segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Quais os efeitos imediatos (agudos) do uso da cocaína?

O consumo intranasal de cocaína produz seus efeitos entre 1 e 2 minutos após o uso, tendo duração de 30 minutos, em média. Tanto o uso endovenoso como o fumado produzem efeitos quase imediatos, porém estes se dissipam mais rapidamente (até 10 minutos), muitas vezes obrigando o indivíduo a voltar a utilizar a droga após 5 minutos. Os metabólitos (produtos ou "restos" do uso da substância ativa) podem ser detectados alguns minutos após poucas aspirações (ou injeção), permanecendo por até três dias.

O efeito imediato esperado pelo consumidor é a euforia produzida pela cocaína. Conjuntamente com a estimulação produzida, dá a falsa sensação ao indivíduo de aumento de suas capacidades físicas, intelectuais e energia. Diminui o apetite e a necessidade de sono, o indivíduo fica mais ansioso e às vezes passa a suspeitar que está sendo observado ou perseguido. Usuários contam que a sensação do tato torna-se mais intensa, bem como a disposição para manter relações sexuais. A cocaína pode promover até ejaculação espontânea, dependendo da dose e da via utilizada. Este efeito repetido, porém, tem como conseqüência, em muitos usuários, a perda da capacidade de obter prazer sexual convencional, que se mantém por meses após a interrupção do consumo da droga.

A euforia se transforma rapidamente em depressão e irritabilidade, aumentando a necessidade de voltar a acender o cachimbo ou "esticar" mais uma fileira. O sujeito passa a ter uma autoconfiança irreal, podendo ainda apresentar alucinações (auditivas e visuais) e delírios de perseguição indistingüíveis da patologia psiquiátrica (p. ex. Esquizofrenia). Sintomas físicos do consumo são observados: aumento da pressão arterial, aumento da freqüência dos batimentos cardíacos, constrição dos vasos sangüíneos (desaparecimento de veias), aumento da temperatura corpórea, liberação de açúcar no sangue, e aumento da força da contração do músculo cardíaco.

A droga tem a capacidade de promover anestesia local, fato que motivou sua utilização médica no século XIX. A cocaína possibilitou, de fato, a primeira cirurgia oftálmica – como conseqüência indireta deste fato, o primeiro oftalmologista a realizar esta cirurgia tornou-se dependente da droga, interrompendo precocemente sua carreira profissional. Devido aos riscos da droga e ao desenvolvimento de outros anestésicos seguros, tal utilização foi completamente banida da Medicina até 1914. Quando os efeitos da droga dissipam, o usuário conta que apresenta sintomas contrários (depressão, angústia, etc.) , levando-o ao desespero por uma nova dose ("fissura" – característica mais proeminente de todas as formas de consumo da cocaína).

terça-feira, 23 de agosto de 2011

Brasil tem hoje 1,5 milhão de dependentes do crack


Assembleia Legislativa do Espírito Santo
O combate às drogas foi tema do Seminário Estadual Sobre Drogas, que aconteceu nesta segunda-feira (15), no Salão Nobre da Assembleia Legislativa (Ales).

Promovido pela Comissão Especial de Políticas Públicas Sobre Drogas (Cedroga) da Câmara dos Deputados, o Seminário divulgou dados sobre o consumo e venda das substâncias ilícitas, além de formas de tratamento e reinserção do usuário.

De acordo com o deputado federal Givaldo Carimbão (PSB-AL), relator da Cedroga, o número de usuários de crack no Brasil é de cerca de 1,5 milhão, mas o grande problema ainda é o número de usuários do álcool. “A droga mais usada no Brasil é o álcool, que é uma droga lícita. Este é o grande problema”, disse.

A preocupação maior é com os jovens. “Os jovens com menos de 18 anos que usam o álcool tem cinco vezes mais chances de se tornarem dependentes químicos do que os que usam aos 21 anos. O pior é que as crianças estão começando aos 11 anos”, afirmou. O seminário já percorreu 14 estados e, segundo o relator, vai passar por todos os 27 estados da Federação.

Durante o evento, a psiquiatra Lilia Emília Almeida Ferreira, coordenadora estadual de Saúde Mental, Álcool e Outras Drogas, promoveu a palestra “Cuidados aos usuários de álcool, crack e outras drogas”. Segundo Lilia, o Estado pretende criar, até 2014, 282 leitos de atenção integral ao toxicômano, visando o tratamento e reinserção do paciente na sociedade.

“Não podemos cometer os erros das décadas de 60 e 70, quando os usuários eram internados em leitos como única forma de tratamento. Naquela época, o número de internações subiu de 14 mil para 30 mil. Este tratamento se mostrou ineficiente. Muitas denúncias de maus tratos, tempo de permanência elevado e alta taxa de mortalidade hospitalar. O tratamento do interno deve visar a reinserção”, disse a psiquiatra.

O deputado Rodney Miranda (DEM), presidente da Comissão de Políticas Antidrogas, disse que o combate deve ser feito em três partes: prevenção, recuperação e enfrentamento. Segundo ele, a Comissão está fazendo um levantamento de todas as entidades que trabalham no combate às drogas para fazer um trabalho em conjunto.

“É com muita honra que esta Casa recebe este evento tão importante. Precisamos trabalhar com mais força na prevenção para fechar esta porta e evitar que as crianças entrem. Temos vivenciado boas experiências no Estado, mas apenas 30% dos usuários de drogas conseguem sair deste caminho. Desta forma, não teremos cadeias, clínicas de recuperação ou cemitérios que comportem este número”, disse Rodney.

Durante o evento, as crianças da Rede Municipal de Ensino de Vitória do projeto “King Congo” apresentaram o Hino Nacional, entre outras músicas do folclore capixaba. Também estiveram presentes os deputados Genivaldo Lievore (PT), Luciano Rezende (PPS), Gilsinho Lopes (PR), os deputados federais capixabas Dr. Jorge Silva (PDT) e Sueli Vidigal (PDT), o secretário de Estado da Saúde, Tadeu Marino, além de policiais, professores e autoridades.
Fonte:ABEAD(Associação Brasileira de Estudos do Álcool e outras Drogas)

Fumar aumenta possibilidades de desenvolver câncer de bexiga diz estudo


O tabagismo está relacionado a maior incidência de câncer de bexiga e as mulheres que fumam já se encontram em posição comparável a dos homens, segundo um estudo publicado nesta terça-feira pelo Journal of the American Medical Association.

