sexta-feira, 17 de junho de 2011

“Não existe droga segura. Nem a maconha”

A diretora do Instituto Nacional sobre Abuso de Drogas afirma que nem mesmo a maconha nem muito menos a DMT, presente no chá do Santo Daime, podem ser consideradas inofensivas

“Há quem veja a maconha
como uma droga inofensiva.
Trata-se de um erro.
Comprovadamente, ela tem
efeitos bastante danosos”

A psiquiatra mexicana Nora Volkow, 54 anos, é uma das mais importantes pesquisadoras sobre drogas no mundo. Quando, porém, o assunto são os danos neurobiológicos que essas substâncias causam, Volkow pode ser considerada a número 1. Foi a psiquiatra quem primeiro usou a tomografia para comprovar as consequências do uso de drogas no cérebro e foi também ela quem, nos anos 80, mostrou que, ao contrário do que se pensava até então, a cocaína é, sim, capaz de viciar. Desde 2003 na direção do Instituto Nacional sobre Abuso de Drogas, nos Estados Unidos, Volkow esteve no Brasil na semana passada para uma palestra na Universidade Federal de São Paulo. Dias antes de chegar, falou a VEJA, por telefone, de seu escritório em Rockville, próximo a Washington.

Há dias, um cartunista brasileiro e seu filho foram mortos por um jovem com sintomas de esquizofrenia e que usava constantemente maconha e dimetiltriptamina (DMT), na forma de um chá conhecido como Santo Daime. Que efeitos essas drogas têm sobre um cérebro esquizofrênico? Portadores de esquizofrenia têm propensão à paranoia, e tanto a maconha quanto a DMT (presente no chá do Santo Daime) agravam esse sintoma, além de aumentar a profundidade e a frequência das alucinações. Drogas que produzem psicoses por si próprias, como metanfetamina, maconha e LSD, podem piorar a doença mental de uma forma abrupta e veloz.

Que efeitos essas drogas produzem em um cérebro saudável? Em alguém que não tenha esquizofrenia, os efeitos relacionados com a ansiedade e com a paranoia serão, provavelmente, mais moderados. Não é incomum, porém, que pessoas saudáveis, mas com suscetibilidade maior a tais substâncias, possam vir a desenvolver psicoses.

Estudos conduzidos pela senhora nos anos 80 provaram que a cocaína tinha, sim, a capacidade de viciar o usuário e de causar danos permanentes ao cérebro. Até então, ela era considerada uma droga relativamente “segura”. Existe alguma droga que seja segura no que diz respeito à capacidade de viciar e de causar danos à saúde? Não existe droga segura, a não ser a cafeína. Como ela é estimulante e produz efeitos farmacológicos nos receptores de adenosina, é, sim, uma droga. Mas não há evidências de que vicie nem de que seja tóxica - a não ser que você tenha problemas cardiovasculares. Ainda não sabemos se é prejudicial a crianças e adolescentes, mas para adultos não há nenhum problema.

E a maconha? Há quem veja a maconha como uma droga inofensiva. Trata-se de um erro. Comprovadamente, a maconha tem efeitos bastante danosos. Ela pode bloquear receptores neurais muito importantes. Estudos feitos em animais mostraram que, expostos ao componente ativo da maconha, o tetraidrocanabinol (THC), eles deixam de produzir seus próprios canabinoides naturais (associados ao controle do apetite, memória e humor). Isso causa desde aumento da ansiedade até perda de memória e depressão. Claro que há pessoas que fumam maconha diariamente por toda a vida sem que sofram consequências negativas, assim como há quem fume cigarros até os 100 anos de idade e não desenvolva câncer de pulmão. Mas até agora não temos como saber quem é tolerante à droga e quem não é. Então, a maconha é, sim, perigosa.

Alcoolismo na adolescência persiste na vida adulta

Pesquisa divulgada pelo Centro de Informações sobre Saúde e Álcool (Cisa) aponta que metade dos homens que faziam uso pesado de álcool na juventude permanece com hábito no início da idade adulta. Esta constatação faz parte dos resultados apresentados pela pesquisa sobre o comportamento de beber pesado divulgada pela organização não governamental e uma das principais fontes de dados sobre o tema no país.

A pesquisa revela, que aqueles que descobriram as bebidas alcoólicas antes dos 15 e também entre 15 e 17 anos eram mais propensos a desenvolver problemas de alcoolismo do que os que esperaram até os 18 para começar a beber. Os resultados mostraram que o aumento de risco de desenvolver o alcoolismo era quase 50% maior nos jovens que se iniciavam no álcool antes dos 18 anos de idade.

