sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Dependência química também está presente nas empresas

De acordo com a OMS, 70% dos dependentes de álcool e 63% dos usuários outras drogas estão empregados

Veículo: O Diário do Norte do Paraná

Segunda-feira. A mesa ao lado continua vazia. Mais uma vez o colega faltou ao trabalho. Aliás, ele tem faltado em muitas segundas-feiras e, quando isso não ocorre, chega sempre atrasado.
Vez ou outra demonstra perda de concentração e até de produtividade, sem falar na variação de humor, ora irritado, ora eufórico.
Esses sinais, que isolados passam despercebidos no ambiente de trabalho, podem ser indicativo de um problema muito sério, a dependência química de álcool ou de outros entorpecentes.
Segundo o psicólogo Ronei Cássius Sperandio, do Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas (CAPSad) de Maringá, o uso de drogas antes, durante ou depois do trabalho é um problema mundial de Saúde Pública.
Nesse sentido, é um grande erro a empresa não reconhecer e ignorar o fato de que o mundo dos negócios não está imune ao problema.
De acordo com a Associação Brasileira de Estudos do Álcool e Outras Drogas (Abead), com base em dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), 70% das pessoas que têm problema de abuso de álcool e 63% dos dependentes de outras drogas estão empregados.
"É importante a empresa saber que a dependência existe e reconhecer isso enquanto doença. Há uma concepção de que todo usuário de droga é marginal, quando na verdade ele é um doente que precisa de tratamento tanto quanto quem está com pneumonia", destaca a assistente social Rosângela Aparecida Zanin , do CAPSad.
Na opinião dela, demitir um funcionário ao descobrir que ele usa droga seria a atitude menos indicada a uma empresa.
"Primeiro, deve-se oferecer a chance de recuperação", pontua.
A empresa que reconhece o problema e é comprometida com a qualidade de vida dos funcionários deve implantar programas preventivos de consumo de drogas e estar pronta para fazer o encaminhamento do colaborador dependente à rede de serviços especializados.
"Se a empresa não tem profissionais como assistentes sociais ou psicólogos, poderia então, treinar o pessoal do Recursos Humanos para tentar identificar essas situações, conversar e verificar o que está acontecendo para que possa oportunizar a condição dele se tratar", acrescenta ela.
Cocaína
Um levantamento realizado pelo Escritório das Nações Unidas contra Drogas e Crimes revela que há cerca de 870 mil usuários no Brasil.
Programa de Prevenção
Diagnóstico situacional (levantamento sobre o uso de drogas na empresa) para nortear o planejamento das ações.
Formulação de uma política clara e consciente - podendo ser assistencial (tratamento) e/ou de controle (testagem).
Capacitação da equipe de Saúde e de Recursos Humanos - oferecer conhecimento sobre os problemas relacionados ao álcool e outras drogas.
Programas de treinamento dos supervisores/gestores em como abordar e encaminhar um funcionário para a equipe técnica ou serviço especializado da rede pública.
Conscientização e educação de todos os funcionários da empresa quanto à política.
Avaliação periódica da implantação do programa.
Fonte: Associação Brasileira de Estudos do Álcool e Outras Drogas (Abead).