segunda-feira, 4 de março de 2013

Drogas afastam do trabalho mais que álcool

Rede Bom Dia. Dados do governo federal revelam que o total de benefícios a usuários triplicou em sete anos. Uma assombrosa estatística do governo federal revela que o consumo de drogas no país cresce a cada ano e, hoje, cocaína e crack já afastam, em relação ao álcool, mais que o dobro de trabalhadores do mercado profissional. Em 2012, a quantidade de auxílios-doença concedidos a dependentes de drogas psicoativas, como cocaína e crack, cresceu 10,9% em relação a 2011, superando uma realidade que já ficou para trás, a de que a bebida alcoólica era o que mais prejudicava trabalhadores. Os dados foram passados pelo Ministério da Previdência Social e pelo INSS (Instituto Nacional do Seguro Social). Nos últimos sete anos, o total de benefícios a usuários de drogas psicoativas mais que triplicou no Brasil. Se em 2006 eles somavam 9.730, em 2012 chegaram a 30.737. No mesmo período, a quantidade de dependentes de álcool afastados do emprego não sofreu grandes alterações e manteve-se em um patamar médio de 13.158. A primeira vez que a soma dos auxílios-doença a usuários de drogas psicoativas superou a de viciados em álcool foi em 2007, quando chegou a 16.351. Desde então, a diferença entre os dois só aumentou. Nos últimos sete anos, a quantidade de auxílios-doença concedidos a usuários de drogas em geral, como maconha, álcool, crack, cocaína e anfetaminas, passou dos 900 mil. Só em janeiro, o total de pedidos de auxílios-doença aceitos pelo governo federal para usuários de drogas como cocaína e crack chegou a 2.457, mais que o dobro dos autorizados aos viciados em álcool: 1.044. São pessoas como o advogado de São Paulo Maurício Bitencourte, de 40 anos. Em 2007, o profissional, pós-graduado em direito do trabalho, foi internado em uma clínica de reabilitação. Na época, misturava cocaína e maconha com bebidas alcoólicas. Em 2010, após mais duas internações, foi demitido e começou a consumir diariamente o crack, que era trocado por ternos, sapatos e um televisor. Mês passado ele e o irmão, ambos desempregados e viciados, conseguiram acesso ao auxílio-doença. Fonte:ABEAD(Associação Brasileira de Estudos do Álcool e outras Drogas)

Álcool na gravidez afeta a criança

O Dia Até o consumo leve de bebida pela gestante ataca o cérebro do filho e causa futura dificuldade de aprendizagem na escola O hábito de consumir bebida alcoólica na gravidez eleva o risco de problemas de concentração e dificuldade de aprendizado na criança em idade escolar. É o que indica pesquisa sobre o tema realizada na Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP. De acordo com o estudo, feito pela psicóloga Luciana Inácia de Alcântara, crianças em idade escolar cujas mães relataram beber uma quantidade de três ou mais doses de álcool eventualmente (por cerca de 10 dias) durante toda a gestação tiveram uma pontuação média menor em testes de avaliação cognitiva. Os meninos também apresentaram alterações de comportamento, segundo Luciana. Para a pesquisa, Luciana entrevistou pais e cuidadores de 86 crianças entre 8 e 9 anos. O desenvolvimento cognitivo está relacionado à abstração, atenção, linguagem, função executiva, concentração, memorização e ao julgamento crítico. “Mesmo em uma amostra relativamente restrita de mães e crianças, e com dados por vezes conflitantes em relação ao consumo de álcool durante a gravidez referido pelas entrevistadas, foram observadas alterações cognitivas, inclusive quando o consumo de álcool era leve e moderado”, disse a pesquisadora à Agência USP. Dados do Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas (de 2005) apontam que 5,7% das mulheres consomem bebida alcoólica. Mas este índice pode ser maior. Um outro levantamento (de 2007) feito pelo grupo de pesquisa em Ribeirão Preto indica que 22% das mulheres bebem álcool na gravidez. O dano mais grave conhecido do consumo de bebida alcoólica na gestação é a Síndrome Fetal do Álcool, que se caracteriza por retardo no crescimento e problemas comportamental e cognitivo.

