade por ENT foi verificada no pequeno Estado de San Marino (Califórnia, EUA), com 308 óbitos por 100 mil indivíduos.
Fonte:ABEAD(Associação Brasileira de Estudos do Álcool e outras Drogas)

Pais subestimam o uso do álcool e drogas pelos filhos

Quando o assunto é drogas e álcool na adolescência, a maior parte dos pais prefere acreditar que o problema existe, mas com o vizinho, e não com os próprios filhos. Isso é o que sugere um novo estudo norte-americano, que descobriu que a maior parte dos pais crê que mais da metade dos adolescentes ingerem álcool – mas eles não incluem os próprios filhos nessa estatística.

Apenas 10% dos pais acreditam que os seus filhos ingeriram álcool no último ano, e 5% acham que seus filhos adolescentes fumaram maconha nesse período.

Esses números reduzidos contrastam com a realidade, já que um levantamento recente mostrou que 52% dos adolescentes pesquisados relataram ter ingerido bebidas alcoólicas e 28% afirmaram uso de maconha no último ano. Essa pesquisa foi realizada com cerca de 420 escolas públicas e privadas de ensino médio e ensino fundamental dos Estados Unidos, o que forneceu uma representação bastante precisa dos estudantes de diferentes níveis no país.

Mas enquanto os pais parecem acreditar que seus filhos estão longe das drogas e do álcool, eles certamente não acreditam que os colegas de seus filhos são tão inocentes assim. De acordo com o estudo, 60% dos pais afirmaram que acreditam que colegas de seus filhos beberam álcool e 40% crê que eles usaram maconha no último ano.

O quadro que indica que os pais esperam que os problemas com drogas e álcool não acontecerão dentro de casa mostra a necessidade de conscientização sobre o uso dessas substâncias na adolescência. A sugestão dos pesquisadores é a de que os pais abordem o assunto com os filhos adolescentes de uma forma não ameaçadora, e que falem com eles sobre a importância de resistir à pressão negativa dos colegas.

Os pesquisadores também sugerem que os pais acompanhem a vida dos filhos e procurem sinais do uso dessas substâncias. Mas sem exageros: se os pais descobrirem que o filho já passou por uma experiência do tipo, a oportunidade deve ser aproveitada para conversar com os adolescentes, e não para puni-los. O mais importante é sempre o diálogo e o jogo limpo – tanto da parte dos pais quanto dos filhos.
Autor:
OBID Fonte: HYPE SCIENCE

Uso de maconha é relacionada a câncer de testículo revela estudo

Um levantamento realizado pelo Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (Icesp), ligado à Secretaria de Estado da Saúde e à Faculdade de Medicina da USP, aponta que 25% dos pacientes com câncer de testículo atendidos no setor de urologia da unidade assumem o consumo regular de maconha. As informações foram divulgadas hoje pela assessoria de imprensa da Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo.

O uso da droga está associado ao surgimento do câncer de testículo, provocando diversos efeitos adversos sobre os sistemas endocrinológico e reprodutivo. Mensalmente, 500 pacientes são atendidos na clínica de uro-oncologia do Icesp. Destes, 30% apresentam tumores localizados no testículo, dos quais 70% têm sinais de doença avançada (fora do testículo) no momento do diagnóstico.

As cirurgias para retirada total ou parcial dos testículos e da próstata representam um terço das 10 mil cirurgias já realizadas pelo hospital. "Evitar o uso da droga é fundamental para diminuir consideravelmente as chances de desenvolvimento do tumor. Além disso, é fundamental que os homens realizem o autoexame para o diagnóstico precoce da doença", alerta Daniel Abe, urologista do Icesp.

Cura - O câncer de testículo é altamente curável, principalmente quando detectado precocemente. A doença acomete predominantemente homens que têm entre 15 e 34 anos de idade. O diagnóstico precoce pode ser feito por meio do autoexame do órgão. Percebendo qualquer anormalidade, como nódulo indolor ou massa, sensação de peso no escroto ou dor na região inferior abdominal, deve-se procurar ajuda médica.
Autor:
OBID Fonte: INCA

terça-feira, 13 de setembro de 2011

Relação entre acidentes de trânsito e álcool



Notícias de acidentes de trânsito com vítimas fatais envolvendo o uso de álcool são frequentes. Mas, apesar de a maioria da população saber da relação entre as altas taxas de mortalidade no trânsito e o consumo dessa substância, ainda persistem muitas dúvidas sobre o uso de álcool por motoristas, principalmente sobre seus efeitos no organismo e os riscos que se corre ao dirigir embriagado.

