sexta-feira, 12 de novembro de 2010

ORAÇÃO DA SERENIDADE

Concedei-me, Senhor, a serenidade necessária para aceitar as coisas que não posso modificar...
Coragem para modificar aquelas que eu posso... e
Sabedoria para distinguir umas das outras.

sábado, 6 de novembro de 2010

Álcool é mais prejudicial que heroína e crack, revela estudo

EFE
O álcool é mais prejudicial do que a heroína e o crack quanto aos impactos sociais, segundo um estudo publicado nesta segunda-feira na revista médica "The Lancet".O relatório, elaborado por dois ex-assessores do Governo britânico, David Nutt e Leslie King, tem o objetivo de ajudar na elaboração de políticas estatais mais eficazes para reduzir o impacto social de substâncias que causam dependência, entre as que também se inclui o tabaco. Segundo os autores, a tarefa não é fácil, já que essas drogas causam diversos prejuízos aos usuários e à sociedade. Um estudo prévio dirigido por Nutt em 2007 gerou polêmica ao estabelecer nove critérios principais de danos, desde o mal intrínseco das drogas aos custos sanitários que geram, cada um deles com o mesmo peso na avaliação final. Para melhorar o resultado, este estudo utilizou a denominado análise de decisões com múltiplos critérios (MCDA).
Nove dos critérios empregados neste estudo estavam relacionados ao mal que as drogas causam aos usuários e outros sete com os prejuízos que causam à sociedade.
Todos eles foram divididos em cinco subgrupos referentes aos danos físicos, psicológicos e sociais. As substâncias foram avaliadas de 0 a 100, sendo 100 o nível máximo de prejuízo causado em determinado critério. O álcool obteve uma pontuação de 72 pontos, seguido pela heroína, com 55, e o crack, com 54.
Essas drogas foram seguidas por metanfetamina, com 33 pontos, cocaína, com 27, tabaco, com 26, anfetaminas, com 23, maconha, com 20, ácido gama-hidroxibutírico, com 18, benzodiazepina, com 15, quetamina, com 15, metadona, com 14, mefedrona, com 13, gás butano, com 10, khat, êxtases e esteróides anabolizantes, com 9, LSD, com 7, buprenorfina, com 6 e cogumelos alucinógenos, com 5.

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

O caminho de volta após o estrago do crack

Usuários em tratamento contam a dificuldade em abandonar o vício e falam sobre os danos deixados pela droga na vida deles.

"Todo dinheiro é pouco para quem é dependente químico". A afirmação de Leandro (nome fictício), 32, usuário de crack em tratamento há dois meses, é um alerta sobre o poder devastador que a droga tem no indivíduo, o que se transforma numa problemática que envolve toda a sociedade, e principalmente as famílias que convivem com o usuário dentro de casa. Curiosidade, falta de perspectivas, sentimentos de rejeição e baixa auto-estima, além de problemas mal resolvidos são as principais justificativas para o vício. Para "dar um fogo", expressão dos consumidores do crack, basta despender R$ 5, segundo aponta o ex-usuário, que ainda afirma: "hoje a droga está em todos os lugares".

Mesmo tomando a decisão própria de procurar ajuda clínica, a batalha pela retomada da vida de Leandro está só no começo. "Não tinha noção da minha dependência. Nunca sonhei ou tive vontade de tomar álcool, mas o crack ainda me faz sonhar", afirma numa conversa realizada no Centro de Reabilitação de Dependentes Químicos do Projeto "Cidade Viva", situado na BR-101, na região afastada do Distrito Industrial. Leandro, que chegou a passar 15 dias consumindo a droga dia e noite, lembra a sensação de poder associada aos efeitos, algo que necessitava para exercer a função de gerenciamento de pessoas e tomada de decisões rápidas.

No entanto, além do excesso de autoconfiança, o crack, que ele usava sempre depois que bebia para "despertar", trouxe a degradação da própria vida. "Depois que passava o efeito, vinha a sensação de medo. Passei por uma fase de pensar muito no meu filho. Comecei a ter raiva, desgosto do que estava fazendo", avalia Leandro, que tenta se libertar da dependência num tratamento que deve se estender por nove meses. "Tenho medo de uma recaída de momento. Vi gente desistir do tratamento. A droga é mais forte que a vontade", explica.

A história dele ilustra uma situação cada vez mais comum e que, além das preocupações com o aumento dos índices de violência nas cidades, se transformou em problema de saúde pública. No caso de Leandro, o primeiro contato com as drogas veio aos 13 anos, através do álcool, e depois surgiu o contato com a maconha e a cocaína. O "convite" para experimentar o crack ocorreu ainda esse ano: "Da primeira vez que usei já fiquei fissurado", diz Leandro.
Fonte:O Norte/ABEAD(Associação Brasileira de Estudos do Álcool e outras Drogas)

A vida depois do crack: ex-usuários contam como lutam para se manter longe da droga

Família, trabalho, religião e disciplina ajudam a reaver a esperança perdida.