Os cientistas acreditam que a ingestão de grandes quantidades de álcool em idades precoces pode levar a alterações nas funções cerebrais que poderiam favorecer a busca de prazeres imediatos obtidos com o consumo exagerado de álcool, não se preocupando com os futuros riscos. Os pesquisadores ligados aos institutos nacionais de saúde dos Estados Unidos acreditam que um alerta deve ser levado aos pais e aos educadores. As evidências científicas mostram que as crianças devem ser protegidas do contato com o álcool antes dos 18 anos.

Esses números ajudam a ilustrar um problema que merece atenção. Mais vulneráveis, os jovens que bebem cada vez mais cedo e com mais freqüência estão expostos não só com problemas de vícios na fase adulta, mas problemas psicológicos, mentais e físicos, como o desenvolvimento de cirrose. A bebida ainda pode abrir caminho para outras drogas.

Segundo o psiquiatra Josemar Honório Barreto, o jovem é mais vulnerável aos efeitos do álcool e o consumo nesta faixa etária pode causar depressão e até levar ao suicídio, deixar o adolescente mais agressivo e o exposto a situações de violência, gravidez não planejada, queda no rendimento escolar, além de provocar alterações cerebrais em longo prazo e acidentes de trânsito. "As consequências negativas deste hábito são graves. É na juventude que o adolescente está formando sua personalidade. No entanto, podem trazer estes efeitos para o início da idade adulta", afirma.

O psiquiatra explica que doenças como a cirrose, normalmente apareciam quando a pessoa tinha aproximadamente 40 anos, hoje estão aparecendo mais cedo. "O jovem é impulsivo e vive o momento sem pensar no futuro", ressalta. Além do mais a mídia condiciona o cérebro a pensar que é impossível se divertir sem a bebida. "O jovem não sai para se divertir, ele sai para se embriagar", conclui Josemar.

Existem alguns pais que levam o adolescente ao alcoolismo. Muitos jovens aprendem a beber com o exemplo dos pais. "Existem pais que já colocam a chupeta do bebê no copo de chopp, não imagina o crime que esta cometendo", completa o médico.

Para o psiquiatra Josemar, a solução seria conscientizar os pais e mudar o conceito de que a bebida traz felicidade, incentivando o jovem a buscar outras fontes de lazer, além de aumentar o ICMS dos bares que vendem bebidas, fiscalizar intensivamente os bares para que não vendam bebidas para menores, fiscalização no trânsito e com toda certeza a proibição de propagandas com incentivo a bebida.

O palestrante e participante dos Alcoólicos Anônimos (A.A), M.S.O, 23 anos, ressalta que começou a beber aos 14 anos por influência de amigos e quando percebeu já estava completamente dependente do álcool, além de estar envolvido com as drogas. "Quando procurei o A.A estava no fundo do poço, assim como muitos jovens que procuram esta instituição. Se tivesse uma outra chance, jamais beberia na minha vida, hoje vivo assim sem dar o primeiro gole", finaliza.

Já o estudante S.A.L, 21 anos, começou a beber com seus 13 anos porque tinha complexo de inferioridade, com o álcool também vieram as drogas. Ele afirma que só começou a participar das reuniões como uma forma de "pagamento" para a Justiça. "Não adianta procurar o A.A se a pessoa não quer mudar, eu quis mudar e faz dois anos que eu não bebo e não uso drogas", ressalta.
Na maioria das vezes, quem procura ajuda no AA é a família do jovem, quando ele já está envolvido com drogas, mas isso está mudando. Cada vez mais jovens, entre 19 à 30 anos, procuram a instituição por decisão própria, como uma forma de ajuda.

O palestrante M.S.O explica que o envolvimento com a bebida tem três fases. A primeira é a da alegria, a segunda é a que afeta o sistema nervoso e, por fim, a que a pessoa chega ao fundo do poço. "Quando está na fase da alegria, o jovem deixa rolar, mas quando já está envolvido demais o jovem procura ajuda", diz.
Para ele, se o governo arrecada impostos com a venda de bebidas, por outro gasta mais dinheiro em saúde no tratamento de alcoólatras, essa tendência pode ser alterada com a proibição de propagandas de bebida e com a conscientização os país.

A conscientização precisa melhorar. Para o grupo Alcoólicos Anônimos (AA), é necessário desenvolver mais campanhas de conscientização dos males da bebida. Essa é a opinião de voluntários do grupo, que não podem se identificar, conforme regra do AA. Eles ainda enfatizam que é necessário que a família seja um referencial para o jovem. Para eles, é fundamental transformar a realidade dessas pessoas.
Autor:
OBID Fonte: A Gazeta

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Com efeito devastador, nova metanfetamina diferente do ecstasy circula em festas

Bom Dia Brasil
A metanfetamina é parecida com o ecstasy, mas os efeitos são piores. Segundo a polícia, a apreensão de metanfetamina não configura tráfico.