A destreza e outras habilidades necessárias para a direção, como a tomada de decisões, são prejudicadas muito antes dos sinais físicos da embriaguez começarem a aparecer. Isso porque, já nos primeiros goles, o álcool atua como estimulante e pode deixar as pessoas, temporariamente, com uma sensação de excitação. No entanto, as inibições e a capacidade de julgamento são rapidamente afetadas, aumentando a probabilidade de tomarem decisões equivocadas. O tempo de reação e reflexos também sofre alterações, comprometendo ainda mais as habilidades necessárias para o ato de dirigir. Em altas doses, a bebida alcoólica pode também causar sonolência ou até mesmo ocasionar a perda da consciência ao volante.

Com base nessas informações, um estudo norte-americano publicado na revista científica Addiction, fez um levantamento de todos os acidentes automobilísticos fatais ocorridos entre 1994 e 2008 - totalizando 1.495.667 casos - com o objetivo de analisar a relação entre consumo de álcool e acidentes de trânsito.

Segundo a pesquisa, comparado aos motoristas sóbrios, aqueles que beberam estavam mais propensos a dirigir em alta velocidade, não usar cinto de segurança e conduzir o veículo causador da colisão. Além disso, quanto maior a concentração de álcool no sangue (CAS), maior a velocidade média e a gravidade dos ferimentos causados pelo acidente. Os fatos foram observados até mesmo quando a CAS era considerada baixa; por exemplo, uma CAS de 0,01% esteve associada a um risco significativamente maior de acidentes do que a CAS de 0%.

No Brasil, de acordo com o Vigitel (Sistema de Monitoramento de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas Não Transmissíveis por meio de Inquérito Telefônico), 1,5% foi a frequência de adultos que conduziram veículos motorizados após o consumo abusivo de bebida alcoólica, em pelo menos uma ocasião nos 30 dias anteriores à pesquisa, em 2010.

O que é possível fazer para prevenir esses acidentes?

A melhor forma de prevenir é informar, por isso, além de apoiar e divulgar pesquisas científicas, é importante trilhar novas alternativas, com ações e campanhas de conscientização e prevenção contra a direção de veículos automotores sob a influência dos efeitos dessa substância - uma das maiores causas de acidentes de trânsito em todo o mundo.

Como exemplo de projetos de educação no trânsito, pode-se citar a parceria entre o CISA e a Rede Ipiranga na prevenção do comportamento de beber e dirigir, por meio da distribuição de materiais educativos produzidos pela ONG aos participantes da campanha "Saúde na Estrada". Para visualizar o Guia "Sinal verde para a vida: vermelho para álcool e direção" clique aqui.

Os efeitos da substância em nosso corpo são duradores e não devem ser subestimados. Em média, o álcool é metabolizado a uma velocidade de 0,15 gramas por litro por hora. Por exemplo, uma dose de 0,2g/l - o equivalente a um copo de chopp ou cerveja, uma taça de vinho, meia dose de whisky ou cachaça - leva cerca de uma hora e meia para ser totalmente eliminada. Esse tempo varia um pouco de pessoa para pessoa e de acordo com o gênero, uma vez que as mulheres são mais vulneráveis ao álcool do que os homens.

Algumas pessoas acreditam que parar de beber ou tomar um copo de café podem torná-los aptos a dirigir com segurança. A verdade é que o álcool continua a afetar o cérebro, prejudicando a coordenação e capacidade de julgamento até mesmo horas depois da ingestão da última dose. Dessa forma, alguns fatos ficam evidentes: não existe maneira de acelerar a recuperação do cérebro após a embriaguez, ou tomar boas decisões ao volante quando você já bebeu. Bebida e direção formam uma combinação perigosa e fatal, para qualquer quantidade de álcool consumida. Portanto, se beber não dirija!


