O Estado de São Paulo
Droga supera todas as ilícitas em registros médicos de todo o Estado; estudo revela ainda que 3% dos usuários têm entre 9 e 15 anos.
Em cidades paulistas entre 50 mil e 100 mil habitantes, o atendimento a usuários de crack já se iguala ao de viciados em álcool na rede pública de saúde (38% cada). As pedras lideram também o ranking das drogas ilícitas que levam os usuários a procurar ajuda na rede pública em todo o Estado. Os números foram divulgados nesta terça-feira, 20, pela Frente Parlamentar de Enfrentamento ao Crack e Outras Drogas, da Assembleia Legislativa.
Todos os municípios receberam questionários. Das 645 cidades paulistas, 325 responderam às dez perguntas enviadas pelos deputados estaduais, representando 76% da população do Estado (cerca de 32 milhões de habitantes). "Temos argumentos de sobra para desenvolver estratégias contra o crack", afirma coordenador da comissão, Donisete Braga (PT).
O álcool ainda lidera o número de atendimentos no Estado como um todo, representando 49% das pessoas que buscam ajuda. Mas o crack vem logo em seguida, com 31%, seguido da cocaína (10%), maconha (9%) e das drogas sintéticas (0,59%).
A preocupação é grande porque, além da interiorização da droga, a pesquisa revela que crianças e adolescentes já fazem uso do crack. A faixa etária que vai dos 9 aos 15 anos representa 3% da população atendida nos serviços de saúde por causa do uso da pedra.
Recursos. A falta de dinheiro para combater o consumo de crack também foi apontada pelos municípios como um dos problemas a serem resolvidos. Somente 5% das prefeituras responderam que recebem recursos diretos do governo estadual para tratar seus dependentes. Apenas 12% afirmaram que o governo federal colabora nos tratamentos.
A Frente Parlamentar apresentou uma emenda de R$ 400 milhões para os próximos quatro anos ao plano plurianual do governo estadual para um programa que prevê fortalecimento do combate e da prevenção ao álcool e outras drogas. O resultado da pesquisa foi entregue ontem à Secretaria de Segurança.
Repasse. A Secretaria de Estado da Saúde afirma que os valores gastos pela pasta para a assistência a dependentes químicos no Estado não são utilizados na forma de repasse direto aos municípios, mas por meio de capacitação de profissionais dos Caps Ad (Centros de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas) municipais, internação de pacientes por doenças decorrentes do abuso de álcool e drogas, atendimento para casos agudos em hospitais estaduais e conveniados com a Secretaria e internação de dependentes em serviços de saúde financiados exclusivamente com recursos estaduais.
O Ministério da Saúde afirmou que as reivindicações devem ser discutidas, num primeiro momento, em âmbito regional, entre municípios e o Estado, para depois serem levadas até Brasília.
Fonte:ABEAD(Associação Brasileira de Estudos do Álcool e outras Drogas)