Uma nova droga, com efeito parecido com o do ecstasy, está circulando pelas festas em São Paulo: a metanfetamina. É um veneno em forma de comprimido. Um veneno dos mais devastadores. A metanfetamina é derivada da anfetamina, remédio que é usado no tratamento da obesidade e de distúrbios do sono e que é altamente viciante. A repórter Giuliana Girardi conversou com o delegado Clemente Castilhone Filho, do Departamento de Narcóticos de São Paulo. Ele explicou as dificuldades para combater essa droga, que tem efeitos impressionantes e devastadores.

O comprimido com menos de um centímetro já traz uma mensagem de perigo impressa. É uma bomba e o que acontece com quem é usa, é uma explosão. “Euforia extrema, agitação, movimento repetitivos. Parece uma pessoa que está afetada por paranóia. Ela chega a ficar até 30h acordada”, explica o delegado Clemente Castilhone Filho.

A droga conhecida como metanfetamina está seduzindo jovens brasileiros, que chegam a pagar R$ 80 por um comprimido usado geralmente em festas. A polícia de São Paulo já fez sete apreensões de metanfetamina desde março de 2011. Foram retirados de circulação quase dez mil comprimidos.

Em um primeiro momento, os policiais acreditaram que tinham apreendido ecstasy, mas depois das análises em laboratórios descobriram que tinham encontrado uma droga muito pior. A metanfetamina é parecida com o ecstasy, mas os efeitos são mais devastadores.

“Está correndo um grande risco, porque está querendo comprar um veneno e está comprando um veneno 10 vezes pior tanto na neurotoxicidade, tanto na quantidade dos efeitos, na duração dos efeitos, ela é muito pior”, afirma o delegado.

Os Estados Unidos fizeram uma campanha contra o uso da metanfetamina. Foram divulgadas fotos de homens e mulheres antes do consumo e meses depois do vício. “Inicialmente, a gente achou que era um efeito da droga, um efeito químico, fisiológico, mas na verdade é a pessoa que se autoflagela. A gente descobriu pesquisando a literatura de outros países que têm problemas mais antigos com a metanfetamina”, diz o delegado.

“O individuo vai virar um hipertenso, ele pode estar sujeito a acidentes vasculares cerebrais e orgânicos, como, por exemplo, enfarto agudo de miocárdio. Ele pode ter doença do cérebro tipo depressão, síndrome do pânico, a própria psicose, ela pode se tornar crônica em relação ao pulmão ela vai alterar a capacidade pulmonar. Ele pode desenvolver uma doença pulmonar crônica, e assim por diante. Então ela pode ter uma repercussão grave e muitas vezes, até fatal”, afirma a psiquiatra Ana Cecília Marques.

Segundo a polícia, no Brasil a apreensão de metanfetamina não configura tráfico.

“Existe uma portaria do Ministério da Saúde que regulamenta as drogas que são proscritas e as que são controladas. A metanfetamina está na listagem de sujeita à notificação de receita. Então, essa substância pode ser comercializada em determinada circunstância para uso médico. Mas o que tem acontecido é que essa droga é potencializada, modificada sinteticamente em laboratório e é feita essa anfetamina que é comercializada para uso ilegal”, conclui o delegado,

De acordo com as investigações, a droga apreendida no país é produzida em laboratório no exterior. Não está sendo fabricada no Brasil.

Segundo a polícia, a metanfetamina apreendida é produzida em laboratórios no exterior.
Fonte:ABEAD(Associação Brasileira de Estudos do Álcool e outras Drogas)

Relacionamento amoroso reduz risco de vício em drogas

Ter um relacionamento amoroso feliz e estável pode ser o suficiente para diminuir o risco de se viciar em drogas, segundo um estudo feito com animais e divulgado na edição deste mês da revista especializada "Journal of Neuroscience".

As drogas viciam porque agem em uma área do cérebro conhecida como "sistema de recompensas", que também controla nossa vontade de comer e fazer sexo. Basicamente, esse sistema serve para garantir que nós façamos aquilo que é essencial para nossa sobrevivência. É por isso que sexo e comida dão prazer. As drogas alteram o funcionamento dessa região do cérebro e fazem o organismo sentir que precisa de algo que faz mal.

Os relacionamentos estáveis formados na vida adulta também agem nessa região e podem proteger o cérebro de vícios, acreditam cientistas da Universidade Federal da Flórida, nos Estados Unidos.

No estudo, os pesquisadores analisaram o efeito das anfetaminas no cérebro de exemplares de arganaz-do-campo, um pequeno roedor típico da América do Norte que é monogâmico e forma casais para a vida toda.

De acordo com o estudo, os machos da espécie que tinham uma companheira mostraram menos interesse na droga do que os "solteiros". Seus cérebros liberaram as mesmas quantidades de endorfina, o hormônio do prazer, mas aqueles que não estavam em um "relacionamento" ficaram mais suscetíveis aos efeitos da droga.
Autor:
OBID Fonte: O TEMPO-MG