A causa mais plausível é o aumento do número de fumantes nos últimos anos e as mudanças registradas na composição química dos cigarros, afirmaram os pesquisadores do Instituto Nacional do Câncer americano (NCI).

O levantamento foi elaborado com dados de mais de 450 mil pessoas em um estudo sobre saúde e dieta nos Estados Unidos, obtidos mediante questionários realizados entre 1995 e 2006. Com isso, os cientistas comprovaram que os fumantes têm quatro vezes mais possibilidades de desenvolver câncer de bexiga que um não-fumante.

Também constataram que mais da metade desses casos entre as mulheres se deve ao hábito de fumar. Estudos anteriores tinham estimado em três vezes mais as possibilidades dos fumantes de apresentar esse quadro e atribuíam ao tabaco apenas entre 20% e 30% dos casos deste tipo de tumor nas mulheres.

´´Esta associação crescente entre o fumo e o câncer de bexiga deve-se às mudanças na composição dos cigarros e nos hábitos de fumar´´, disse o autor principal do estudo, Neal Freedman, da divisão de epidemiologia e genética do NCI.

Nos últimos 50 anos os fabricantes reduziram o alcatrão e a nicotina nos cigarros, mas aumentaram os níveis de toxinas específicas como o beta-naftilamina, um conhecido agente cancerígeno para a bexiga.

Mais de 350 mil pessoas são diagnosticadas com câncer de bexiga no mundo anualmente. O fato de que a incidência deste tipo de câncer nos Estados Unidos ter se mantido relativamente estável nos últimos 30 anos, apesar da diminuição geral do hábito de fumar, mostra que o risco é cada vez maior para os consumidores de tabaco, assinala o estudo.
Autor:
OBID Fonte: Terra

Um entre cinco adolescentes de SP consome álcool mais de 1 vez por semana


Secretaria da Saúde do Estado de SP
Pesquisa da Secretaria na Casa do Adolescente de Pinheiros aponta que 80% dos jovens entrevistados já experimentaram bebidas alcoólicas.

Levantamento da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo na Casa do Adolescente de Pinheiros, zona oeste da capital paulista, aponta que 80% dos jovens entrevistados já experimentaram bebidas alcoólicas. Desses, 19% afirmaram consumir álcool mais de uma vez por semana.

Foram ouvidos 436 adolescentes com idades entre 10 e 18 anos de idade. Entre os que já consumiram álcool, 30% afirmaram beber pouco, 16% não bebem mais, 16% apenas aos finais de semana, 15% somente em festas, 3% consomem bebidas alcoólicas a cada 15 dias e 1% todos os dias.

O estudo indica ainda que quase metade dos jovens bebeu pela primeira vez em festas (44,6%) ou em casa, com a família (21,3%). “Essas informações nos trazem um alerta, sobre como é importante conscientizar a população da perigosa relação entre os adolescentes e álcool. Esse comportamento pode acarretar sérios problemas de saúde na adolescência e, posteriormente, na vida adulta”, afirma Albertina Duarte Takiuti, coordenadora do Programa de Saúde do Adolescente da Secretaria de Estado da Saúde.

Ainda segundo o levantamento, 20% afirmaram tomar bebidas alcoólicas aliado ao consumo de narguilé, e 14% informaram que misturam bebidas com drogas.

Plano estadual

O governo do Estado de São Paulo lançou no último dia 1º de agosto, um programa exclusivo para combater o consumo de álcool na infância e adolescência. O projeto, que conta com o apoio do Ministério Público de São Paulo e representantes dos bares, supermercados e restaurantes, envolve também diversas secretariais estaduais, como Saúde, Educação, Segurança Pública, Justiça e Comunicação, além de órgãos como o Procon-SP e a Vigilância Sanitária Estadual.

Projeto de lei encaminhado à Assembléia Legislativa prevê aplicação de multas de até R$ 87,2 mil, além de interdição por 30 dias, ou até mesmo a perda da inscrição no cadastro de contribuintes do ICMS, de estabelecimentos que vendam, ofereçam, entreguem ou permitam o consumo, em suas dependências, de bebida com qualquer teor alcoólico entre menores de 18 anos de idade em todo o Estado.

Atualmente, o comerciante só pode vender bebidas alcoólicas a maiores de 18 anos. No entanto, se essa pessoa repassa o álcool ao adolescente ou criança no estabelecimento, ele não tem qualquer responsabilidade. A nova legislação muda esse ponto e obriga o comerciante a pedir documento de identificação para realizar a venda ou deixar que o produto seja consumido no local. Essas medidas têm como objetivo evitar que adolescentes tenham acesso a bebidas alcoólicas, que podem causar dependência, doenças, problemas familiares, violência, acidentes e mortes.
Fonte:ABEAD(Associação Brasileira de Estudos do Álcool e outras Drogas)

terça-feira, 16 de agosto de 2011

COMO A MERLA AGE NO ORGANISMO


CRACK - O MAPA DA DROGA


CRACK - CONHEÇA A DROGA


Adolescentes são 70% entre os que buscam ajuda contra alcoolismo


Saúde lançou plano de combate ao consumo de álcool na infância e na adolescência

Pelo menos 70% das pessoas que buscam apoio dos Alcoólicos Anônimos em Campinas, Limeira e Piracicaba têm menos de 18 anos. Essa realidade preocupa pais e médicos, já que a cada dia cresce o número de adolescentes que usam bebidas alcoólicas com freqüência.

O exagero pode se refletir em problemas de saúde: quando o álcool passa pela parede do estomago e cai na corrente sanguínea até chegar no cérebro. A glândula hipófise bloqueia a produção do hormônio antidiurético, fazendo com que a pessoa precise urinar toda hora. Outro órgão comprometido é o fígado, onde as enzimas quebram as moléculas de álcool, transformando todas elas em substâncias tóxicas e, por isso, as pessoas sentem enjôo e todos os sintomas da ressaca.

De acordo com o psiquiatra Fernanda Tomita, os pais precisam ficar atentos para perceber se seu filho está passando dos limites, para poder procurar ajuda.