Álcool é responsável por 62% das internações por drogas

Além do dano social, a droga que mais gera custo, por internações, para a saúde pública não é a maconha, a cocaína ou o crack, mas um velho conhecido: o álcool. Nos 11 primeiros meses de 2012, mais de R$ 1,13 milhão saiu dos cofres públicos baianos para custear as internações por abuso do álcool, de acordo com o Datasus. O valor é R$ 375 mil a mais do que total gasto nas internações por todas as outras substâncias psicoativas que é de R$ 755 mil. Segundo a secretaria estadual de saúde, os casos de internações por álcool e drogas na Bahia se manteve estável nos últimos quatro anos - à exceção de uma queda apresentada em 2012. O dado disponível até novembro registra 1.897 internações, contra 2.500 em 2011. O abuso do álcool responde por 62% das hospitalizações por drogas nos últimos três anos. Somado às hospitalizações pelo uso de drogas múltiplas, respondem por quase 90% das internações por intoxicações no SUS. A proporção elevada, segundo especialistas, reflete o consumo habitual de substâncias etílicas. Mais da metade da população brasileira adulta(52%) consome bebidas alcoólicas, contra 3% dos usuários de maconha e 2% de cocaína, conforme indica levantamentos da Secretaria Nacional Antidrogas e o Nacional de Álcool e Drogas. Para o diretor do Centro de Informações Antiveneno(Ciave, centro de referência em toxicologia estadual), Daniel Rebouças, os números podem ser ainda maiores. "Os usuários só procuram atendimento médico quando algo "sai do normal". Normalmente, passa despercebido até nas unidades médicas", explica. Ele conta que, apesar do centro possuir um atendimento especializado em intoxicação, os casos de abuso de drogas que chegam são ínfimos: apenas 2,6% do total. "É somente a pontinha do iceberg", diz. Condutas - O fato do álcool ser uma droga lícita e socialmente estimulada agrava o quadro, segundo explica a psicóloga e socióloga Andrea Domanico. Segundo ela, há medidas simples que poderiam ser adotadas para evitar intoxicações, como alternar o uso com um copo de água, para evitar os danos causados pela desidratação da bebida. Outro problema são as associações. A mistura do álcool com a cocaína, por exemplo, produz o cocaetileno, substância com sintomas graves e pouco conhecidos. O professor Luís Rodrigues(nome fictício), 27 anos, começou a beber mais tarde do que o usual, aos 17 anos. Mas, mesmo virando dependente da maconha e da cocaína logo depois, considera o álcool o mais difícil de largar. "A bebida foi a substância que mais me fez fazer bobagem. É mais difícil de parar também, devido aos amigos", conta. Com ajuda dos Narcóticos Anônimos, ele consegue controlar a cocaína, "o mais prejudicial pelo domínio que exerce", segundo ele, mas a maconha não tem planos de deixar. "Gosto da sensação". Já o empreendedor Fábio Araújo, 30 anos, conseguiu superar todas as drogas e se mantém "limpo" há dois anos. A bebida entrou na sua vida aos poucos, ainda criança, mas foi apenas uma das drogas que rodearam sua juventude. A lista é grande: maconha, pílulas, cola, benzina, LSD, cocaína, pitiro (maconha com crack) e o próprio crack. "A cocaína era o que eu mais usava, pois combinava mais com o álcool. Dependendo da festa não tinha "discriminação", mas nunca faltava o principal: cigarro e cachaça", diz. Há quatro anos, ele resolveu parar. "Me sentia dominado por algo inferior a mim. Gostava de usar e não de ser usado", diz. Autor: Raíza Tourinho OBID Fonte: A Tarde