Fontes:
Guia "Sinal verde para vida; vermelho para álcool e direção". Centro de Informações sobre Saúde e Álcool, 2011.
NIH Publication No. 08-5639, Dezembro de 2009.
Phillips DP, Brewer KM. The relationship between serious injury and blood alcohol concentration (BAC) in fatal motor vehicle accidents: BAC = 0.01% is associated with significantly more dangerous accidents than BAC = 0.00%. Addiction. 2011.
Vigitel Brasil 2010: vigilância de fatores de risco e proteção para doenças crônicas por inquérito telefônico / Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Secretaria de Gestão Estratégica e Participativa. - Brasília: Ministério da Saúde, 2011.
Fonte:CISA - Centro de Informações Sobre Saúde e Álcool

Mulheres têm mais dificuldade para deixar as drogas do que os homens

EPTV
Faltam locais para tratamentos e, os que existem, custam mais caro para elas.

O sexo feminino tem um risco maior de se tornar refém do vício das drogas. Segundo especialistas, o tratamento é mais difícil para elas, por conta da condição física e até mesmo pela falta de locais de internação específicos.

A gerente de saúde mental da Secretaria de Saúde de Araraquara, Carina Angeline, explica que, com a emancipação feminina, a mulher também começou a consumir mais drogas e bebidas. Só em Araraquara, o número de mulheres atendidas pelo Programa de Assistência a Dependentes dobrou neste semestre em comparação ao mesmo período de 2010.

Segundo Márcio Servino, presidente do Conselho Municipal Antidrogas de Araraquara, apenas 20% das clínicas podem atender as mulheres dependentes químicas. Além do baixo número de de vagas, essas clínicas são particulares e caras, por conta da maior atenção que os profissionais precisam ter com as pacientes. Ginecologistas e clínicos, por exemplo, encarecem o tratamento.

No Estado de São Paulo há apenas uma clínica pública voltada para a internação de mulheres, na Região Metropolitana. A Secretaria Estadual de Saúde e o Ministério da Justiça não têm um levantamento sobre o número de instituições particulares que oferecem tratamento, mas deve começar em três meses um estudo que vai mapear estas clínicas.

Em Ribeirão Preto, segundo dados do Caps AD (Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas), no primeiro semestre de 2011 foram atendidos 1.127 pacientes, sendo 962 homens e 165 mulheres.
Fonte:ABEAD(Associação Brasileira de Estudos do Álcool e outras Drogas)

Recaída de dependentes químicos é influenciada pelo ambiente

Um estudo revela que as atividades e o ambiente que usuários de drogas frequentam podem influenciar na possibilidade de recaídas. A pesquisa foi feita pelo ICB-USP (Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo).

O biólogo André Veloso Lima Rueda disse à agência USP que as memórias que determinado local carrega influem no desejo do consumo da droga e, por consequência, na recaída do paciente.

Segundo ele, “o uso de drogas leva a alterações duradouras no cérebro. Entre as alterações está a sensibilização comportamental, que permeia a dependência”. Acredita-se que em função disso, apesar de o dependente não sofrer mais com os sintomas da abstinência após deixar de consumir a droga, ele ainda pode apresentar desejo por ela.

Testes com camundongos revelaram que condições ambientais e as atividades ocupacionais são capazes de diminuir alterações relacionadas a este desejo e, possivelmente, contribuir para melhorar a qualidade de vida do dependente.

- Os testes comprovaram que o animal que estava exposto a diferentes estímulos, sensoriais e motores, sofreu modificações de comportamento e no sistema nervoso que se contrapõem às promovidas pelo tratamento com a droga.

Os animais que possuíam a possibilidade de realizar atividades físicas tiveram a sensibilização comportamental ao etanol inibida.

Um efeito comum entre as drogas é a alteração de funções cerebrais, que normalmente geram prazer ou causam vício. O caminho para a dependência química, segundo Rueda, está relacionado ao gostar, em primeiro lugar, depois ao desejo de consumir a droga (querer) e, por último, à dependência química (necessitar).