Há uma semana, o governo de São Paulo lançou um plano de combate ao consumo de álcool na infância e na adolescência, que prevê multa de até R$ 87 mil e fechamento de estabelecimentos que permitirem consumo de álcool por menores. Segundo dados da Secretaria Estadual de Saúde, 80% dos pacientes diagnosticados como alcoólatras beberam antes dos 18 anos, a maioria com 12 anos.

Uma pesquisa do Ibope aponta que 18% dos adolescentes entre 12 e 17 anos admitem que bebem regularmente.
Fonte:ABEAD(Associação Brasileira de Estudos do Álcool e outras Drogas)

Pesquisa revela que mulheres fumantes tendem a ter mais doenças cardíacas que homens

As mulheres que fumam têm 25% mais chances de sofrer doenças cardíacas do que os homens. São essas as conclusões de uma pesquisa que utilizou os dados de pouco menos de 2,4 milhões de pessoas com problemas cardíacos, realizada nos EUA por especialistas da Universidade de Minnesota e da Johns Hopkins University, entre 1966 e 2010.

O estudo, publicado na revista médica especializada Lancet, afirma ainda que as mulheres em média fumam menos cigarros por dia do que homens, mas acrescenta que ainda assim elas têm mais chances de sofrer doenças coronárias se deveria a diferenças fisiológicas entre os dois sexos.

As mulheres, afirma a pesquisa, "possivelmente extraem uma maior quantidade de cancerígenos e outros agentes tóxicos a partir da mesma quantidade de cigarros que os homens".

A teoria das diferenças fisiológicas, afirmam os analistas envolvidos com a pesquisa, pode ser reforçada, por estudos anteriores que mostraram que as mulheres fumantes têm o dobro do risco de sofrer câncer de pulmão do que homens.


Os pesquisadores afirmam que a diferença no percentual da incidência de doenças coronárias entre homens e mulheres fumantes pode ser ainda maior do que a cifra de 25%, já que em muitos países o hábito de fumar entre mulheres é mais recente do que entre homens.

O documento afirma que fumar é uma das principais causas de doenças coronárias em todo o mundo e "continuará sendo enquanto populações que até recentemente haviam escapado incólumes da epidemia do fumo passarem a fumar em níveis só vistos anteriormente em países de renda elevada".

O problema, afirmam os analistas, pode ser ainda mais agravado, já que ´a popularidade do ato de fumar estaria aumentando entre mulheres jovens de países de renda baixa ou média´.

Entre as conclusões presentes na pesquisa está a de que autoridades governamentais devem criar políticas específicas para coibir o vício do fumo entre as mulheres.
Autor:
OBID Fonte: G1 notícias

Crack: o que fazer se ele estiver na sua casa?


Muito se tem falado sobre o crack e os dependentes dele. O tema é polêmico, mas ainda existe desinformação e falta de conhecimento sobre a droga e sobre como lidar com ela.

O crack é uma droga derivada da pasta base de cocaína, estimulante da atividade do sistema nervoso central, e que pode causar dependência. O problema atinge todas as classes sociais, raças e idades. Não há fronteiras para a droga.

A Dra. Ana Cecília Marques, psiquiatra da Unidade de Pesquisas em Álcool e Drogas, UNIAD, do departamento de psiquiatria da Unifesp, nos fala um pouco sobre este polêmico tema: o crack e a dependência química. "O crack no cérebro ativa intensamente os pensamentos, a vigília, a compulsão, a impulsividade, a agressividade, confunde os estímulos, o humor, e repercute para todos os outros sistemas orgânicos, cardiovascular, pulmonar, gástrico, etc.", afirmou a psiquiatra.

O crack provoca uma série de conseqüências físicas, psicológicas e sociais. Dependendo da vulnerabilidade de cada um, de acordo com a especialista, os usuários de crack "podem apresentar infarto agudo do miocárdio, acidentes vasculares cerebrais, bronquite, asma, gastrite, colite, hipertensão arterial, entre outros." Alteração da percepção da realidade, das relações humanas, laborais, mudança dos valores e respeito aos limites sociais são alterações no convívio social.

Um usuário de crack pode ser identificado através de mudanças de comportamento. A especialista explica que não existe um perfil para o crack apenas. "Alteram-se: alimentação, sono, performance no trabalho, no estudo, no relacionamento com os familiares e amigos. Enfim, no funcionamento do organismo como um todo.", afirmou.

De acordo com a psiquiatra, o planejamento do tratamento depende de cada caso. Não existe tratamento único para todos. Mas a efetividade do tratamento ainda é baixa segundo Ana Cecília. "Estamos aprendendo a manejar o problema. A média de tratamento de sucessos gira em torno de 10 a 20%, muito semelhante as taxas obtidas no tratamento da dependência da nicotina.", lembrou.

Caso exista algum dependente químico de crack na sua família é importante buscar tratamento e entender o problema. "Procurando ajuda com especialistas para desenvolver a capacidade de ajudar o dependente e conseguir encaminhá-lo para o melhor tratamento disponível. A família também precisa de tratamento, inclusive para aprender a ajudar o dependente.", afirmou a psiquiatra.

Muitas vezes o usuário de crack não aceita o tratamento porque não entende o que está ocorrendo com ele. "É uma doença complexa, que muda a capacidade de perceber a realidade e, portanto, é preciso aplicar intervenções motivacionais para que ele aceite o tratamento. Quando existe risco para a vida dele ou para a vida daqueles que estão no entorno, ele deve ser internado voluntariamente, caso contrário o tratamento é ambulatorial. O tratamento ambulatorial atende a maioria dos dependentes", explicou.
Fonte:ABEAD(Associação Brasileira de Estudos do Álcool e outras Drogas)

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

O que fazer com as crianças do crack?

A polêmica internação forçada de menores de idade dependentes da droga que está em vigor no Rio de Janeiro pode se expandir em São Paulo e se espalhar pelo País

ISTOÉ - Solange Azevedo e Wilson Aquino

"Eu usava droga com a minha mãe. Mas, mesmo assim, amo ela", diz o carioca A., 17 anos. "Queria que ela viesse me ver. Aposto que ia querer se curar também." Depois do desabafo, esse adolescente, de corpo franzino e face marcada pelo sofrimento, caiu no choro. Morador da favela de Manguinhos, um dos maiores pontos de venda de crack da capital fluminense, ele costumava passar dias perambulando por outras comunidades e acabava dormindo na rua. Foi assim até ser pego por uma equipe da prefeitura e levado para um abrigo público. A. é um dos 84 menores de idade recolhidos entre 30 de maio – quando uma espécie de "choque de ordem" começou a vigorar na cidade – e a quinta-feira 4. Chamada tecnicamente de "acolhimento compulsório", essa medida foi determinada pela Justiça, que atendeu a um pedido da promotora Ana Cristina Huth Macedo, do Ministério Público do Estado. Ana Cristina acredita que tirar os dependentes de crack das ruas, mesmo contra a vontade, é a única maneira de tentar salvar a vida deles.

