terça-feira, 16 de agosto de 2011

Crack: o que fazer se ele estiver na sua casa?


Muito se tem falado sobre o crack e os dependentes dele. O tema é polêmico, mas ainda existe desinformação e falta de conhecimento sobre a droga e sobre como lidar com ela.

O crack é uma droga derivada da pasta base de cocaína, estimulante da atividade do sistema nervoso central, e que pode causar dependência. O problema atinge todas as classes sociais, raças e idades. Não há fronteiras para a droga.

A Dra. Ana Cecília Marques, psiquiatra da Unidade de Pesquisas em Álcool e Drogas, UNIAD, do departamento de psiquiatria da Unifesp, nos fala um pouco sobre este polêmico tema: o crack e a dependência química. "O crack no cérebro ativa intensamente os pensamentos, a vigília, a compulsão, a impulsividade, a agressividade, confunde os estímulos, o humor, e repercute para todos os outros sistemas orgânicos, cardiovascular, pulmonar, gástrico, etc.", afirmou a psiquiatra.

O crack provoca uma série de conseqüências físicas, psicológicas e sociais. Dependendo da vulnerabilidade de cada um, de acordo com a especialista, os usuários de crack "podem apresentar infarto agudo do miocárdio, acidentes vasculares cerebrais, bronquite, asma, gastrite, colite, hipertensão arterial, entre outros." Alteração da percepção da realidade, das relações humanas, laborais, mudança dos valores e respeito aos limites sociais são alterações no convívio social.

Um usuário de crack pode ser identificado através de mudanças de comportamento. A especialista explica que não existe um perfil para o crack apenas. "Alteram-se: alimentação, sono, performance no trabalho, no estudo, no relacionamento com os familiares e amigos. Enfim, no funcionamento do organismo como um todo.", afirmou.

De acordo com a psiquiatra, o planejamento do tratamento depende de cada caso. Não existe tratamento único para todos. Mas a efetividade do tratamento ainda é baixa segundo Ana Cecília. "Estamos aprendendo a manejar o problema. A média de tratamento de sucessos gira em torno de 10 a 20%, muito semelhante as taxas obtidas no tratamento da dependência da nicotina.", lembrou.

Caso exista algum dependente químico de crack na sua família é importante buscar tratamento e entender o problema. "Procurando ajuda com especialistas para desenvolver a capacidade de ajudar o dependente e conseguir encaminhá-lo para o melhor tratamento disponível. A família também precisa de tratamento, inclusive para aprender a ajudar o dependente.", afirmou a psiquiatra.

Muitas vezes o usuário de crack não aceita o tratamento porque não entende o que está ocorrendo com ele. "É uma doença complexa, que muda a capacidade de perceber a realidade e, portanto, é preciso aplicar intervenções motivacionais para que ele aceite o tratamento. Quando existe risco para a vida dele ou para a vida daqueles que estão no entorno, ele deve ser internado voluntariamente, caso contrário o tratamento é ambulatorial. O tratamento ambulatorial atende a maioria dos dependentes", explicou.
Fonte:ABEAD(Associação Brasileira de Estudos do Álcool e outras Drogas)