- Uma vez que a pessoa já desenvolveu a dependência e depois parou de fazer uso da droga, o desejo permanece e é alimentado por estímulos sensoriais ligados à droga. Por isso, manipulações ambientais poderiam ajudar a diminuir as possibilidades de recaída.

Rueda diz que as atividades que geram prazer para o dependente poderiam auxiliar a diminuir o valor do incentivo associado ao uso da droga.

Atividades esportivas, terapia e atividades profissionais que envolvam valores motivacionais são extremamente importantes para a qualidade de vida de um dependente recuperado, de acordo com o pesquisador.

- Ao invés de um dependente químico de etanol beber whisky religiosamente às 17h como fazia antes, agora ele pode jogar futebol com os amigos. É preciso quebrar com hábitos que gerem recaídas e trocá-los por outras atividades que proporcionem prazer para a pessoa.

Os experimentos avaliaram a atividade locomotora de dois grupos de camundongos criados em ambientes distintos. Posteriormente, associou-se o nível de atividade motora com o ambiente e com o efeito e a dependência da droga.

No primeiro experimento, os camundongos receberam injeções de etanol durante 15 dias consecutivos, e foram testados após uma semana sem receber injeções.

Os grupos foram mantidos em caixas vazias (condições padrão de laboratório) ou em caixas com brinquedos, para estimular as atividades físicas, interações sociais e parâmetros cognitivos dos animais durante todo o tratamento com a droga.

Após isso, constatou-se que o grupo que ficou em uma caixa vazia andou mais, ou seja, desenvolveu sensibilização comportamental, embora já conhecesse o local e mesmo após uma semana sem receber injeções, o que constata que as alterações cerebrais da droga são duradouras.

Em contrapartida, quando estavam na caixa com brinquedos, os camundongos não apresentaram o aumento na locomoção característico da sensibilização.
Em um segundo experimento, os grupos foram mantidos nas condições padrão e só foram expostos ao ambiente enriquecido durante a semana em que não receberam o tratamento com a droga. Nesses animais ocorreu a reversão da sensibilização comportamental que havia se desenvolvido.

Isso indica que os efeitos pós-abstinência se mostraram menos agressivos em animais que realizavam atividades físicas e possuíam formas de distração e sociabilidade.
Autor: Daia Oliver/
OBID Fonte: R7 Notícias

Crack: o problema é de todos nós

A Gazeta Online
Além de destruir famílias, droga aumenta problemas urbanos.

Alucinados, eles vagam pelas ruas e não respeitam ninguém. Suas vidas resumem-se à busca pelo seu único objeto de desejo: o crack. E eles já são tantos, que não é mais possível ignorá-los como se pertencessem a um submundo que não nos atinge. Os "noiados" ganharam áreas nobres e periferias e viraram um problema que, de uma forma ou de outra, toca a sociedade e é de responsabilidade de todos.

Além do sofrimento de famílias e amigos, a epidemia de crack - que já foi a droga dos pobres, mas hoje está em todas as classes sociais - significa aumento dos índices de violência, degradação do espaço urbano e toda uma geração perdida de crianças, que já nascem viciadas ou abandonadas pelos pais.

Somente no ano passado, o Estado gastou mais de R$ 2,3 milhões em 2.817 atendimentos e internações de viciados. Parte da verba foi destinada ao Hospital dos Ferroviários, em Vila Velha, onde funcionam, desde 2009, oito leitos destinados a crianças e adolescentes usuários de drogas.

O serviço é voltado para internação e desintoxicação, e 80% dos pacientes são meninos, com em média 16 anos. São garotos como João*, 17 anos, que aos 14, já fumava maconha e bebia.

Como tantos outros, começou pela curiosidade. E viu a vida mudar de vez quando conheceu o fristo, mistura de crack com maconha. "Eu tinha mais moral, mais conceito. Era popular. Fiquei três semanas sem ir pra escola", conta.

Hoje, depois de duas semanas de internação, o sonho é voltar a ser o menino que era o orgulho da mãe. "Quero estar na igreja, dar um culto e ver minha mãe lá na frente. Ela já sofreu muito comigo", admite.

