segunda-feira, 6 de junho de 2011

Jovens entre 18 e 24 anos são os que mais consomem álcool no país

O Diário de Teresópolis
Cerca de 50% dos jovens que consomem álcool com frequência apresentam problemas.

Jovens entre 18 e 24 anos são os que mais consomem álcool no país. De acordo com a secretária nacional de Políticas sobre Drogas, Paulina Duarte, 9% dessa população bebem mais de cinco doses de álcool em menos de duas horas. Desses, 15% consomem bebidas alcoólicas mais de uma vez por semana. “Nosso grande problema é o exército de jovens entre 18 e 24 anos que bebe desbragadamente. [Esses jovens] Têm uma intensidade de consumo muito alto”, afirmou a secretária, durante audiência pública na Comissão Especial sobre Bebidas Alcoólicas da Câmara dos Deputados.

Segundo Paulina Duarte, 52% dos jovens que consomem álcool com frequência apresentam problemas de saúde, psicológicos e familiares. Desse total, 38% têm problemas físicos, 18% têm problemas familiares e 23% relataram que já se envolveram, pelo menos uma vez, em uma situação de violência. “Essa é a população mais vulnerável no Brasil em relação ao álcool.”

Entre os universitários, o consumo é mais intenso. Nos últimos 12 meses, 76% dos estudantes de ensino superior consumiram bebidas alcoólicas e, nos últimos 30 dias, esse percentual chega a 60%. “A dependência do álcool é uma doença crônica e progressiva, 3% dos jovens estão em altíssimo risco de se tornarem dependentes químicos”, disse a secretária.

Estudos feitos pela Secretaria Nacional de Políticas Sobre Drogas (Senad) têm apontado que o início do consumo no Brasil tem ocorrido entre os 11 e 13 anos de idade. “Lamentavelmente, grande parte da população informa que teve o primeiro contato com o álcool dentro de casa”, afirmou Paulina Duarte.

Nas escolas públicas e particulares das 27 capitais brasileiras, 42% dos alunos dos ensinos fundamental e médio consumiram bebidas alcoólicas no último ano. “Isso é muito grave. Quase a metade dos estudantes do país [já tomou bebida alcóolica]”.

Para a secretária de Políticas sobre Drogas, a adoção de medidas isoladas não diminui o impacto do consumo de álcool entre a população. “Temos trabalhado, no Brasil, na implantação da política nacional sobre álcool, que prevê modificação da legislação, como já fizemos com a Lei Seca, além do aumento do custo da bebida, da fiscalização e da educação [da sociedade].”

De acordo com o especialista em dependência química, Walter Coutinho, existem 22 milhões de dependentes de álcool no país. Para ele, é necessário investir primeiro na desintoxicação do paciente, para, depois, vir a ajudá-lo psicologicamente.

“O problema dele não é parar de beber, mas a decisão de não voltar a beber. Isso o governo não tem condições de fornecer de maneira alguma. Existem apenas 186 Caps [Centros de Atenção Psicossocial] para esses 22 milhões de pessoas”.
Fonte:ABEAD(Associação Brasileira de Estudos do Álcool e outras Drogas)

sexta-feira, 3 de junho de 2011

Chá do Santo Daime faz imagem mental se igualar às reais

Efeito da bebida sobre o cérebro é tão forte quanto o de observar uma cena verdadeira, afirma nova pesquisa

Voluntários que usam a droga rotineiramente passaram por exame de ressonância magnética; uso religioso é permitido

Folha de São Paulo - Reinaldo José Lopes
Editor de Ciência

Não é de admirar que os usuários da ayahuasca, chá empregado por grupos religiosos como o Santo Daime, afirmem ter visões. Um novo estudo indica que, no cérebro, a bebida provoca efeitos tão vívidos quanto os de uma imagem externa real.

A pesquisa, já aceita para publicação na revista científica "Human Brain Mapping", foi coordenada por Draulio Barros de Araujo e Sidarta Ribeiro, do recém-criado Instituto do Cérebro da UFRN (Universidade Federal do Rio Grande do Norte).