A política carioca é polêmica e tem pautado discussões de grupos que lidam com o público infantojuvenil nas últimas semanas: juristas, médicos, defensores dos direitos humanos. "O administrador público que não fizer nada para proteger crianças e adolescentes que estão nessa situação deve ser considerado negligente", alega a ministra Maria do Rosário, da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República. "Visitei um dos abrigos e vi crianças destruídas pelo crack, com as mãos e os pés queimados, em crise de abstinência." Maria do Rosário constatou que o programa tem problemas – como a condução imediata dos recolhidos para a delegacia, mesmo sem flagrante delito, a contratação de profissionais que não são ligados ao Sistema Único de Saúde, a falta de planos individuais de atendimento e, também, de avaliações periódicas para analisar as condições de reintegração familiar dos abrigados. Apesar disso, se forem feitos os devidos ajustes, a ministra afirma que a iniciativa pode se tornar um exemplo positivo. "O crack também é uma forma de prisão", diz Maria do Rosário. "Essas crianças precisam recuperar o direito de viver."

Depois da implantação do recolhimento compulsório no Rio, a Prefeitura de São Paulo começou a estudar a adoção de um programa semelhante na capital paulista e deputados federais passaram a debater o assunto em Brasília. "Mas não adianta só tirar da rua no período agudo da doença", afirma o deputado Osmar Terra (PMDB-RS). "O ideal é que haja uma boa rede de suporte à saúde, que as crianças possam voltar para a escola e, se possível, para a família. Caso contrário, sou a favor de que elas fiquem abrigadas até completarem 18 anos." Terra é autor de um projeto de lei que prevê a internação forçada de crianças e adultos dependentes de drogas. O deputado conta que, em 2007, quando era secretário de Saúde do Rio Grande do Sul, 80% dos internados em hospitais psiquiátricos do Estado por serem dependentes químicos eram viciados em crack e metade dos assassinatos ocorridos em terras gaúchas tinham relação com essa droga.

O crack – uma mistura de pasta básica de coca com substâncias diversas, como bicarbonato de sódio, amônia e água – chegou ao Brasil na década de 90. De lá para cá, o consumo explodiu. De acordo com o Ministério da Saúde, 600 mil brasileiros são viciados na droga. Especialistas menos conservadores calculam que o número chegue a um milhão. O deputado Terra vai mais longe: "A Confederação Nacional dos Municípios está fazendo um levantamento e estima que 1% da população brasileira seja dependente da droga. São quase dois milhões de pessoas." O crack produz efeitos mais avassaladores do que a cocaína. Por ser uma droga barata, se espalhou com rapidez pelo País. "Comecei com maconha, aos 11 anos. Quando cheguei no crack, não consegui mais parar", relata L., 17 anos, internada compulsoriamente no Rio de Janeiro. A adolescente, grávida de oito meses, conta que se prostituía e apanhou muito na rua. Exibe as duas mãos furadas à bala. "Foram os traficantes", lembra. "Me castigaram porque eu roubava na área deles."

Dramas como esse são comuns em várias partes do Brasil. Para o psiquiatra Dartiu Xavier da Silveira, coordenador-geral do Programa de Orientação e Atendimento a Dependentes da Universidade Federal de São Paulo, no entanto, o que se propõe no Rio é uma "medida heroica". Ele garante que, na maior parte dos casos, não é a droga que empurra os usuários para as ruas. É o contrário. É a condição degradante de viver em situação de rua, vulnerável, que faz muitos cidadãos se tornarem dependentes. Embora as autoridades cariocas tenham vendido o projeto que está em curso como um resgate dos viciados em crack, não são apenas os que têm esse perfil que estão sendo recolhidos. Uma porção das crianças e adolescentes foi entregue aos Conselhos Tutelares ou encaminhada para abrigos comuns. "É evidente que se trata de uma política higienista que simplifica o problema", afirma Luís Fernando

A juíza Ivone Ferreira Caetano, autora da sentença que determina o acolhimento compulsório, reclama das críticas. "Alguém, por acaso, se manifesta quando um pai que pode pagar uma clínica particular resolve internar seu filho contra a vontade?", pergunta. "Eu nunca vi. Quando o pai não quer ou não pode, o poder público tem que fazer esse papel." Rodrigo Bethlen, secretário da Assistência Social do município e que comanda o programa, faz coro. "Eu, sinceramente, acho que essa gente nunca viu uma cracolândia", diz. "Quero saber que direitos humanos são defendidos nesses lugares." A Prefeitura do Rio de Janeiro, segundo a ministra Maria do Rosário, não está cometendo ilegalidades, já que o Estatuto da Criança e do Adolescente prevê a adoção de medidas como forma de proteção aos menores de idade. "Não fazer é política de desassistência", afirma o psiquiatra Ronaldo Laranjeira, da Unidade de Pesquisas em Álcool e Drogas. "Um terço dos usuários de crack que têm família morre. Imagine os que não têm! A internação tira a pessoa da situação de risco. Mas, também, se não houver estratégias posteriores para que ela se reabilite socialmente, não adianta. E isso ainda não existe no Brasil."
Favoráveis ou não à internação compulsória, num ponto os médicos concordam: a internação, tanto a voluntária quanto a forçada, é apenas uma das formas de tratamento. "O importante é descobrir, caso a caso, o que funciona para cada paciente. Para alguns, o acompanhamento ambulatorial é o mais adequado. Para outros, o melhor é passar algum tempo num hospital ou numa comunidade terapêutica", afirma o psiquiatra Pedro Daniel Katz, diretor técnico do Serviço de Atenção Integral ao Dependente, único hospital público da cidade de São Paulo voltado exclusivamente a viciados em drogas. Nos últimos dois anos, 70 menores de 18 anos em situação de rua foram internados contra a própria vontade na capital paulista. "A dependência química é uma doença multifatorial e as recaídas são comuns. O sucesso do tratamento depende do tempo de acompanhamento e da reintegração social do paciente", relata Katz. "Estudos mostram que, nos Estados Unidos, quando esse acompanhamento é feito durante dois anos ou mais, o índice de sucesso pode chegar a 65%. O foco apenas na internação, isoladamente, não funciona. É jogar o problema para debaixo do tapete."

