sexta-feira, 17 de junho de 2011

Uso de anabolizantes chega a 20,6%

Uma pesquisa realizada no Departamento de Fisiologia da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), revela que 20,6% dos jovens que frequentam academias de ginástica e musculação na capital usam ou já usaram comprimidos anabolizantes. A média de idade destes jovens é de 18 anos que praticam academias principalmente na zona Sul e na zona Norte de João Pessoa. A pesquisa foi realizada pelo Grupo de Pesquisa sobre Recursos Ergogênicos, coordenado pela professora Phd., Raquel Linka.

Drogas utilizadas para potencializar rendimento muscular podem provocar lesões no corpo e levar até à morte

Foram distribuídos 510 questionários em 52 das 102 academias existentes em João Pessoa com perguntas a respeito do uso de esteróides anabolizantes e complexo vitamínico de uso veterinário (ADE) e óleo mineral. Os resultados surpreenderam os pesquisadores. Ulival Magno, professor de educação física e proprietário de uma academia, integrante do grupo que realizou a pesquisa, informou que os problemas causados pelo uso desses remédios afetam todo o sistema corporal e psicológico. Dentre os entrevistados, 60% confirmaram dores locais; 50% disseram apresentar febre local; 16% constataram incidência de nódulos e furúnculos e 6,7% tem taquicardia. 57% recebem indicações de amigos e 26,7% decidem tomar por conta própria. 11% usavam o ADE, que é injetado diretamente no músculo para aumentá-lo. As drogas mais procuradas são Durateston, Decadurabolin e Winstron.

Os comprimidos usados por pessoas que querem obter um aumento rápido da massa muscular são vendidos legalmente nas farmácias, com receitas médicas que ficam retidas (receita azul). De acordo com Sérgio Brindeiro, da Agência Estadual de Vigilância Sanitária (Agevisa), a complicação está no mercado paralelo, onde ele pode ser adquirido facilmente por qualquer pessoa. "O desafio de todos é justamente localizar esses medicamentos e a forma como são comercializados", reconheceu.

A fiscalização das ocorrências no município é de responsabilidade da Agência de Vigilância Sanitária (AVS). De acordo com a fiscal Raquel de Queiroz, a academia pode ser autuada se for constatada a comercialização. Em caso de infração, a multa varia de R$300 a R$ 50 mil. Andréa Targino, consultora jurídica da AVS, informou que não há lei que impeça a utilização dos medicamentos. "A legislação estadual determina que as academias deixem à vista informações com orientações sobre o uso dos esteróides. Esta é a melhor maneira para se combater o problema: educação".

A promotora de Justiça dos Direitos da Saúde de João Pessoa, Maria das Graças Azevedo, está incentivando a criação de uma campanha ampla com a finalidade de instruir os jovens dos males do uso de anabolizantes. Estão convocados para o esforço os proprietários de academias, secretarias municipais de Educação e Saúde, Secretaria Estadual de Esporte e Conselho Regional de Educação Física. Nos próximos dias será marcada uma reunião para que as ações sejam definidas. A população pode ligar para o disque denúncia da Agevisa: 3281 5933 ou para o número gratuito da Agência de Vigilância Sanitária de João Pessoa 08000 281 4020.
Autor: Editoria Dia-a Dia
OBID Fonte: O Norte