Quatro dependentes químicos que já estiveram nas páginas de Zero Hora relatando o drama do vício em crack foram procurados outra vez para contar como batalham, todos os dias, para se manter em abstinência. Família, trabalho, religião e disciplina fortalecem o período longe da droga e permitem reaver a esperança perdida

Atleta vitorioso em competições de hipismo, o cavaleiro gaúcho Rodrigo Garcia Bass estava habituado a superar obstáculos até encontrar diante de si uma pedra de crack.

Durante dois anos, período em que sua carreira e seu patrimônio definharam, lutou contra a dependência química. Agora, se apronta para dar uma demonstração pública de que a droga não é uma barreira intransponível. Afastado da pedra, no próximo domingo o cavaleiro campeão vai voltar a competir.

A exemplo dele, que figurou em uma reportagem de Zero Hora sobre os malefícios do crack quando ainda enfrentava o vício, outros personagens de matérias anteriores, atualmente em abstinência, foram procurados para relatar como superam diariamente a dependência. O caso de Bass, 31 anos, é emblemático porque ele se firmou como uma das principais estrelas do hipismo gaúcho ao se sagrar uma vez campeão nacional, outra vice-campeão e conquistar três títulos regionais.

Após se mudar para a Bélgica, durante uma década disputou provas internacionais de primeira linha e trabalhou junto a um dos mais respeitados cavaleiros do mundo, o belga Ludo Philippaerts. Há cerca de quatro anos, em visita a familiares no Brasil, decidiu se repatriar. Meses depois, porém, a carreira galopante empacaria diante de um obstáculo imprevisto.

Oferecida por uma mulher, a primeira pedra de crack domou o cavaleiro porto-alegrense e o obrigou a apear dos cavalos – paixão familiar cultivada desde a infância. A fissura provocada pelo tóxico o levou a perder horários e compromissos, afrouxar os treinos e, por fim, abandonar as competições. Em uma noite, chegava a consumir 60 pedras compradas por cerca de R$ 300. Como resultado, o patrimônio acumulado durante a temporada europeia virou fumaça. Vendeu por uma ninharia até o equipamento de cavaleiro, como uma sela de 3 mil euros.

Internou-se uma vez em São Paulo, onde morava, e outras duas em Porto Alegre, para onde se transferiu em uma tentativa desesperada de mudar de ares. Depois de duas recaídas, concluiu há quatro meses a última e bem-sucedida internação em uma fazenda terapêutica, onde permaneceu em abstinência por outros nove meses. O sofrimento de sua mãe e a vontade de retomar as rédeas serviram de estímulo ao cavaleiro, que cumpriu à risca o tratamento. Desde sua liberação da fazenda, também adotou uma nova rotina.

– Levo uma vida regrada. Acordo às 6h, faço academia, vou trabalhar, tenho duas reuniões de autoajuda e duas sessões de terapia por semana. Nos finais de semana, passo mais tempo com a família – afirma Bass.

Resgate da autoestima

O cavaleiro recuperou o material de equitação perdido, como sela e cabeçadas. Ainda não conseguiu comprar um novo carro, mas faz planos de adquirir um em breve. É responsável por cuidar de cerca de 20 cavalos e dá lições de equitação a 15 alunos. Mora com a mãe e o padrasto e pretende continuar assim até se sentir novamente seguro para viver sozinho.

– É um processo lento, e o apoio da família é fundamental. Sozinho, a gente não consegue nada – admite, lembrando que a dependência é uma doença crônica e sujeita a recaídas.

Mesmo aconselhado por amigos a esconder sua história no anonimato, Bass diz que faz questão de servir de exemplo positivo em um ambiente onde costumam prevalecer os relatos de tragédias irreversíveis. Tem um projeto, em parceria com uma psicóloga, de levar a equoterapia para dentro das comunidades de tratamento de dependentes químicos a fim de contribuir no processo de reabilitação. Mas é no próximo domingo que o atleta pretende dar um passo definitivo rumo à reabilitação.

A partir das 9h, quando montar na égua Lasina para retomar as competições após dois anos entregues ao vício, na hípica da Capital, pretende dar um salto simbólico sobre o crack – a barreira diante da qual milhares de vítimas desabam a cada ano, mas que o campeão gaúcho de hipismo está determinado a deixar para trás.

– Voltar a competir será uma emoção imensa, e um resgate da autoestima. Viver tudo isso de cara limpa é maravilhoso – garante.
Fonte:Zero Hora/ABEAD(Associação Brasileira de Estudos do Álcool e outras Drogas)