Bem-Estar
Mulheres têm mais dificuldade e perdem 14 anos de vida pelo cigarro.
Largar o cigarro não é tarefa fácil, e apenas 5% das pessoas que tentam abandonar o vício sozinhas realmente conseguem depois de um ano. As mulheres têm ainda mais dificuldade, e perdem em média 14 anos de vida por conta desse hábito.
O medo de engordar as impede de largar o cigarro, que no sexo feminino acaba desencadeando muitas vezes doenças como câncer de mama ou pulmão, infertilidade, infarto, AVC, mais cólicas pré-menstruais, menopausa precoce e osteoporose.
De todos os indivíduos que fumam – a maioria para aliviar a tensão e a ansiedade –, metade morre em decorrência do vício. Para falar sobre os malefícios do fumo para a saúde e o coração, o Bem Estar desta terça-feira (3) convidou os cardiologistas Roberto Kalil, que também é consultor do programa, e Jaqueline Issa, do Instituto do Coração (Incor). Segundo ela, 50% do tabagismo está relacionado ao histórico familiar.
Um teste mostrou como o cigarro estraga os pulmões mesmo dos adolescentes. A fumaça e a nicotina vão até os pulmões, a corrente sanguínea e os neurônios. Receptores cerebrais disparam impulsos elétricos para a produção de dopamina, um neurotransmissor que dá a sensação de prazer por todo o corpo. A nicotina leva apenas 7 segundos para chegar ao cérebro, contra 11 da cocaína.
Um dos vilões para o coração é o monóxido de carbono, que danifica a parede dos vasos sanguíneos, aumenta a frequência cardíaca, dificulta a absorção de oxigênio e obriga um maior trabalho cardiovascular.
O cigarro também causa inflamação em todas as vias aéreas e prejudica os movimentos dos cílios que limpam o aparelho respiratório, facilitando problemas alérgicos como rinite e sinusite. Na pele, ele destrói a matriz de colágeno, que dá sustentação, e provoca manchas e rugas. Pode, ainda, engrossar a voz nas mulheres. E, com o tempo, há o "efeito tolerância", que leva o fumante a precisar cada vez mais dessas substâncias nocivas para ter o mesmo resultado.
O aumento de peso pode realmente ocorrer: em média 4 kg, pondendo alcançar 10 kg se a pessoa tentar sozinha ou ser menor se houver acompanhamento médico. Isso acontece porque a nicotina tira a fome e prejudica o paladar, especialmente para doces, o que faz comer menos.
A boa notícia é que o número de fumantes no Brasil está caindo: de 16% em 2006 para 15% no ano passado, com maior sucesso entre os homens. E os benefícios de quem para são imediatos:
- Após 20 minutos, a pressão arterial e a pulsação voltam ao normal
- Após 2 horas, já não há nicotina no sangue
- Após 2 dias, o olfato e o paladar melhoram
- Após 3 semanas, a circulação e a respiração ficam mais fáceis
- Em 2 anos, o risco de infarto e AVC cai pela metade, igualando-se ao de quem nunca fumou
- Em 10 anos, o perigo de câncer de pulmão se reduz 80% e, em duas décadas, é igual ao de quem nunca foi fumante
O Ministério da Saúde tem um telefone para ajudar quem quer deixar o cigarro: 0800 61 1997. Nele, é possível encontrar dicas simples, como avisar os parentes que você pretende largar o vício, tirar todos os maços de casa e ocupar a boca com alimentos com cravo e canela.
Além de muita força de vontade, é recomendado procurar um médico ou um grupo de ajuda. A terapia combinada com medicamentos é o tratamento com melhor desempenho. E, quanto mais jovem alguém decidir parar, mais fácil será o processo.
Fonte:ABEAD(Associação Brasileira de Estudos do Álcool e outras Drogas)