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quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013
CODEPENDÊNCIA
Moro com um dependente de maconha. Ele usa todos os dias e às vezes usa crack e cocaína. Vivemos bem, mas fico muito incomodada com algumas situações: minha casa cheira maconha, não posso receber visitas sem marcar dia e hora. Estou bastante estressada com a situação, mas tenho medo de deixá-lo e ele piorar.
"O “codependente” deve procurar ajuda especializada com a finalidade de tratar-se, identificando os pensamentos disfuncionais que produzem comportamentos inadequados que prejudicam ambos os lados" Resposta: Muitas pessoas que convivem com dependentes químicos acabam por apresentar sintomas conhecidos como “codependência”
Sintomas de codependência:
- tentar controlar ou prever as ações do dependente;
- abandonar ou mesmo minimizar os próprios desejos, minimizar os comportamentos muitas vezes lesivos do dependente;
- deixar de respeitar seus próprios limites;
- tentar aparentar tranquilidade em momentos em que se sente mal e desrespeitada;
- evitar conflitos para manter as aparências;
- permitir ser desrespeitada em todo momento;
- acreditar que não tem outra opção além de conviver com a situação e com o dependente;
- assumir responsabilidades do dependente e pelo dependente.
Não é incomum que o indivíduo “codependente” tenha comportamentos e pensamentos contraditórios. Ou seja, ao mesmo tempo que não suporta o cheiro de maconha em casa, permite que o dependente fume na sala de visitas com as janelas abertas (porque é melhor fumar em casa do que fumar na rua; ou se ele fumar maconha em casa, não haverá brigas mais tarde).
Muitos outros comportamentos podem ser sumarizados abaixo.
Comportamentos do codependente:
Dar dinheiro para o dependente comprar a droga, porque ele não tem dinheiro e pode passar mal sem a droga;
Comprar a droga para o dependente, porque, se não o fizer, ela vai até a favela (ou algum outro lugar: “boca”) para comprar;
Assumir responsabilidades pelo dependente, porque o mesmo está intoxicado ou mesmo de ressaca;
Mentir ou desculpar-se para amigos, familiares ou chefe, objetivando esconder o problema;
Usar a droga junto com o dependente, somente para ver como é o efeito e checar se é “tão bom mesmo”;
Permitir que o dependente use drogas em alguns dias da semana, horas do dia, ou mesmo certas ocasiões;
Emprestar dinheiro para pagar contas do dependente, incluindo aquelas obtidas por causa de drogas;
Cancelar atividades sociais, de trabalho ou qualquer outra, porque o dependente estava intoxicado ou de ressaca;
Ter sexo com o dependente quando realmente não queria, porque o mesmo estava intoxicado e assim o desejava;
Tentar livrar o dependente de problemas que ele mesmo causou;
Impor limites ao dependente, mas não cumprir com o proposto;
Mentir para a polícia (ou outras autoridades) com o fim de salvaguardar o dependente;
Limpar a casa (após o dependente vomitar ou quebrar móveis e utensílios) para evitar que outras pessoas vejam o problema;
Pedir que outros familiares e amigos mantenham segredo sobre o problema com drogas.
Pensamentos do codependente
Pensamentos que nutrem esses comportamentos citados logo acima são fontes perigosas que precisam ser rigorosamente revistos pelos “codependentes”.
Alguns desses pensamentos são:
É meu dever assumir as responsabilidades da casa nestes momentos de estresse;
Eu sinto que eu devo cuidar do dependente, independentemente do que ele faz;
Eu posso mudar o dependente quando eu quiser ou achar que devo;
Eu sou uma das razões pela qual o dependente faz uso de drogas;
Está tudo bem se o dependente usar drogas, desde que ele controle este uso;
Às vezes, eu acho bom que o dependente faça uso de drogas em casa, porque ele fica mais afetuoso, além de expressar emoções positivas;
Eu sinto falta de certos aspectos da vida, quando o dependente para de usar drogas;
Eu preciso fazer o que for preciso para manter meu relacionamento com o dependente;
Frequentemente, eu não digo tudo o que eu penso sobre o uso de drogas e álcool, porque tenho medo de que a minha sinceridade piore a situação;
Frequentemente, eu nego, minimizo e ignoro a seriedade do problema com o uso de drogas e álcool;
Eu tolero o consumo de drogas do dependente, desde que ele cumpra com as suas obrigações financeiras;
Eu devo fazer tudo o que for possível para proteger o dependente das consequências sociais e legais do consumo de substâncias;
O dependente não consegue recuperar-se sem a minha constante ajuda.
Frequentemente, o “codependente” manifesta consequências psicológicas, físicas e sociais advindas desses comportamentos e pensamentos que não são rapidamente percebidos pelo mesmo, tais como: redução da rede de amigos, sonhos não usuais, mudança no padrão de sono e apetite, sintomas ansiosos e depressivos, redução da habilidade e desempenho no trabalho, conflitos com normas e crenças pessoais, problemas financeiros, deterioração da autoestima, dentre outros.
O “codependente” deve procurar ajuda especializada com a finalidade de tratar-se, identificando os pensamentos disfuncionais que produzem comportamentos inadequados que prejudicam ambos os lados.
por Danilo Baltieri
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