Do lado do crime

Antes de procurar ajuda, João foi deixando as boas amizades de lado, perdeu a namorada e foi acusado de roubo dentro da escola. Chegou a ser preso, depois de encontrar no tráfico uma alternativa para sustentar o vício.

Na família, não faltaram "parcerias" para o mau caminho. "Meu primo usava pedra, e tenho um tio preso. Quase toda a família do meu pai é viciada ou já cometeu algum crime para usar droga. Queria roupa, queria dinheiro para comprar presente para a namorada. Apelei para o crime."

12 segundos

Tudo acontece em uma velocidade incontrolável. São 12 segundos de alucinação e uma vida inteira de arrependimentos depois. "A pessoa fica na compulsão e faz tudo para obter a droga. Envolve-se em situações de risco, assalto e homicídio. Fica vulnerável, subnutrida, igual a um zumbi", explica Expedito Jorge Tavares, coordenador do Núcleo de Prevenção de Drogas da Polícia Federal no Estado.

Compulsão que Juliano*, 17, sabe bem como é. "Uma vez, tomei uma cartela de diazepan, duas cachacinhas e fumei fristo. Tentei matar meu pai e meu cachorro. Dei um soco na TV. E só me controlaram depois que chamaram a polícia", lembra.

Quando mudou de cidade com a família, o garoto não se adaptou. Parou de ir à escola, começou a usar drogas. Pedro chegou a roubar para conseguir o crack. Não tinha forças, sozinho, para deixar as pedras de lado, mas pôde contar com a família.

Depois de 21 dias de internação, ele deixou o Hospital dos Ferroviários e foi direto para um projeto que conta com tratamento terapêutico. "Minha família me deu apoio quando disse que queria me tratar. Os primeiros dias foram sinistros, queria quebrar tudo."

Apoio essencial

Ter o apoio da família, como Pedro, pode fazer a diferença entre conseguir ou não derrotar o vício. "Nem sempre a família participa, o que seria fundamental para ajudar o usuário a enfrentar o mundo lá fora. Só a internação não é solução", ressalta a coordenadora da UTCA do Hospital dos Ferroviários, Bárbara de Oliveira.

Como explica a socióloga e professora da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) Marcia Rodrigues, a família deveria ser a primeira instância para dar referência a esses jovens. Mas não é isso que está ocorrendo, o que acaba produzindo uma geração perdida.

Como Simone*, 38, que hoje, após várias recaídas, comemora cinco meses sem usar o crack, mas vê seus erros cobrarem um alto preço: usou a droga durante a gravidez, abandonou os filhos pequenos por causa do vício e hoje vê a filha mais velha ir pelo mesmo caminho.

"Perdi meus filhos, né? Eles afastaram-se, e isso é muito triste. Agora vejo minha filha de 15 anos nessa. Ela usava entorpecentes escondida e só soube quando ela foi presa, há três anos", lamenta.

Na primeira vez, a menina foi detida na escola, guardando uma arma para o namorado. Na segunda, estava traficando. Chegou a engolir quatro pedras de crack para não ir para a delegacia. Acabou no hospital.

Filhos: as vítimas

A dependência de filhos de mães viciadas em crack é ainda mais perigosa. O especialista em Dependência Química João Chequer explica que, desde que estava no útero, a filha de Simone já estava acostumada a utilizar o crack.

"Quando ela usou a droga aos 12 anos, se identificou com aquilo de forma maligna. Ela sente que já usou bioquimicamente o crack e a ligação dela com a droga é imediata e definitiva. É incontrolável", diz João Chequer.

Simone espera por dias melhores, apesar de tudo. "Agora minha filha está em tratamento, assim como eu", comemora. Mas a culpa não vai embora: "Se estivesse do lado dela, poderia ter sido diferente, ela se sentiria mais segura. Eu tive culpa, sim", sentencia.

*Os nomes dos entrevistados foram trocados para preservar as identidades

R$ 10 - É o preço de uma pedra de crack, suficiente para três tragadas

33% - dos usuários de crack morrem nos primeiros 5 anos de consumo, segundo estudo da Unifesp
Fonte:ABEAD(Associação Brasileira de Estudos do Álcool e outras Drogas)