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

CODEPENDÊNCIA

Moro com um dependente de maconha. Ele usa todos os dias e às vezes usa crack e cocaína. Vivemos bem, mas fico muito incomodada com algumas situações: minha casa cheira maconha, não posso receber visitas sem marcar dia e hora. Estou bastante estressada com a situação, mas tenho medo de deixá-lo e ele piorar. "O “codependente” deve procurar ajuda especializada com a finalidade de tratar-se, identificando os pensamentos disfuncionais que produzem comportamentos inadequados que prejudicam ambos os lados" Resposta: Muitas pessoas que convivem com dependentes químicos acabam por apresentar sintomas conhecidos como “codependência” Sintomas de codependência: - tentar controlar ou prever as ações do dependente; - abandonar ou mesmo minimizar os próprios desejos, minimizar os comportamentos muitas vezes lesivos do dependente; - deixar de respeitar seus próprios limites; - tentar aparentar tranquilidade em momentos em que se sente mal e desrespeitada; - evitar conflitos para manter as aparências; - permitir ser desrespeitada em todo momento; - acreditar que não tem outra opção além de conviver com a situação e com o dependente; - assumir responsabilidades do dependente e pelo dependente. Não é incomum que o indivíduo “codependente” tenha comportamentos e pensamentos contraditórios. Ou seja, ao mesmo tempo que não suporta o cheiro de maconha em casa, permite que o dependente fume na sala de visitas com as janelas abertas (porque é melhor fumar em casa do que fumar na rua; ou se ele fumar maconha em casa, não haverá brigas mais tarde). Muitos outros comportamentos podem ser sumarizados abaixo. Comportamentos do codependente: Dar dinheiro para o dependente comprar a droga, porque ele não tem dinheiro e pode passar mal sem a droga; Comprar a droga para o dependente, porque, se não o fizer, ela vai até a favela (ou algum outro lugar: “boca”) para comprar; Assumir responsabilidades pelo dependente, porque o mesmo está intoxicado ou mesmo de ressaca; Mentir ou desculpar-se para amigos, familiares ou chefe, objetivando esconder o problema; Usar a droga junto com o dependente, somente para ver como é o efeito e checar se é “tão bom mesmo”; Permitir que o dependente use drogas em alguns dias da semana, horas do dia, ou mesmo certas ocasiões; Emprestar dinheiro para pagar contas do dependente, incluindo aquelas obtidas por causa de drogas; Cancelar atividades sociais, de trabalho ou qualquer outra, porque o dependente estava intoxicado ou de ressaca; Ter sexo com o dependente quando realmente não queria, porque o mesmo estava intoxicado e assim o desejava; Tentar livrar o dependente de problemas que ele mesmo causou; Impor limites ao dependente, mas não cumprir com o proposto; Mentir para a polícia (ou outras autoridades) com o fim de salvaguardar o dependente; Limpar a casa (após o dependente vomitar ou quebrar móveis e utensílios) para evitar que outras pessoas vejam o problema; Pedir que outros familiares e amigos mantenham segredo sobre o problema com drogas. Pensamentos do codependente Pensamentos que nutrem esses comportamentos citados logo acima são fontes perigosas que precisam ser rigorosamente revistos pelos “codependentes”. Alguns desses pensamentos são: É meu dever assumir as responsabilidades da casa nestes momentos de estresse; Eu sinto que eu devo cuidar do dependente, independentemente do que ele faz; Eu posso mudar o dependente quando eu quiser ou achar que devo; Eu sou uma das razões pela qual o dependente faz uso de drogas; Está tudo bem se o dependente usar drogas, desde que ele controle este uso; Às vezes, eu acho bom que o dependente faça uso de drogas em casa, porque ele fica mais afetuoso, além de expressar emoções positivas; Eu sinto falta de certos aspectos da vida, quando o dependente para de usar drogas; Eu preciso fazer o que for preciso para manter meu relacionamento com o dependente; Frequentemente, eu não digo tudo o que eu penso sobre o uso de drogas e álcool, porque tenho medo de que a minha sinceridade piore a situação; Frequentemente, eu nego, minimizo e ignoro a seriedade do problema com o uso de drogas e álcool; Eu tolero o consumo de drogas do dependente, desde que ele cumpra com as suas obrigações financeiras; Eu devo fazer tudo o que for possível para proteger o dependente das consequências sociais e legais do consumo de substâncias; O dependente não consegue recuperar-se sem a minha constante ajuda. Frequentemente, o “codependente” manifesta consequências psicológicas, físicas e sociais advindas desses comportamentos e pensamentos que não são rapidamente percebidos pelo mesmo, tais como: redução da rede de amigos, sonhos não usuais, mudança no padrão de sono e apetite, sintomas ansiosos e depressivos, redução da habilidade e desempenho no trabalho, conflitos com normas e crenças pessoais, problemas financeiros, deterioração da autoestima, dentre outros. O “codependente” deve procurar ajuda especializada com a finalidade de tratar-se, identificando os pensamentos disfuncionais que produzem comportamentos inadequados que prejudicam ambos os lados. por Danilo Baltieri