terça-feira, 6 de julho de 2010

Cigarro mata mais de 2600 fumantes passivos por ano no Brasil

Se antigamente fumar era charme, luxo, símbolo de satisfação e status social, de alguns anos para cá o ato é visto como algo que não é saudável, démodé e motivo de exclusão social.

Tanto que com o objetivo de chamar a atenção da população do mundo inteiro sobre os danos e efeitos mortais da epidemia do tabagismo, a Organização Mundial da Saúde, que desde 1992 encara o tabagismo como vício ou doença e não mais como “hábito”, instituiu o dia 31 de maio como o Dia Mundial Sem Tabaco.

Tudo isso porque atualmente há bastante esclarecimento e informação a respeito dos malefícios causados pelo cigarro, o que não permite com que as campanhas, que antes agregavam estrategicamente a ele valores positivos, tenham força e mascarem as verdades.

Afinal, é impossível sustentar a venda de um produto que, além de ser a causa de mais de 50 tipos de doenças (coronarianas, vasculares, enfisema, bronquite, problemas no sistema digestivo, impotência sexual e muitas outras), é também responsável por 200 mil mortes anualmente só no Brasil (23 falecimentos por hora) e ainda é prejudicial à saúde daqueles que convivem com o fumante ou dos que apenas estão próximos deles por um determinado período, já que 90% dos casos de câncer no pulmão estão diretamente ligados ao vício e 3,3% são relacionados aos fumantes passivos.

O vício não afeta só quem opta por fumar, as pessoas que estão expostas a fumaça acabam absorvendo a nicotina, o monóxido de carbono e várias outras substâncias que compõem o cigarro. “Os fumantes passivos sofrem imediatamente com os efeitos desses componentes tóxicos e são atingidos por irritações nos olhos e no nariz, dores de cabeça, tosse, alergias e dor no peito (angina). Com o tempo, essa exposição ao tabaco pode reduzir a capacidade funcional respiratória e aumentar as chances de desenvolver aterosclerose e problemas cardíacos”, afirma o médico pneumologista Paulo Salles do Hospital Bandeirantes, do Grupo Saúde Bandeirantes, de São Paulo.

Não é à toa que 2.655 fumantes passivos morrem anualmente das três principais doenças relacionadas ao fumo: enfarte, derrame e câncer de pulmão, gerando aos cofres públicos um gasto de pelo menos R$ 37 milhões. Desse valor, R$ 19,15 milhões são com tratamentos pagos pelo Sistema de Saúde; e R$ 18 milhões referem-se aos gastos da previdência social com o pagamento de pensões ou benefícios aos parentes das vítimas. Esses valores foram calculados pela pesquisa "Impacto do Custo de Doenças relacionadas com o tabagismo passivo no Brasil", estudo econômico encomendado pelo Instituto Nacional do Câncer (Inca) à Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Quem pensa que o problema acaba por aí, engana-se. Segundo pesquisa finlandesa publicada no periódico "Circulation", crianças e adolescentes que convivem com fumantes já sofrem desde cedo com as conseqüências da fumaça. A situação faz com que os jovens filhos de fumantes tenham 7% a mais de predisposição para bronquite e aumenta em 48% o risco de desenvolverem otite (infecção no ouvido), além de terem suas artérias afetadas e apresentarem espessamento nas paredes dos vasos, de maneira que os que possuem mais cotinina (substância encontrada na saliva, através da qual se pode medir a quantidade de nicotina absorvida pelo fumante) no sangue têm as paredes das carótidas 7% e da aorta 8% mais espessas, em média, do que aquelas com níveis mais baixos da substância.

Além disso, os adolescentes com o nível mais alto de cotinina têm colesterol mais elevado e risco cardiovascular 15% maior do que o dos outros. “A fisiologia do jovem que está exposto à fumaça já está alterada, o que faz com que ela tenha grandes chances de desenvolver uma doença cardiovascular quando adulta”, diz Salles, que é membro das Sociedades Paulista e Brasileira de Pneumologia e Tisiologia.

Para de fumar hoje!
Cerca de 70% dos fumantes declaram ter vontade de parar de fumar. “Como outras coisas na vida, deixar de fumar é uma questão também de tentativa. Se não deu certo na primeira vez, basta tentar de novo, sem desanimar. Certamente na seguinte vai dar certo. Se o fumante não conseguiu cessar o tabagismo sozinho, aí estão os médicos, as clínicas, os serviços de doenças respiratórias, os hospitais e as equipes multidisciplinares para ajudar e orientar modos seguros de se obter sucesso. Basta procurar ajuda!”, finaliza o especialista.

SOBRE O GRUPO SAÚDE BANDEIRANTES:

Presente no setor de saúde desde 1975, o Grupo Saúde Bandeirantes é constituído pelos hospitais Bandeirantes e Glória, na Liberdade; Leforte, no Morumbi; e Lacan, para atendimento psiquiátrico, em São Bernardo do Campo. O Hospital Bandeirantes, primeiro da rede, é referência em atendimentos de alta complexidade, com know-how nas áreas de atenção cardiovascular, oncologia, transplantes e cirurgias especializadas.

Já o Leforte, em funcionamento desde o segundo semestre de 2009, se destaca no atendimento integral a pacientes adultos e pediátricos. Além disso, merecem destaque os programas e ações na área socioambiental, através do Instituto Saúde Bandeirantes de Responsabilidade Socioambiental, e o apoio ao ensino, pesquisa e extensão, por meio do Instituto de Ensino e Pesquisa (IEP-GSB).

Fonte:Saúde & Lazer/ABEAD(Associação Brasileira de Estudos do Álcool e outras Drogas)