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sexta-feira, 1 de junho de 2012
Dependentes químicos abandonam tratamento em 77% das internações
Estudo foi feito em 2011 com seis comunidades que atenderam 500 pessoas.
Apesar de elevado, índice caiu em relação a 2010, quando atingiu 95%.
Do G1 Araraquara e Região
Um levantamento do Conselho Municipal Antidrogas (Comad), de Araraquara (SP), revela que 77% dos dependentes químicos não conseguem finalizar o tratamento que dura nove meses. Apesar de elevado, o índice registrado é menor que em 2010, quando atingiu 95%. Com esses dados, o conselho prende traçar novas estratégias para que mais pessoas consigam terminar o tratamento.
A pesquisa foi feita de janeiro a dezembro de 2011. Foram ouvidas seis comunidades terapêuticas, que atenderam mais de 500 pessoas no período. O levantamento mostra ainda que a maioria dos internos tinha entre 25 e 27 anos.
Crack foi a droga mais consumida com 55%. Mas o uso combinado de drogas, principalmente com o álcool, teve a mesma porcentagem (55%). “O crack é uma droga que dá uma dependência mais rápido. E a abstinência dói mais”, explica a assistente social Eliana David de Góes.
Outro dado preocupante é a existência de crianças de 8 a 12 anos, entre os dependentes químicos. Das 25 internadas, apenas 12 terminaram o treinamento. “É um público que não deveria existir”, destaca Márcio Servino, coordenador Comad.
Uma das medidas pra diminuir essa desistência foi a capacitação dos funcionários. Com profissionais preparados, o centro conseguiu melhorar o índice de um ano para o outro. Ana Cláudia Aquino Silveira é psicóloga, fez alguns cursos e agora está na especialização em dependência química da USP. “Com a capacitação, você consegue lidar de forma diferente, abordar o paciente de forma diferente. Sem a capacitação, não teria como”, observa.
Jeferson foi dependente por 30 anos. Passou por tratamento, abandonou e, na segunda vez, conseguiu se recuperar. Faz cinco anos que sobrevive sem as drogas. E hoje trabalha numa comunidade ajudando outros jovens. “Precisa ter fé em Deus, força de vontade, perseverança e um grupo”, ressalta.
Um dependente que não quis se identificar veio de uma família de classe média e chegou a estudar na USP. Mas por influência dos amigos, caiu na armadilha das drogas. Do vício da cocaína passou para o crack. Já são seis anos de dependência e de recaídas. “Estou novamente aqui, mas agora com a diferença de entrega total. Estou procurando isso diariamente”, diz ele.