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Crise de abstinência pode mesmo levar à morte, dizem especialistas

Jornal do Brasil
Recentemente, os pais de Amy Winehouse declararam que suspeitavam que a cantora havia morrido durante uma forte crise de abstinência, por ter interrompido muito bruscamente o uso do álcool.

O método supostamente usado pela cantora é correto, pois, para quem procura se curar de um vício, o corte deve ser total. A suspeita dos pais, confirmada pelo médico de Amy, também. Infelizmente, uma intensa crise de abstinência pode levar à morte, mas apenas se a pessoa não estiver tendo um acompanhamento médico. Neste caso, essas consequências mais graves, podendo chegar ao desfalecimento, podem ser evitadas.


A intensidade de uma crise de abstinência depende de algumas variáveis, como a droga em que o usuário é viciado, o tempo de vício e o estado físico da pessoa. Os sintomas e as sensações sentidas durante o processo, que leva em média uma semana, também dependem do tipo de droga. Em geral, a abstinência provoca uma reação inversa ao uso da droga, segundo explica o coordenador da área técnica de Saúde Mental da Secretaria de Saúde do Estado do Rio de Janeiro, Marcos de Miranda Gago.

“Existem drogas sedativas e drogas estimulantes. Na ausência de drogas depressivas, a pessoa fica mais acelerada, agitada, com insônia, taquicardia. O inverso acontece quando a pessoa é viciada em drogas estimulantes, como moderadores de apetite. Quando o uso é interrompido, a pessoa fica deprimida. Mas isso fica muito complexo porque as pessoas, normalmente, usam polissubstâncias”, esclarece o psiquiatra.

Esse período da reabilitação pode ser extremamente agressivo, no qual o usuário apresenta um quadro típico de uma doença grave, com queda do estado geral e aparência de doente. Sintomas como confusão mental, dores fortes, alterações graves do pensamento, dificuldades de percepção, sensação de perseguição, entre outras coisas aparecem com frequência. Pela alta gravidade da situação, é imprescindível que o viciado esteja sendo acompanhado por uma equipe médica, tanto para não sanar a grande vontade de usar a droga quanto para não cometer atos extremos, como o suicídio.

“Essas reações físicas e psíquicas são causadas pela interrupção do uso da droga. A abstinência por si só até pode matar, mas normalmente isso ocorre em pessoas mais idosas ou com quem tem outras patologias clínicas, como doenças cardíacas. As drogas devem ser interrompidas, sem redução, e existem medicamentos para mitigar a crise”, diz Marcos, que afirma que a sensação de abstinência acontece nos mais diversos níveis, como uma ressaca depois de uma bebedeira.

O psiquiatra Jorge Jaber explica a razão de alguns usuários sem observação médica chegarem à morte durante esta fase.

“Se você retirar abruptamente o álcool da pessoa ela pode chegar a um quadro gravíssimo que leva à morte. Isso porque as funções vitais de um organismo funcionam através de transmissões por vias nervosas e, para que isso aconteça, precisa-se de neurotransmissores. As drogas alteram a produção e a absorção dos neurotransmissores e o álcool acaba substituindo-os, o que leva a uma falência quando a substância não está mais no organismo”, diz.

Ele lembra que, na época em que ainda fazia residência, o professor normalmente mandava os alunos darem algumas gotinhas de álcool aos pacientes que apresentavam um quadro de abstinência alcoólica.

“A gente comprava uma garrafa de cachaça e ia dando em colherzinha, e a crise passava. Mas hoje em dia existe medicação que faz a pessoa se libertar do risco de desenvolver uma crise de abstinência grave”, garante.

Algumas famílias, no desespero das circunstâncias, acabam tomando decisões sem pensar, como trancar o viciado em um quarto, para que ele não possa usar nem comprar a droga. Isso porque, quando o dependente está descontrolado, esse sentimento acaba contagiando os demais membros de sua família. Esta atitude é compreensiva, mas não é indicada. O ideal é que a família do viciado procure ajuda profissional, pois ela não está preparada para enfrentar um processo de reabilitação sozinha. Jorge Jaber oferece um serviço gratuito de alta qualidade na Câmara Comunitária da Barra da Tijuca. Mesmo na primeira ligação (o telefone para conta é (21) 3325-2323) a pessoa começa a ser atendida por um profissional, que já pode começar a ajudar quem está do outro lado da linha.

A reabilitação na saúde pública

No Brasil, a Política de Saúde Mental adotou, a partir de 2003, um modelo de atenção integral aos pacientes, estruturada nos princípios da Reforma Psiquiátrica, que mudou o foco da hospitalização como única possibilidade de tratamento aos dependentes químicos. Por isso, o Ministério da Saúde, além de ampliar o acesso à assistência hospitalar, introduziu medidas complementares de tratamento para dependentes químicos.

Para assistir aos dependentes estão os Centros de Atenção Psicossocial (CAPs), as Equipes de Saúde da Família, os Consultórios de Rua e as Casas de Acolhimento Transitório (CATs), todos aliados à terapia ocupacional e, para casos necessários, o tratamento medicamentoso e a internação. Essas possibilidades estão incorporadas no Sistema Único de Saúde (SUS).

Depoimento de um ex-viciado

Antônio Tomé tem hoje 58 anos e vive uma vida saudável como conselheiro em uma clínica para dependentes químicos. Mas a harmonia e a tranquilidade só fazem parte da vida de Tomé, como é chamado, há pouco mais de dez anos (dez anos, dois meses e 20 dias, como ele bem lembra). Antes disso, ele foi viciado em "todo tipo de droga", mas as mais presentes eram a cocaína, o álcool e a maconha. Ele conta ao JB como foi seu processo de reabilitação e o que o motivou a ter sucesso depois de 19 internações.

Com quantos anos você começou a usar drogas?

