Diário do Grande ABC
A facilidade na compra, a publicidade em excesso e o preço baixo são alguns dos motivos apontados por especialistas para o álcool ser a porta de entrada ao mundo da dependência.
Segundo levantamento da Associação Brasileira de Psiquiatria, cerca de 12% dos brasileiros são dependentes de álcool. Segundo a psiquiatra Ana Cecília Marques, da Universidade Federal de São Paulo, para esse numero cair é necessário criar política pública para combater os males provocados na sociedade devido à ingestão sem qualquer tipo de alerta sobre os seus malefícios.
"Não dá para aceitar o jogador de futebol famoso fazendo propaganda de bebida alcoólica. É necessário criar instrumentos para proibir esse tipo de atitude, como foi criado contra o tabaco. O álcool é a porta de entrada para as outras drogas", comenta. Outro fator importante lembrado pela psiquiatra é a falta de campanha que alerte sobre a gravidade dos problemas de saúde que a bebida pode trazer, além do controle na venda. "Apenas no Carnaval vimos alguma coisa."
O dependente alcoólico André, 27 anos, é um dos que concorda com a restrição na comercialização. "O meu caso foi esse mesmo, pois comprava pinga e outras bebidas sem o menor problema", comenta. Os deputados estaduais paulistas aprovaram lei, em setembro, que restringe e penaliza quem vender bebidas para menores de idade. A multa poderá chegar a R$ 87,2 mil e o estabelecimento ser fechado.
A nova regra aguarda a sanção do governador Geraldo Alckmin (PSDB). Essa é uma das medidas que fazem parte do plano de combate ao álcool na infância e adolescência criado pelo governo estadual. "O álcool precisa parar de ser visto como droga inofensiva. No crack, os efeitos são rápidos, mas as bebidas alcoólicas também trazem resultado devastador ao longo do tempo", finaliza a psiquiatra.
Fonte:ABEAD(Associação Brasileira de Estudos do Álcool e outras Drogas)