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quinta-feira, 11 de abril de 2013
Filho, você está usando droga?
Em geral, um pai ou uma mãe só consegue perceber que o filho está fazendo uso de substâncias entorpecentes depois de aproximadamente dois a três anos de uso, ou seja, quando ele já está mergulhado na dependência.
Essa realidade surpreende os pais, pois acreditam que se o filho fizer uso das drogas, logo tomam providências, impedindo que o problema cresça demais.
Quando surge alguma desconfiança, é comum questionarem os filhos, entretanto, o medo da resposta é tão grande que eles fazem a pergunta quase que respondendo para o jovem: - Você não está usando drogas não, né? É obvio que a resposta será “não”. Isso satisfaz os pais, pois é exatamente aquilo que eles desejam ouvir, porém essa negativa dos filhos não é garantia nenhuma, pois será a mesmo, estando eles fazendo uso ou não.
Uma característica do dependente é sua capacidade de mentir e num processo de uso, o seu objetivo é esconder a verdade, fazer com que os pais não saibam, pois sabem que ao tomarem conhecimento da realidade, obviamente começam a pegar no pé, a colocar obstáculos e a não aceitar a situação.
A negação do problema é o primeiro sintoma que afeta a família de um dependente. O medo da realidade, associado à desinformação faz com que os pais acreditem nos filhos, desenvolvendo um mecanismo de defesa contra as dores e sofrimentos que a descoberta pode causar-lhes.
Essa negação é tão intensa que os pais negam o óbvio. Estão sendo alertados por colegas, parentes ou vizinhos, porém preferem se chatear com os alertas, virar a cara com quem está tentando abrir-lhes os olhos e continuam acreditando no filho. Quando ele chega diferente em casa, preferem acreditar que só exagerou um pouquinho na bebida, como se isso fosse pouco. Mesmo quando encontram droga escondida no quarto do filho, aceitam com facilidade o argumento de que ela não é dele e sim de um amigo que pediu para que ele a guardasse.
Muitos desconhecem que o desenvolvimento da dependência acontece de forma progressiva. Inicia-se numa experimentação, passando para uso esporádico, evoluindo para uso freqüente e conseqüentemente o desencadeamento da dependência. No primeiro momento os filhos conseguem disfarçar com facilidade. Ele não retorna para casa aos pedaços, muito menos doidões. Isso só começa a acontecer quando atingirem níveis de uso severo.
Iniciado o uso, buscam o prazer proporcionado pelo consumo e precisam obter sempre mais para conseguir o mesmo efeito, de tal forma que o problema se agrava. Com o passar dos tempos, não conseguem mais esconder o problema e começa transparecer os sinais do uso, objetos desaparecem da casa, somem por horas ou até dias, dormem o dia todo, pois está acabado pela noitada, nunca é encontrado nos locais onde diz que frequenta É nesse momento que vem à tona a triste realidade que a família não queria e nem desejava conhecer, porém torna-se tão evidente e visível que não dá mais para negar.
Esperar sinais visíveis para descobrir o uso de substâncias entorpecentes pelos filhos pode demorar tempo demais, portanto as ações precisam acontecer muito antes deles apresentarem sinais do consumo.
Ninguém está a salvo do problema e acreditar que em nossa casa não vai acontecer, em nada ajuda, pois quando acreditamos que estamos isentos do problema, isso não o evita, pelo contrário, somente faz com que não adotamos nenhuma medida de prevenção, não adotamos nenhuma ação, deixando os filhos a mercê da própria sorte.
Precisamos nos conscientizar que vivemos uma geração onde todas as crianças de nosso tempo, em algum momento de sua vida terão acesso ao álcool e às drogas, independente de condição financeira, nível intelectual, classe social ou crença e isso não é diferente em nossa casa com nossos filhos.
As ações de prevenção precisam acontecer desde o mais cedo possível. Necessitamos desenvolver a capacidade de observar com atenção nossos filhos, procurando conhecê-los o máximo possível, pois é prestando atenção que notaremos as primeiras mudanças em suas condutas, o que possibilita corrigir todo e qualquer comportamento inadequado que eles apresentem. Corrigindo os pequenos desvios de comportamento, estamos prevenindo para que não cheguem aos grandes desvios que levam às drogas.
Além de prestar atenção aos pequenos desvios de comportamento, é importante também observar a situação em que o jovem retorna para casa, não ser tolerante em relação ao consumo do álcool que também é droga, causa dependência e pode servir de porta de entrada para outras. Observar seu rendimento escolar, conhecer os seus amigos, seus gostos, seus estilos. Procurar sempre o contato olho no olho, pois o dependente possui a característica de não encarar as pessoas de frente. Eles desviam o olhar, não gostam de falar sobre o assunto e se isolam com freqüência.
Aceitar a realidade pode ser muito duro e difícil para os pais, pois a descoberta desencadeia sofrimentos profundos, porém é o primeiro passo na busca da solução para o problema. Mais do que acreditar em palavras, precisamos observar comportamentos e atitudes e na dúvida, devemos procurar por ajuda, auxílio e orientação e os grupos de Amor-Exigente espalhados pelo país estão de portas abertas para acolher quem procura.
Por Celso Garrefa
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