Comecei a beber com 11 anos, a fumar maconha com 13 e a usar cocaína com 17 anos. Fui dependente por 35 anos, mas já estou sóbrio há dez anos, dois meses e 20 dias.

Por que você conta cada dia?

Faço parte da irmandade de narcóticos anônimos, e nós temos esta cultura de contar os dias limpos. Começa pelo primeiro dia, que é o mais importante, embora eu diga que estou limpo só por hoje. Vivemos um dia de cada vez.

Quantas vezes você foi internado?

Tive 19 internações. Sempre fui um paciente muito rebelde, resistente a mudanças, queria parar de usar drogas, mas não queria mudar meus comportamentos. E para se recuperar totalmente, não se pode escolher, tem que mudar totalmente o estilo de vida. Eu já não acreditava mais, não queria mais ser internado. E quando minha família me internava à revelia, ficava com muita raiva, mas depois compreendia que era um ato de amor, que isso salvava minha vida.

E de onde você tirou forças para não desistir na 19ª vez?

Na realidade todas as internações foram importantes, desde a primeira, pois a semente ficou plantada. Tive mais forças para mudar quando entrei em contato com o meu próprio sofrimento. Eu olhava muito para o sofrimento da minha família, o que não é suficiente. Resolvi mudar. Percebi que, já que do meu jeito não dava certo, eu tinha que tentar o jeito que os psiquiatras me aconselhavam. Parei com todos os comportamentos destrutivos e me afastei de todas as amizades que me influenciavam.

Você lembra do que sentia durantes as crises de abstinência?

A crise de abstinência é bastante dolorosa, ela passa do momento da vontade até o ponto da fissura, que é a pior parte. A fissura é uma vontade que parece insuportável. A gente sente que tem que usar ou vai morrer, dá taquicardia, suor. No entanto, aprendi que essa fissura passa em até sete minutos. Em outros momentos, quando me dava essa vontade eu usava a droga e ficava tudo bem.

Qual foi o papel de sua família nesta mudança?

Minha família foi importantíssima. Minha irmã (a atriz Luiza Tomé) foi muito presente, financiou todas as minhas internações. Minha mãe, minha mulher e meus dois filhos foram fundamentais, sempre me deram apoio. Mesmo eu agredindo, humilhando, abandonando a família, eles sempre foram presentes, peças importantes para que minha recuperação desse certo.

Você tem vontade de usar drogas até hoje?

Não. No primeiro ano, nos primeiros meses, de vez em quando dava vontade de usar, mas eu sabia que a vontade ia passar. Há muito tempo não tenho nenhuma vontade de usar nenhum tipo de droga.

E como você chegou a conselheiro em uma clínica?

Eu introduzi um irmão ao mundo das drogas que também não aceitava a recuperação. Ele, infelizmente, acabou morrendo de overdose. E, mesmo com a morte dele, eu não parei, continuei usando. Quando eu entrei em recuperação, era muito criticado, as mães e esposas de muitos amigos meus os proibiam de andar comigo. E, depois que eu me recuperei, comecei a perceber que essas mesmas famílias que me criticavam me ligavam pedindo ajuda, pedindo para eu conversar com a pessoa que enfrentava o vício. Fiz então um curso de conselheiro em dependência química em um a clínica onde trabalho há cinco anos. Faço também um trabalho muito importante sobre tabagismo lá, pois também parei de fumar neste meio tempo.
Fonte:ABEAD(Associação Brasileira de Estudos do Álcool e outras Drogas)

Fumo e álcool juntos causam maioria dos tumores de boca


Folha de São Paulo
Garganta, laringe e esôfago também são atingidos por cânceres decorrentes da combinação desses hábitos. Dado é da maior pesquisa já feita sobre o assunto na América Latina; parar de beber ou fumar reduz risco.

O maior estudo do gênero já feito na América Latina, com ênfase no Brasil, revelou que fumantes e bebedores regulares de álcool têm maiores riscos de câncer na boca, faringe, laringe e esôfago, como já se previa de acordo com dados de outros países.

O resultado mais impactante do estudo foi mostrar que o uso simultâneo de álcool e tabaco teve um efeito multiplicador: 65% dos 2.252 casos de câncer avaliados estavam entre bebedores que também fumavam.

O estudo mostrou que quem bebe ou fuma mais tem maior risco da doença.

Os 25% que beberam menos ao longo da vida (de 0,1 a 233,6 g de etanol por ano, sendo que uma lata de cerveja tem 14 g de etanol), tinham chance 2,26 vezes maior do que os abstêmios de ter câncer de esôfago.

Já os 25% que mais beberam (mais de 2 kg de etanol por ano ou 142 latinhas) aumentavam o risco de desenvolver o tumor em 9,26 vezes.

Dos bebedores de álcool, os que consumiam destilados tiveram um risco 12 vezes maior de câncer no esôfago.
Os dados também indicam que quem parar de fumar e beber reduz o risco de ter câncer nessas regiões.

A equipe de doze pesquisadores, dos quais seis brasileiros, foi coordenada pela Agência Internacional de Pesquisa sobre o Câncer, com sede em Lyon, França.

Participaram pesquisadores de São Paulo, Goiás, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul. Dos 2.252 pacientes, 1.750 vieram do Brasil, 309 da Argentina e 193 de Cuba. O estudo foi publicado na revista "Cancer Causes Control".

"O câncer é resultado de um processo longo de agressão ao organismo, até que uma célula fique tumoral", diz Sergio Koifman, da Fiocruz (RJ), um dos autores.

Os pesquisadores descartaram outra causa possível de câncer no grupo estudado, o vírus HPV, pelo baixo nível de infecção presente.

Estudo do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo, com 26,1 mil pacientes, mostra que 11% dos pacientes de câncer ali atendidos dizem consumir bebidas alcoólicas em excesso

Pesquisa avaliou riscos trazidos por cada tipo de bebida alcoólica


O estudo sobre os efeitos de álcool e tabaco nos cânceres do trato aerodigestivo superior é apenas um dos mais recentes coordenados pela Agência Internacional de Pesquisa sobre o Câncer.

Aos poucos, a cooperação entre pesquisadores de todo o mundo vai juntando peças do quebra-cabeça sobre os variados fatores de risco desse tumores.

Essa cooperação é conhecida como consórcio Inhance ("The International Head and Neck Cancer Epidemiology Consortium", ou Consórcio Internacional de Epidemiologia do Câncer de Cabeça e Pescoço).