"Ao aumentar a intensidade de imagens recordadas, fazendo com que atinjam um nível idêntico ao de uma imagem natural, é como se a ayahuasca emprestasse um status de realidade a experiências internas", escrevem.

O fenômeno é resultado do peculiar coquetel bioquímico presente no chá. Para começar, ele é derivado da mistura de duas plantas bem diferentes, o arbusto Psychotria viridis e o cipó Banisteriopis caapi. É a combinação de substâncias nas plantas que leva ao efeito sobre a mente e cria as chamadas "mirações" (visões rituais).

No cérebro, a mistura atua sobre um subgrupo de neurotransmissores, os mensageiros químicos do órgão. A ação desses neurotransmissores fica mais forte e, ao mesmo tempo, menos deles são retirados de circulação depois de certo tempo, o que potencializa ainda mais os seus efeitos sobre o cérebro.

EXAMINADOS
Os pesquisadores da UFRN observaram o resultado disso tudo analisando a atividade cerebral de dez pessoas que usam a ayahuasca com frequência (metade homens e metade mulheres, com idades entre 24 anos e 48 anos).

No aperto do aparelho de ressonância magnética, onde a análise aconteceu, os voluntários tinham, primeiro, de observar imagens normais, de pessoas, animais ou árvores, sem estar sobre o efeito da droga.

Depois, cada um tomou entre 120 ml e 200 ml (um pouco menos que uma latinha de refrigerante) da bebida. Os cientistas esperaram 40 minutos (tempo considerado apropriado para o que o chá faça efeito) e pediram que as pessoas fechassem os olhos e tentassem gerar mentalmente a mesma imagem que tinham v isto antes.

Em parte, o resultado foi o equivalente ao que diz o título do artigo científico da equipe: "Seeing with the eyes shut" (ou seja, vendo com os olhos fechados).

A intensidade desse processo do cérebro, bem como certas áreas ativadas nele, foram equivalentes ao que acontece numa experiência visual de verdade ""um "olho da mente" extremamente ativo, por assim dizer.

Há, no entanto, diferenças. Talvez a mais importante dela tenha a ver com a mudança da rede de interações entre as várias partes do cérebro quando a droga é consumida, o que explica sua ação alteradora da consciência.

No Brasil, o uso da droga é legalizado em contextos religiosos, como os do Santo Daime e da União do Vegetal. Há efeitos colaterais potentes ligados ao uso, como fortes vômitos e diarreia. Também há aumento da pressão arterial.
Fonte:UNIAD - Unidade de Pesquisa em Álcool e Drogas

Fumar aumenta níveis do mau colesterol

Terra
Os malefícios causados pelo hábito de fumar vão muito além dos problemas pulmonares e respiratórios e do aumento do risco de desenvolvimento de câncer.

O fumo também é responsável pelo aumento no índice do mau colesterol, o que por sua vez aumenta chances de aterosclerose, principal causa do infarto, derrame (AVC) e de outras doenças cardiovasculares.

Segundo Hélio Castello, cardiologista diretor da Angiocardio, de São Paulo, o cigarro ocupa lugar entre os principais fatores de risco, ao lado de problemas como obesidade, hipertensão, diabetes, problemas renais, hepáticos, e distúrbios endócrinos (principalmente dos hormônios da tireóide). "Nesses pacientes, há necessidade de realizar o exame de dosagem de colesterol com mais frequência, podendo ser até anualmente", afirmou.

Hoje cerca de 40% dos brasileiros tem colesterol alto e, segundo dados da OMS (Organização Mundial da Saúde), aproximadamente 17 milhões de pessoas morrem no mundo devido às doenças do coração, sendo que no Brasil pelo menos 300 mil sofrem infarto anualmente. "Apesar do colesterol ser uma substância necessária, é preciso saber quando ele deixou de ser saudável no organismo e começou a ser elevado", disse Hélio.

Há dois tipos de colesterol, o bom e o ruim. O ruim, conhecido como LDL, ou low density lipoprotein (lipoproteína de baixa densidade), propicia a formação das placas de gordura nos vasos, o que pode levar ao infarto e derrame cerebral. Já o bom, identificado como HDL, high density lipoprotein (lipoproteína de alta densidade), que colabora para a remoção do excesso de colesterol do sangue e, com isso, acaba reduzindo o risco de formar placas ateroscleróticas nas artérias, ou seja, a formação de placas de gordura.

