sexta-feira, 13 de maio de 2011

Casos de jovens com problemas cardíacos pelo uso de drogas está aumentando

Zero Hora
Usuário tem 24 vezes mais chance de ter um infarto do miocárdio na primeira hora depois do uso de cocaína se comparado à população em geral.

Um novo perfil de pacientes está ocupando leitos dos serviços de emergência dos hospitais. Na faixa dos 20 ou 30 anos, homens e mulheres preocupam cardiologistas com sintomas de infarto, acidente vascular cerebral e crises de taquicardia ou hipertensão. Os médicos constatam que essas pessoas não têm histórico de fatores de risco para doenças cardiovasculares, como a herança genética, e que o distúrbio deles foi provocado pelo uso de drogas, principalmente cocaína e crack.

Essas duas substâncias, a rigor, são a mesma coisa. Só que o crack, acrescido de bicarbonato de sódio e transformado em pedra, tem cerca de seis vezes mais potência que a cocaína. Os efeitos, embora no uso da primeira droga sejam mais intensos, são bastante semelhantes e atuam diretamente no cérebro. A droga impede que, no sistema nervoso central, os neurônios (células nervosas) recapturem o excesso de neurotransmissores, substâncias responsáveis pela transmissão de mensagens de uma célula para outra. Por conta dessa quantidade extra, há um aumento do estímulo motor. O usuário tem a sensação de estar mais forte, mais ativo.

A isso, soma-se grande euforia. Há elevação dos batimentos cardíacos, o que força o coração a trabalhar mais. Uma das consequências é elevar os riscos de infarto. O usuário tem 24 vezes mais chance de ter um infarto do miocárdio na primeira hora depois do uso de cocaína se comparado à população em geral. Também há outras complicações cardíacas graves causadas por ação direta do uso das duas drogas: miocardite (inflamação do miocárdio, nome do músculo cardíaco), endocardite (inflamação do endocárdio, a pele interna do coração), edema agudo do pulmão (líquido nos pulmões) por perda de força de contração do miocárdio, tromboses nos vasos sanguíneos, por formação de coágulos, e dilatação do coração.

Mesmo usuários iniciantes podem ter sequelas. O uso do crack, pelo seu alto poder de absorção, apresenta mais chances de provocar derrame cerebral e de complicações cardíacas em qualquer idade. Tudo piora quando há, somado ao entorpecente, o consumo de energéticos. Por serem estimulantes, eles potencializam o efeito da cocaína e do crack, elevando as possibilidades de um infarto.

A maconha não apresenta efeitos tão maléficos, pois causa relaxamento em vez de excitação. Mas também afeta o coração e outros órgãos. As tragadas repetidas e somadas causam danos importantes, como micro infartos e isquemias cardíacas, como esclarece a cardiologista Janiere Alves, fisiologista do exercício do Instituto do Coração (Incor) de São Paulo. Os anabolizantes também estão na lista de vilões do coração. Além de baixar os índices do bom colesterol, o HDL, aumentam o teor do colesterol ruim para o coração, o LDL. A longo prazo, o uso dessas substâncias causa a hipertrofia do músculo cardíaco, o que pode levar o usuário a uma insuficiência cardíaca ou a um derrame.

Saiba os efeitos de cada uma:

::Cocaína

Estimulantes, seus primeiros efeitos são a elevação da autoestima, seguida de cansaço, insônia e perda de apetite. Após curto período, provoca uma forte depressão. A longo prazo, acarreta a perda de tecido cerebral, danos à inteligência, necrose da mucosa nasal ou das veias, dependendo da forma do consumo, infecção sanguínea, pulmonar e coronária. Os usuários podem ter infartos e derrames.

::Crack

Também provoca euforia plena seguida de depressão, insônia, perda da sensação de cansaço, de apetite, de peso e desnutrição, problemas pulmonares como tosse, expectoração, pneumonia e edema pulmonar. A longo prazo, causa ataque cardíaco, derrame cerebral, aumento da pressão arterial e convulsão.

:: Maconha

Altera a percepção, causando comprometimento da capacidade mental, boca seca, aumento do apetite, taquicardia, aumento da pressão arterial, ansiedade e alucinações. A longo prazo, provoca distúrbios respiratórios, síndrome de dependência, diminuição reversível ou não das capacidades cognitivas e alterações de fertilidade e libido.

* Fonte: Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo
Fonte:ABEAD(Associação Brasileira de Estudos do Álcool e outras Drogas)