Um estudo anterior do Inhance analisou o risco de câncer de cabeça e pescoço para bebedores de cerveja, vinho e destilados.

Eles mediram o consumo total de etanol entre os que bebiam exclusivamente uma dessas bebidas, ou várias delas. Foram acompanhados 9.107 pacientes com câncer e 14.219 do grupo-controle.

Bebedores de cerveja e destilados tinham risco mais alto do que os bebedores de vinho, mas o resultado pode ser obra de outros fatores.

Segundo os pesquisadores, quem bebe vinho costuma ter hábitos saudáveis, como consumo de frutas e legumes.
Fonte:ABEAD(Associação Brasileira de Estudos do Álcool e outras Drogas)

terça-feira, 2 de agosto de 2011

Fumo passivo pode prejudicar audição de adolescentes

Mais um item adicionado à longa lista de efeitos prejudiciais do fumo passivo: a perda de audição em adolescentes.

Pesquisadores escreveram na edição de julho da revista "The Archives of Otolaryngology - Head and Neck Surgery" sobre os exames que realizaram em 2.000 adolescentes para verificar os níveis de cotinina no sangue, substância que indica a exposição ao tabaco.

Depois de desconsiderar os fumantes, os 799 adolescentes restantes eram não fumantes cujos níveis de cotinina indicavam a exposição ao fumo passivo. No total, 754 adolescentes não ficavam expostos à fumaça dos cigarros.

Após o controle de muitas variáveis, eles descobriram que quanto maior fosse o nível de cotinina no sangue do participante, maior era a probabilidade de ele ter sofrido uma perda de audição de determinado tipo. Mais de 17% de um quarto que apresentou níveis mais altos de cotinina tiveram perda auditiva de baixa frequência.

Não se sabe ao certo de que forma a exposição ao fumo passivo causa essa perda. No entanto, é sabido que o tabaco prejudica o fluxo do sangue de vasos sanguíneos muito pequenos, como aqueles de que depende o ouvido interno.

"A maioria das crianças, aproximadamente 85%, não tinha conhecimento da perda de audição", afirmou a doutora Anil K. Lalwani, principal autora do estudo. "Não podemos confiar em autoavaliações", disse ela.
Autor: NICHOLAS BAKALAR
OBID Fonte: Uol notícias

Não é mito: as mulheres são mais suscetíveis aos efeitos do álcool

Questões afetivas induzem o consumo, segundo pesquisa do Ministério da Saúde.

A morte de Amy Winehouse, no último sábado, trouxe o tema à tona. O consumo de bebida alcoólica entre o público feminino vem crescendo a cada dia.

No Brasil, a situação não é diferente. Em 2006, cerca de 8% das mulheres entrevistadas afirmaram que tomavam algumas doses a mais. Já em 2010, mais de 10% contou que exagera no álcool. A pesquisa foi feita pelo Ministério da Saúde.

Não é só crescimento do consumo que preocupa os médicos. Os efeitos das bebidas nas mulheres são mais nocivos do que nos homens. O álcool se mistura facilmente com a água do corpo, e como elas têm menos água do que os homens, a concentração e os efeitos da bebida acabam sendo maiores.

— Estudos científicos apontam que, nas mulheres, o uso de álcool está associado ao desenvolvimento de câncer de mama, principalmente quando combinado ao uso de reposição hormonal na pós-menopausa, por exemplo. Sob o efeito de bebida, as mulheres ainda podem ficar suscetíveis a abusos sexuais e fazer sexo desprotegido — explica a psiquiatra Camila Magalhães Silveira.

Os motivos que levam homens e mulheres a beberem também são diferentes. Em estudo realizado com universitários sugeriu que as questão afetivas estão relacionadas ao consumo de bebida entre as mulheres. Elas bebem para lidar com situações estressantes ou para aliviar sintomas depressivos.

Já para o público masculino, o uso de álcool estaria associado a motivações sociais. Eles bebem em festas ou na companhia de amigos para ser aceito pelo grupo.
Fonte:ABEAD(Associação Brasileira de Estudos do Álcool e outras Drogas)

Tabagistas têm queda de rendimento de trabalho que pode chegar a 50%

De acordo com a Pesquisa Especial de Tabagismo (PETab) – realizada pelo Governo Federal, através do Instituto Nacional do Câncer (Inca) e do Ministério da Saúde –18% da população brasileira é tabagista. Um dos problemas ocasionados pelo cigarro está ligado ao desempenho no mercado de trabalho.

“Estudos atribuem queda de rendimento superior a 20% aos tabagistas e até 50% em produtividade nos funcionários tabagistas que apresentam sintomas de estresse”, aponta Maurício Mittempergher, médico do trabalho e especializado em saúde e segurança do trabalho.

Para os executivos, outro dado preocupante: as doenças respiratórias, infecciosas e alérgicas têm maior incidência em fumantes e potencializam-se quando há presença de fumaça em ambientes fechados.

No entanto, não apenas os fumantes são afetados por esse mal. Segundo o Ministério da Saúde, o tabagismo passivo ocupa a terceira posição de causa de morte evitável nos países desenvolvidos, atrás apenas do tabagismo ativo e do alcoolismo.

Além disso, a fumaça ambiental é ainda mais nociva que a fumaça inalada pelos fumantes. “A combustão do tabaco entre as tragadas ocorre a uma temperatura menor, ou seja, de forma incompleta. A consequência é a maior concentração de elementos tóxicos e cancerígenos nessa fumaça”, explica Mittempergher.

Programas para ambientes livres de tabaco são uma alternativa para as empresas. “A principal vantagem diz respeito ao conceito de saudabilidade. Pesquisas apontam que os não fumantes percebem imediata melhora no ambiente de trabalho e, se associada ao incentivo a prática esportiva e o combate ao sedentarismo, causam reflexo em aumento da produtividade e redução do absenteísmo também nos fumantes”, finaliza o especialista.
Autor:
OBID Fonte: UOL Saúde

Crack ajuda a elevar estatísticas de homicídios no país

O consumo do crack já provoca uma epidemia de homicídios no país, que vitima principalmente jovens de 15 a 24 anos e é um dos principais fatores do aumento da violência, especialmente no Nordeste.