"Além dos remédios disponíveis hoje no mercado para controlar colesterol alto, a prevenção tem de ser feita por completo, desde o controle de peso e pressão arterial até alimentação mais saudável e a realização de exercícios físicos", afirmou o médico, que enumera cuidados para evitar o descontrole das taxas do mau colesterol:

1 - Não fumar
2 - Optar por produtos desnatados
3 - Evitar ao máximo carnes gordas e produtos embutidos
4 - Praticar exercícios regularmente
5 - Observar o IMC (Índice de Massa Corporal), para ver se o índice de gordura no corpo está dentro dos padrões ideais
6 - Encarar com seriedade o tratamento da Diabetes e da Hipertensão, se necessário Fazer anualmente um check-in completo com seu médico.
Fonte:ABEAD(Associação Brasileira de Estudos do Álcool e outras Drogas)

Uso precoce de maconha está associado com piora no funcionamento cerebral

Os usuários regulares de maconha, que iniciam o uso da droga antes dos 15 anos apresentam pior desempenho em testes que avaliam funções cerebrais, quando comparados com aqueles que começam mais tarde, de acordo com nova pesquisa publicada na edição de junho da British Journal of Psychiatry.

Pesquisadores da Universidade Federal de São Paulo dizem que o estudo sugere que o consumo precoce de maconha pode ter efeitos prejudiciais no funcionamento cognitivo das pessoas.

Os pesquisadores avaliaram 104 usuários crônicos de maconha que foram submetidos a uma série de testes neuropsicológicos. Estes testaram as funções executiva, atenção, capacidade de formar conceitos abstratos, habilidades visuais, motoras e flexibilidade mental.

Dos 104 usuários crônicos de maconha, 49 começaram a usar a droga antes dos 15 anos de idade (usuários precoce). Os restantes 55 começaram a usar após os 15 anos de idade (usuários de início tardio). Em média, o grupo de início precoce tinha usado maconha por 10,9 anos - o que equivale a um consumo durante a vida estimado de 6.790 baseados cada um. O grupo de início tardio tinham usado maconha durante uma média de 8,7 anos - o que equivale a 5.160 baseados cada um. Outras 44 pessoas serviram como grupo de controle, pois não fizeram uso de maconha e também fizeram os testes cognitivos.

Não houve diferenças de QI ou escolaridade entre os três grupos. No entanto, o grupo de início precoce teve desempenho significativamente pior do que o grupo de início tardio e do que o grupo controle em tarefas de atenção sustentada, de controle dos impulsos e relacionadas ao funcionamento executivo. Por exemplo, em um teste de classificação de cartas, o grupo de início precoce cometeu mais erros que o grupo controle (10 vs 6,44) e completou menos categorias (2,77 vs 3,5). Não houve diferença significativa no desempenho entre o início tardio e grupos de controle.

A pesquisadora Maria Alice Fontes disse: "Nós detectamos que o início precoce de maconha está relacionado com maiores déficits no funcionamento cognitivo. Sabemos que a adolescência é um período em que o cérebro parece ser particularmente vulnerável aos efeitos neurotóxicos da maconha. Estudos de imagem cerebral mostraram que o cérebro antes dos 15 anos ainda está se desenvolvendo e amadurecendo, assim a exposição à maconha durante este período pode ser mais prejudicial e levar a menor flexibilidade mental no futuro. É possível que as pessoas que começam a usar maconha numa idade mais avançada podem ser capazes de compensar os seus déficits cognitivos, do que as pessoas que começaram a consumir maconha numa fase anterior do desenvolvimento do cérebro. "

Referência

Fontes MA, Bolla KI, Cunha PJ, Almeida PP, Jungerman F, Laranjeira RR, Bressan RA and Lacerda ALT. Cannabis use before age 15 and subsequent executive functioning. British Journal of Psychiatry 2011; 198:442-447