Luiz Flávio Sapori, professor da PUC Minas e um dos principais estudiosos do tema no Brasil, em dois anos de análise conseguiu constatar claramente este fenômeno nos dados de violência em Belo Horizonte, capital mineira.

- A fatia mais considerável da violência nas principais cidades brasileiras está relacionada à introdução do crack. Em especial no Nordeste, onde estão as capitais que tiveram o maior aumento de homicídios - afirma o pesquisador, que classifica o crack como a droga mais danosa da sociedade atual e critica a falta de medidas concretas de atenção ao problema por parte do governo federal.

Em Pernambuco, o crack já se alastrou por todas as cidades do estado . Ao lançar no ano passado o Plano de Ações Sociais Integradas de Enfrentamento ao Crack, o governador Eduardo Campos afirmou que 80% dos homicídios no estado tinham vinculação com o tráfico de drogas e que a grande maioria estava ligada ao crack.

Em Minas, Sapori conseguiu estabelecer esta relação entre o crack e o aumento da violência a partir de uma amostragem aleatória de inquéritos da Polícia Civil. Nos anos anteriores à inserção da droga na capital mineira, no meio da década de 90, o comércio de drogas era responsável por 8% dos crime contra a vida. A partir de 1997, este percentual cresceu consideravelmente, alcançando 19% dos crimes até 2004, e 33% em 2006.

- O Brasil simplesmente não tem uma política de atendimento ao usuário do crack. O SUS não está preparado tecnicamente para atender à especificidade do dependente de uma droga diferente de todas as outras existentes por aqui - diz o especialista.
Especialista defende internação forçada

Entre as medidas urgentes que ele defende estão a produção de conhecimento sobre o assunto e a quebra de tabus, entre eles a resistência à internação forçada - o que começou a ocorrer no Rio -, fundamental em vários casos, na opinião dele:

- As pessoas têm de saber que é uma droga muito sedutora e prazerosa, mas capaz de criar uma dependência química sem relação com outras drogas. O usuário não pode cair na visão ingênua de que vai conseguir fazer uso controlado do crack, pois a chance disso acontecer é quase nula.

Neste mês o tema se transformou em pauta principal do Instituto Minas pela Paz, organização da sociedade civil mantida por empresas ligadas à Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg). A ONG buscou o apoio do Conselho Estadual de Políticas Sobre Drogas (Conead-MG) e do Tribunal de Justiça para uma campanha para conscientizar sobre o drama. A mobilização levou um grupo de agências de publicidade a produzir todo o material voluntariamente.

Para especialistas, a timidez do apoio do Estado à política de atendimento aos usuários tem de acabar, e o desafio é encontrar um modelo de apoio. Por lei, o SUS não pode financiar a atividade que não do próprio governo, o que obriga o Ministério da Saúde a buscar maneira eficiente de financiamento. Uma das alternativas oferecidas pelo governo é oferecer ajuda na alimentação de dependentes.

- Não queremos que o governo federal dê comida, queremos que banque vagas - afirma o mineiro Aloísio Andrade, à frente do Colegiado de Presidentes de Conselhos Estaduais de Políticas sobre Drogas.

O colegiado propôs criar uma contribuição social de 1% do rótulo de bebidas e tabaco, carimbada para o financiamento de vagas para atendimento ao dependente químico. Mas não conseguiu o apoio do governo federal. O problema se agrava ainda com o crescente consumo de outras drogas devastadoras, como o oxi, ainda mais barata e letal que o crack.
Fonte:ABEAD(Associação Brasileira de Estudos do Álcool e outras Drogas)

Um país desarmado contra o crack

Diário de Natal

Governo aplicou apenas 20% dos R$ 410 milhões previstos para o combate ao entorpecente.

Eles já chegam à impressionante marca de 900 mil no país, formando um exército de dependentes químicos da cocaína e crack que não para de crescer, de acordo com levantamento da Organização das Nações Unidas (ONU). Desde junho do ano passado, o governo reservou quase meio bilhão de reais para alterar a realidade, mas até agora não foram aplicados nem 20% dos recursos previstos, apesar da deficitária estrutura de atendimento. O Plano Nacional de Combate ao Crack e Outras Drogas, anunciado ainda no governo Lula, não decola. Isso, apesar de a considerável cifra de R$ 410 milhões ter sido pulverizada entre os ministérios da Justiça, da Saúde e do Desenvolvimento Social e Combate à Fome.

Hoje, o Brasil sequer conhece a face de seus dependentes químicos, em especial do crack. O último levantamento oficial sobre o uso de drogas no país foi feito em 2005 e uma nova pesquisa seria concluída em março. Mais uma vez, fez água, conforme admite a própria Secretaria Nacional de Política sobre Drogas (Senad). Uma pesquisa feita pela Confederação Nacional dos Municípios (CNM), em dezembro do ano passado, mostrou que 98% dos municípios brasileiros têm dependentes químicos, inclusive, de crack. Desses, apenas 14,7% têm Centros de Atenção Psicossocial (CAPs) e 8,4% contam com programas locais de combate ao crack.

Mesmo sem dados científicos sobre a realidade brasileira do crack, a secretária Nacional de Política sobre Drogas, Paulina Duarte, desdenhou da tese sobre o país viver uma epidemia de crack: "É uma grande bobagem." O presidente da Comissão Especial de Combate às Drogas da Câmara dos Deputados, Reginaldo Lopes (PT-MG), discorda. Para ele, há um endemia que deve ser tratada como crônica. "Do ponto de vista político, é melhor tratar como epidemia, aprimorar e efetivar políticas públicas do que depois correr atrás do prejuízo", destacou.

Sem atendimento

Ainda assim, o Plano de Enfrentamento do Crack e Outras Drogas deixa de contemplar cerca de 62% dos municípios brasileiros com a rede de atendimento pública a dependentes. Ele limitou o acesso às ações apenas a cidades com população acima de 20 mil habitantes, um total de 1.643 (29,5%). Para os demais, está prevista apenas a possibilidade de implantação de Núcleos de Apoio à Saúde da Família. Anunciada com alarde pela Senad, a construção de 2,5 mil leitos em todo o país significa apenas meia vaga para cada município brasileiro. Além disso, a tentativa de lançar editais públicos para contratação de vagas de internação não surtiu efeito. Foram tantas as exigências que não houve interessados.
Fonte:ABEAD(Associação Brasileira de Estudos do Álcool e outras Drogas)